Algumas verdades sobre a vida #2 Sobre a vida prática. Tiago 2 e 3

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1 1 Direitos reservados Domingos Sávio Rodrigues Alves Uso gratuito, permitido sob a licença Creative Commons Algumas verdades sobre a vida #2 Sobre a vida prática. Tiago 2 e 3 Introdução: Tg 2:1 Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando- as com favoritismo. O tema desta epístola é Fé e Obras. A palavra fé aparece 16 vezes e A palavra Obras, 15 vezes. Em todo o NT essa carta é a que melhor explica a dinâmica entre fé e obras. 2. O propósito de Tiago é definir melhor o sentido da fé Até então, parece não ter havido muita necessidade na igreja, de se explicar que a fé teológica modifica nossa vida prática, porque 2.2. Os primeiros cristãos não questionavam muito isso porque estavam no olho do furacão. Para eles, crer era sinônimo de disposição ao martírio No entanto, com o passar dos anos e com o crescimento da igreja, as pessoas tenderam a compreender a fé na qualidade de uma doutrina que não implicava na vida diária. Assim, a fé ganhou um caráter puramente litúrgico e doutrinal. Crer tornou- se sinônimo de ter uma crença e não uma vivencia. Exatamente como muitos hoje pensam, aqueles homens imaginavam que para ser cristão bastava tão somente ter fé em Deus, esquecendo-

2 2 se de que a fé em Deus é transformadora e modifica nossos conceitos éticos e morais. Proposição Por estas razões Tiago inicia o capítulo 2, enfatizando uma nova visão de fé, capaz de influenciar nosso cotidiano. Nestes capítulos aborda três questões importantes: I Ensina que nossa fé deve produzir igualdade nas relações. 1. Enfatiza que todos os seres humanos têm igual dignidade. Por isso afirma: Tg 2:1 Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando- as com favoritismo. A igreja, de forma alguma deve reproduzir a cultural do mundo, que trata melhor quem se veste bem ou, quem pode de alguma forma retribuir qualquer benefício recebido. 2. Tiago ilustra a igualdade, da forma mais corriqueira (vv. 2-3): Tg 2:2 Suponham que na reunião de vocês entre um homem com anel de ouro e roupas finas, e também entre um homem pobre com roupas velhas e sujas. Tg 2:3 Se vocês derem atenção especial ao homem que está vestido com roupas finas e disserem: "Aqui está um lugar apropriado para o senhor", mas disserem ao pobre: "Você, fique de pé ali", ou: "Sente- se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés", Tg 2:4 não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados?

3 3 3 - Ele chama a atenção para o fato de estarmos utilizando os critérios equivocados de julgamento: Que critérios são esses? 3.1 Os critérios da nossa cultura. Nossa cultura confunde honra, e dignidade com poder e o dinheiro. Era assim também que os romanos enxergavam. 4- O Cristianismo nos chama a um novo sentido de valor humano, diferente dos gregos e romanos e também diferente do mundo capitalista A organização social grega e romana: Os gregos acreditavam ser a natureza o ponto de equilíbrio da moral e da ética. Assim, quem nasceu forte (por título de nobreza ou por força) deveria governar. Os romanos seguem essa lógica acrescida de uma classe social organizada a partir dos donos da terra, que ocupavam todos os cargos importantes, até os escravos, que eram completamente alijados de tudo. 4.2 Nossa sociedade ocidental organiza- se muito semelhante, ao dividir- se em classes dominantes: Resumidamente podemos dizer que em 2014 o governo especificou 3 grupos: a. Vulnerabilidade social: Renda familiar de 854,00 a 1.484,00 b. Classe média Renda familiar de a 9.897,00 c. Classe alta Renda familiar a partir de ,00

4 4 Fonte: ( dinheiro/noticia/2013/08/veja- diferencas- entre- conceitos- que- definem- classes- sociais- no- brasil.html) Em um contexto assim, quem ao final do processo continuará ocupando os melhores lugares e perpetuando a lógica do poder são aqueles da classe média alta e alta, uma vez que estudaram nas melhores escolas, tem os melhores contatos sociais e vestem- se mais adequadamente. Já saem para a maratona com muitos quilômetros de vantagem. 5 O Cristianismo propõe uma lógica diferente Quem governa deve ser aquele que é capaz, em razão do que está dentro e não pelo que está fora. O mérito pessoal da conquista mudou de foco O cristianismo aponta que a dignidade é algo inerente a todos os seres humanos. A liderança está em quem almeja, esforça- se, tem um coração sábio e reto, e não em apenas quem é naturalmente dotado. 6. Dentro dessa lógica Tiago diz que Deus fez sua escolha, diante do sistema do mundo: Tg 2:5 Ouçam, meus amados irmãos: não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que ele prometeu aos que o amam? 6.1 Tiago faz um questionamento interessante: Por que tratar melhor os ricos, se são eles os responsáveis pela opressão no mundo? Não faz sentido. Tg 2:6 Mas vocês têm desprezado o pobre. Não são os ricos que oprimem vocês? Não são eles os que os arrastam para os tribunais? Tg 2:7 Não são eles que difamam o bom nome que sobre vocês foi invocado?

