PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 4ª Turma GMFEO/LMP/HKS/iap

Transcrição

1 A C Ó R D Ã O 4ª Turma GMFEO/LMP/HKS/iap RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA. I. A Súmula nº 247 do TST enuncia que a parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Embora conste do texto do referido verbete jurisprudencial que esse entendimento se destina aos bancários, esta Corte Superior já decidiu ser possível a aplicação desse enunciado a outros empregados que exercem a função de caixa. II. Recurso de revista de que se conhece, por contrariedade à Súmula nº 247 do TST, e a que se dá provimento. INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. I. É pacífico o entendimento deste Tribunal Superior no sentido de que, após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração (Súmula nº 437, I, desta Corte). Assim, ao limitar a condenação ao pagamento apenas dos minutos faltantes do intervalo intrajornada mínimo, a Corte de origem deu interpretação equivocada ao referido precedente sumular e terminou por contrariá-lo, razão pela qual o provimento ao recurso de revista é de rigor. II. Recurso de revista de que se

2 fls.2 conhece, por contrariedade ao item I da Súmula nº 437 do TST, e a que se dá provimento. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente UDINÉIA APARECIDA BLASIUS DA SILVA e Recorrida LOJAS VOLPATO LTDA. O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região deu parcial provimento ao recurso ordinário interposto pela Reclamante para, reconhecendo a natureza salarial do intervalo intrajornada, acrescer à condenação seus respectivos reflexos nos repousos semanais remunerados, no aviso-prévio, nas férias acrescidas do terço constitucional, nas gratificações natalinas e no FGTS com a indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), mas manteve a condenação quanto ao adicional de quebra de caixa e ao tempo concedido como intervalo intrajornada (fls. 405/411). A Reclamante interpôs recurso de revista (fls. 415/419). A insurgência foi admitida quanto ao tema "Duração do Trabalho Intervalo Intrajornada", por contrariedade a Orientação Jurisprudencial n 307 da SBDI-I do TST (decisão de fls. 421/422). revista interposto. Trabalho. Não foram apresentadas contrarrazões ao recurso de Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do É o relatório. V O T O 1. CONHECIMENTO O recurso de revista é tempestivo (fls. 413/ 415), está subscrito por advogado regularmente habilitado (fls. 33 e 71) e cumpre os demais pressupostos extrínsecos de admissibilidade ADICIONAL DE QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA

3 fls.3 Consta do acórdão: Reitera a autora o pedido de pagamento dos reflexos do adicional de quebra de caixa pago pela ré durante a contratualidade. Argumenta, nas suas razões, que a referida rubrica possui natureza salarial, gerando, sob sua ótica, os pleiteados reflexos. Diz que a Súmula nº 247 do TST ampara a sua pretensão. Vejamos. De início ressalto à recorrente que a Súmula nº 247 do TST refere-se ao adicional de quebra de caixa pago à categoria dos bancários, o que não é o caso do autora, não havendo falar aqui na aplicação do citado verbete. Já as Convenções Coletivas colacionadas nas fls nada estabelecem acerca da natureza da verba em questão. Não obstante, os referidos instrumentos são claros ao assim estabelecer na cláusula 14 (fls. 121 e 135): É assegurado ao empregado que exercer permanentemente a função de caixa a gratificação de 30% (trinta por cento) sobre o piso salarial, excluídos do cálculo, adicionais, acréscimos e vantagens pessoais. Parágrafo único: O previsto no caput desta cláusula somente será devido, desde que o empregado tenha assumido a quebra/diferença verificada, ficando ressalvado que as empresas que não descontam ou deixam de descontá-la(s), não estarão obrigadas ao pagamento dessa gratificação. (grifei) Nesse aspecto, considerando o disposto no parágrafo único acima transcrito, bem como o fato de ser incontroverso nos autos haver a ré pago o adicional de quebra de caixa à autora durante a contratualidade, deduz-se que os descontos eram efetivamente realizados por parte da ré. Entendo, pois, que, na hipótese, o adicional de quebra de caixa satisfeito pela ré não possui natureza salarial, já que objetivou ressarcir os descontos efetuados no salário da obreira, nos termos da previsão constante do instrumento normativo da categoria. A questão foi interpretada com propriedade pela Juíza sentenciante na fl. 188, verbis: Na verdade, pelo pagamento, o empregador devolve ao empregado o que lhe descontou por previsão normativa. Trata-se, assim, de indenização.

