Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino PROJETO ALFATECH

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1 Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino PROJETO ALFATECH Implementação do Currículo ALEPP em Escolas Públicas da Rede Municipal de Ensino de Santo André-SP ( )

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3 Projeto Alfatech Implementação do Currículo Alepp 1 em Escolas Públicas da Rede Municipal de Ensino de Santo André-SP ( ) Deisy das Graças de Souza (UFSCar) Marcelo Salvador Caetano (UFABC - Professor Conselheiro da ENACTUS) Raquel Melo Golfeto (UFSCar) Lídia Maria Marson Postalli (UFSCar) Júlio Cesar de Rose (UFSCar) Elenice Seixas Hanna (UnB) Ricardo Fernandes Campos Junior (UFSCar) Julia Zanetti Rocca (UFMT) Time ENACTUS UFABC 2 Síntese dos resultados da aplicação do ALEPP, no âmbito do Termo de cooperação institucional celebrado entre o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino / Universidade Federal de São Carlos, a ENACTUS / Universidade Federal do ABC e a Secretaria Municipal de Educação de Santo André/SP, no período de agosto de 217 a dezembro de 218. São Carlos, janeiro de Aprendendo a Ler e a Escrever em Pequenos Passos (de Rose, de Souza, & Hanna, 1996). Agradecemos à equipe ENACTUS/UFABC pelo interesse no projeto, pela iniciativa de propor sua implementação nas escolas públicas e por todo o suporte prestado aos professores ao longo do projeto. Agradecemos à Coordenação de Estudos Pedagógicos e Curriculares (CEPEC) da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Santo André, representada por Regiane Ibanhez Gimenes Berni, e aos professores recrutados para este projeto, por terem acolhido o projeto, pela dedicação e competência com que aplicaram os procedimentos previstos e pelo empenho em manter os alunos envolvidos nas atividades diárias. 2 Equipe da ENACTUS: Professor Conselheiro: Marcelo Salvador Caetano. Membros: Ana Luisa Gomes Porto, Arthur Lobo Vieira, Bianca Cristina de Brito, Felipe Silvestri Pires, Fernanda Yara, Giovanna Brasil, Lucas Dias Lima, Lucianne Pedroti, Maria Gabriela Rodrigues Silva, Matheus Azevedo Silva Pessôa, Natalia Tobias, Nathalie Uchino Orioli, Nicole Lemos, Pablo Juliano da Cruz Garcia, Pamela Godoy e Pedro Campos de Paula Braga (ordem alfabética).

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5 3 O presente projeto teve por objetivo implementar, em uma amostra de oito escolas públicas municipais de Santo André, o currículo informatizado Aprendendo a Ler e a Escrever em Pequenos Passos (ALEPP), desenvolvido por pesquisadores do INCT-ECCE (de Rose, de Souza, & Hanna, 1996), mediante uso da plataforma GEIC (Gerenciador de Ensino Individualizado por Computador: Este currículo tem caráter suplementar, isto é, deve se somar ao trabalho do professor em sala e não deve substituí-lo. A implementação do currículo nas escolas selecionadas ficou a cargo da CEPEC da SME, com apoio da equipe ENACTUS da UFABC. A SME destinou trinta e seis professores (entre 217 e 218) para dedicação ao projeto, que foram capacitados pelo INCT-ECCE, e posteriormente orientados e acompanhados ao longo dos três semestres pela ENACTUS, com supervisão direta da CEPEC. Procedimento geral As atividades foram realizadas na sala de informática de cada escola, no horário regular de aulas; o aluno deixava a sala de aula pelo período em que participava no currículo ALEPP 3. Cada aluno participava individualmente, realizando as tarefas apresentadas em computador, sob a supervisão de um professor ou monitor. As sessões individuais duravam entre 2 e 6 minutos por dia, dependendo do ritmo do aluno para completar a atividades programadas. Foram aplicados dois módulos de ensino, que apresentam tarefas com dificuldades gradualmente crescentes. Os alunos podem progredir do Módulo 1 para o 2, ou podem iniciar diretamente no Módulo 2, a depender de seus resultados no instrumento de avaliação de competências em leitura e escrita. Dados gerais sobre os alunos participantes no Projeto Alfatech Os dados mostram que entre 217 e 218 foram recrutados 573 alunos (aproximadamente 3,3% de um total de alunos do ensino fundamental em 218) que apresentavam aprendi- 3 Uma alternativa fortemente recomendada é que, quando possível, o aluno trabalhe no ALEPP no contra-turno de seu período de aulas, para não perder as atividades de sala de aula.

