Diretoria de Contratos, Indicações Geográficas e Registros - DICIG Indicação Geográfica

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1 Diretoria de Contratos, Indicações Geográficas e Registros - DICIG Indicação Geográfica RPI 2327 de 11/08/2015 Código: 305 Pedido nº: BR Data de depósito: 03/07/2014 Requerente: ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE INHAME DE SÃO BENTO DO ESPÍRITO SANTO - APISBES País: BR Espécie: INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA Natureza: PRODUTO Nome da área geográfica: SÃO BENTO DE URÂNIA Produto: INHAME Procurador: Representação: Complemento do Despacho: De acordo com o artigo 16 da IN 25/2013, a requerente tem o prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de publicação desta exigência, para o cumprimento da mesma, sob pena de arquivamento definitivo do pedido de registro em exame. Atentar para o pagamento de taxa correspondente ao cumprimento de exigência (cód. 604 da tabela de retribuição do INPI)

2 248 DICIG Indicação Geográfica RPI 2327 de 11/08/2015 RELATÓRIO DE EXAME FORMAL 1 Introdução O presente pedido de registro refere-se ao reconhecimento do nome geográfico SÃO BENTO DE URÂNIA, para o produto INHAME, sendo reivindicado na modalidade indicação de procedência e solicitado através da petição de depósito de número em 03/07/2014. Conforme documento apresentado, a área delimitada a ser considerada como indicação de procedência abrange os municípios de Alfredo Chaves, Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta, situados no estado do Espírito Santo. De acordo com o requerente, o inhame é uma planta herbácea, originária da Ásia e pertencente à família das aráceas, cuja porção subterrânea produz tubérculos que em geral são comestíveis. O inhame é cultivado e apreciado em várias regiões do mundo, pelo fato de ser um alimento altamente nutritivo e de excelente fonte energética. Rico em vitaminas, sais minerais e com propriedades medicinais, possui fácil adaptação a diferentes climas tropicais e subtropicais se caracterizando também pela capacidade de se poder produzir em condições adversas de cultivo. Originário do sudeste asiático, o inhame é cultivado desde a antiguidade. Foi trazido para o Brasil ainda no período colonial e a maior parte da produção do tubérculo no país concentra-se na região Sudeste, com destaque para o estado do Espírito Santo, que é o principal produtor e exportador. A cultura do inhame nesta localidade está vinculada à imigração italiana na região e possui tradições culturais ancestrais. O seu cultivo no estado ocorre predominantemente em propriedades de base familiar, contribuindo dentro do agronegócio capixaba como fonte geradora de emprego e renda. É uma variedade muito bem adaptada às características edafoclimáticas do Espírito Santo. O distrito São Bento de Urânia está situado na zona rural do município de Alfredo Chaves, distante 41 km de sua sede. O município é conhecido como a capital do inhame e os motivos que respaldam essa fama são a alta produtividade da variedade de inhame produzida em Alfredo Chaves, o trabalho organizado da agricultura familiar, o clima propício e a boa rentabilidade econômica. 2 Análise do Pedido Segundo a Instrução Normativa INPI nº 25/2013: Inciso I do Art.6º: O requerimento foi apresentado pela petição de depósito para o pedido do nome geográfico São Bento de Urânia para o produto inhame, na modalidade indicação de procedência, com a apresentação gráfica ou figurativa - fls

