UTILIZAÇÃO DE DESCONGESTIONANTES NASAIS POR ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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1 UTILIZAÇÃO DE DESCONGESTIONANTES NASAIS POR ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA RESUMO SOUZA,J.K.C 1 ;BATISTA,L.M 2 ;ASSIS,T.S 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA 1,2,3 Os descongestionantes nasais são os medicamentos mais utilizados para o tratamento de diversas doenças naso-sinusais. Todavia, eles podem ocasionar diversos efeitos colaterais. Tendo em vista que o farmacêutico é o profissional que mais compreende acerca do medicamento, é importante conscientizar quanto ao uso indevido destes. Diante disso, essa pesquisa objetivou analisar o perfil da utilização dos descongestionantes nasais por estudantes do curso de farmácia da Universidade Federal da Paraíba. Para isso, foi realizada, uma pesquisa com 43 acadêmicos do curso de Farmácia da Universidade Federal da Paraíba. Constatouse que 15 estudantes usavam descongestionantes nasais (34,88%), e destes, 66,67% eram mulheres, idade entre 18 e 21 anos (73,33%), solteiras (100%) e com renda proveniente de familiares (66,67%). Em relação a frequência do uso, a maioria fazia uso ocasional (66,67%), e 3 faziam uso crônico. Esses últimos utilizavam 2 vezes ao dia (66,67%), sendo o primeiro utilizando acima de 10 anos (33,33%), o segundo há menos de uma semana (33.33) e o terceiro não sabia ao certo (33,33%). A classe de descongestionante mais utilizada foi agonista alfa-adrenérgico (53,33%) e a prática da automedicação ainda é recorrente (66,67%). A causa inicial do uso foi obstrução nasal (53,33%) e a maioria dos indivíduos não possuíam doença préexistente (73,33%), que apenas 20% tinham doenças respiratórias. Palavras-chave Agonista alfa-adrenérgico; Discentes; Efeito colateral. _ ABSTRACT Nasal decongestants are the most widely used medications for the treatment of several paranasal-sinuses diseases. However, they can have diverse side effects. Since the pharmacist is the professional who understands the most about the drug, it is important to be aware of the misuse of these drugs. Therefore, this research aimed to analyze the profile of the use of nasal decongestants by students of the pharmacy course of the Federal University of Paraíba. For this, a research was conducted with 43 academics from the Pharmacy course of the Federal University of Paraíba. It was found that 15 students used nasal decongestants (34.88%), and of these, 66.67% were women, aged between 18 and 21 years (73.33%), single women (100%) and with income from relatives (66.67%). Regarding frequency of use, the majority was

2 making occasional use (66.67%), and 3 were making chronic use. These last used twice a day (66.67%), the first one being used for over 10 years (33.33%), the second for less than a week (33.33%) and the third was not sure (33.33%). The most used class of decongestant was alpha-adrenergic agonist (53.33%) and the practice of self-medication is still recurrent (66.67%). The initial cause of the use was nasal obstruction (53.33%) and most of the individuals did not have pre-existing disease (73.33%), whereas only 20% had respiratory diseases. Keywords- Alpha-adrenergic agonist; Students; Side effect. INTRODUÇÃO O nariz é considerado como respirador nasal obrigatório, e é por meio dele que ocorre a ventilação (MENEZES; TAVARES; GRANVILLE-GARCIA, 2009). Existem doenças que causam obstrução nasal, a exemplo da rinite, que afeta até 20% da população sendo essa uma das causas mais recorrentes de procura de um atendimento médico (ABRAHÃO; DEBONI; GREGGIO, 2013). As doenças naso-sinusais geram impacto socioeconômico e afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas, pois os sintomas desencadeiam irritabilidade, levando à queda na produtividade dos estudos e no trabalho (MION, 2013). Os medicamentos que possuem melhor efeito sobre as essas doenças são os descongestionantes nasais, e são eles: as aminas simpaticomiméticas (fenilefrina, anfetamina, benzedrina, cafeína, efedrina, pseudoefedrina, fenilpropanolamina), e os imidazóis (clonidina, nafazolina, tetraidrozolina, oximetazolina, xilometazolina) (LAGUE; ROITHMANN; AUGUSTO, 2013; MELLO et al., 2013). Apesar da utilização em grande escala, geralmente não há indicação médica, sendo comum a automedicação (FREITAS, 2014). Geralmente, após o fim do tratamento ocorre o efeito rebote, que consiste no retorno dos sintomas, e em alguns casos, pode se tornar ainda mais grave do que no início (KANG et al., 2015). Posto que o farmacêutico é o profissional que mais compreende acerca do medicamento, essa pesquisa objetivou analisar o perfil da utilização dos descongestionantes nasais por estudantes do curso de farmácia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal e de natureza quantitativa, desenvolvido no período de agosto a novembro de 2017 com 43 estudantes do curso de Farmácia da UFPB. Utilizou-se um formulário semiestruturado, distribuído de forma randômica acompanhado do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). A análise de dados foi feita por meio do programa estatístico SPSS (Statistical Program for Social Science) na versão 20.