4 fls.4 Só não seria se a convenção contivesse previsão de pagamento apenas pelo exercício da função de caixa, independentemente do desconto de valores faltantes. Não sendo o caso, a verba destina-se a cobrir as diferenças do caixa descontadas, e não a remunerar o trabalho realizado, ainda que tenha maior responsabilidade. Destarte, tendo a parcela em questão natureza indenizatória, não há falar na incidência de reflexos dela decorrentes nas demais verbas. Mantenho inalterada a sentença por seus próprios fundamentos. Nego provimento ao apelo (fls.406/408 destaques no original). A Reclamante pretende a condenação da Reclamada ao pagamento de diferenças salariais decorrentes do reconhecimento da natureza salarial da parcela denominada Quebra de caixa, sob o argumento de que no momento em que o regional entendeu que o adicional de quebra de caixa tem natureza jurídica indenizatória negou vigência ao disposto nos arts. 457 e 458 da CLT (fl. 418). Indica contrariedade à Súmula nº 247 do TST. Apresenta aresto para comprovação de divergência jurisprudencial. A Súmula nº 247 do TST está assim redigida: QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e A parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Embora conste do texto do referido verbete jurisprudencial que esse entendimento se destina aos bancários, esta Corte Superior já decidiu ser possível a aplicação desse enunciado a outros empregados que exercem a função de caixa. Nesse sentido: "ARTIGO 457, 2º, DA CLT. 'AUXÍLIO PARA DIFERENÇAS DE CAIXA', 'QUEBRA DE CAIXA', 'DIÁRIAS' E 'AJUDA DE CUSTO'. HIPÓTESE DE NATUREZA SALARIAL. 1. Atestando o acórdão regional que as verbas 'diárias' e 'ajuda de custo' superavam 50% (cinquenta por

5 fls.5 cento) do salário, não há falar em natureza indenizatória das parcelas. 2. É razoável a aplicação analógica do En. 247 ao presente caso, reconhecendo o caráter salarial às verbas 'auxílio para diferenças de caixa' e 'quebra de caixa'. Mantém-se o entendimento da C. Turma, que negou conhecimento ao Recurso de Revista" (E-RR , Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, SBDI-1, DJ de 11/10/2002). "RECURSO DE REVISTA. QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA. Aplica-se ao caso, analogicamente, o entendimento contido na Súmula/TST nº 247, que diz respeito ao adicional quebra de caixa para o bancário: A parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Recurso de revista não conhecido" (RR , Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, 2ª Turma, DJ de 13/10/2008). "2. GRATIFICAÇÃO QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA. INTEGRAÇÃO. A parcela paga aos bancários sob a denominação 'quebra de caixa' possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Inteligência da Súmula 247 desta Corte, aplicada por analogia a todos o trabalhadores que recebem a referida parcela. Recurso de revista conhecido e não provido" (RR , Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, DEJT 26/03/2013). "INDENIZAÇÃO POR QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA. Aplica-se, por analogia, a Súmula nº 247 desta Corte que preconiza que a parcela denominada 'quebra de caixa' tem natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços para todos os efeitos legais. Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento" (RR , Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma, DJ 06/08/2010).

6 fls.6 "QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA SALARIAL. SÚMULA Nº 247 DO C. TST. EMPREGADO DE MUNICÍPIO QUE EXERCE A FUNÇÃO DE CAIXA A parcela paga sob a denominação de quebra de caixa, em decorrência do exercício de função de maior responsabilidade, tem natureza salarial e, por força do disposto no art. 457, 1º, da CLT integra o salário para todos os efeitos legais. A motivação para a edição da Súmula 247 do C. TST persiste no caso do empregado que, mesmo não sendo bancário, desempenha funções de caixa e recebe gratificação sob o mesmo nomen iuris para remunerar a maior responsabilidade ao lidar com valores pecuniários. Recurso de revista conhecido e provido" (RR , Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 19/08/2011). "ADICIONAL DE QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA SALARIAL. Na forma preconizada na Súmula n 247 desta Corte Superior, a parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Nesse contexto, e nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a diretriz do verbete sumulado supramencionado, tem aplicabilidade, por analogia, inclusive para os demais trabalhadores, de modo que a verba denominada quebra de caixa ostenta natureza salarial. Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (RR , Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 12/09/2014). Diante do exposto, conheço do recurso de revista por contrariedade à Súmula nº 247 do TST INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL Consta do acórdão: Postula a autora pelo pagamento da totalidade do intervalo intrajornada parcialmente suprimido, além de requerer seja reconhecido o caráter salarial da parcela, com a consequente condenação da ré ao pagamento dos reflexos daí decorrentes. Apenas parcial razão lhe assiste.

