ESTÁGIO PROBATÓRIO EM FOCO
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- Mario Furtado Gama
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1 ESTÁGIO PROBATÓRIO EM FOCO Vania Maria de Souza Alvarim (Consultora Jurídica, pós-graduada em Direito Público, Mestre em Educação, Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais, Professora aposentada) Muita controvérsia ainda existe sobre o estágio probatório. O presente trabalho visa a oferecer esclarecimentos sobre esse tema no âmbito do serviço público federal, em especial, aos professores do Colégio Pedro II. A tabela a seguir apresenta questões ainda hoje presentes sobre direitos e deveres dos servidores em Estágio Probatório. 1. O que é estágio (caput do art.20 da lei 8112/90). 2. Qual o período de duração? (caput do art.20 da lei 8112/90 e EC 19/1998). 3. Que fatores são observados durante o estágio (incisos I, II, III, IV e V do art.20 da lei 8112/90 e art. 24 da lei /2012. O estágio probatório não uma é etapa do concurso público. É um período de avaliação que visa a verificar a aptidão e a capacidade do servidor nomeado para cargo de provimento efetivo para o exercício do cargo. Na lei 8.112/90 consta o período de 24 meses. Contudo, conforme entendimento majoritário, o período do estágio probatório foi ampliado para três anos, ou trinta e seis meses 1, mesmo prazo dado para o servidor obter a estabilidade, de acordo com a EC 19/98. A MP 431/2008 tinha alterado a lei 8.112/90, estabelecendo o período de trinta e seis meses, mas o texto não foi incluído na Lei de Conversão (Lei /2008) Os fatores que serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, de acordo com a lei 8.112/90 são os seguintes: I - assiduidade; II - disciplina; III - capacidade de iniciativa; IV - produtividade; V- responsabilidade A lei /2012 ampliou esses parâmetros para os Servidores do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal. São eles: I - adaptação do professor ao trabalho, verificada por meio de avaliação da capacidade e qualidade no desempenho das atribuições do cargo; II - cumprimento dos deveres e obrigações do servidor público, com estrita observância da ética profissional; III - análise dos relatórios que documentam as atividades científico-acadêmicas e administrativas programadas no plano de trabalho da unidade de exercício e apresentadas pelo docente, em cada etapa de avaliação; IV - a assiduidade, a disciplina, o desempenho didático-pedagógico, a capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade; V - participação no Programa de Recepção de Docentes instituído pela IFE; e VI - avaliação pelos discentes, conforme normatização própria da IFE. O Colégio Pedro II (CPII) tem um manual, elaborado pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoa, que oferece informações sobre o processo de Avaliação de Desempenho realizado pelo Colégio. De acordo com esse manual, são fatores de avaliação: I- 1 É esse o entendimento presente no parecer nº AGU/MC-01/2004, publicado no Diário Oficial de 16 de julho de 2004, e no Ofício-Circular nº 16/SRH/MP, de 27 de julho de 2004.
2 Assiduidade; II- Disciplina; III- Capacidade de Iniciativa; IV- Produtividade e V- Responsabilidade para a avaliação, observados os seguintes requisitos: rganização do Trabalho: É a capacidade de organizar as atividades e o ambiente de trabalho, de forma a aperfeiçoar recursos e priorizar responsabilidades visando à consecução dos objetivos traçados pela equipe; ualidade do Trabalho: Diz respeito à execução do trabalho de maneira confiável, de forma que os resultados apresentados dispensem a necessidade de conferência; Pontualidade: É a capacidade de respeitar e cumprir os horários estabelecidos. Está relacionada ao cumprimento total da carga horária estabelecida, observando os horários de entrada e saída; ssiduidade: Traduz-se pela presença constante do servidor no local de trabalho. É a demonstração de seu empenho e dedicação com os compromissos e atividades assumidos pela equipe; riatividade: É a capacidade de conceber soluções simples, inovadoras, viáveis e adequadas, apresentando contribuições e respostas originais para resolução de problemas; Disciplina e Responsabilidade: É a capacidade de assumir compromissos, cumprir obrigações e responder pelos resultados decorrentes de suas decisões, contribuindo para os objetivos estabelecidos pelo setor, bem como os preconizados pela Instituição; Inovação e Mudança: É a capacidade de assimilar