3 Esse trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisas do Centro de Ciências da Saúde da UFPB e aprovada sob o Parecer nº CAAE e Protocolo nº /2017. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os descongestionantes nasais são frequentemente utilizados pela população, a fim de promoverem desobstrução nasal em situações como alergias, rinite, resfriado, sinusite, adenoides e desvio de septo nasal (ZAFANNI et al, 2007; CASTRO; MELLO; FERNANDES, 2016). Dentre os 43 estudantes, 34,88% utilizaram esse medicamento. Quanto ao perfil sociodemográfico, 66,67% eram do gênero feminino, e 33,33% eram do masculino. Matos, Toassi e Oliveira (2013), observaram ser comum uma maior quantidade de mulheres nos cursos de nível superior da saúde. Isso pode estar correlacionado com os papéis femininos tradicionais, a exemplo do cuidar. Quanto à faixa etária, 73,33% tinham anos, enquanto 26,67% tinham anos, todos eles solteiros. Assis e colaboradores (2015), relatam que os acadêmicos, estão bastante ocupados com a sua formação profissional, adiando um relacionamento afetivo sério. Em relação à renda, 66,67% não possuíam renda própria, sendo mantidos por familiares, enquanto que 33,33% possuíam renda de programas de auxílios estudantis. Assis e colaboradores (2015), relatam que os cursos de saúde por serem diurnos, permitem que poucos estudantes dessa área se insiram no mercado de trabalho. O curso de Farmácia da UFPB é desenvolvido em período integral, o que dificulta a busca por emprego. Com relação aos hábitos da uso dos descongestionantes nasais, verificou-se que 66,67% (n=10) utilizavam ocasionalmente. 13,33% afirmaram usar raramente (n=2), e 20% utilizavam todos os dias (n=3). Dos que faziam uso crônico, um utilizava apenas 1 vez ao dia (33,33%), e os outros dois, usavam 2 vezes ao dia (66,67%). No tocante ao tempo de uso contínuo, um deles não sabia (33,33%), o segundo relatou usar há apenas uma semana (33,33%), enquanto o último já usava há mais de 10 anos (33,33%). Um estudo realizado por Herberts e colaboradores (2006), com usuários em uma Farmácia Escola da Universidade Federal de Santa Catarina, 98 indivíduos afirmaram fazer uso contínuo, 26,53% (n=26) usavam há mais de 10 anos. Desse modo, o presente estudo não corrobora com os dados da pesquisa mencionada. Além disso, o estudante que utilizava há uma semana poderia apresentar alguma enfermidade no momento e ter a necessidade do uso de descongestionantes. Acerca dos tipos de descongestionantes utilizados, 8 utilizavam agonistas alfaadrenérgico (53,33%), sendo a nafazolina a mais citada, 2 acadêmicos usavam corticoides (13,33%), 2 usavam fitoterápicos (13,33%), 2 indivíduos usavam soro

4 fisiológico (13,33%), e apenas um fez associação de corticoide com soro fisiológico (6,67%). Os agonistas alfa-adrenérgico são descongestionantes que agem diretamente nos vasos da mucosa nasal, causando vasoconstrição, e, consequente desobstrução das narinas (HERBERTS et al, 2006; CASTRO; MELLO; FERNANDES, 2016). Todavia, seu uso em longo prazo pode resultar no efeito rebote, dessensibilizando os receptores adrenérgicos alfa 1. Os glicocorticosteroides, se utilizados de maneira prolongada pode gerar efeitos colaterais, tais como catarata, glaucoma, osteoporose, aumento da gordura abdominal, hipertensão, entre outros (RAMAMOORTHY; CIDLOWSKI, 2016; MION et al, 2017). Portanto, estes são medicamentos que devem ser utilizados por um período curto, e deve ser enfatizado o risco de usá-los de modo incorreto. No que se refere ao recebimento de indicações, 66,67% praticam a automedicação e 33,33% tiveram indicação médica. Uma pesquisa realizada por Rosse, Mouro e Carvalho (2010), constatou que de 68 acadêmicos de farmácia, apenas 3% utilizam medicamentos com indicação médica, confirmando que mesmo sendo um curso que combate a prática da automedicação, grande parte dos estudantes ainda o fazem. Quanto aos motivos associados à causa do início do uso dos descongestionantes nasais, 