RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS LACUSTRES
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- Maria da Assunção Santiago Lage
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1 RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS LACUSTRES
2 CONSIDERAÇÕES GERAIS # Somente a eliminação de todas as fontes externas de nutrientes não é o suficiente para que ecossistemas lacustres, em adiantado estágio de eutrofização original, retornem através de mecanismos próprios, à estabilidade ecológica original. # O retorno dos ecossistemas lacustres ao seu estado ecológico original, constitui-se numa tarefa tecnicamente difícil. # Para promover o retorno destes ecossistemas à condição ecológica próxima da original, deve-se promover o estabelecimento de um programa de pesquisa individualizado.
3 CONSIDERAÇÕES GERAIS # A recuperação de ecossistemas lacustres pode ser motivada por diferentes razões, tais como: Melhoria da paisagem. Utilização do ecossistema como área de lazer. Obtenção de água potável (através da retirada de algas que produzem sabor e odor desagradáveis). Fins de aquicultura. Fins políticos (para políticos e administradores, a nível regional e nacional, mostrarem que fazem alguma coisa pela melhoria do ambiente).
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS # Um lago eutrofizado artificialmente apresenta excesso de energia acumulada. # A recuperação de lagos eutrofizados deve se dar no sentido de eliminar o excesso de energia através da redução da concentração de nutrientes e compostos orgânicos neles lançados. # Para tanto, a primeira e indispensável medida é o controle das fontes geradoras de eutrofização artificial na bacia de drenagem. # Caso contrário, dificilmente as medidas de recuperação terão sua eficácia garantida.
5 CONSIDERAÇÕES GERAIS # Existem três métodos básicos para controle da eutrofização e recuperação de lagos: a) Métodos físicos b) Métodos químicos c) Métodos biológicos. # Para a escolha do método mais apropriado para a recuperação de um determinado lago, é necessário que este seja submetido primeiramente a intenso programa de pesquisas visando um diagnóstico preciso. # O método será escolhido em função dos resultados obtidos nestas pesquisas. # Em muitos casos se torna necessária a combinação de mais de um método de recuperação para que o lago seja deseutrofizado.
6 MÉTODO FÍSICO # Retirada Seletiva de Massas d Água # Baseia-se na retirada da massa d água que compreende o hipolímnio. # A retirada da água é feita por mangueiras que têm uma de suas extremidades colocadas pouco acima do sedimento e a outra fora do lago. # A saída da mangueira deve ocorrer um pouco abaixo do nível d água, para que uma auto-regulação do nível seja possível. # Para o emprego deste método, duas exigências devem ser atendidas: 1. Existência de condições morfológicas para que se possa estabelecer o princípio dos vasos comunicantes. 2. Alta taxa de renovação da água.
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8 DINÂMICA DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO # Hipolímnio camada profunda de um lago (abaixo do termoclina). Não recebe influência de águas superficiais Possui um gradiente de temperatura relativamente fraco # Clinogrado diminuição de oxigênio dissolvido à medida que aumenta a profundidade. Geralmente regiões mais profundas apresentam-se em hipóxia (ou anóxia).
9 MÉTODO FÍSICO # O processo de retirada seletiva da massa d água proporciona o escoamento da água mais fria, rica em nutrientes e pobre ou mesmo destituída de oxigênio. # Esta água é substituída por outra, mais pobre em nutrientes e com níveis mais elevados de saturação de oxigênio. # Desta maneira, a dinâmica de energia, nutrientes e o oxigênio do lago é fortemente influenciada.
10 MÉTODO FÍSICO # As consequências principais do tratamento através deste método são: 1. Redução do tempo de permanência da água no hipolímnio, com redução da taxa de decomposição. 2. Estabelecimento de menor gradiente de temperatura entre o hipolímnio e o epilímnio, com consequente redução do período de estratificação térmica. 3. Redução da concentração de fósforo e nitrogênio, o que também reduz o efeito da fertilização interna. 4. Aumento da concentração do oxigênio no hipolímnio. 5. Estabelecimento das condições oxidativas na interface água-sedimento.
11 MÉTODO FÍSICO # AERAÇÃO # A recuperação de um lago por meio de aeração pode ocorrer de duas maneiras principais: 1. Por meio da introdução de ar comprimido no hipolímnio. 2. Por areação de toda a coluna d água. # Seu princípio baseia-se na instalação e manutenção de condições aeróbias do hipolímnio.
12 MÉTODO FÍSICO # RETIRADA DE SEDIMENTO POR SUCÇÃO # Parte do princípio de que o sedimento é o principal reservatório de nutrientes do ecossistema. # Mecanismo eficiente para reduzir a fertilização interna. # Os altos custos constituem um dos principais empecilhos para o emprego deste método.
13 MÉTODO FÍSICO # RETIRADA DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS # Em muitos lagos rasos, a principal consequência da eutrofizaçâo artificial é o aumento exagerado das comunidades de macrófitas aquáticas. # Em decorrência do crescimento destas comunidades, observa-se rápida redução de profundidade média do lago e a redução da sua qualidade como área de lazer, especialmente banho e esportes náuticos. # O método mais eficaz para eliminação das comunidades de macrófitas aquáticas é a sua remoção, que consiste na retirada da biomassa aérea e subterrânea.