5 5 Não é que devamos maltratá- los. Mas também não devemos trata- los bem só por causa de sua condição social Devemos amar a todos e tratar a todos com igualdade Tg 2:8 Se vocês de fato obedecerem à lei real encontrada na Escritura que diz: "Ame o seu próximo como a si mesmo", estarão agindo corretamente. Tg 2:9 Mas se tratarem os outros com favoritismo, estarão cometendo pecado e serão condenados pela Lei como transgressores. Tg 2:10 Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna- se culpado de quebrá- la inteiramente. Tg 2:11 Pois aquele que disse: "Não adulterarás", também disse: "Não matarás". Se você não comete adultério, mas comete assassinato, torna- se transgressor da Lei. Tg 2:12 Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade; II Tiago nos ensina que precisamos cultivar uma fé viva (vv ) Esse é o texto mais conhecido da Epístola de Tiago 1. Tiago evidencia que a Fé pode ser morta, ainda que seja cristã e baseie- se em postulados teológicos verdadeiros (vv ) Tg 2:14 De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá- lo? Tg 2:15 Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia

6 Tg 2:16 e um de vocês lhe disser: "Vá em paz, aqueça- se e alimente- se até satisfazer- se", sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? Tg 2:17 Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. 2. A fé pode ser chamada de cristã, mas ter uma lógica demoníaca (vv ) Tg 2:18 Mas alguém dirá: "Você tem fé; eu tenho obras". Mostre- me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras. Tg 2:19 Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios crêem e tremem! A lógica demoníaca é aquela que troca os valores colocando as coisas no lugar das pessoas. 3. A Dinâmica da fé cristã está no casamento entre fé e obras (vv ) Apenas acreditar não é suficiente. Apenas agir, também não. Tg 2:20 Insensato! Quer certificar- se de que a fé sem obras é inútil? Tg 2:21 Não foi Abraão, nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar? Tg 2:22 Você pode ver que tanto a fé como as suas obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas obras. Tg 2:23 Cumpriu- se assim a Escritura que diz: "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça", e ele foi chamado amigo de Deus. 6

7 Tg 2:24 Vejam que uma pessoa é justificada por obras, e não apenas pela fé. Tg 2:25 Caso semelhante é o de Raabe, a prostituta: não foi ela justificada pelas obras, quando acolheu os espias e os fez sair por outro caminho? Tg 2:26 Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está morta. III Tiago ensina que nossa boca é o aferidor de nossa fé (3:1-12) Ele dá especial atenção ao que dizemos, porque a lógica de Jesus é que a boca fala daquilo que o coração está cheio. 1. O poder de nossas palavras As palavras revelam as motivações As motivações revelam os valores Os valores revelam nossa pessoa Por isso, a capacidade de dominar o que dizemos revela domínio de todo o ser. Tg 3:2 Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo. Brilhante analogia: O que dizemos compromete e guia a nossa vida Tg 3:3 Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos controlar o animal todo. Tg 3:4 Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos 7

8 por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto. 2. A capacidade de filtrar o que se diz revela domínio próprio porque revela controle sobre os impulsos. 2.1 Precisamos cuidar do que dizemos porque nossas palavras têm o poder de destruir (vv. 5-8) Tg 3:5 Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. a. Veja que comentários maldosos rapidamente se espalham porque provocam nas pessoas toda sorte de sensações: Fazem com que a falha do outro faça com a nossa pareça menor. O defeito do outro dá a impressão de somos melhores. Por essa razão é que há tanta fofoca no mundo. Por essa razão é que artistas, ou líderes em geral sejam motivo de tanto falatório. Tg 3:6 Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniqüidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. Tg 3:7 Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma- se e é domada pela espécie humana; Tg 3:8 a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. 3. Tiago explica que precisamos falar com coerência. 8

9 A incoerência de nosso falar revela a incoerência de nosso viver (vv. 9-12) Tg 3:9 Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Tg 3:10 Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim! Tg 3:11 Acaso pode sair água doce e água amarga da mesma fonte? Tg 3:12 Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não pode produzir água doce. 3.2 Não podemos produzir uma vida assim moralmente tão contraditória. Claro que temos contradições. É natural, porque não somos perfeitos. Todavia, viver em contradição revela fraqueza do ser e do caráter. 3.3 A falta de domínio no falar, revela a falta de domínio no pensar. Mas será que podemos controlar nossos pensamentos? Claro que sim. Quem governa os pensamentos são os valores. Não posso evitar que venham pensamentos ruins, mas posso evitar que eles se alojem em mim. Lutero: Não posso evitar que as aves voem sobre mim, mas posso evitar que façam um ninho em minha cabeça IV Tiago nos ensina a excelência da Sabedoria (3:13-18)

10 1. Como um contraponto à falta de domínio no pensar no falar e portanto, no agir, Tiago exalta a sabedoria como uma virtude a ser alcançada 1.1 A Origem da sabedoria (vv. 15, 17) a. A sabedoria que dá vazão à língua não vem de Deus b. Explica a sabedoria de Deus: Tg 3:15 Esse tipo de "sabedoria" não vem do céu, mas é terrena, não é espiritual e é demoníaca. Tg 3:17 Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera Sabedoria é algo para o dia a dia e é demonstrada pela forma como lidamos com nossas ações e pela forma com que lidamos com nossos problemas (vv , 17) Tg 3:13 Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria. Tg 3:14 Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disso, nem neguem a verdade. Tg 3:17 Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera.

11 11 3. Os Resultados (vv. 16, 18) Tg 3:16 Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males. Tg 3:18 O fruto da justiça semeia- se em paz para os pacificadores. V - Conclusão: O convite de Deus é uma fé integradora, capaz de unir nosso interior e nossas ações. O nome disso é integridade