PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PEDRO SIMON I RELATÓRIO
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- Laura Sanches Beltrão
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1 PARECER Nº, DE 2012 RELATOR: Senador PEDRO SIMON I RELATÓRIO Da COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTE, em caráter terminativo, sobre o Projeto de Lei da Câmara nº 85, de 2012 (Projeto de Lei nº 6.040, de 2009, na origem), do Deputado Mendes Ribeiro Filho, que institui o Dia do Técnico Agrícola, a ser comemorado anualmente em todo o território nacional no dia 5 de novembro. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 85, de 2012 (Projeto de Lei nº 6.040, de 2009, na origem), do Deputado Mendes Ribeiro Filho, propõe instituir o Dia do Técnico Agrícola, a ser comemorado anualmente em todo o território nacional no dia 5 de novembro. Consta a proposição de dois artigos, o primeiro dos quais institui a referida data comemorativa, a ser celebrada anualmente no dia 5 de novembro. Já o art. 2º estabelece o início da vigência da lei para a data de sua publicação. A justificação ressalta a importância do profissional técnico agrícola de formação em ensino médio para o importante e imprescindível desempenho do setor primário de nossa economia, que não custa lembrar, responde por mais da metade de nossa balança comercial externa. Aprovada na Câmara dos Deputados, a proposição foi encaminhada à análise e deliberação, em caráter terminativo, da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, onde não foram oferecidas emendas. II ANÁLISE Compete à Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), de acordo com o art. 102, II, do Regimento Interno do Senado Federal (RISF),
2 2 opinar a respeito de proposições que tratem datas comemorativas, a exemplo do PLC nº 85, de Assinalemos, inicialmente, que a Lei nº , de 9 de dezembro de 2010, estabeleceu critérios para a instituição de datas comemorativas, ao passo que o Parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), em resposta ao Requerimento nº 4, de 2011, da CE, definiu diretrizes para o tratamento de proposições de tal teor no Senado Federal. Como o Projeto de Lei da Câmara ora relatado, foi apresentado em data anterior à da edição da Lei nº , de 2010, deve ser considerado válido, ficando isento da comprovação do atendimento às novas regras processuais, conforme definido pelo item d do voto do mencionado parecer da CCJ. Frisa, contudo, o mencionado item, que a proposição deve atender ao critério previsto no art. 1º da Lei nº , de 2010, a saber, o de sua alta significação para a sociedade brasileira. O propósito do PLC nº 85, de 2012, é o de homenagear o importante profissional técnico agrícola. A revolução tecnológica no campo, que ainda vivenciamos, ocasionou mudanças no comportamento e nos valores da sociedade. A mudança na agricultura se espalhou pelo mundo inteiro, visando o aumento da produção e da produtividade das culturas. O melhoramento genético, a multiplicação de sementes resistentes a doenças e pragas e a intensa mecanização agrícola trazem a perspectiva, ainda distante, de solucionar o problema da fome mundial. Não se pode negar que a agricultura brasileira muito se modificou devido à inclusão destes elementos no processo. A agricultura artesanal, em que predominava a influência da natureza e as práticas sem embasamento técnico científico, com mão-de-obra familiar e produção para subsistência em que somente o excedente era vendido, foi substituída por uma agricultura mecanizada e de fertilizantes químicos com produção em alta escala, para a comercialização. Daí surgiu a importante figura do profissional do campo, O técnico agrícola é esse profissional habilitado para o trabalho no campo e seu contato direto com o meio se faz pelas diversas atividades que vão desde o preparo do solo até a industrialização.