6 4 zagem insuficiente de leitura e escrita. Em 218 foram matriculados 434 alunos, que correspondem a 13,8% dos 3.14 alunos das oito escolas que participaram do projeto. As idades variaram de 6 a 14 anos e foram identificados mais meninos (59,3%) do que meninas com defasagens na aprendizagem. Foram realizadas, no total, perto de 24. sessões individuais de ensino. Tabela 1 Número de alunos participantes do projeto ALFATECH por escola de acordo com o ano de entrada Alunos TOTAL Escolas n % n % n % EMEIEF Odylo Costa Filho ,6 9 15,7 EMEIEF Professor João de Barros Pinto 42 7,3 45 7, ,2 EMEIEF Cora Coralina 28 4, , ,7 EMEIEF Professor José do Prado ,6 38 6,6 EMEIEF Paranapiacaba ,1 18 3,1 EMEIEF Miguel Sanches Ruiz ,6 55 9,6 EMEIEF Augusto Boal , ,3 EMEIEF Machado de Assis , ,7 TOTAL , ,7 573

7 5 Tabela 2 Número de alunos participantes do projeto ALFATECH de acordo com idade e sexo Sexo Masculino Feminino TOTAL Idade n % n % n % 6 1, , ,9 11 1, , , , , , ,9 51 8, , ,1 29 5, , ,6 13 2,3 22 3,8 13 3,5 3,5 14 1,2 1,2 TOTAL 34 59, ,7 573 Tabela 3 Número de sessões realizadas no Projeto ALFATECH nos anos de 217 e 218 em cada escola. Sessões Escolas Ano TOTAL EMEIEF Odylo Costa Filho EMEIEF Professor João de Barros Pinto EMEIEF Cora Coralina EMEIEF Professor José do Prado EMEIEF Paranapiacaba EMEIEF Miguel Sanches Ruiz EMEIEF Augusto Boal EMEIEF Machado de Assis TOTAL

8 6 Resultados de aprendizagem Verificam-se progressos tanto em leitura quanto em escrita (Figura 1), mas a magnitude do efeito foi maior, e estatisticamente significativa, quando os alunos participaram do projeto por mais tempo, completando mais tarefas de ensino. Os alunos que participaram apenas por dois meses (217), mostraram progressos, mas o efeito foi menor * * N=55 N=84 N=434 LEITURA DITADO POR COMPOSIÇÃO % Acertos N=55 N=84 * N=434 * DITADO MANUSCRITO N=55 N=84 N=434 * * Figura 1 Média de acertos (%) na avaliação inicial e final (ARLE) para leitura, ditado por composição e ditado manuscrito. O asterisco indica diferença significativa entre a avaliação inicial e final (p<,1).

9 7 As competências iniciais eram tão maiores quanto mais velhos os alunos (Figura 2, barras claras), embora não atingissem o critério de %. Os progressos (barras verdes) em leitura se aproximaram de %, exceto para as crianças de 6 e 7 anos. Os progressos em escrita foram ligeiramente menores do que em leitura, o que replica resultados de outros estudos. LEITURA 75 N=7 6 N=1 7 8 N=12 * 9 N=167 * 1 N=128 * 11 N=73 * 12 N=19 * 5 25 DITADO POR COMPOSIÇÃO % Acertos N=7 6 N=1 7 8 N=12 * 9 N=167 * 1 N=128 * 11 N=73 * 12 N=19 DITADO MANUSCRITO 75 N=7 6 7 N=1 8 N=12 * 9 N=167 * 1 N=128 * 11 N=73 * N= * Figura 2 Média de acertos (%) nas avaliações inicial e final para leitura, ditado por composição e ditado manuscrito, em função idade. O asterisco indica diferença significativa entre as duas avaliações (p<,5).

