Regime Jurídico das Cooperativas de Ensino Decreto-Lei nº 441 A/82 de 6 de Novembro
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1 Regime Jurídico das Cooperativas de Ensino Decreto-Lei nº 441 A/82 de 6 de Novembro ARTIGO 1º Âmbito As cooperativas de ensino, abreviadamente e suas organizações de grau superior regem-se pelas disposições do presente diploma e, nas suas omissões, pelas do Código Cooperativo. ARTIGO 2º Noção 1 São cooperativas de ensino as que tenham por objecto principal a manutenção de um estabelecimento de ensino. 2 A utilização da forma cooperativa não isenta da obrigatoriedade da conformidade do exercício da sua actividade com a lei, de obtenção de autorizações e licenças e de outras formalidades exigíveis nos termos legais, devendo as entidades de quem dependam as referidas autorizações e licenças ter em conta a especial natureza e função social das cooperativas. ARTIGO 3º Classificação 1 As cooperativas de ensino classificam-se quanto ao objecto e quanto aos cooperadores. 2 Quanto ao objecto dividem-se em: a) Cooperativas de educação escolar; b) Cooperativas de educação especial e de integração; c) Cooperativas de formação técnica ou profissional; d) Cooperativas de educação permanente; e) Cooperativas polivalentes. 3 Quanto aos cooperadores, dividem-se em: a) Cooperativas de utentes; b) Cooperativas de prestação de serviços; c) Cooperativas mistas. ARTIGO 4º Cooperativas de educação escolar São cooperativas de educação escolar as que visam manter um estabelecimento destinado a ministrar o ensino compreendido no sistema educativo.
2 ARTIGO 5º Cooperativas de educação especial e integração São cooperativas de educação especial e integração as que visam manter um estabelecimento destinado a ministrar a educação especial e a integração sócio-profissional dos educandos. ARTIGO 6º Cooperativas de formação técnica ou profissional São cooperativas de formação técnica ou profissional as que visam manter um estabelecimento destinado a ministrar a formação especializada quer através de cursos técnicos, quer de cursos de formação profissional, podendo estes últimos ser de reciclagem ou aperfeiçoamento. ARTIGO 7º Cooperativas de educação permanente São cooperativas de educação permanente as que visam manter um estabelecimento destinado a ministrar a educação extra-escolar, designadamente a dos adultos. ARTIGO 8º Cooperativas polivalentes 1 São cooperativas polivalentes as que, nos termos do nº 3 do artigo 4º do Código Cooperativo, visem a manutenção de estabelecimento de ensino destinado à prossecução simultânea de actividades referidas no nº 2 do artigo 3º deste decreto-lei.. 2 As cooperativas de educação escolar cujos estabelecimentos sejam de ensino superior não poderão constituir-se sob a forma polivalente, pois é-lhes vedada a prossecução de actividades referentes a outros níveis de ensino. ARTIGO 9º Cooperativas de utentes São cooperativas de utentes as constituídas exclusivamente por alunos do estabelecimento de ensino da cooperativa e/ou seus pais encarregados de educação. ARTIGO 10º Cooperativas de prestação de serviços 1 São cooperativas de prestação de serviços as constituídas exclusivamente por docentes e investigadores ou por docentes, investigadores ou outros trabalhadores do estabelecimento de ensino ou da cooperativa. 2 Os docentes a que se refere o número anterior só poderão ser membros se possuírem as habilitações legais definidas pelo Ministério da Educação para
3 um dos graus de ensino oficial ministrados no ou nos estabelecimentos de ensino a cargo da cooperativa e desempenharem de forma efectiva as suas funções nesses estabelecimentos. ARTIGO 11º Cooperativas mistas 1 São cooperativas mistas as constituídas por utentes e prestadores de serviços do estabelecimento de ensino ou da cooperativa. 2 As cooperativas que mantenham estabelecimentos de ensino superior terão de constituir-se obrigatoriamente sob a forma mista. 