as inovações e mudanças propostas no ambiente de trabalho, demonstrando reciprocidade às novas ideias, flexibilidade para adaptar-se às diferentes exigências do meio, revendo posturas e atitudes e mostrando-se aberto a receber feedback; 4 Tomada de Decisão: É a capacidade de tomar decisões adequadas e resolver problemas, assumindo os riscos, visando ao atendimento das prioridades e necessidades do trabalho; Equipe de Trabalho: É a disposição em participar da equipe, atuando, interagindo e convivendo com as pessoas em todos os níveis da organização com atitudes positivas, relações cordiais e comportamentos maduros e não combativos (inclusive diante de situações conflitantes); prendizagem e rescimento: É a capacidade de buscar, de forma aut noma, independente e entusiasta, o autodesenvolvimento, objetivando o seu crescimento profissional e pessoal. 4. Quem avalia e em qual(is) período(s)? ( 1 o do art. 20 da lei 8.112/90 e art. 23 da lei /2012) Pela lei 8.112/90, a avaliação será feita por uma comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo. Pela lei /2012, a avaliação do servidor em estágio probatório, ocupante de cargo pertencente ao Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal, será realizada por Comissão de Avaliação de Desempenho designada no âmbito de cada IFE, que deverá ser composta por docentes estáveis, com representações da unidade acadêmica de exercício do docente avaliado e do Colegiado do Curso no qual o docente ministra o maior número de aulas. A lei 8.112/90 estabelece que, 4 (quatro) meses antes do término do período do estágio probatório, a avaliação do desempenho será submetida à homologação da
3 autoridade competente. O manual do CPII sobre estágio probatório também traz um cronograma das avaliações: avaliação do servidor em estágio probatório far-se-á em 3 (três) etapas a serem realizadas nos seguintes períodos: 1ª Etapa nono mês da data de efetivo exercício 2ª Etapa nono mês após a 1ª etapa 3ª Etapa décimo quarto mês após a 2ª etapa As partes que realizam o processo se avaliação de desempenho no CPII são: valiador: superior hierárquico a que o avaliado está subordinado (chefe imediato), sendo ouvido odiretor do ampus; omissão de companhamento do Estágio Probatório: composta por representantes indicados pelo Pró-Reitor de Gestão de Pessoas; Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. 5. O que acontece caso o servidor não seja aprovado no estágio ( 2º do art. 20 da lei 8.112/90 e inciso I do art. 25 da lei /2012) Caso o servidor não seja aprovado no estágio probatório: - se era estável no cargo anterior, será reconduzido a este cargo ou - se não detinha a estabilidade, será exonerado. De acordo com a SÚMULA AGU Nº 16, DE 19 DE JUNHO DE 2002, republicada no DOU de 26/07, 27/07 e 28/07/2004: " servidor estável investido em cargo público federal, em virtude de habilitação em concurso público, poderá desistir do estágio probatório a que é submetido com apoio no art. 20 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e ser reconduzido ao cargo inacumulável de que foi exonerado, a pedido." No mesmo sentido, da Nota Técnica Nº 243/ 2010/COGES/DENOP/SRH/MP: desistência durante o estágio probatório configura espécie de inabilitação que também dá ensejo à recondução a cargo federal anteriormente ocupado. Em síntese, se o servidor desistir do estágio probatório do novo cargo, lhe é assegurada a recondução ao cargo anterior. São garantidos o contraditório e a ampla defesa ao servidor inabilitado no estágio probatório. Conforme a Súmula 21 do STF: Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade. No mesmo sentido, dispõe a parte final do inciso I do art. 25 da lei 12772/2012: rt. 25. avaliação de desempenho do servidor ocupante de cargo do Plano de arreiras e argos de Magistério Federal em estágio probatório será realizada obedecendo: I - o conhecimento, por parte do avaliado, do instrumento de avaliação e dos resultados de todos os relatórios emitidos pela omissão de valiação de Desempenho, resguardando-se o direito ao contraditório. De acordo com o manual do CPII, se o resultado for inferior a Satisfatório, o Avaliado poderá interpor recurso, em até 15 dias, devendo apontar as irregularidades detectadas no processo de avaliação. Somente poderá ser interposto um único pedido de recurso em cada uma das 3 etapas de avaliação. A Comissão de Avaliação tem o prazo de 30 (trinta) dias, a partir do recebimento, para apreciar o recurso.
