Utilização e desempenho de um vibrador multidireccional integral na colheita da azeitona

Transcrição

1 Utilização e desempenho de um vibrador multidireccional integral na colheita da azeitona Fernando A. Santos

2 Factores analisados: - características das parcelas; - formas de condução; - implantação e características das oliveiras; - variedades Material utilizado: - material vegetal (variedade cobrançosa (C), verdeal (V) e madural (M); - material de colheita (vibrador multidireccional) - material de tracção (tractor de 4 RM, 140 cv) Nota: O tractor-vibrador tem 9.5 m de comprimento, 2.8 de largura e pesa kg

3 Conjunto do tractor e vibrador utilizado nos ensaios

4 Constituição Cabeça vibratória A cabeça vibratória com um peso cerca de 700 kg é munida de movimentos telescópicos, sendo todos os movimentos auxiliados por macacos hidráulicos e comandados através de alavancas. A cabeça tem um motor colocado na parte superior com um caudal de 220 l/min, acionado por uma pressão de óleo, que transmite movimento através de uma correia a um centro de massas, de duas meias luas que giram sobre um eixo em sentido contrário, permitindo uma vibração multidirecional em estrela. Na frente da cabeça de vibração, sobreposta à abertura da plataforma, encontra-se a pinça ou mandíbulas, que são revestidas com cepos de borracha para não danificar a árvore garantindo, aquando do encaixe da plataforma no tronco, um melhor ajuste do vibrador, contribuindo igualmente para um aumento da eficácia de vibração. A abertura da pinça é feita apenas com uma das mandíbulas, sendo a outra fixa, auxiliada por macaco hidráulico, atingindo na parte anterior 52 cm e 10 cm na parte posterior.

5 Toldo ou chapéu O toldo ou chapéu com cerca de 8 m de diâmetro é suportado por barras de metal, que giram sobre eixos aplicados no exterior na plataforma, permitindo que o toldo fique bem esticado, o que facilita a deslocação a azeitona para o depósito. A armação e desarmação do toldo é comandada hidraulicamente com o auxílio de dois macacos, acionando somente as barras da parte da frente. As restante barras recebem movimento pelo próprio toldo, sempre comandado pelas duas barras. Depósito da azeitona O depósito da azeitona, com uma abertura de cerca de 80 cm para encaixe no tronco da oliveira, tem uma capacidade máxima de cerca de 500 kg de azeitona. A plataforma do depósito é suportada pelos braços de um carregador frontal permitindo a sua elevação e fazendo a descarga para reboques, normalmente de taipais duplos.

6 Recipiente de óleo O recipiente de óleo, com uma capacidade de cerca de 200 l, é suportado pelo sistema tripolar de engate do trator. O sistema de transmissão hidráulico possui duas bombas em linha, com caudal de 160 l/min e 63 l/min acionadas pela tomada de força a 1000 r.p.m.. A bomba de maior caudal vai acionar o motor para que se dê a vibração, assegurando a de menor caudal os restantes movimentos da máquina.

7 Metodologia utilizada: - Escolha das parcelas - Identificação das parcelas e localização das plantas - Determinação da data da colheita - Determinação dos trajectos - Registo de dados

8 Escolha das parcelas A escolha das parcelas fez-se por forma a retractarem-se os olivais instalados em superfícies planas e em declives mais acentuados, desde que não pusessem em causa a segurança do equipamento e operador. Foram igualmente consideradas parcelas com compassos reduzidos e grandes, com oliveiras de um só pé e dimensões, possíveis de se aplicar a colheita integral e com um sistema de poda, que não comprometesse a eficácia do equipamento, nas variedades dominantes da região.

9 Alto da Casinha Salgueirinha

10 Coitada Lamela

11 Identificação das parcelas e localização das plantas As parcelas foram identificadas com o nome e as oliveiras numeradas, com tinta. Cada parcela tem ainda um mapa de localização com todas as oliveiras, numeradas conforme o número atribuído. Determinação da data da colheita Para avaliação do estado de maturação da azeitona, optou-se pela utilização de um dinamómetro, para determinar a força de desprendimento. Foi ainda considerado que a colheita só seria efectuada quando o quociente entre a força média de destacamento dos frutos (R ) pelo seu peso médio (P), atingisse uma a relação (R/P) inferior a 150.

12 Determinação dos trajectos Com base nos mapas e pela observação directa do olival foram estabelecidos para cada parcela, os possíveis trajectos do equipamento na colheita da azeitona. A sequência seguida pela máquina na colheita era definido com o número atribuído às oliveiras. Registo de dados No registo de dados foram anotados, para todas as oliveiras, as variáveis identificadas como mais relevantes para o desempenho do equipamento, assim como os resultados da produção.

