Novo Código Comercial Livro III Das obrigações dos empresários Cibele Frandulic Shimono Guilherme Setoguti J. Pereira Luiz Rafael de Vargas Maluf Rafael Villac Vicente de Carvalho 22 de novembro de 2011 Reunião do Comitê Societário do CESA
Título I Das obrigações empresariais Arts. 269 e 270 Teoria da Aparência Correspondência legislativa: Art.1.178 do Código Civil. Inovação do Projeto: Aplicação da teoria da aparência por atos praticados fora do estabelecimento comercial. Comentário: no CC 2002 os atos fora do estabelecimento só obrigavam no limite dos poderes conferidos. Arts. 272 e 273 Revisão Contratual Correspondência legislativa: Arts.317, 478, 479 e 480 do Código Civil. Inovação do Projeto: Onerosidade excessiva ou vantagem excepcional deixam de ser, per se, motivo para revisão judicial do contrato. Comentário: Mesmo que o Art. 478 falasse em resolução, doutrina já falava em revisão. Projeto atendeu a doutrina.
Título I Das obrigações empresariais Arts. 274 e 276 Conversão da Obrigação Correspondência legislativa: [N/A] Art.274: Se houver variação no preço do produto, o empresário que contraiu obrigação de entregar produto não poderá requerer a substituição da obrigação por pagamento em pecúnia. Art.276: O empresário credor poderá, ao seu turno, optar por perdas e danos. Comentário: Art. 389 do CC 2002 permitia isonomia das perdas e danos. Art. 279 Não incidência de juros Correspondência legislativa: N/A Inovação do Projeto: Caso o valor da obrigação seja corrigido por índice que remunera mais que a inflação, não haverá incidência de juros. Comentário: Relação entre juros e correção monetária?
Título I Das obrigações empresariais Art. 280 Juros de Mora Correspondência legislativa: Art. 405 do Código Civil. Inovação do Projeto: Incidem desde a mora. Comentário: Nos termos do Art. 389 do CC 2002, doutrina já entendia que juros para obrigação positiva e líquida já contava desde o vencimento. Art. 405 CC 2002 somente para obrigações sem termo. Art. 281 Juros Moratórios Correspondência legislativa: Art. 405 do Código Civil. Inovação do Projeto: Caso não sejam estipulados serão: (i) 0,25% ao mês, com capitalização anual, nos primeiros 12 meses; (ii) 0,5% ao mês, com capitalização anual, entre o décimo terceiro e o vigésimo quarto mês e (iii) 1,0% ao mês, com capitalização anual, a partir do vigésimo quinto mês. Comentário: Deixa de lado a discussão entre SELIC e CTN.
Título I Das obrigações empresariais Art. 282 Perdas e Danos vs. Cláusula Penal Correspondência legislativa: Art. 416 do Código Civil. Inovação do Projeto: Perdas e danos serão devidos, mesmo que não haja previsão contratual. Comentário: Não será mais necessário que conste cláusula de perdas e danos no contrato, como determina o CC 2002. Art. 284 Redução da Cláusula Penal Correspondência legislativa: Art. 412 do Código Civil. Inovação do Projeto: Não é limitada ao valor da obrigação, mas poderá ser reduzida judicialmente se excessiva. Comentário: Limitação ao princípio da pacta sunt servanda, que parecia ser absoluto no projeto.
Título I Das obrigações empresariais Art. 287 Ausência de Dano Moral Correspondência legislativa: N/A Inovação do Projeto: Estipular que não há dano moral em razão de inadimplemento de obrigação. Comentário: Situação que deveria ser deixada a critério do juiz na análise casuística. Art. 290 Prescrição Correspondência legislativa: Art. 206 do Código Civil e Art. 286 da Lei das S.A. Comentário: societárias. Ausência de previsão de anulação de deliberações
Título II Dos contratos empresariais Art. 298. No que não for regulado por este Código, aplica-se aos contratos empresariais o Código Civil. Parágrafo único. O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável aos contratos empresariais. (...) Art. 303. São princípios do direito contratual empresarial: (...) III proteção do contratante economicamente mais fraco nas relações contratuais assimétricas (...) Art. 306. A proteção que este Código libera ao contratante economicamente mais fraco, nas relações contratuais assimétricas, não pode ser estendida para preservá-lo das consequências econômicas, financeiras, patrimoniais ou administrativas de suas decisões na condução da empresa. 1º A assimetria das relações contratuais entre empresários será considerada pelo juiz em razão direta da dependência econômica entre a empresa de um contratante em relação à do outro. 2º Mesmo nos contratos empresariais assimétricos, a vantagem excessiva de uma das partes relativamente à da outra não é causa de revisão judicial, invalidação do negócio jurídico ou desconstituição de obrigação. Comentários: Fim da figura do empresário-consumidor? De que maneira deve ocorrer a proteção ao empresário economicamente mais fraco?
Título II Dos contratos empresariais Art. 302. Desde que certificadas as assinaturas no âmbito da Infra-estrutura de Chaves Públicas brasileira (ICP-Brasil), nenhum contrato empresarial pode ter sua validade, eficácia ou executividade recusada em juízo tão somente por ter sido elaborado e mantido em meio eletrônico. Comentários: Redação confusa. A certificação no âmbito da ICP-Brasil serviria apenas para comprovar a veracidade do contrato empresarial.
Título II Dos contratos empresariais Art. 319. No caso de omissão do instrumento contratual, presume-se que as partes acordaram em se submeter aos usos e costumes praticados no lugar da execução do contrato. Comentários: Confronto com artigos 4º e 9º da Lei de Comentários: Confronto com artigos 4º e 9º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro. Conflito de normas?