7 fls.7 Quanto ao tempo a ser considerado, a OJ nº 307 do TST foi editada exatamente com o intuito de esclarecer a aplicação do 4º do artigo 71 da CLT, assim redigido: Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. De fato, tanto o 4º do artigo 71 da CLT quanto a OJ nº 307 do TST, quando mencionam que o período correspondente deve ser objeto de novo pagamento, se referem ao tempo sonegado, e não à totalidade do citado intervalo. O recebimento dos minutos de intervalo intrajornada já usufruídos, como pretendido pela autora, caracterizaria enriquecimento sem causa, com o que não pode este Juízo anuir. Além disso, conforme entendimento expresso na OJ n. 354 do TST, o intervalo intrajornada suprimido tem natureza salarial, o que implica pagamento tão somente do tempo devido. Por outro lado, mas pelo mesmo motivo natureza salarial da parcela -, melhor sorte lhe assiste quanto aos pleiteados reflexos. Em razão da citada OJ n. 354, reconsiderei o posicionamento até então adotado para deferir a repercussão do pagamento da hora suprimida nas demais verbas. Assim, dou provimento parcial ao recurso para, reconhecendo a natureza salarial do intervalo intrajornada, acrescer à condenação seus respectivos reflexos nos repousos semanais remunerados, no aviso prévio, nas férias acrescidas do terço constitucional, nas gratificações natalinas e no FGTS com a indenização compensatória de 40% (fls.408/410 destaques no original). A Reclamante pretende que as horas extras decorrentes de intervalo intrajornada suprimido correspondam ao total do intervalo mínimo previsto em lei (uma hora) (fl. 418). Sustenta que a própria OJ n. 307 da SDI-I do c, TST estabelece que o desrespeito ao intervalo intrajornada mínimo implica no pagamento TOTAL do período correspondente, ou seja, não há como reconhecer que aquele desrespeito

8 fls.8 acarrete o pagamento somente do saldo do intervalo descumprido (fl. 417). Indica violação do art. 71, 4º, da CLT e contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI-1 desta Corte. Transcreve arestos para demonstração de divergência jurisprudencial. É pacífico o entendimento deste Tribunal Superior no sentido de que a supressão total ou a concessão a menor do intervalo intrajornada dão ensejo, indistintamente, ao pagamento do valor correspondente à duração mínima integral do período destinado ao repouso e alimentação, com acréscimo de pelo menos 50% do valor da hora normal, nos termos do art. 71, 4º, da CLT. Nesse sentido, o item I da Súmula nº 437 desta Corte antiga Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI-I desta Corte): "INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais n os 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração" (destaque acrescido). Nesse contexto, ao manter a decisão, em que se limitou a condenação ao pagamento apenas dos minutos faltantes do intervalo intrajornada mínimo, a Corte de origem deu interpretação equivocada ao referido precedente sumular e terminou por contrariá-lo. Conheço do recurso de revista, por contrariedade à Súmula nº 437, I, do TST (antiga Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI-I desta Corte). 2. MÉRITO

9 fls ADICIONAL DE QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA Trata-se de discussão a respeito da natureza jurídica da parcela denominada Adicional de quebra de caixa. A Súmula nº 247 do TST está assim redigida: QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e A parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Embora conste do texto do referido verbete jurisprudencial que esse entendimento se destina aos bancários, esta Corte Superior já decidiu ser possível a aplicação desse enunciado a outros empregados que exercem a função de caixa. Nesse sentido: "ARTIGO 457, 2º, DA CLT. 'AUXÍLIO PARA DIFERENÇAS DE CAIXA', 'QUEBRA DE CAIXA', 'DIÁRIAS' E 'AJUDA DE CUSTO'. HIPÓTESE DE NATUREZA SALARIAL. 1. Atestando o acórdão regional que as verbas 'diárias' e 'ajuda de custo' superavam 50% (cinquenta por cento) do salário, não há falar em natureza indenizatória das parcelas. 2. É razoável a aplicação analógica do En. 247 ao presente caso, reconhecendo o caráter salarial às verbas 'auxílio para diferenças de caixa' e 'quebra de caixa'. Mantém-se o entendimento da C. Turma, que negou conhecimento ao Recurso de Revista" (E-RR , Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, SBDI-1, DJ de 11/10/2002). "RECURSO DE REVISTA. QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA. Aplica-se ao caso, analogicamente, o entendimento contido na Súmula/TST nº 247, que diz respeito ao adicional quebra de caixa para o bancário: A parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Recurso de revista não conhecido" (RR , Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, 2ª Turma, DJ de 13/10/2008).