13 Variáveis a determinar A- Tempo dos trajectos (s) para trás (A1) para a frente (A2) tempo total (A3) - A1+A2 B- Distâncias (m) trajectos para trás (B1) trajectos para a frente (B2) total dos trajectos (B3) - B1 + B2 entre oliveiras (B4) C- Velocidade nos trajectos (km/h) para trás (C1) para a frente (C2) D- Declives (%) do terreno, e a máquina em posição de vibração (D1) declive perpendicular à posição de vibração (D2) E- Dimensão das árvores (m) diâmetro do tronco ao nível da pinça (E1) distância do solo à posição de fixação da pinça (E2) altura do tronco, até à inserção das ramadas (E3) diâmetro da copa (E4)

14 Variáveis a determinar (cont) F- Tempo na árvores e de descarga (s) adaptação da pinça (F1) abertura do apara frutos (F2) vibração (F3) fecho do apara frutos (F4) tempo total nas árvores (F5) - F F4 descarga da azeitona (F6) G- Produção (kg) e eficiência do vibrador (%) azeitona vibrada (G1) azeitona não vibrada (G2) produção total (G3) - G1 + G2 eficiência do vibrador (G4) - G1 / G3

15 Resultados 1- Valor mínimo, médio e máximo, e variação para IC de 95% Min. Méd. Máx. 95% A- Tempo dos trajectos (A1) (A2) (A3) B- Distâncias percorridas (B1) (B2) (B3) (B4) C- Velocidade nos trajectos (C1) (C2) D- Declives (D1) (D2)

16 Resultados (cont) Min. Méd. Máx. 95% E- Dimensão das árvores (E1) (E2) (E3) (E4) F- Tempo na árvores e de descarga (F1) (F2) (F3) (F4) (F5) (F6) G- Produção (G1) (G2) (G3) (G4)

17 Tempos médios, em s, e seu desvio padrão, por oliveira Média Desvio padrão Tempo total Tempo total de deslocamento Tempo de deslocamento para trás Tempo de deslocamento para a frente Tempo total na árvore Tempo de adaptação da pinça Tempo de abertura do apara - frutos Tempo de vibração Tempo de fecho do apara - frutos Tempo de descarga

18 Distribuição % dos tempos em deslocações, na árvore e total Tempo em deslocações: % - em marcha a trás 29 - para a frente 71 Tempo na árvore: - adaptação da pinça 22 - abertura do para frutos 18 - em vibração 42 - fecho do para frutos 18 Tempo total: - em deslocações 34 - na árvore 61 - na descarga 5

19 4- Comparação das quatro parcelas em função de diferentes factores Parcelas Distância entre oliveira Dist. percorrida para trás Distância percorrida para a frente Dist. total Diâm. Altura da copa do tronco Altura da pinça Diâmetro do tronco Tempo deslocação total Vel. para a frente Vel. para trás AC Média D. Padrão Mínimo Máximo Sa Média D. Padrão Mínimo Máximo Co Média D. padrão Mínimo Máximo La Média D. Padrão Mínimo Máximo Total Média D. Padrão ,41 Mínimo Máximo

20 Relação das quatro variedades com o tempo de vibração (s), a quantidade de azeitona vibrada, não vibrada e total (kg), a eficiência do vibrador (%) e o tempo (s) gasto na oliveira Variedade Tempo de vibração Azeitona vibrada Azeitona não vibrada Azeitona Total Eficiência Tempo por árvore C Média (Cobrançosa) D. Padrão Mínimo Máximo V Média (Verdeal) D. Padrão Mínimo Máximo Co Média (Cornalhuda) D. Padrão Mínimo Máximo M Média (Madural) D. Padrão Mínimo Máximo Total Média D. Padrão Mínimo Máximo

21 Conclusões 1- Tempos dos trajectos, distâncias percorridas e velocidades: - se deve reduzir ao mínimo o comprimento (tempo) do trajecto efectuado para trás, pois a sua velocidade é inferior à velocidade para a frente (retirar o equipamento debaixo da copa da planta para se poder manobrar); - a distância entre oliveira deve ser só a necessária para permitir a mobilidade do equipamento (distâncias superiores só implicam perdas de tempo); - as distâncias totais dos trajectos devem-se aproximar da distância entre oliveiras (mínimo de manobras). 2- Declives: - os trajectos de maior declive devem ser efectuados segundo essa trajectória, pois a progressão em declives transversais, diminui a estabilidade do conjunto e dificulta a sua condução; - se deve vibrar a árvore, sempre que possível na horizontal (longitudinal e transversalmente), para se evitar o risco de escorregamento do equipamento que poderá danificar as árvores. Em terrenos inclinados a vibração deve ser efectuada com o vibrador a montante e sem inclinação lateral.

22 Conclusões (cont) 3- Dimensão das árvores: - o volume de azeitona vibrada é maior nas árvores com troncos de maior diâmetro (árvores com mais idade); - não se verifica uma relação directa entre o diâmetro da copa e a azeitona vibrada; - não se verifica uma relação directa entre a altura do tronco e a azeitona vibrada, embora se observe maior uniformidade na variação quando a altura do tronco está compreendida entre m; - o volume de azeitona vibrada mantêm-se praticamente constante, fazendo variar a posição de colocação da pinça entre m.

23 4- Tempo na árvore e tempo de descarga - a regularidade do tronco (direito) é fundamental para uma rápida adaptação da pinça, pois o tempo de adaptação varia entre 2 e 32 s; - o rendimento do vibrador é aumentado quando a condução das árvores teve em consideração a apanha mecânica. Comparando os tempos de vibração entre a variedade e o que resulta da má condução das plantas (mais que um pé, troncos tortos e com altura insuficiente, etc..) estes últimos penalizam mais a prestação do equipamento; - se deve proceder à descarga frequente da azeitona, pois é uma operação rápida, e evita-se deteriorar o fruto. 5- Produção - não há acréscimos significativos na quantidade de azeitona vibrada quando o tempo de vibração é superior a 15 s; - a eficiência do vibrador depende, fundamentalmente, da produção da oliveira.