EXPERIÊNCIA DE INJEÇÃO DE FINOS DE CARBONIZAÇÃO DE BIOMASSA DE CICLO CURTO EM ALTOS-FORNOS

Documentos relacionados
EXPERIÊNCIA DE INJEÇÃO DE FINOS DE CARBONIZAÇÃO DE BIOMASSA DE CICLO CURTO EM ALTOS-FORNOS

XVI Seminário de Atualização Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte florestal

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO DO CAFÉ COMO COMBUSTÍVEIS EM FORNOS ROTATIVOS DE CALCINAÇÃO

ECONOMIA DE BAIXO CARBONO SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE MINERAÇÃO: CASO DA SIDERURGIA NO BRASIL

Inicialmente a oxidação do metano em altas temperaturas pode ser realizada através da reação: CH 4 + O2 = CH 3 + HO 2 Ou por: CH 4 + M = CH 3 + H + M

Fluxograma parcial de uma usina integrada até o Alto Forno

Avaliação de obstáculos para redução de emissões

Fornos Retangulares com Queimador Central.

Briquetagem e Peletização de Resíduos Agrícolas e Florestais

CARBONIZAÇÃO CONTÍNUA: PERFORMANCE DE UM ALTO-FORNO*

RECOLHIMENTO DE PALHA Ponto de Vista Industrial e Econômico. Eng. Francisco Linero Centro de Tecnologia Canavieira - CTC

Briquetagem e os processos termoquímicos de importância para a agricultura familiar

UTILIZAÇÃO DE CARVÃO VEGETAL NAS VENTANEIRAS DOS ALTOS-FORNOS DA USIMINAS*

Forno-fornalha para queima dos gases da carbonização

Influência do tratamento térmico nas características energéticas de resíduos lenhosos de eucalipto e pinus: poder calorífico e redução granulométrica

II FÓRUM NACIONAL DE CARVÃO VEGETAL QUALIDADE DA MADEIRA PARA

CADEIA PRODUTIVA DA MADEIRA PARA PRODUÇÃO DE BIO REDUTOR RENOVÁVEL

CIRCULAR TÉCNICA N o 95. Março/1980 ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A VIABILIDADE ECONÔMICA DA SUBSTITUIÇÃO DO ÓLEO COMBUSTÍVEL POR MADEIRA DE EUCALIPTO

CARBONIZAÇÃO CONTÍNUA: SIMULAÇÃO DO CONSUMO DE CARVÃO VEGETAL NO ALTO-FORNO 1 DA VALLOUREC TUBOS DO BRASIL*

Siderurgia = metalurgia do ferro

USO DA MADEIRA COMO BIOCOMBUSTÍVEL NO BRASIL

ProIn I. Cap 2a Beneficiamento do Aço. Prof. Henrique Cezar Pavanati, Dr. Eng

14 SILA ESALQ-LOG APROVEITAMENTO DA PALHA DE CANA. Desafios, Benefícios e Perspectivas. Piracicaba, 10/abril/2017

BIOMASSA. Florestas energéticas e resíduos urbanos, industriais e agrícolas são processados para produzir eletricidade

USOS DA ENERGIA GERADA NA COMBUSTÃO DOS GASES DA CARBONIZAÇÃO

Influências da Qualidade do Carvão nos Altos-fornos. Slide 0

COMPARAÇÃO ENTRE AS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS FINOS

Características dos projetos

Carvoejamento, Carbonização e Pirólise

CIRCULAR TÉCNICA N o 104. Junho/1980 INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS SILVICULTURAIS NA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL

MERCADO DE BIOMASSA COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE. Eng. MSc. VINICIUS CASSELLI

Palestrante: Edimar de Melo Cardoso Gerente Executivo de Colheita Florestal e Transporte de Madeira da Aperam Bioenergia

Noções de siderurgia. Materiais metálicos, processos de fabricação de ligas ferrosas

DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 227 DE 29 DE AGOSTO DE 2018

ALTO FORNO E ACIARIA. Curso: Engenharia Mecânica Disciplina: Tecnologia Metalúrgica Período: Prof. Ms. Thayza Pacheco dos Santos Barros

14 de maio de 2013 Belo Horizonte (MG)

Secagem natural da madeira no campo para produção de carvão vegetal.

