Características Dendrológicas E Insetos Associados Ao Pau-Jaú (Triplaris gardineriana)
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- Ricardo Amarante Carneiro
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1 Características Dendrológicas E Insetos Associados Ao Pau-Jaú (Triplaris gardineriana) Renan Alves Santos (1) ; Érika Susan Matos Ribeiro (2) ; Janny Kelly Ramires Souza (3) ; Romulo Ewerton Gomes Souza (4) ;Vinicius Orlandi Barbosa Lima (5) (1) Estudante; Instituto Federal do Norte de Minas campus Salinas; renanalves93@hotmail.com (2) Estudante; Instituto Federal do Norte de Minas campus Salinas; kinhasusan@hotmail.com (3) Estudante; Instituto Federal do Norte de Minas campus Salinas; jannykell@hotmail.com (4) Estudante; Instituto Federal do Norte de Minas campus Salinas; romuloewerton@yahoo.com.br (5) Professor; Instituto Federal do Norte de Minas campus Salinas; vinicius.orlandi@ifnmg.edu.br RESUMO A Triplaris gardineriana popularmente conhecida como pau-jaú pertence à família Polygonaceae e é um vegetal típico de matas ciliares. Devido a suas características, essa espécie tem sido utilizada com sucesso nos projetos de arborização urbana devido a sua exuberância quando em flor e principalmente na recuperação de ambientes ripários. Na medicina é um vegetal amplamente utilizado na fabricação de remédios para o tratamento da blenorragia, leucorréia e hemorróidas sangrentas. Um empecilho na utilização da espécie nos mais variados fins tem sido a carência de estudos até mesmos básicos sobre a mesma. Por isso, torna-se importante a realização de pesquisas para caracterizar a espécie e averiguar a existência de insetos associados e assim obter subsídios para um correto manejo o que é de fundamental importância para o sucesso na sua implantação. Este trabalho teve como objetivo a caracterização dendrológica de Triplaris gardineriana e a identificação de insetos associados por meio de coleta de amostras do vegetal e observações em campo, mais precisamente em uma área próxima a BR-251 no município de Salinas-MG. Palavras-chave: pau-jaú, insetos, características. INTRODUÇÃO A espécie Triplaris gardneriana (pau-jaú), também conhecida vulgarmente como coaçú, novateiro preto, pauformiga é da família Polygonaceae e ocorre naturalmente em várzeas inundáveis sobre solos calcários e excepcionalmente também encontrada em encostas úmidas. É uma árvore decídua, heliófita, seletiva higrófila, pioneira, característica e exclusiva das várzeas inundadas do Pantanal Mato-Grossense e do Vale do São Francisco. Apresenta, por vezes, frequência elevada em alguns locais, faltando completamente em outros dentro da mesma área de dispersão (LORENZI, 2000). É uma espécie que quando em flor, possui um grande potencial ornamental podendo ser empregada com sucesso nos projetos de arborização urbana e paisagismo. Além disso, essa espécie tem se - Resumo Expandido - [278] ISSN:
2 destacado na recuperação de áreas degradadas, principalmente de vegetações associadas á cursos d água uma vez que a árvore é nativa dessas regiões e possui um rápido crescimento (LORENZI, 2000). Braga (1976) afirma ainda que a espécie Triplaris gardineriana possui uma grande importância na medicina popular sendo que o cozimento de sua casca ou da raiz é utilizado no tratamento da blenorragia e leucorréia; suas folhas, nos banhos semicúpios, para tratar de hemorróidas sangrentas.triplaris gardineriana é uma espécie dióica. Jardin & Mota (2007) afirma que a presença de insetos nessas arvores é de fundamental importância para que haja um maior fluxo gênico de indivíduos machos para indivíduos fêmeas contribuindo para a perpetuação da espécie. Carvalho & Silva (2000) afirmam ainda que os insetos associados podem ser maléficos para as plantas na medida que agem como patógenos das mesmas. O mesmo autor expõe que conhecer esses insetos associados é de fundamental importância para estudos ecológicos bem como para o manejo correto das espécies nos diferentes locais a que ela se destina. O requisito principal para se estudar uma espécie é identificá-la. Dentro do exposto, a Dendrologia aprece como uma ferramenta importante para se diferenciar