3 Na constituição dos órgãos sociais das cooperativas referidas no número anterior deverão incluir-se obrigatoriamente membros utentes e prestadores de serviços docentes e de investigação. ARTIGO 12º Membros 1 Nas cooperativas de ensino poderão existir as seguintes categorias de membros: a) Membros efectivos; b) Membros beneméritos ou honorários. 2: a) São membros efectivos os referidos nos artigos 9º e 10º deste decretolei; b) São membros beneméritos ou honorários as pessoas que directa ou indirectamente promovam ou contribuam para o desenvolvimento da cooperativa. 3 Os membros beneméritos ou honorários têm direito a participar nas assembleias gerais, sem direito a voto. ARTIGO 13º Cooperativas de ensino superior 1 Nas cooperativas que mantenham estabelecimentos de ensino superior só podem ser admitidos como membros efectivos, para além dos referidos no artigo 10º do presente diploma, os alunos ordinários com aprovação em, pelo menos, 2 cadeiras de um dos cursos nelas ministrado. 2 Para efeitos do número anterior, consideram-se alunos ordinários os que pretendam obter os graus académicos superiormente homologados, encontrando-se, para o efeito, inscritos e matriculados nas cadeiras dos respectivos cursos e frequentando normalmente as aulas e os exercícios e trabalhos escolares prescritos, em regime de tempo completo. 3 Às restantes categorias de alunos que existam ou venham a ser criadas aplica-se o estatuto do membro honorário.
4 4 A perda da qualidade de aluno ou de prestador de serviços nos termos do artigo 10º implica a perda da qualidade de membro da cooperativa. ARTIGO 14º Formação cooperativa e pedagógica 1 Para melhor prossecução dos seus objectivos, as cooperativas de ensino promoverão cursos específicos para a formação cooperativa e profissional quer dos seus membros, quer dos membros de cooperativas de outros ramos. 2 A formação cooperativa destinada aos alunos do respectivo estabelecimento de ensino deverá, designadamente, compreender a leccionação de disciplina do cooperativismo. 3 Para a prossecução dos objectivos previstos no nº 1 deste artigo, as cooperativas de ensino deverão elaborar, até 1 de Outubro de cada ano, um plano de actividades referindo as acções de formação a desenvolver, do qual deverão dar conhecimento ao Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo (INSCOOP). ARTIGO 15º Organizações cooperativas de grau superior As cooperativas que se caracterizem por desenvolver actividades da mesma zona específica integradas neste ramo do sector cooperativo poderão constituir uniões e federações nacionais, nos termos previstos no Código Cooperativo. ARTIGO 16º Forma de constituição As cooperativas de ensino só podem constituir-se por escritura pública. ARTIGO 17º Capital social 1 O capital social das cooperativas de ensino não pode ser inferior a $, excepto as de ensino superior, cujo mínimo será de 1 milhão de escudos. 2 Aos membros admitidos posteriormente à constituição da cooperativa poderá ser exigida a realização de uma jóia, de montante a fixar nos estatutos, nos termos do Código Cooperativo. ARTIGO 18º Prerrogativas, isenção e subsídios As cooperativas de ensino que funcionem nos termos do Código Cooperativo e se enquadrem nos objectivos do sistema educativo gozam dos apoios previstos no nº 1 do artigo 8º e no artigo 9º do Decreto-Lei nº 553/80 e
5 beneficiam das isenções fiscais fixadas no artigo 9º do mesmo diploma, sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei nº 456/80.* * Actualmente Estatuto Fiscal Cooperativo - Lei nº 85/98 de ARTIGO 19º Reserva para integração profissional 1 As cooperativas de educação especial e integração criarão obrigatoriamente uma reserva destinada à integração profissional dos educandos. 2 Reverterão para esta reserva: a) a) Um mínimo de 2,5% dos excedentes anuais líquidos; b) b) Os subsídios e donativos que forem especialmente destinados às finalidades desta reserva; c) c) Uma contribuição especial, cujo montante será fixado pelos estatutos, a cobrar aos cooperadores. ARTIGO 20º Distribuição de excedentes 1 Os excedentes anuais líquidos gerados pelas cooperativas de ensino terão a aplicação prevista no artigo 71º* do Código Cooperativo, não havendo, contudo, lugar à remuneração dos títulos de capital. 