10 fls.10 "2. GRATIFICAÇÃO QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA. INTEGRAÇÃO. A parcela paga aos bancários sob a denominação 'quebra de caixa' possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Inteligência da Súmula 247 desta Corte, aplicada por analogia a todos o trabalhadores que recebem a referida parcela. Recurso de revista conhecido e não provido" (RR , Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, DEJT 26/03/2013). "INDENIZAÇÃO POR QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA. Aplica-se, por analogia, a Súmula nº 247 desta Corte que preconiza que a parcela denominada 'quebra de caixa' tem natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços para todos os efeitos legais. Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento" (RR , Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma, DJ 06/08/2010). "QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA SALARIAL. SÚMULA Nº 247 DO C. TST. EMPREGADO DE MUNICÍPIO QUE EXERCE A FUNÇÃO DE CAIXA A parcela paga sob a denominação de quebra de caixa, em decorrência do exercício de função de maior responsabilidade, tem natureza salarial e, por força do disposto no art. 457, 1º, da CLT integra o salário para todos os efeitos legais. A motivação para a edição da Súmula 247 do C. TST persiste no caso do empregado que, mesmo não sendo bancário, desempenha funções de caixa e recebe gratificação sob o mesmo nomen iuris para remunerar a maior responsabilidade ao lidar com valores pecuniários. Recurso de revista conhecido e provido" (RR , Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 19/08/2011). "ADICIONAL DE QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA SALARIAL. Na forma preconizada na Súmula n 247 desta Corte Superior, a parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui natureza salarial,

11 fls.11 integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. Nesse contexto, e nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a diretriz do verbete sumulado supramencionado, tem aplicabilidade, por analogia, inclusive para os demais trabalhadores, de modo que a verba denominada quebra de caixa ostenta natureza salarial. Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (RR , Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 12/09/2014). Diante do exposto, dou provimento ao recurso de revista, para reconhecer a natureza salarial da parcela paga sob a rubrica Adicional de quebra de caixa e, consequentemente, deferir os reflexos de tal parcela em décimos terceiros salários, férias acrescidas de um terço, depósitos de FGTS e respectiva multa de 40% e aviso-prévio pago em dinheiro. Indefiro o pedido de repercussão do adicional de quebra de caixa no descanso semanal remunerado, tendo em vista que a referida parcela é fixa e paga mensalmente, portanto já remunera o repouso semanal. Aplicação por analogia da Súmula nº 225 do TST INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL Trata-se de discussão a respeito dos efeitos da concessão parcial do intervalo intrajornada. É pacífico o entendimento deste Tribunal Superior no sentido de que a supressão total ou a concessão a menor do intervalo intrajornada dão ensejo, indistintamente, ao pagamento do valor correspondente à duração mínima integral do período destinado ao repouso e alimentação, com acréscimo de pelo menos 50% do valor da hora normal, nos termos do art. 71, 4º, da CLT (item I da Súmula nº 437 do TST - antiga Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI-1 desta Corte). Logo, ao manter a decisão, em que se limitou a condenação ao pagamento apenas dos minutos faltantes do intervalo intrajornada mínimo, a Corte de origem decidiu em contrariedade com o entendimento desta Corte, razão pela qual o provimento ao recurso de revista é medida que se impõe.

12 fls.12 Em razão da concessão irregular do intervalo intrajornada mínimo, a Reclamante faz jus ao pagamento integral do tempo mínimo desse intervalo, nos termos do art. 71, 4º, da CLT e da Súmula nº 437 desta Corte. Ante o exposto, dou provimento ao recurso de revista, para deferir à Reclamante o pagamento de uma hora por dia de trabalho em que concedido irregularmente o intervalo intrajornada, acrescido do adicional e dos reflexos já deferidos no acórdão regional ( reflexos nos repousos semanais remunerados, no aviso-prévio, nas férias acrescidas do terço constitucional, nas gratificações natalinas e no FGTS com a indenização compensatória de 40% (quarenta por cento) fl. 410) e que não foram objeto de recurso. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, à unanimidade, (a) conhecer do recurso de revista quanto ao tema Adicional de quebra de caixa Natureza jurídica, por contrariedade à Súmula nº 247 desta Corte, e, no mérito, dar-lhe provimento, para reconhecer a natureza salarial da parcela paga sob a rubrica Adicional de quebra de caixa e, consequentemente, deferir os reflexos de tal parcela em décimos terceiros salários, férias acrescidas de um terço, depósitos de FGTS e respectiva multa de 40% e aviso-prévio pago em dinheiro; e (b) conhecer do recurso de revista quanto ao tema Intervalo Intrajornada Concessão Parcial, por contrariedade à Súmula nº 437, I, desta Corte, e, no mérito, dar-lhe provimento, para deferir à Reclamante o pagamento de uma hora por dia de trabalho em que concedido irregularmente o intervalo intrajornada, acrescido do adicional e dos reflexos já deferidos no acórdão regional ( reflexos nos repousos semanais remunerados, no aviso-prévio, nas férias acrescidas do terço constitucional, nas gratificações natalinas e no FGTS com a indenização compensatória de 40% (quarenta por cento) fl. 410) e que não foram objeto de recurso. Custas processuais inalteradas. Brasília, 27 de Maio de 2015.

13 fls.13 Firmado por assinatura digital (MP /2001) FERNANDO EIZO ONO Ministro Relator