indivíduos arbóreos. Isso porque não são necessários caracteres reprodutivos como flores e frutos na maioria dos casos para a identificação até a categoria de família, gênero ou mesmo espécie. Embora características reprodutivas sejam a base da maioria dos sistemas de identificação botânica, as plantas não possuem caracteres reprodutivos durante todo o ano, e muitas árvores das regiões tropicais têm floração supra-anual, ou seja, florescem com intervalos de mais de um ano, ou tem floração irregular (RIBEIRO, 1999; ENGEL & MARTINS, 2005). Apesar de sua notável importância, as informações mesmo que básicas inerentes á Tiplaris gardineriana ainda são escassas. Este trabalho objetivou relatar os aspectos dendrológicos, taxonômicos e fenológicos da espécie Triplaris gardineriana, averiguando também a existência de insetos associados à mesma, por meio da análise de populações de espécie em condições de campo. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada uma visita á campo em uma área próxima á BR 251 no município de Salinas-MG onde iniciou-se as observações inerentes á Triplaris gardineriana. Foram procedidas análise em 50 indivíduos da espécie já referida e por meio de lupa entomológica analisou-se e registrou-se a presença de insetos associados. As descrições dendrológicas foram realizadas a partir de observações de campo e material herborizado além de fotografias feitas na data da visita. As amostras de material botânico foram coletadas de uma dos exemplares e herborizadas dentro das normas estabelecidas e transportadas para o Laboratório de Biologia do IFNMG - campus Salinas, onde foram incorporadas á uma exsicata. As medições referentes ao tamanho da folhas foram realizadas por meio de uma fita métrica. Após a realização de todos os procedimentos necessários para uma melhor avaliação de Triplaris gardineriana, catalogou-se dentre outras informações, aspectos dendrológicos e ocorrência de insetos associados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na visita realizada, onde foi efetuada uma análise superficial das matrizes já pôde-se notar que a espécie Triplaris gardineriana possui folhas simples, tronco tortuoso e ramificado revestido por uma casca lisa e fina e copa pouco densa. Informações essas condizentes com as expostas por LORENZI (2000): Planta dotada de copa globosa rala e baixa, tronco tortuoso e ramificado desde a base (simpodial) revestido por uma casca fina, lisa e descamante em placas delgadas. As observações feitas em campo foram satisfatórias para algumas características, porém com uma avaliação mais criteriosa em laboratório e com auxílio do livro Organografia (VIDAL, 2003), pôde- - Resumo Expandido - [279] ISSN:
3 se chegar aos resultados seguintes como mostra a tabela 1. Tabela 1: Caracterização dendrológica de Triplaris gardineriana Característica dendrológica Divisão do Limbo Filotaxia Nervação Forma da folha Copa Tronco Superfície do tronco Fissuras no tronco Ramificação Borda do limbo Tipo de ápice do limbo Coloração das folhas Fruto Sementes Tamanho médio das folhas Coloração do caule Coloração do pecíolo Presença de bainha Classificação simples coreácea alternada espiralada peninérvea oblonga globosa simpodial tortuoso lisa próximas e delgadas ascendente inteira obtuso verdes aquênio poligonadas folhas 8-18 cm de comprimento por 4-7 cm de largura cinza verde não Ainda em campo, procurou-se observar alguma espécie de inseto associada á Triplaris gardineriana. Constatou-se então a presença de formigas do gênero Pseudomyrmex. De acordo Junior et al., (2009) esse gênero de formigas é típica da America do sul, e vivem em canais e fissuras nos troncos e caules das árvores do gênero Triplaris. Nelas encontram abrigo e ingerem açúcar, gordura e proteínas fornecidas pelo vegetal. Em contrapartida, picam os animais que tentam comer as folhas e afastam as plantas que crescem junto ao tronco, realizando assim uma relação mutua de simbiose. Mais do que isso, estas formigas conseguem distinguir uma árvore estranha da sua própria árvore. Figura 1 Fromigas associadas á Triplaris gardineriana - Resumo Expandido - [280] ISSN:
4 Por sua vez, Roglin et al., (2013) avaliando os danos causados por formigas cortadeiras em espécies nativas do cerrado, concluiu que dentre as espécies levantadas a espécie mais atacada por formigas cortadeiras do gênero Atta foi a Triplaris gardineriana representando 36,32% do total de plantas atacadas. Devido a época da visita ter sido realizada com a espécie no seu período de floração pôde-se constatar a presença de abelhas da espécie Tetragonisca angustula conhecida popularmente como abelha jataí. Melo (2012), afirma que o principal agente de polinização das espécies do gênero Triplaris são as abelhas. Marchini et al., (2001) por sua vez, diagnosticou a visita de abelhas africanizadas em povoamentos de espécies do gênero Triplaris durantes os meses de suas florações. Pôde-se notar também a presença de percevejos do gênero Nezara, família Pentatomideos conhecidos popularmente como Maria fedida, também se pôde observar picadas de alimentação desses animais nas folhas do vegetal. Correa (1984) afirma que esse gênero de percevejo representa uma grande ameaça para os vegetais uma vez que a alimentação dos mesmos se dá por meio das folhas das arvores. CONCLUSÕES Figura 2 Percevejos associados á Triplaris gardineriana Conclui-se então, com tudo que foi exposto antes, que a maioria das características dendrológicas de Triplaris gardineriana são típicas do gênero Triplaris. No entanto, as características apresentadas são peculiares a espécie em questão. A justificativa para ocorrência dos insetos associados a esta espécie no presente estudo pode estar intrinsecamente relacionada com a susceptibilidade dos exemplares em questão, que se encontravam com cicatrizes na casca e presença de exsudações atrativas aos insetos, principalmente as formigas. Além disso, pode-se concluir que para se implantar Triplaris gardineriana nos ambientes a que ela se destina é necessário conhecer os insetos que a ela estão associados, pois como se pôde notar alguns deles podem colocar em risco o projeto em questão. Por fim, o estudo demonstrou que através da análise de campo e laboratorial de amostras vegetais, do uso de chaves taxonômicas e da observação de indivíduos por um dado espaço de tempo, é possível conhecer características dendrológicas, fenológicas e taxonômicas de uma espécie, - Resumo Expandido - [281] ISSN:
5 compreender alguns caracteres peculiares às famílias das mesmas e identificar insetos associadas a ela. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: Mossoró. p. 123, CORREA, B. S. F.; Criaçao massal do percevejo verde, Nezara viridula (L.). Congresso Brasileiro de Entomologia. 9; 71, ENGEL, V. L; MARTINS, F.R. Fenologia reprodutiva de espécies de árvores da floresta atlântica no Brasil: uma estudo de 11 anos. Ecologia Tropical, (Edição Especial: Sementes e Mudas Ecologia de Florestas Tropicais plantas). 46: 1-16, JARDIM, M. A. G.; MOTA, C. G. Biologia floral de Virola surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae). Revista Árvore. 31(6), JUNIOR, V. H. et al. Pau-de-novato (Triplaris spp) e formigas Pseudomyrmex: uma relação simbiótica com riscos para seres humanos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 42(6): , LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 3 ed. São Paulo, MARCHINI L. C. et al. Plantas visitadas por abelhas africanizadas em duas localidades do estado de são Paulo. Scientia Agricola. 58(2): , MELO, E. Polygonaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro Disponível em < acesso em 25 de setembro de RIBEIRO, J. E. L. S. et al. Flora da Reserva Ducke: guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. Manaus: China por Midas Printing. 1: 816, ROGLIN, A. et al. Avaliação dos danos causados por formigas cortadeiras em espécies nativas do cerrado de áreas degradadas em processo de recuperação. Enciclopédia Biosfera. 9(16);4, SILVA, R. A.; Carvalho, G. S. Ocorrência de insetos na cultura do milho em sistema de plantio direto, coletados com armadilhas-de-solo. Ciência Rural. 30(2): , VIDAL, W.N. Botânica-organografia; quadros sinóticos ilustrados de fanerógamas. 4 ed. Viçosa: UFV, Resumo Expandido - [282] ISSN:
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