14 MÉTODO FÍSICO # RETIRADA DE BIOMASSA PLANCTÔNICA # Pode ser feita através de micropeneiras ou por centrifugação de grandes volumes d água (durante a floração de algas). # SOMBREAMENTO # Viável em pequenos corpos d água (redução da radiação solar incidente). 1. Utilização de anteparos (colocados nas margens ou sobre a superfície da água). 2. Corantes. 3. Árvores (plantadas nas margens).
15 MÉTODO FÍSICO # REDUÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA DA ÁGUA # O aumento do fluxo de água, visando reduzir o seu tempo de residência, tem efeitos diretos na redução da biomassa de algas. # Uma condição básica para o emprego deste método é a disponibilidade de água para tal fim. # O controle e fluxo de água que entra no lago deve ser preciso, visando minimizar os efeitos negativos do excesso de biomassa de algas a jusante.
16 MÉTODO QUÍMICO # Oxidação química do sedimento # O princípio deste método se baseia na oxidação do sedimento por meio de agentes químicos. # Para tanto, primeiramente o sedimento é revolto através da injeção de ar comprimido e, então, os produtos que irão oxidá-lo são injetados. # As desvantagens principais deste método são: 1. Caso a desnitrificação não seja eficiente, o nitrato introduzido pode produzir efeito contrário aos desejados. 2. Através do desprendimento de bolhas de gases (H2S, N2, ar) pode ocorrer mistura da massa d água e, com isto, nutrientes, podem alcançar a zona eufótica.
17 MÉTODO QUÍMICO # Emprego de herbicidas # Dentre os inúmeros herbicidas disponíveis no mercado brasileiro, o sulfato de cobre é o mais utilizado no controle do crescimento de algas e o menos danoso para outras comunidades aquáticas. # Tem-se observado a redução de eficiência do sulfato de cobre no caso daqueles ecossistemas em que foram feitas repetidas aplicações. # Mais recentemente oxidocloreto de cobre tem sido apontado como mais eficiente no controle de algas e menos tóxico para invertebrados e vertebrados aquáticos.
18 MÉTODO QUÍMICO # Floculação # A floculação de compostos suspensos na água, inclusive algas, é uma técnica muito antiga para deseutrofizar lagos. # Um dos meios mais empregados para este fim é a pulverização da água com compostos como sulfato de alumínio ou sais de ferro, cálcio ou zinco. # O efeito do agente floculante dá-se de duas maneiras: 1. Precipitação direta de algas com o agente químico 2. Precipitação dos nutrientes (como o fosfato).
19 MÉTODO QUÍMICO # Inativação de nutrientes por precipitação # Tratando-se de pequenos corpos d água, onde o fosfato é o principal fator responsável pelo aumento de biomassa de algas, a adição de compostos, como sulfato de alumínio, tem-se mostrado muito eficiente. # O efeito do sulfato de alumínio pode se dar: (a) Através da retirada do fosfato da coluna d água. (b) Controlando a sua liberação do sedimento. # Embora a retenção de fosfato no sedimento no início do tratamento seja muito efetiva tem-se observado intensa liberação deste íon do sedimento no decorrer dos anos subsequentes à aplicação.
20 MÉTODO QUÍMICO # Cobertura de sedimentos # A cobertura do sedimento por material com profundidades de adsorver nutrientes, como a argila, pode ser considerada como uma alternativa simples e barata. # Com esta medida a fertilização interna é fortemente reduzida e uma recuperação das qualidades do meio pode ser obtida.
21 MÉTODO BIOLÓGICO # O controle biológico tanto de algas como de macrófitas aquáticas pode ser realizado através de dois processos básicos: Através da atuação de herbívoros Atuação de agentes patogênicos (muito embora, em certos casos, o parasitismo possa ser considerado). # Dentre os organismos que têm significativo efeito na eliminação de biomassa vegetal em ecossistemas lacustres destacam-se: 1. Zooplâncton 2. Moluscos 3. Peixes.
22 MÉTODO BIOLÓGICO # Entre os moluscos, caramujos Pomacea australis e Alfarisa cornuarietis têm sido as espécies mais consideradas no controle de macrófittas aquáticas.
23 MÉTODO BIOLÓGICO # Entre os peixes, a carpa e a tilápia são as mais utilizadas no controle de plantas aquáticas, especialmente de macrófitas aquáticas. Estes herbívoros podem atuar de duas maneiras: 1. Predando os vegetais 2. Revolvendo o sedimento (aumentando a turbidez da água que, por sua vez, reduz a penetração de luz, dificultando o crescimento de macrófitas submersas e algas).
24 MÉTODO BIOLÓGICO # Embora teoricamente viável, o emprego destes animais não tem mostrado bons resultados, por dois motivos principais: 1. A liberação de nutrientes pelo revolvimento do sedimento tem causado efeitos contrários, como o aumento da biomassa de algas. 2. São eficazes competidores, causando sérios prejuízos à fauna ictiológica nativa. # A utilização de agentes patogênicos como fungos, bactérias e vírus é (teoricamente) um possível meio de controlar o crescimento de algas e macrófitas aquáticas.
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