3 249 RPI DIRTEC Indicação Geográfica 249 Inciso II do Art.6º: Quanto ao instrumento hábil a comprovar a legitimidade do requerente, foram apresentados: o estatuto social, com a ata da última eleição, e o comprovante de inscrição e situação cadastral, referentes à entidade demandante APISBES, fls ; documentos do representante eleito, Jandir Gratieri, fls A APISBES é uma entidade que se rege pelos valores e princípios do associativismo, pelas disposições legais e pelas diretrizes da autogestão e pelo seu Estatuto Social, com personalidade jurídica própria e plena capacidade de seus fins. Observa-se que o art. 4º do referido estatuto impõe algumas restrições aos que podem se associar, ressalta-se que a associação é representativa da coletividade, e assim, neste caso, a substituta processual, e por isso não deve impedir ou dificultar a afiliação dos interessados estabelecidos no local. Ademais, nota-se também que os 1º e 2º do art. 7º do referido estatuto, fl. 18, fazem menção ao direito ao uso da indicação geográfica, restringindo-o aos associados, o que está em desacordo com o art. 182 da LPI, onde o uso da indicação geográfica é restrito aos produtores e prestadores de serviço estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em relação às denominações de origem, o atendimento de requisitos de qualidade. Aqui também se ressalta que o requerente exerce a qualidade de substituto processual, conforme art. 5º da normativa supracitada, salvo exceções, previstas nos seus parágrafos 1º e 2º. Também não constam as assinaturas de todos os presentes que aprovaram o Estatuto Social, conforme mencionado à fl. 27. Inciso III do Art.6º: O regulamento de uso do nome geográfico em questão foi apresentado sob a forma de documento gerado pela APISBES, com o objetivo de fixar as condições do direito ao uso da indicação geográfica São Bento de Urânia, juntamente com o regulamento de produção fls O que foi observado é que este documento faz referência à marca da indicação geográfica, o que não corresponde ao instituto em questão. Deve-se fazer menção à representação gráfica ou figurativa da indicação geográfica, conforme o art. 3º da presente normativa, quando se tratar da representação gráfica. Também se refere, ao longo do documento, à titularidade e às pessoas autorizadas a utilizar a indicação geográfica, restringindo o direito somente à associação ou aos produtores associados em dia com suas obrigações, fl. 38, o que vai contra o exposto no art. 182 da LPI onde o uso da indicação geográfica é restrito aos produtores e prestadores de serviço estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em relação às denominações de origem, o atendimento de requisitos de qualidade, uma vez que o requerente exerce a qualidade de substituto processual, conforme art.5º da normativa supracitada, salvo exceções, previstas nos seus parágrafos 1º e 2º. A legitimidade para o exercício de ações judiciais e extra-judiciais na defesa da indicação geográfica também se encontra no presente documento como restrita à entidade demandante, fato que pode ser efetuado por qualquer indivíduo ou entidade que possua legítimo interesse na indicação geográfica, fl. 40. Verificou-se também que não foi apresentada a ata da assembleia que comprove que as condições estabelecidas no regulamento de uso foram aprovadas pelos associados da APISBES. 249

4 250 DICIG Indicação Geográfica RPI 2327 de 11/08/2015 O regulamento de produção da indicação de procedência também foi apresentado, contendo características do produto e orientações para as etapas de produção, fls Inciso IV do Art.6º: O instrumento oficial que delimita a área geográfica da indicação de procedência no Estado do Espírito Santo foi apresentado sob a forma de Laudo de Delimitação da Área Autorizada de Produção para a Indicação de Procedência São Bento de Urânia para o Produto Inhame, emitido pela Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca SEAG, e pela Secretaria de Estado de Turismo - SETUR, fls O documento apresenta a contextualização da região, o memorial descritivo dos pontos georreferenciados e os mapas de localização, modelagem tridimensional, geomorfológico, hidrografia e de elevação. Também delimita a área a ser considerada como indicação de procedência a que abrange o distrito de São Bento de Urânia e os municípios de Alfredo Chaves, Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta. Os mapas contidos no instrumento oficial devem ser apresentados em folha A4 de maneira que possibilite a sua reprodução, conforme art. 14 da presente normativa. Acresce frisar que os mapas também devem ser retificados: quanto ao nome geográfico, pois fazem referência à indicação de procedência Alfredo Chaves/ES, fls , o que não corresponde ao nome geográfico requerido São Bento de Urânia ; quanto ao termo identificação de procedência, pois o correto é indicação de procedência, fls Inciso V do Art. 6º: A representação gráfica ou figurativa da indicação de procedência reivindicada se encontra às fls Tomando-se o entendimento de que a indicação geográfica é o nome geográfico, para efeitos de registro, o sinal deve representar o nome geográfico assim como reivindicado, podendo conter também a espécie indicação de procedência discriminada, não devendo fazer referência ao produto no mesmo. Solicita-se que apenas o nome e a espécie componham a representação gráfica. Inciso VII do Art.6º: O comprovante do pagamento da retribuição correspondente foi apresentado pela guia de recolhimento da União juntamente com o comprovante de pagamento de títulos, no valor de R$ 590,00, fls. 4-5, atendendo ao disposto. Alínea a do Art. 8º: Os documentos apresentados que visam comprovar que o nome geográfico se tronou conhecido, fls , constituem-se de documento elaborado pela APISBES, publicações em jornais, revistas, e vídeos veiculados na mídia, apresentados em forma de CD, fls