53,33% afirmaram ter a obstrução nasal, 6,67% coriza, gripe e rinite cada, e 26,67% optaram por múltiplas escolhas. Nesse sentido, alto índice da obstrução nasal está relacionado ao fato que os outros motivos, geralmente, também obstrui as narinas. Por fim, os estudantes foram questionados acerca de doenças pré-existentes, sendo constado que 20% dos acadêmicos tinham doenças respiratórias, 6,67% tinham hipertensão, e 73,33% não possuam doença alguma. Como a faixa etária prevalente dos entrevistados foi de anos (73,33%), justifica-se o fato de apenas 1 indivíduo ser hipertenso, já que essa é uma doença crônica que acomete frequentemente idosos. CONCLUSÕES Diante do exposto, infere-se que cerca de 35% dos estudantes do curso de farmácia da UFPB usa descongestionantes nasais. Em sua maioria são do gênero feminino, tem idade entre 18 e 22 anos, são solteiros e tem renda proveniente de familiares. A maioria faz uso ocasionalmente, e um número menor de indivíduos faz uso crônico. Dentre os que utilizavam diariamente, aplicavam 2 vezes ao dia, e faziam uso acima de 10 anos, há menos de uma semana ou não sabia ao certo. A classe mais utilizada são os agonistas alfa-adrenérgicos, e a prática da automedicação ainda é recorrente. A principal causa inicial do uso é a obstrução nasal e a maioria dos entrevistados não possuem doença pré-existente. É necessário conhecer acerca do cuidado ao utilizar esses tipos de medicamentos, principalmente os acadêmicos do curso de farmácia, que prestarão atenção farmacêutica para toda a população.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAHÃO, M.; DEBONI, M.; GREGGIO, B. Rinite. Revista Brasileira de Medicina, v.70, n. 12, p , ASSIS, P. Y. S. et al. Características sociodemográficas e acadêmicas dos discentes da área da saúde. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 13, n. 1, p , CASTRO, L. N.; MELLO, M. M.; FERNANDES, W. S. Avaliação da prática de automedicação com descongestionantes nasais por estudantes da área da saúde. Journal of the Health Sciences Institute, v. 34, n. 3, p , FREITAS, P. S. Eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos descongestionantes nasais tópicos Revisão bibliográfica. Revista On-line IPOG Especialize. Goiânia, v. 8, n. 9, p. 1-13, HERBERTS, R. A. et al. Uso indiscriminado de descongestionantes nasais contendo nafazolina. Revista Brasileira de Toxicologia, v. 19, n. 2, p , KANG, S. H. et al. Chronic rhinosinusitis and nasal polyposis in cystic fibrosis: update on diagnosis and treatment. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 41, n. 1, p , LAGUE, L. G., ROITHMANN, R., AUGUSTO, T. A. M. Prevalência do uso de vasoconstritores nasais em acadêmicos de uma universidade privada do Rio Grande do Sul. Revista Acadêmica de Medicina da Universidade Luterana do Brasil, v. 57, n. 1, p , MATOS, I. B.; TOASSI, R. F. C.; OLIVEIRA, M. C. Profissões e Ocupações de Saúde e o Processo de Feminização: Tendências e Implicações. Athenea Digital, v. 13, n. 2, p , MELLO, J. J. F. et al. Brazilian Academy of Rhinologyposition paper on topical intranasal therapy. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. Maio-jun São Paulo; v. 79, n. 3, p , MENEZES, V. A.; TAVARES, R. L. O.; GRANVILLE-GARCIA, A. F. Síndrome da respiração oral: alterações clínicas e comportamentais. Arquivos em Odontologia, v. 45, n. 3, p , MION, O. Rinite. Revista Brasileira de Medicina. V. 70, n. 5, p , RAMAMOORTHY, S.; CIDLOWSKI, J. A. Corticosteroids: mechanisms of action in health and disease. Rheumatic Disease Clinics of North America, v.42, n. 7, p.15-31, ROSSE, W. J. D.; MOURO, V. G. S.; CARVALHO, C. A. Perfil da automedicação em acadêmicos do curso de farmácia da Univiçosa, Viçosa, MG. ANAIS SIMPAC, v. 2, n. 1, ZAFFANI, E. et al. Perfil Epidemiológico dos pacientes usuários de descongestionantes nasais tópicos do ambulatório de otorrinolaringologia de um hospital universitário. Arquivos de Ciência da Saúde, São José do Rio Preto, v. 14, n. 2, p , 2007.