4 6. O servidor em estágio probatório pode exercer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento? ( 3º do art. 20 da lei 8.112/90) 7. Que licenças e afastamentos podem ser concedidos ao servidor em estágio ( 4º do art. 20 da lei 8112/90; inciso I e 2º do artigo 30, da lei /2012) Não há impedimento para que o servidor em estágio probatório possa exercer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no mesmo órgão ou entidade. Ao servidor em estágio probatório, poderão ser concedidas as licenças (incisos I, II, III e IV da Art. 81 da lei 8.112/90): I - por motivo de doença em pessoa da família; II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; III - para o serviço militar; IV - para atividade política; Em contrapartida, não são autorizadas as licenças previstas nos demais incisos do artigo 81: V - para capacitação; VI - para tratar de interesses particulares; VII - para desempenho de mandato classista São permitidos ao servidor em estágio probatório os afastamentos: - para exercício de mandato eletivo (art.94/ lei 8112/90); - para estudo ou missão exterior (art.95/lei 8112/90); - para servir em organismo internacional de que o Brasil participe (art.96/lei 8112/90) e - para participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública Federal. Também serão considerados como efetivo exercício: férias; licenças: para tratamento de saúde (art.202), à gestante e à adotante (art.207), paternidade (art.208) e por acidente de serviço (art. 211); ausências do serviço (incisos I, II e III, do art. 97) para doação de sangue, para se alistar como eleitor e em razão de casamento ou de falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. 8. Que licenças e afastamentos suspendem a contagem do prazo do estágio ( 5º do art. 20 da lei 8.112/90) 9. O servidor em estágio probatório pode fazer greve? Algumas licenças e afastamentos são permitidos, mas eles suspendem o prazo do estágio probatório, que voltará a ser computado a partir do retorno do servidor. São hipóteses de suspensão do estágio probatório: - licença por motivo de doença em pessoa da família ou dependente (art.83) - licença por motivo de afastamento do cônjuge (art.84) - para candidatura de cargo eletivo (ar.86, 1º) - afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere (ar. 96) - afastamento para participação em curso de formação (art. 20, 4 ) Sim, o servidor em estágio probatório pode participar de movimento grevista, o que, por si só, não deve implicar prejuízos na sua avaliação de desempenho ou reprovação. Entendimento do STF: Servidor Público em Estágio Probatório: Greve e Exoneração
5 Turma, em votação majoritária, manteve acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que concedera a segurança para reintegrar servidor público exonerado, durante estágio probatório, por faltar ao serviço em virtude de sua adesão a movimento grevista. Entendera aquela orte que a participação em greve - direito constitucionalmente assegurado, muito embora não regulamentado por norma infraconstitucional - não seria suficiente para ensejar a penalidade cominada. ente federativo, ora recorrente, sustentava que o art. 37, VII, da F seria norma de eficácia contida e, desse modo, o direito de greve dos servidores públicos dependeria de lei para ser exercido. lém disso, tendo em conta que o servidor não gozaria de estabilidade ( F, art. 41), aduziu que a greve fora declarada ilegal e que ele não comparecera ao serviço por mais de 30 dias. onsiderou-se que a inassiduidade em decorrência de greve não poderia implicar a exoneração de servidor em estágio probatório, uma vez que essa ausência não teria como motivação a vontade consciente de não comparecer ao trabalho simplesmente por não comparecer ou por não gostar de trabalhar. Revelaria, isso sim, inassiduidade imprópria, resultante de um movimento de paralisação da categoria em busca de melhores condições de trabalho. ssim, o fato de o recorrido estar em estágio probatório, por si só, não seria fundamento para essa exoneração. Vencidos os Ministros Menezes Direito, relator, e Ricardo Lewandowski que proviam o recurso para assentar a subsistência do ato de exoneração por reputar que servidor em estágio probatório, que aderira à greve antes da regulamentação do direito constitucionalmente reconhecido, não teria direito à anistia de suas faltas indevidas ao serviço. RE /RS, rel. orig. Min. Menezes Direito, rel. p/ o acórdão Min. ármen Lúcia, (RE ). STF Súmula nº 316: simples adesão à greve não constitui falta grave 10. Como ficaria a contagem do prazo do servidor em estágio probatório, durante uma greve? 