10 8 Embora o número de meninos fosse maior que o de meninas, a quantidade de acertos foi similar entre os dois grupos, tanto na avaliação inicial, quanto na magnitude dos progressos alcançados (Figura 3). LEITURA Feminino Masculino N=228 * N=336 * % Acertos Feminino DITADO POR COMPOSIÇÃO Masculino N=228 N=336 * * Feminino DITADO MANUSCRITO Masculino N=228 N=336 * * Figura 3 Média de acertos na avaliação inicial e final para leitura, ditado por composição e ditado manuscrito para os alunos de acordo com o sexo. O asterisco diferença significativa entre as duas avaliações (p<,1).

11 9 Quanto maior a frequência semanal às sessões de ensino, maior o progresso dos alunos, em comparação ao seu desempenho inicial (Figura 4). A regularidade na realização das atividades é um fator crítico para a aprendizagem de leitura e escrita. LEITURA - N=(18,46,56,81,17,4) Diferença entre avaliação final e inicial DITADO POR COMPOSIÇÃO - N=(2,48,52,85,28,6) DITADO MANUSCRITO - N=(16,44,51,78,17,4) Frequência (dias/semana) Figura 4 Diferença na porcentagem de acertos entre o desempenho final e inicial em leitura e nas duas modalidades de ditado, em função da frequência média (dias/semana) de comparecimento às sessões do Projeto Alfatech.

12 1 O ritmo de progresso variou entre os alunos (o que é viabilizado pelo ensino individualizado). Portanto, deve-se considerar que a medida geral de progresso (médias) reflete quantidades muito diferentes de avanço nas atividades, que são distribuídas em unidades de ensino (Figura 5). 2 Número de crianças Unidade Figura 5 Número de crianças que completaram cada unidade do Módulo 1 até novembro de 218.

13 11 A análise separada por unidades completadas (com critério de excelência) mostra que quanto maior o avanço ao longo das atividades programadas para o módulo de ensino, maior o progresso, inclusive nas medidas iniciais em cada unidade (Figura 6). LEITURA Percentual médio de acertos DITADO POR COMPOSIÇÃO Teste Inicial Final DITADO MANUSCRITO Unidade Figura 6 Média de acertos nas avaliações inicial e final para alunos que completaram as Unidades 1, 2, 3, 4 e 5 do Módulo 1. Cada barra indica os resultados dos alunos que completaram a respectiva unidade e todas as anteriores.

14 12 Entre os alunos que realizaram o Módulo 2, a maioria completou até a primeira metade das 2 unidades programadas (Figura 7). Cada barra indica os alunos que completaram o módulo até aquele ponto; por exemplo, todos os alunos que completaram unidades de 2 a 2 completaram também as Unidade 1, 2, etc, mas a barra referente à Unidade 1 inclui apenas os alunos que só concluíram esta unidade; igualmente, o aluno que terminou a Unidade 1, ainda não havia sido exposto às unidades seguintes, mas completou todas as anteriores, até a 1 a. 15 Número de crianças Unidade do módulo 2 Figura 7 Número de alunos que completaram até cada uma das vinte unidades do Módulo 2.

15 13 Como mostra a Figura 8, na média, os alunos que realizaram o Módulo 2 mostraram progressos em leitura e escrita de palavras mais complexas do que as do Módulo 1 (envolviam encontros consonantais, dígrafos, e mais de um grafema para representar um som) e a diferença entre a avaliação inicial e no final do ano foi estatisticamente significativa. Leitura Ditado por composição Ditado manuscrito N=151 * N=15 N=149 * * 75 % Acertos 5 25 Inicial Final Inicial Final Inicial Final Figura 8 Percentual médio de acertos nas avaliações iniciais e finais do Módulo 2 para as habilidades de leitura, ditado por composição e ditado manuscrito. O asterisco indica diferença significativa entre a medida inicial e a final.