5 251 RPI DIRTEC Indicação Geográfica 251 As características históricas apresentadas evidenciam que foram os nomes geográficos Alfredo Chaves, Espírito Santo e São Bento de Urânia, que se tornaram conhecidos como centro de extração, produção ou fabricação do produto, haja vista a sua tradição no cultivo e produção do inhame. As outras regiões mencionadas não apresentaram reputação suficientemente comprovada. Assim, sugere-se que ou se apresentem os documentos que respaldem que os municípios adquiriram reputação para o nome geográfico São Bento de Urânia ou que se altere o nome geográfico para, por exemplo, REGIÃO SÃO BENTO DE URÂNIA, comprovando-se que esta região se tornou conhecida e, pela delimitação geográfica, que os demais municípios a compõem. Ademais, algumas das comprovações não têm discriminadas as datas de publicação/veiculação nas respectivas fontes, fls. 183; 184; Alínea b do Art.8º: No Estatuto da APISBES, fls , é prevista a existência de um conselho regulador, que tem como objetivos a gestão, a manutenção e a preservação da indicação geográfica em questão, comprovando a existência de uma estrutura de controle sobre os produtores que tenham direito ao uso exclusivo da indicação de procedência. Alínea c do Art. 8º: Os documentos apresentados que comprovam estar os produtores estabelecidos na área geográfica demarcada e exercendo, efetivamente, as atividades de produção consistem em notas fiscais com os nomes e endereços dos produtores fls A fim de melhor clarificar este requisito é desejável que se apresente uma declaração do presidente da APISBES que vise comprovar que os produtores produzem na área delimitada, a qual identifique, por exemplo, o nome, endereço, RG/CNPJ, CPF dos produtores em atividade. 3 - Conclusão Com fulcro no art. 16 da Instrução Normativa INPI nº 25/2013 e tomando-se por base os documentos anexados aos autos do pedido em análise, devem ser cumpridas as seguintes exigências: 1. O estatuto social deve ser retificado, nos 1º e 2º do art. 7º, fl. 18, e em todos os segmentos que não estejam de acordo com o art. 182 da LPI. Assim como conter as assinaturas de sua aprovação conforme mencionado à fl. 27 do referido estatuto. Também deve evidenciar que a associação é representativa da coletividade, não impedindo ou dificultando a afiliação de interessados estabelecidos no local. 2. Localizar todas as referências nos documentos apresentados do regulamento de utilização que fazem menção à marca da indicação geográfica e se referir apenas à representação gráfica ou 251

6 252 DICIG Indicação Geográfica RPI 2327 de 11/08/2015 figurativa da indicação geográfica, quando se tratar da mesma. Também retificar todas as referências que restringem o direito ao uso da indicação geográfica e que vai contra o exposto no art. 182 da LPI. 3. Suprimir as restrições do regulamento de uso quanto à possibilidade exclusiva da APISBES de apontar irregularidades e agir na defesa da indicação geográfica, uma vez que são ações de direito de todos aqueles que possuem legítimo interesse. Conforme exposto na p. 4 do relatório de análise do pedido. 4. Apresentar a ata da assembleia que comprove que as condições estabelecidas no regulamento de uso foram aprovadas pelos associados da APISBES. 5. De acordo com o caput e o inciso IV do art. 6 da Instrução Normativa supracitada, o instrumento oficial da delimitação geográfica deve ser retificado, deve se referir ao nome geográfico que foi reivindicado São Bento de Urânia, e ser apresentado em formato folha A4, de maneira que possibilite a sua reprodução, conforme art. 14 da presente normativa; O termo identificação de procedência deve ser substituído por indicação de procedência. 6. De acordo com o entendimento do inciso V do art. 6 da Instrução Normativa supracitada, deve-se retirar o nome do produto da representação gráfica, as etiquetas devem representar apenas o nome geográfico requerido, podendo ser acrescido da espécie indicação de procedência ; 7. Comprovar suficientemente a reputação das regiões de Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta relacionada com a indicação geográfica SÂO BENTO DE URÂNIA, ou, alterar o nome requerido para, por exemplo, REGIÃO SÃO BENTO DE URÂNIA, comprovando-se que esta região se tornou conhecida e, pela delimitação geográfica, que os cinco municípios supracitados a compõem; 8. Discriminar as datas de publicação/veiculação e as respectivas fontes dos documentos às fls ; Apresentar uma declaração do Presidente da APISBES que complemente a comprovação de que os produtores estão estabelecidos na área geográfica demarcada, exercendo, efetivamente as atividades de produção, a qual identifique, por exemplo, o nome, endereço, RG/CNPJ e CPF dos produtores em atividade. 10. Atentar para os novos formulários de pedido de depósito e de petição de Indicação Geográfica disponíveis na página do INPI na internet. Apenas como informação adicional cabe ressaltar que, embora não haja qualquer impedimento na atual Lei de Propriedade Industrial com relação ao registro, por parte do INPI, de Indicações Geográficas e Marcas com a mesma apresentação nominativa, em consulta à Base de Marcas do INPI realizada em 22/05/2015, com dados atualizados até 19/05/2015, não foi encontrado nenhum resultado para a marca SÃO BENTO DE URÂNIA. 252