11. Como ficaria a situação do servidor em caso de extinção do cargo, antes de ser aprovado no estágio 12. Como ficariam as férias de servidor federal, regido pela lei 8112/1990, na hipótese de vacância por posse em outro cargo inacumulável? No meu entendimento, como não existe previsão legal expressa na Lei 8112/1990 para suspensão da contagem do prazo devido à greve, e esta é um direito, o prazo continuaria correndo. Contudo, o servidor em estágio probatório deveria cumprir os mesmos procedimentos do servidor estável que também aderiu à greve, após o término do movimento, como, por exemplo, na forma de reposição dos dias parados e/ou das aulas, se for o caso. De acordo com a Súmula 22 do STF: estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo. Logo, se o cargo for extinto, o servidor será exonerado de ofício, caso ainda não tenha obtido a estabilidade. Se servidor tomar posse e entrar em exercício em outro cargo público na mesma data do ato de exoneração de um cargo, conforme os artigos 11 e 12 da Orientação Normativa SRH nº 02/2011, terá direito: caso já tenha cumprido o interstício de doze meses de efetivo exercício no cargo anteriormente ocupado, a gozar as férias correspondentes àquele ano civil no novo cargo efetivo. caso não cumprido o interstício de doze meses de efetivo exercício no cargo anteriormente ocupado, a complementar esse período exigido para a concessão de férias no novo cargo. NOTA TÉCNICA Nº 64/2011/DENOP/ SRH/MP uando a exoneração e a posse no novo cargo se der na mesma data, poderá o
6 servidor carrear o tempo amealhado para o novo cargo ocupado com a finalidade de gozar férias, sem a necessidade de cumprir novo interstício de 12 meses para esse fim. Nesse caso, não há falar no pagamento da indenização de férias a que se refere o 3º do artigo 78, da Lei nº 8.112, de O professor em estágio probatório poderá solicitar a alteração de seu regime de trabalho? 12. O docente ainda no estágio probatório poderá participar de programas de pós-graduação? Não, de acordo com o 2º do art. 22 da lei /2012, é vedada a mudança de regime de trabalho aos docentes em estágio probatório. Apesar do 2º do art.96-a da lei 8.112/90, dispor que os afastamentos para realização de programas de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio probatório (...), é possível o docente em estágio probatório participar de programas de pós-graduação. Como a lei /2012 é uma lei específica para o magistério federal, considero que, pelo princípio da especialidade, deve prevalecer o entendimento de que o professor ainda em estágio probatório poderá participar de programas de pós-graduação. O inciso I e o 2º do artigo 30 da lei /2012 conferem direito ao docente em estágio probatório para participação em programas de pós-graduação stricto sensu, doutorado ou pós-doutorado, pois estabelecem que tal afastamento independe do tempo de ocupação do cargo. O 1º do Art. 30, condiciona, tão somente, a aprovação do estágio probatório para que o docente possa prestar colaboração em outra instituição federal de ensino ou de pesquisa e prestar colaboração técnica ao MEC (incisos II e III do art. 30). rt. 30. ocupante de cargos do Plano de arreiras e argos do Magistério Federal, sem prejuízo dos afastamentos previstos na Lei no 8.112, de 1990, poderá afastar-se de suas funções, assegurados todos os direitos e vantagens a que fizer jus, para: I - participar de programa de pós-graduação stricto sensu ou de pós-doutorado, independentemente do tempo ocupado no cargo ou na instituição; II - prestar colaboração a outra instituição federal de ensino ou de pesquisa, por período de até 4 (quatro) anos, com nus para a instituição de origem; e III - prestar colaboração técnica ao Ministério da Educação, por período não superior a 1 (um) ano e com nus para a instituição de origem, visando ao apoio ao desenvolvimento de programas e projetos de relevância. s afastamentos de que tratam os incisos II e III do caput somente serão concedidos a servidores aprovados no estágio probatório do respectivo cargo e se autorizado pelo dirigente máximo da IFE, devendo estar vinculados a projeto ou convênio com prazos e finalidades objetivamente definidos. 2º os servidores de que trata o caput poderá ser concedido o afastamento para realização de programas de mestrado ou doutorado independentemente do tempo de ocupação do cargo. (destaques feitos pela autora)
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