ESTUDO QUALITATIVO SOBRE OS RISCOS DOS PRODUTOS DE CONTRAFAÇÃO PARA OS CONSUMIDORES

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1 ESTUDO QUALITATIVO SOBRE OS RISCOS DOS PRODUTOS DE CONTRAFAÇÃO PARA OS

2 ESTUDO QUALITATIVO SOBRE OS RISCOS DOS PRODUTOS DE CONTRAFAÇÃO PARA OS 2

3 ESTUDO QUALITATIVO SOBRE OS RISCOS DOS PRODUTOS DE CONTRAFAÇÃO PARA OS A investigação mostra que os produtos de contrafação são muitas vezes fabricados por redes criminosas 1. As empresas que se dedicam ao fabrico de produtos que, de forma deliberada, violam os direitos de propriedade intelectual (DPI) não estão normalmente preocupadas com a qualidade ou, o que é mais importante, com a segurança dos seus produtos. Esses produtos podem conter substâncias ou componentes que não cumprem os requisitos de segurança europeus e que, por conseguinte, apresentam riscos potencialmente perigosos para a saúde e a segurança dos, contrariando assim o requisito de apenas produtos seguros 2 poderem ser colocados no mercado da UE. O Observatório Europeu das Infrações aos Direitos de Propriedade Intelectual (o Observatório) investigou a relação entre produtos contrafeitos e produtos não seguros, quer na perspetiva da infração à PI quer do ponto de vista da não conformidade com os requisitos de saúde e segurança em vigor. Para o efeito, foram estudadas várias opções de recolha dos dados qualitativos e quantitativos disponíveis que poderiam ser úteis para este estudo. Este estudo qualitativo mostra a abrangência dos perigos que os produtos de contrafação representam para a saúde, como revelam os alertas apresentados pelas autoridades de fiscalização do mercado da UE (a seguir designadas «AFM») através do «Sistema de alerta rápido para produtos não alimentares perigosos» da Comissão Europeia (sistema RAPEX), que é o único sistema disponível para comunicar medidas tomadas pelas autoridades em matéria de produtos não seguros detetados nos mercados dos países europeus. 3 De facto, o sistema RAPEX diz respeito a produtos que apresentam a dupla característica de não serem seguros e de serem objeto de contrafação, ou pelo menos suspeitos de o serem, e que foram assinalados como tal pelas AFM competentes. O relatório concentra-se nos sete riscos mais comuns comunicados nos alertas analisados, a saber: produtos químicos, lesões, estrangulamento, asfixia, choque elétrico, danos na audição e risco de incêndio. Representam quase 92 % de todos os perigos identificados através dos alertas. A análise dos alertas RAPEX de 2010 a 2017 revela que: 97 % dos produtos de contrafação perigosos registados foram considerados como apresentando um risco grave. Os brinquedos são o tipo de produto mais comum, seguidos dos artigos de vestuário, têxteis e de moda. Com efeito, os utilizadores finais de 80 % dos produtos declarados perigosos e contrafeitos foram crianças (brinquedos, artigos de criança e vestuário para criança). O perigo mais comum comunicado (32 %) estava relacionado com a exposição a produtos químicos e toxinas perigosos que podem causar problemas de saúde agudos ou crónicos devido à exposição imediata ou prolongada. 24 % dos produtos perigosos registados como contrafeitos apresentavam mais de um perigo para os utilizadores. 1 Relatório de Situação sobre Contrafação e Pirataria na União Europeia 2017: web/secure/webdav/guest/document_library/observatory/documents/reports/situation%20report%20euipo- Europol_en.pdf 2 «Produtos seguros», na aceção do artigo 2.º, alínea b), da Diretiva 2001/95/CE relativa à segurança geral dos produtos 3 Estados-Membros da UE + países do Espaço Económico Europeu (EEE) (Noruega, Islândia e Liechtenstein) htm 3

4 As causas dos perigos identificados variaram entre a má construção dos produtos, a utilização de componentes e acessórios de qualidade inferior e a ininteligibilidade das normas ou dos mecanismos de segurança. A China foi registada como o maior fornecedor de produtos de contrafação perigosos na UE, com 73 % do total entre 2010 e 2017, representando a União Europeia 13 % desses produtos. Após a análise destas fontes de dados, tornou-se claro que, embora a informação disponível seja suficiente para descrever os riscos relacionados com produtos suspeitos de serem contrafeitos e para mostrar as implicações em causa através de exemplos claros, o conjunto de dados não foi suficientemente abrangente para servir de base para um relatório quantitativo. Embora as autoridades dos Estados-Membros (AFM) devam notificar no RAPEX todas as medidas tomadas em matéria de produtos perigosos e incluir indicações sobre se esses produtos são, ou se julga ser, contrafeitos, deduz-se pela análise que não foram comunicadas todas as medidas tomadas relativamente aos produtos que também constituíam uma infração dos DPI. A investigação destaca, assim, uma oportunidade potencial para uma maior colaboração com as AFM no sentido de compreender as razões subjacentes à contrafação, bem como para lhes prestar assistência quando se deparam com estes eventuais produtos de contrafação, incluindo a possibilidade de lhes conceder acesso à base de dados EDB. O termo «perigoso» tem sido frequentemente citado em comunicados de imprensa e em declarações das entidades responsáveis pela aplicação da lei, aquando da apreensão de determinados tipos de produtos. Contudo, raramente são efetuadas avaliações sobre os potenciais riscos que os produtos representam para os. Pelo contrário, os produtos que violam os direitos de propriedade intelectual são destruídos pouco tempo depois de a sua natureza ilegal ser confirmada pelos titulares dos direitos pertinentes, em conformidade com as disposições do Regulamento (UE) n.º 608/2013 4, pelo que os produtos não chegam a ser testados para determinar os riscos potenciais que representam. As lacunas acima referidas revelam que não existe uma panorâmica clara do fenómeno dos produtos de contrafação perigosos na UE e que é necessário envidar mais esforços para recolher informações sobre o assunto. Nesse sentido, o estudo ajudou a identificar os domínios em que podem ser tomadas mais medidas nos próximos anos: O Observatório poderia investir em atividades para recolher mais dados a partir de casos e operações, através da análise e testes dos produtos potencialmente contrafeitos e perigosos, em conjunto com as autoridades competentes. Esta informação cruzada permitiria uma análise mais pormenorizada no futuro. Quando considerado útil, o Observatório poderia ajudar as AFM e as autoridades aduaneiras a conhecerem melhor os procedimentos de trabalho de ambas as partes, a fim de encontrar a forma mais fácil possível de abordar os problemas, investindo simultaneamente na comunicação de informações para compreender melhor esses mesmos problemas. Por último, é importante aumentar a sensibilização para o fenómeno da criminalidade organizada que coloca no mercado produtos de contrafação suscetíveis de constituírem um perigo para a saúde e a segurança dos cidadãos da UE. Este problema tem implicações mais vastas do que meras infrações aos DPI, pelo que devem ser realizados mais esforços em parceria com as autoridades responsáveis pela aplicação da lei e a Comissão da UE no sentido de conhecer melhor este fenómeno. 4 Regulamento (UE) n.º 608/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de junho de 2013, relativo à intervenção das autoridades aduaneiras para assegurar o cumprimento da legislação sobre os direitos de propriedade intelectual e que revoga o Regulamento (CE) n.º 1383/2003 do Conselho 4

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