16 14 Uma comparação entre os desempenhos dos alunos que participaram das sessões de ensino e os de um grupo de alunos que foram avaliados, mas ficaram em lista de espera (devido ao limite da capacidade de atendimento em 218) mostra um progresso muito maior, e estatisticamente significativo, para os alunos que participaram efetivamente do ALEPP (Tabela 4). Os alunos da lista de espera apresentaram, na média, desempenhos iniciais maiores do que os que participaram do programa de ensino, mas a relação se inverteu, nas medidas obtidas no final do ano. Embora os da lista de espera também tenham mostrado algum progresso (o que era esperado, uma vez que continuavam frequentando a sala de aula), o progresso foi bem maior para os alunos que participaram do ALEPP. Tabela 4 Porcentagens de acertos (médias) nas avaliações inicial e final de alunos participantes e não participantes do ALEPP em 218 Participantes do ALEPP (N= 25) Lista de espera (N= 12) Inicial (%) Final (%) Inicial (%) Final (%) Leitura 65, 92,5 73,3 83,9 Ditado por composição 44,9 82,6 53,3 72,6 Ditado manuscrito 5,1 77,7 6,2 65, Conclusão De modo geral, os resultados mostraram um progresso considerável dos alunos nas habilidades ensinadas, com melhores resultados em leitura, seguidos de perto pela melhoria na escrita. Inicialmente, os alunos não liam palavras isoladas, mesmo que constituídas somente por sílabas simples (com consoante e vogal). Esse resultado era alarmante, considerando-se que a maioria dos alunos estava cursando do 2 o ao 5 o ano. Seus progressos ao final do ano (mesmo para quem completou apenas parte do módulo de ensino) confirmam dados de pesquisas prévias, em situação controlada de laboratório, evidenciando a eficácia do ensino sistemático, individualizado e informatizado. Desse modo, os presentes resultados permitem recomendar a aplicação do ALEPP em larga escala, como uma contribuição para a melhoria da eficácia do ensino nas fases iniciais da alfabetização

17 15 Referências de Rose J. C., de Souza, D. G., & Hanna E. S. (1996). Teaching reading and spelling: Exclusion and stimulus equivalence. Journal of Applied Behavior Analysis, 29, de Rose, J. C., de Souza, D. G., Rossito, A. L., & de Rose, T. M. S. (1989). Aquisição de leitura após história de fracasso escolar: Equivalência de estímulos e generalização. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 5, de Rose, J. C., de Souza, D. G., Rossito, A. L., & de Rose, T. M. S. (1992) Stimulus equivalence and generalization in reading after matching to sample by exclusion. In S. C. Hayes & L. J. Hayes (Eds.), Understanding Verbal Relations (pp ). Reno, NV: Contexto Press. de Souza, D. G., de Rose, J. C., Hanna, E. S., Calcagno, S., & Galvão, O. F. (24). Análise comportamental da aprendizagem de leitura e escrita e a construção de um currículo suplementar. Análise do comportamento para a educação: contribuições recentes, de Souza, D. G., & de Rose, J. C. (26). Desenvolvendo programas individualizados para o ensino de leitura. Acta Comportamentalia, 14(1), de Souza, D. G., de Rose, J. C., Faleiros, T. C., Bortoloti, R., Hanna, E. S., & McIlvane, W. J. (29). Teaching generative reading via recombination of minimal textual units: a legacy of verbal behavior to children in Brazil. International Journal of Psychology and Psychological Therapy, 9(1), Hanna, E. S., de Souza, D. G, de Rose, J. C, & Fonseca, M. L. (24). Effects of delayed constructed response identity matching on spelling. Journal of Applied Behavior Analysis, 37 (2), Hanna, E. S., de Souza, D. G, Quinteiro, R. S., Campos, S. N. M., Alves, M., & Siqueira, A. (22). Aprendizagem de construção de palavras e seus efeitos sobre o desempenho em ditado: importância do repertório de entrada. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 54 (3), Melchiori, L. E., de Souza, D. G., & de Rose, J. C. (2). Reading, equivalence, and recombination of units: A replication of students with different learning histories. Journal of Applied Behavior Analysis, 33, 97-. Reis, T. S., de Souza, D. G, & de Rose, J. C. (29). Avaliação de um programa para o ensino de leitura e escrita. Estudos em Avaliação Educacional, 2(44), Reis, T. S., Postalli, L. M. M., & Souza, D. G. (213). Teaching spelling as a route for reading and writing. Psychology & Neuroscience, 6(3),

18 REALIZAÇÃO Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino FINANCIAMENTO inct institutos nacionais de ciência e tecnologia (Processo #465686/214-1) ( Processo # 214/599-8) (Processo # /217-) PARCERIA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO SANTO ANDRÉ (SP)

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