PROJETO DE LEI Nº, DE (Do Sr. Jorge Boeira) O Congresso Nacional decreta:

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1 PROJETO DE LEI Nº, DE 2005 (Do Sr. Jorge Boeira) Dispõe sobre parcelamento para empresas em recuperação judicial de débitos com a Secretaria da Receita Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e o Instituto Nacional do Seguro Social e dá outras providências O Congresso Nacional decreta: Art.1º Esta Lei dispõe sobre a concessão do parcelamento de que trata o art. 68 da Lei , de 09 de fevereiro de 2005 Lei de Falências. Art. 2º O débito de pessoa jurídica que tiver deferido pedido de recuperação judicial junto à Secretaria da Receita Federal e à Procuradoria- Geral da Fazenda Nacional poderá ser consolidado e parcelado em até cento e oitenta prestações mensais e sucessivas. 1º O disposto neste artigo aplica-se aos débitos constituídos ou não, inscritos ou não como Dívida Ativa, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada. 2º Poderão ser parcelados na forma do caput deste artigo os débitos incluídos nas modalidades previstas na Lei nº 9.964, de 10 de abril de 2000, e , de 30 de maio de 2003, mesmo que a empresa tenha sido excluída dos referidos parcelamentos. **

2 2 3º Os débitos ainda não constituídos deverão ser confessados, de forma irretratável e irrevogável. 4º O débito de que trata o caput será consolidado na data de concessão do pedido de parcelamento e será dividido pelo número de prestações, sendo que o montante de cada parcela mensal não poderá ser inferior o 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) do faturamento do mês imediatamente anterior. 5º O valor do pagamento mensal mínimo calculado com base no faturamento do mês anterior que exceder o valor da parcela calculada segundo o caput será utilizado para amortização das últimas prestações vincendas do parcelamento. Art. 3º O valor de cada uma das parcelas será acrescido de juros correspondentes à variação mensal da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP, a partir do mês subseqüente ao da consolidação, até o mês do pagamento. Art. 4º O parcelamento a que se refere o art. 2º: I - deverá ser requerido até o último dia útil do mês subseqüente ao do deferimento do processamento da recuperação judicial, perante a unidade da Secretaria da Receita Federal, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou do Instituto Nacional de Seguridade Social responsável pela cobrança do respectivo débito; II somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade suspensa por força dos incisos III a V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, no caso de o sujeito passivo desistir expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, ou da ação judicial proposta, e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os referidos processos administrativos e ações judiciais, relativamente à matéria cujo respectivo débito queira parcelar; **

3 3 III reger-se-á, naquilo que não for contrário a esta Lei e às regras específicas relacionadas a empresas em processo de recuperação judicial, pela Lei nº , de 19 de julho de 2002; IV aplica-se, inclusive, à totalidade dos débitos apurados segundo o SIMPLES; V independerá de apresentação de garantia ou de arrolamento de bens, mantidas aquelas decorrentes de débitos transferidos de outras modalidades de parcelamento ou de execução fiscal. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, não será cobrada verba de sucumbência decorrente da desistência da respectiva ação judicial. Art. 5º Os débitos relativos ao Instituto Nacional de Seguro Social, poderão ser parcelados pela forma prevista no caput do art. 2º, observando-se, no que couber, as regras sobre parcelamento previstas nesta Lei para os débitos relativos à Secretaria da Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, inclusive em relação ao valor mensal mínimo de pagamento de que trata o 4º do art. 2º. Art. 6º Os depósitos existentes, vinculados aos débitos a serem parcelados nos termos dos arts. 2º e 5º serão automaticamente convertidos em renda da União, da Seguridade Social ou do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, conforme o caso, concedendo-se o parcelamento sobre o saldo remanescente. Art. 7º A inadimplência, por três meses consecutivos ou seis meses alternados, o que primeiro ocorrer, do parcelamento a que se refere o art. 2º ou o art. 5º, bem como a decretação de falência da empresa, implicará na imediata rescisão do parcelamento. Parágrafo único. Os débitos remanescentes na hipótese de ocorrência da rescisão descrita no caput deste artigo serão, conforme o caso, remetidos para a inscrição na Dívida Ativa da União ou para o prosseguimento da execução. **