Panorama da Produção de Biomassa Florestal Combustível

Biomassa e Energia Raízen CTBE

Slide 0/32 PERSPECTIVAS DA SIDERURGIA A CARVÃO VEGETAL NO BRASIL PALMAS 19 DE NOVEMBRO DE 2013

CARVÃO VEGETAL RENOVÁVEL: O DIFERENCIAL DA SIDERURGIA BRASILEIRA

A energia gerada a partir da chamada biomassa florestal é fundamental para a economia do País e está presente em nosso dia-a-dia.

Combustíveis e Redutores ENERGIA PARA METALURGIA

Pirólise sob pressão. Uma nova abordagem para a carbonização. 3º Congresso Internacional de BIOENERGIA. Curitiba PR 24 a 26/06/08

Florestas Energéticas

Processos Metalúrgicos AULA 1 PRODUÇÃO DE FERRO

Teleconferência 30 de julho de 2010

COMBUSTÍVEIS E REDUTORES

STCP.COM.BR CONSULTORIA ENGENHARIA GERENCIAMENTO

Processos Metalúrgicos AULA 2 PRODUÇÃO DO FERRO GUSA: ALTO -FORNO

4. Metodologia e considerações básicas

ANÁLISE DO CONSUMO ENERGÉTICO E DA EMISSÃO CO 2 e DA VALLOUREC TUBOS DO BRASIL S.A NO PERÍODO DE 2008 À 2013

Apresentação AHK Comissão de Sustentabilidade Ecogerma. Eng. Francisco Tofanetto (Gerente de Engenharia) São Paulo, 01 de Outubro 2015

Potencial da biomassa florestal para produção de energia térmica

Cadeia Produtiva da Silvicultura

Goela: Parte cilíndrica superior do onde é feito o carregamento do alto-forno. Contém equipamentos de distribuição da carga, e sensores que medem o

Carvão. Vegetal. na produção do Aço Verde. Solução renovável a favor de uma economia de baixo carbono. Imagem ArcelorMittal /Eduardo Rocha

Experiencias com a Queima da Palha em Caldeiras. José Campanari Neto MCE Engenharia e Sistemas

Biorrefinaria é conceito aplicável ao setor florestal

USINA TERMOELÉTRICA...

Anuário. Estatístico Na base de tudo tem ferro-gusa

Análise da Produção Energética e de Carvão Vegetal de Espécies de Eucalipto

START-UP INJEÇÃO DE FINOS DE CARVÃO VEGETAL EM MINI ALTO-FORNO / CISAM (1)

Aproveitamento da Palha de Cana de Açúcar Planta CTC Palha Flex

O MERCADO E AS INDÚSTRIAS DE PELLETS NO BRASIL. Eng. Dorival Pinheiro Garcia Presidente da ABIPEL

RESULTADOS OPERACIONAIS DA MINI-SINTERIZAÇÃO JL*

ANÁLISE CALORIMETRICA, TERMOGRAVIMETRICA E ELEMENTAR DAS FOLHAS DO Bambusa vulgaris

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

O Setor de Celulose e Papel

Fluxograma parcial de uma usina integrada até o Alto Forno

BAMBU: Agronegócio Sustentável

APÊNDICE A Lista da ordens de produção/lista das operações necessárias para cada produto

V & M Florestal Ltda. Mário Winter

Análise dos impactos socioeconômicos e ambientais do complexo minero-siderúrgico de Mato Grosso do Sul (CMS-MS)

1º.. MADEN INEE Como evoluir a produtividade da cadeia de madeira energética

CADEIAS PRODUTIVAS A VISÃO DA INDÚSTRIA PLANTAÇÕES FLORESTAIS

O USO DA FLORESTA COMO SUPRIDORA DE ENERGIA NA CHAMPION PAPEL E CELULOSE S.A.