3 3 Conforme descrito nas bases curriculares que o instruem, este profissional tem por base de formação conhecimentos das áreas agronômica, biológica e química. Além disso, há um preparo para o trabalho administrativo deste indivíduo. Claro que há também grande influência deste setor produtivo nos currículos. Prima-se fortemente pelos conteúdos voltados para as grandes culturas, como a soja, o milho e o algodão; e, infelizmente, tem sido dada pouca ênfase a assuntos como a agricultura familiar, sustentabilidade e extensão rural. O técnico agrícola de nível médio vivencia um mundo agrícola promissor de um lado e altamente problemático por outro. Se de um lado o avanço do agronegócio reforça a importância do setor primário na economia nacional, desencadeando um processo que vai desde a produção de alimentos, mecanização e implementos agrícolas, consumo de insumos, transporte, armazenamento, processamento e distribuição; por outro lado o técnico defronta cada vez mais com danos sócio-ambientais decorrentes da chamada agricultura moderna. Desta forma, o técnico agrícola não deve ser formado somente pensando na atuação ao agronegócio e para o trabalho no campo sem pensar nas conseqüências geradas por seus atos. É fundamental que seu lado humano e social se desenvolva; que o indivíduo se perceba parte do mundo. E como parte desse mundo, o incentivo ao trabalho com pequenos agricultores e extensão rural deve ser uma opção. O Decreto nº , de 6 de fevereiro de 1985 veio regulamentar a Lei nº 5.524, de 05 de novembro de 1968, que dispõe sobre esse exercício profissional de técnico agrícola de nível médio ou de 2º grau. Em essência o diploma legal define que os técnico agrícolas de nível médio [e também os técnicos industriais] poderá desempenhar as seguintes atividades: conduzir a execução técnica dos trabalhos de sua especialidade; prestar assistência técnica no estudo e desenvolvimento de projetos e pesquisas tecnológicas; orientar e coordenar a execução dos serviços de manutenção de equipamentos e instalações;
4 4 dar assistência técnica na compra, venda e utilização de produtos e equipamentos especializados; responsabilizar-se pela elaboração e execução de projetos compatíveis com a respectiva formação profissional. desempenhar cargos, funções ou empregos em atividades estatais, paraestatais e privadas; atuar em atividades de extensão, assistência técnica, associativismo, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; ministrar disciplinas técnicas de sua especialidade, constantes dos currículos do ensino de 1º e 2º graus, desde que possua formação especifica, incluída a pedagógica, para o exercício do magistério, nesses dois níveis de ensino; responsabilizar-se pela elaboração de projetos e assistência técnica nas áreas de: crédito rural e agroindustrial para efeitos de investimento e custeio; topografia na área rural; impacto ambiental; paisagismo, jardinagem e horticultura; construção de benfeitorias rurais; e drenagem e irrigação. elaborar orçamentos, laudos, pareceres, relatórios e projetos, inclusive de incorporação de novas tecnologias; prestar assistência técnica e assessoria no estudo e desenvolvimento de projetos e pesquisas tecnológicas, ou nos trabalhos de vistoria, perícia, arbitramento e consultoria, exercendo, dentre outras, as seguintes tarefas: coleta de dados de natureza técnica; desenho de detalhes de construções rurais; elaboração de orçamentos de materiais, insumos, equipamentos, instalações e mão-de-obra; detalhamento de programas de trabalho, observando normas técnicas e de segurança no meio rural; manejo e regulagem de máquinas e implementos agrícolas; execução e fiscalização dos procedimentos relativos ao preparo do solo até à colheita, armazenamento, comercialização e industrialização dos produtos agropecuários; e administração de propriedades rurais. conduzir, executar e fiscalizar obra e serviço técnico, compatíveis com a respectiva formação profissional; responsabilizar-se pelo planejamento, organização, monitoramento e emissão dos respectivos laudos nas atividades de: exploração e manejo do solo, matas e florestas de acordo com suas características; alternativas de otimização dos fatores climáticos e seus efeitos no crescimento e desenvolvimento das plantas e dos animais; propagação em cultivos abertos ou protegidos, em viveiros e em casas de vegetação; obtenção e preparo da produção animal;