Título II Dos contratos empresariais Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.
Título II Dos contratos empresariais Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias: (Projeto de Decreto Legislativo de Acordos nº 222/2011, em trâmite na Câmara dos Deputados) Art. 9. (1) As partes se vincularão pelos usos e costumes em que tiverem consentido e pelas práticas que tiverem estabelecido entre si. (2) Salvo acordo em contrário, presume-se que as partes (2) Salvo acordo em contrário, presume-se que as partes consideraram tacitamente aplicáveis ao contrato, ou à sua formação, todo e qualquer uso ou costume geralmente reconhecido e regularmente observado no comércio internacional, em contratos de mesmo tipo no mesmo ramo de comércio, de que tinham ou devessem ter conhecimento.
Título II Dos contratos empresariais Art. 324. A dissolução do contrato empresarial por invalidação judicial deriva da declaração de sua nulidade ou anulação. Parágrafo único. O juiz decidirá se o contrato empresarial invalidado produzirá efeitos, definindo-os. Comentários: Modulação de efeitos dos atos nulos X Regime Comentários: Modulação de efeitos dos atos nulos X Regime específico de nulidades do direito comercial.
Título III Dos títulos de crédito Atual Legislação: Arts.887 a 926 do Código Civil Lei Uniforme de Genebra, de 7 de junho de 1930, e incorporada pelo Decreto nº 57.663/66 (Letra de Câmbio e Notas Promissórias) Decreto nº 2.044/1908 (Letra de Câmbio e Notas Promissórias) Lei nº 5.474/68 (Duplicatas) Lei nº 7.357/85 (Cheques) Decreto nº 1.102/1903 (Conhecimento de depósito e Warrant) Comentários: O projeto sugere a incorporação de legislações especiais esparsas dentro de um único instrumento normativo.
Título III Dos títulos de crédito Disposições Gerais As características dos títulos de crédito, presentes no art.887 do CC, são trazidas como princípios nos arts.445 a 449 (cartularidade, literalidade, autonomia, e adicionalmente a inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa fé) Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Permite-se que o título não seja cartular, mas sim eletrônico (art.454 a 458) Comentários: Regras gerais previstas no CC (ex:aval, endosso, local Comentários: Regras gerais previstas no CC (ex:aval, endosso, local de pagamento, etc), não são mais previstas nas disposições gerais, mas sim nos capítulos dos respectivos títulos de crédito. A opção de título eletrônico, certificado por chave ICP-Brasil, diminui trâmites burocráticos e agiliza o processo de emissão (processos perante a CETIP poderiam ser mais céleres).
Título III Dos títulos de crédito Letra de Câmbio e Nota Promissória Incorporação da Lei Uniforme de Genebra ao código, com ajustes mínimos de redação, mas prevalecendo o conceito da norma antiga Única inovação relevante: o aval não dependeria mais da aprovação do cônjuge Art. 495. Para a validade do aval, não é necessária a autorização do cônjuge. Distinções referentes à endosso, dentre outras, anteriormente previstas no CC para títulos nominativos, ao portador, e à ordem, não são recepcionadas no projeto com esta divisão, apenas com uma simples referência ao novo art.452 das disposições gerais: Art. 452. Nas omissões da lei especial, aplicam-se às ordens de pagamento as normas da letra de câmbio e às promessas de pagamento as da nota promissória, contidas neste Livro. Comentários: O decreto que traz a Lei Uniforme de Genebra ao ordenamento jurídico brasileiro e o decreto nº2.044 não são revogados, e como resultado teríamos três dispositivos em vigor.
Título III Dos títulos de crédito Duplicata Incorporação da Lei nº 5.474/68, e consequente revogação Prazos prescricionais de execução não são mais mencionados (anteriormente art.18 da Lei nº5.474/68) Art.568 menciona que a duplicata e triplicata são títulos executivos extrajudiciais (cópia da lei anterior e repetitivo, uma vez que o novo art.451 prevê que todo título de crédito é título executivo extrajudicial) Comentários: Ao contrário da LUG, que foi incorporada praticamente na íntegra, a Lei nº 5.474/68 foi incorporada de forma mais simplificada na seção referente à execução do título. Os conceitos principais da lei anterior são trazidos para o projeto. Títulos Armazeneiros, e Conhecimento de Transporte de Carga Incorporação do Decreto nº 1.102/1903 (referente à conhecimento de depósito e warrant), e consequente revogação O Conhecimento de Transporte de Cargas (Lei nº11.442/07 referente à transportes rodoviários) é trazido para o projeto como título de crédito
Título III Dos títulos de crédito Comentários Gerais ao Título III: O projeto incorpora diversos normativos esparsos referentes aos títulos de crédito, mas não faz menção à revogação dos decretos antigos aplicáveis às letras de câmbio e notas promissórias. Adicionalmente, não houve qualquer incorporação da Lei nº 7.357/85 referente aos cheques. Seria oportuno rever a exclusão das classificações de títulos (nominativos, Seria oportuno rever a exclusão das classificações de títulos (nominativos, à ordem e ao portador) atualmente previstas no Código Civil.
Obrigado! Cibele Frandulic Shimono cshimono@prmurray.com.br Guilherme Setoguti J. Pereira gsj@ymc.com.br Luiz Rafael de Vargas Maluf lrvargas@pn.com.br Rafael Villac Vicente de Carvalho rafael.villac@peixotoecury.com.br