Florestas Dedicadas: Maior Termelétrica a partir de Biomassa da LATAM

As Florestas Plantadas na Sustentabilidade do Agronegócio

INFLUÊNCIA DA MARCHA DE CARBONIZAÇÃO NOS RENDIMENTOS GRAVIMÉTRICOS DO CARVÃO, LICOR PIROLENHOSO E GASES NÃO CONDENSÁVEIS, DA MADEIRA DE JUREMA-PRETA

CIRCULAR TÉCNICA N o 146. Junho/1982. CARVÃO VEGETAL DE MADEIRA DE DESBASTE DE Pinus *

ESTUDO PRELIMINAR DO POTENCIAL ENERGÉTICO DE VARIEDADES DE EUCALIPTO CULTIVADAS NO RIO GRANDE DO SUL

Geração de energia a partir de Sorgo Biomassa e Capim Elefante com adição de Óleos Residuais

Correlações entre propriedades da madeira e do carvão vegetal de clone de Eucalyptus urophylla

BALANÇO ENERGÉTICO GLOBAL USIMINAS Usina de Ipatinga MG Usina de Cubatão SP. Classificação da Informação: Pública

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

Melhorias no processo de pirólise da biomassa para produção de carvão vegetal

Energia para metalurgia

O ABASTECIMENTO ENERGÉTICO NA FREUDENBERG INDÚSTRIAS MADEIREIRAS S/A. COM RESÍDUOS INDUSTRIAIS E FLORESTAIS

Quantidade e qualidade das emissões atmosféricas na carbonização da madeira

CIRCULAR TÉCNICA N o 181 FEVEREIRO 1993 REFLEXÕES SOBRE QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL PARA USO SIDERÚRGICO

Fortalecimento da competitividade do gusa por florestas plantadas

COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA E REATIVIDADE DE CHARS OBTIDOS EM FORNO DTF E SIMULADOR DA ZONA DE COMBUSTÃO DO ALTO-FORNO

Fluxograma da Metalurgia Primária

Análise da qualidade do carvão vegetal proveniente da região sul do Brasil

Desafios e perspectivas da produção e comercialização de carvão vegetal

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA

UTILIZAÇÃO DOS GASES DA CARBONIZAÇÃO DA MADEIRA PROVENIENTE DE UM FORNO INDUSTRIAL POR MICRO- ONDAS PARA OBTENÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Transcrição:

EXPERIÊNCIA DE INJEÇÃO DE FINOS DE CARBONIZAÇÃO DE BIOMASSA DE CICLO CURTO EM ALTOS-FORNOS Eng. Paulo Afonso Gomes Dr. Marcelo de Matos Eng. Ricardo Luchese de Moraes Rio de Janeiro, 17 de outubro/2012 1

POR QUE FINOS DE BIOMASSAS DE CICLO CURTO? A INJEÇÃO DE FINOS EM PEQUENOS ALTOS-FORNOS TENDE A AUMENTAR FORÇAS MOTRIZES: Aumento da produtividade dos altos-fornos e menor dependência de áreas reflorestadas, com a consequente economia na produção de carvão de origem em florestas plantadas; Déficit na oferta de finos; REALIDADE:A produção de carvão vegetal de madeira geral, em média, é de 10% de finos. Com isso, o aumento na injeção criará déficit (injeção de finos/carvão carregado pelo topo)>(finos/carvão granulado na carbonização); 2

MATERIAIS E MÉTODOS A experiência de injeção de finos de carvão vegetal, obtidos a partir de biomassa bambu, foi realizada em junho de 2010 nos altos-fornos 3 e 4 da Cia. Siderúrgica Vale do Pindaré, pertencentes ao Grupo Queiroz Galvão e instalados em Açailândia - MA, cujas características são as que se seguem: ALTO FORNO # 3 # 4 VOLUME ÚTIL m3 157 178 # VENTANEIRAS UNIDADE 10 12 DIÂMETRO VENTANEIRAS MM 95 95 3

MATERIAIS E MÉTODOS O BAMBU UTILIZADO PARA A PRODUÇÃO DE FINOS DE CARVÃO VEGETAL FOI FORNECIDO PELA AGRIMEX (COELHO NETO PI) ESPECIE: BAMBUSA VULGARIS 4