5 5 processo de aquisição, preparo, conservação e armazenamento da matéria prima e dos produtos agroindustriais; programas de nutrição e manejo alimentar em projetos zootécnicos; e produção de mudas (viveiros) e sementes. executar trabalhos de mensuração e controle de qualidade; dar assistência técnica na compra, venda e utilização de equipamentos e materiais especializados, assessorando, padronizando, mensurando e orçando; emitir laudos e documentos de classificação e exercer a fiscalização de produtos de origem vegetal, animal e agroindustrial; prestar assistência técnica na aplicação, comercialização, no manejo e regulagem de máquinas, implementos, equipamentos agrícolas e produtos especializados, bem como na recomendação, interpretação de análise de solos e aplicação de fertilizantes e corretivos; administrar propriedades rurais em nível gerencial; prestar assistência técnica na multiplicação de sementes e mudas, comuns e melhoradas; treinar e conduzir equipes de instalação, montagem e operação, reparo ou manutenção; treinar e conduzir equipes de execução de serviços e obras de sua modalidade; analisar as características econômicas, sociais e ambientais, identificando as atividades peculiares da área a serem implementadas; identificar os processos simbióticos, de absorção, de translocação e os efeitos alelopáticos entre solo e planta, planejando ações referentes aos tratos das culturas; selecionar e aplicar métodos de erradicação e controle de vetores e pragas, doenças e plantas daninhas, responsabilizando-se pela emissão de receitas de produtos agrotóxicos; planejar e acompanhar a colheita e a pós-colheita, responsabilizandose pelo armazenamento, a conservação, a comercialização e a industrialização dos produtos agropecuários; responsabilizar-se pelos procedimentos de desmembramento, parcelamento e incorporação de imóveis rurais;
6 6 aplicar métodos e programas de reprodução animal e de melhoramento genético; elaborar, aplicar e monitorar programas profiláticos, higiênicos e sanitários na produção animal, vegetal e agroindustrial; responsabilizar-se pelas empresas especializadas que exercem atividades de dedetização, desratização e no controle de vetores e pragas; implantar e gerenciar sistemas de controle de qualidade na produção agropecuária; identificar e aplicar técnicas mercadológicas para distribuição e comercialização de produtos; projetar e aplicar inovações nos processos de montagem, monitoramento e gestão de empreendimentos; realizar medição, demarcação de levantamentos topográficos, bem como projetar, conduzir e dirigir trabalhos topográficos e funcionar como perito em vistorias e arbitramento em atividades agrícolas; emitir laudos e documentos de classificação e exercer a fiscalização de produtos de origem vegetal, animal e agroindustrial; responsabilizar-se pela implantação de pomares, acompanhando seu desenvolvimento até a fase produtiva, emitindo os respectivos certificados de origem e qualidade de produtos; desempenhar outras atividades compatíveis com a sua formação profissional. Além disso os técnicos em Agropecuária poderão, para efeito de financiamento de investimento e custeio pelo sistema de crédito rural ou industrial e no âmbito restrito de suas respectivas habilitações, elaborar projetos de pequeno valor. E poderão ainda responsabilizar-se pela elaboração de projetos de detalhes e pela condução de equipe na execução direta de projetos agroindustriais. Uma questão polêmica, ainda remanescente quando da regulamentação da profissão de técnico agrícola, diz respeito à fiscalização deste exercício profissional ser por Conselhos Profissionais vinculados a Engenharia e Arquitetura. Este decreto regulamentador foi expedido quando da gestão do Ministro Nestor Jost no Ministério da Agricultura, isso exatamente 1 mês antes que eu assumisse, com muita honra, a titularidade daquela pasta.
7 7 Inspirado por esta brilhante iniciativa do Poder Executivo Federal, tive a grande e feliz oportunidade de promulgar norma semelhante ao projeto que ora relato quando exerci a governança, auxiliado pelo então Secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, o ex-ministro e ex-deputado Federal Odacir Klein. Em 15 de julho de 1988, originada de projeto do Deputado Mário Limberger, foi promulgada a Lei Estadual do Rio Grande do Sul nº que instituiu o Dia do Técnico Agrícola a ser comemorado no dia 5 (cinco) de novembro de cada ano. Considerando a orientação emanada do parecer da CCJ que trata da aplicação da Lei nº , de 2010, assim como o conjunto das normas relevantes, avaliamos que o PLC nº 85, de 2012, atende aos requisitos de constitucionalidade e juridicidade, de adequação ao Regimento da Casa e à técnica legislativa, devendo, quanto ao mérito, ser aprovado. III VOTO Conforme o exposto, o voto é pela APROVAÇÃO do Projeto de Lei da Câmara nº 85, de 2012 (Projeto de Lei nº 6.040, de 2009, na origem). Sala da Comissão, em: 9 de julho de 2013 Senadora Ana Amélia, Vice-Presidente Senador Pedro Simon, Relator
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