2 O montante das reversões para as reservas obrigatórias não pode ser inferior a 50% do valor que poderá retornar aos cooperadores, nos termos da alínea h) do artigo 3º do mesmo diploma. * Actual artº 73º ARTIGO 21º Início de actividades Para os efeitos previstos no nº 1 do artigo 93º* do Código Cooperativo, é considerado início de actividade a apresentação às entidades competentes dos requerimentos de que as leis e regulamentos façam depender o exercício de actividade que a cooperativa visa prosseguir. * Revogado pelo artº 5º, DL nº 403/86 de 4.12 ( Código do Registo Comercial ) ARTIGO 22º Início da actividade escolar 1 Nenhuma cooperativa de ensino pode iniciar o funcionamento da actividade escolar do estabelecimento de ensino a seu cargo antes da autorização do Ministro da Educação. 2 A autorização a que se refere o número anterior considerar-se-á efectuada se o contrário não for expressamente comunicado ao interessado no
6 prazo de 120 dias após a entrada do pedido nos serviços competentes. 3 A decisão que recuse a autorização será sempre fundamentada e dela cabe recurso para o Supremo Tribunal Administrativo ARTIGO 23º Órgão académicos dos estabelecimentos de ensino 1 O estatuto dos estabelecimentos de ensino sob a responsabilidade administrativa das cooperativas de ensino, exceptuando-se os de ensino superior, terão de conter, obrigatoriamente, indicação dos órgãos académicos previstos nos artigos 42º e seguintes do Decreto-Lei nº 553/80, de 21 de Novembro. 2 Nos estabelecimentos de ensino onde se ministre o ensino superior deverão existir, pelo menos, os seguintes órgãos académicos: a) Reitor ou director; b) Conselho científico; c) Conselho pedagógico; d) Conselho disciplinar. 3 A forma de eleição, a composição e o funcionamento dos órgãos académicos referidos no número anterior e outros que os estabelecimentos de ensino proponham, reger-se-ão, obrigatoriamente, pelo estatuto do respectivo estabelecimento de ensino, desde que não contrarie o disposto quanto a idênticos órgãos do ensino superior oficial. 4 Os docentes e investigadores a contratar pela direcção da cooperativa serão obrigatoriamente propostos pelo conselho científico do estabelecimento de ensino. ARTIGO 24º Adaptação das entradas mínimas de capital O prazo previsto no nº 2 do artigo 23º* do Código Cooperativo é aplicável à actualização do capital por parte dos membros da cooperativa que já tivessem tal qualidade à data da escritura pública, pela qual for efectuada a adaptação dos Estatutos ao Código Cooperativo. *Actual artº 21.3 ARTIGO 25º Subsídios Os subsídios concedidos pelo Governo ou institutos públicos destinados à aquisição de imobilizações corpóreas são insusceptíveis de repartição entre os membros, sendo lançados em conta de balanço, a incluir na situação líquida.
7 ARTIGO 26º Adaptação de estatutos 1 A adaptação de estatutos das cooperativas de ensino ao Código Cooperativo deverá ser efectuada nos prazos previstos no referido Código. 2 No prazo de 30 dias após a publicação do presente diploma, terão de ser adaptados os estatutos das cooperativas de ensino que, no especificamente respeitante ao ensino, contenham disposições contrárias a este. ARTIGO 27º Legislação especial Em tudo quanto respeite à actividade educativa no âmbito do ensino oficial, as cooperativas de ensino regular-se-ão pela respectiva legislação especial, desde que esta não seja contrária ao disposto no Código Cooperativo. ARTIGO 28º Dúvidas As dúvidas decorrentes da aplicação do presente diploma serão resolvidas por despacho conjunto do Ministro da Educação e do membro do Governo em que o Primeiro-Ministro delegar as suas competências referentes ao Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo (INSCOOP). ARTIGO 29º Revogação É revogado o Decreto-Lei nº 310/81, de 17 de Novembro. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 16 de Setembro Francisco José Pereira Pinto Balsemão. Promulgado em 3 de Novembro de Publique-se. O Presidente da República, ANTÓNIO RAMALHO EANES.
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