ANÁLISES DO CAVACO DE BAMBU AMOSTRA UMIDADE PCS PCI PCU CINZAS A1 1,00 6013 5912 5851 12,52 A2 1,61 6470 6368 6262 5,78 B1 1,50 5882 5781 5691 21,61 B2 1,57 5816 5715 5622 18,47 FONTE: LQCE- ESALQ USP -2010 5

PLANTAÇÃO E COLHEITA PLANTAÇÃO DE BAMBU COLHEITA E PRODUÇÃO DE CAVACO 6

RECEBIMENTO BAMBU PICADO - USINA PINDARÉ 7

FORNOS CILINDRICOS EMPREGADOS PARA CARBONIZAÇÃO BAMBU USINA PINDARÉ 8

BAMBU CARBONIZADO, SAIDA DO FORNO - USINA PINDARÉ 9

BAMBU CARBONIZADO EM CAÇAMBA USINA PINDARÉ 10

REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA DE INJEÇÃO DE FINOS NOS ALTOS FORNOS PINDARÉ 11

PREDIO METÁLICO E INJETORES FINOS USINA PINDARÉ 12

MOINHO PENDULAR E SUPERVISÓRIO INJEÇÃO FINOS USINA PINDARÉ 13

CARACTERÍSTICAS DE FINOS DE ALGUMAS BIOMASSAS 14

VARIAÇÕES NAS CARACTERÍSTICAS DOS FINOS DE BAMBU NO PROCESSO DE MOAGEM PARA INJEÇÃO 15

CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS FINOS DE BAMBU INJETADOS NOS ALTOS-FORNOS 16

NÍVEIS DE PRODUÇÃO E DE INJEÇÃO DE FINOS NO AF IV *A taxa de injeção está limitada pela temperatura de chama. *O GQG está investindo em uma fábrica de oxigênio, visando ao aumento da razão de injeção (meta até 110 kg/t gusa) 17

PLANTIO EXPERIMENTAL DE BAMBU NA PINDARÉ 18

PLANTIO EXPERIMENTAL DE BAMBU NA PINDARÉ 19

PLANTIO EXPERIMENTAL DE CAPIM ELEFANTE NA PINDARÉ 20

CONCLUSÕES 1. Os finos de carvão oriundos da carbonização do bambu, podem ser injetados nos altos fornos, em quantidades equiparáveis às do finos de carvão vegetal de eucalipto; 2. A razão de substituição será igual a dos finos de carvão vegetal oriundos de eucalipto, desde que no processo de carbonização não haja agregação de impurezas; 3. O Grupo Queiroz Galvão, a partir da experiência exitosa da injeção deste combustível, iniciou o plantio de áreas experimentais com bambu, capim elefante e capim do reino (arundo donax), visando à produção de biomassa para sua posterior carbonização. Os finos gerados serão utilizados para aumentar a taxa de injeção nos altos fornos e, no futuro, para a sinterização; 4. O custo de produção da biomassa de ciclo curto bambu e capim elefante é, hoje comparável ao custo da madeira de eucalipto, mas poderá ser reduzido; 5. A introdução do Projeto de Fomento, na região de influência das usinas do Grupo Queiroz Galvão, poderá reduzir os custos atuais de produção e tornar os finos de biomassa de ciclo curto mais atrativos. 21

CUSTOS DAS BIOMASSAS (R$/t seca) DISCRIMINAÇÃO EM PÉ COLHEITA FRETE TOTAL (CAIXA) CUSTO FINANCEIRO TOTAL (CAIXA + FIN.) CUSTO DA TERRA CAIXA + TERRA + FIN. EUCALIPTO CONVENCIONAL 39.34 34.19 7.00 80.53 11.00 91.53 20.40 114.07 EUCALIPTO ADENSADO 62.86 44.56 7.00 114.42 15.48 129.90 18.60 148.51 CAPIM ELEFANTE 36.57 46.05 8.56 91.17 0.00 91.17 15.14 106.31 BAMBU 33.75 53.66 4.53 91.94 2.08 94.01 23.44 117.46 22

CUSTOS DAS BIOMASSAS (R$) 23

CUSTOS DAS BIOMASSAS (R$) 24

CUSTOS DAS BIOMASSAS (R$) 25