4 4 Art. 8º. A Secretaria da Receita Federal, a Procuradoria- Geral da Fazenda Nacional e o Instituto Nacional do Seguro Social INSS expedirão, no âmbito de suas respectivas competências, os atos necessários à execução desta Lei. Art. 9º. A exclusão do sujeito passivo do parcelamento a que se refere esta Lei independerá de notificação prévia e implicará exigibilidade imediata da totalidade do crédito confessado e ainda não pago e automática execução da garantia prestada, quando existente, restabelecendo-se, em relação ao montante não pago, os acréscimos e penalidades legais na forma da legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Art. 10. Para efeito dos parcelamentos concedidos nessa Lei não se aplica o disposto no 2º do art. 6º da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de Art. 11. São competentes para efetuar a consolidação dos montantes de tratam os arts. 2º e 5º, em relação aos débitos sob sua administração, a Secretaria da Receita Federal, a Procuradoria da Fazenda Nacional e o Instituto Nacional de Seguridade Social. Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. JUSTIFICAÇÃO É inegável o grande avanço alcançado pela Lei de Falências na legislação brasileira. Nela foi criado o instituto da Recuperação Judicial, que inovou e melhorou o modo de restabelecimento de empresas em dificuldades financeiras. **

5 5 Esse sistema veio substituir a antiquada figura da concordata. Com efeito, segundo a Própria Lei de Falências a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômicofinanceira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Porém, na prática, as empresas estão impedidas de usufruir as vantagens estabelecidas por essa Lei enquanto não for estabelecida a forma especial de parcelamento de débitos tributários prevista em seu art. 68. Uma das condições impostas às empresas para solicitarem a recuperação judicial é a quitação ou suspensão da exigibilidade de todos seus débitos com o fisco. Na segunda hipótese, o meio mais utilizado como forma de suspensão é a requisição do parcelamento do montante devido. De forma que, enquanto a lei específica não for editada, a empresa em recuperação estará sujeita às regras gerais sobre parcelamento existentes. Ou seja, na esfera federal ela deverá seguir os preceitos contidos na Lei /2002, que concede o prazo máximo de 60 meses para parcelamentos de débitos junto à Fazenda Nacional. Além disso, a referida Lei estabelece que as prestações deverão ser corrigidas mensalmente pela taxa SELIC. Esse parcelamento, atualmente válido para empresas em atividade normal, se revela muito oneroso para firmas em estado pré-falimentar. Muitas pessoas jurídicas não possuem condições para cumprir as exigências impostas pela referida norma e optam por não apresentar plano de recuperação. Ou pior, não vislumbrando outra solução, apresentam o plano, parcelando seus débitos tributários. Porém, não conseguem pagá-los, ficando sujeitas ao pedido de decretação de falência por seus credores. Dessa forma, apresentamos este Projeto de Lei para corrigir essa grave omissão na legislação pátria. Sugerimos que as empresas possam parcelar suas dívidas tributárias em até 180 prestações mensais. De sorte que pretendemos dar à empresa, efetivamente, a possibilidade de restabelecer suas **

6 ** 6 atividades e saldar suas dívidas, voltando a ter capacidade financeira para atuar no mercado normalmente. Assim, evita-se inúmeros pedidos de falência que, além de prejudicarem nossa economia, trazem efeitos devastadores a várias famílias brasileiras em decorrência do aumento do desemprego, ocasionado pelo encerramento das atividades das referidas empresas. Pelo exposto, tendo em vista a justeza e elevado interesse social da medida, contamos com o apoio dos ilustres pares para a aprovação do Projeto de Lei apresentado. Sala das Sessões, em de de Deputado JORGE BOEIRA