Geologia, Mineralizações e Biodiversidade na Faixa Piritosa. Resumo. Palinoestratigrafia da Faixa Piritosa, Zona Sul Portuguesa



Documentos relacionados
A Geologia no litoral do Alentejo

Paleozóico? Helena Couto*, *** & Alexandre Lourenço**,***

Geologia, património geológico-mineiro e biodiversidade na região compreendida entre Mina de São Domingos e Pomarão.

Câmara Municipal de Valongo Geologia no Verão. Helena Couto. Departamento de Geologia Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Idades U-Pb de zircões detríticos do Grupo do Flysch do Baixo Alentejo, Zona Sul Portuguesa

Estudo palinostratigráfico do setor Malhadinha, região NE Alvares, concelho de Mértola, Faixa Piritosa Ibérica

Bacia do Paraná: Rochas e solos. Almério Barros França Petrobrás Claudinei Gouveia de Oliveira Instituto de Geociências-UnBi

Os Recursos Minerais na nossa vida

E mail: Telfs: (+351) Exts.: 4071; 1460; Dir.: (+351)

MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA

Quarta Rodada de Licitações Bacia do Solimões

2. O PASSADO DA INDÚSTRIA MINEIRA EM PORTUGAL

As Mineralizações da Faixa Piritosa e sua Importância Económica

Palavras Chave: Águas subterrâneas, Hidroquímica, Qualidade da água, Anticlinório do Pulo do Lobo, Faixa Piritosa, Formação de Mértola

M. J. Batista 1*, P. Represas 1, J. X. Matos 1, C. Inverno 1

O Centro de Estudos Geológicos e Mineiros do Alentejo

Visitas Guiadas ao Complexo Mineiro de S. Domingos

Recursos Minerais de Portugal

saídas de campo Outras saídas serão divulgadas em breve...

Descobre a Mina no Museu. - A Geologia -

RELAÇÃO ENTRE O TEOR DE MINERAIS PESADOS COM A DENSIDADE GAMA E A GRANULOMETRIA

CRATERAS METEORÍTICAS NO BRASIL

A história das pedras, do Guincho às abas da Serra de Sintra

PLATAFORMA CONTINENTAL O Novo Mapa de Portugal. Seminário Diplomático

A taxa de alimentação das usinas de beneficiamento são diretamente proporcionais à dureza e à qualidade do minério è Estudo dos Materiais Duros;

DELIMITAÇÃO DE VARIAÇÕES LATERAIS NUM RESERVATÓRIO ALUVIONAR COM MÉTODOS ELÉCTRICOS. Nuno ALTE DA VEIGA 1

Jorge M.R.S. Relvas. (Última actualização: Fevereiro 2013) Artigos inseridos em publicações científicas periódicas (peer reviewed)

I: PRAIA DE PORTO DE MÓS

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA-GEOTÉCNICA DA CORTA DA MINA DE S. DOMINGOS, FAIXA PIRITOSA IBÉRICA

Homogeneiza<; lo da Cartografia Geol6gica do Cenoz6ico da, Area Metropolitana de Lisboa (AML)

Disponibilização de Informação sobre Recursos Hídricos via INTERNET

Aplicação e divulgação de modelos geológicos complexos no âmbito de projetos de património geológico-mineiro na Faixa Piritosa Ibérica

PROVAS. Key words: palynology, biostratigraphy, Pennsylvanian, Piauí Formation, Parnaíba Basin.

South America Mappack of Basin Stratigraphy (selected) Currently 33 Basins (222 columns) Main references for stratigraphic columns/transects

II.2.7. Geologia Sul Portuguesa, com ênfase na estratigrafia, vulcanologia física, geoquímica e mineralizações da faixa piritosa

O QUE SÃO BACIAS SEDIMENTARES

Diálogo com os alunos Realização e correção da avaliação diagnóstica. As teorias científicas são entidades imutáveis no tempo?

CAPÍTULO VI MODELO DE CORRELAÇÃO SISMOSTRATIGRÁFICA ENTRE AS MARGENS CONTINENTAIS SUL E SUDOESTE PORTUGUESAS

PALEONTOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA DOS SEDIMENTOS CENOZÓICOS DA REGIÃO DE EIRUNEPÉ, BACIA DO SOLIMÕES, AMAZONAS, BRASIL.

Um mergulho em Penha Garcia

PROJETO CONCEITUAL DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO DE CAMADAS DE CARVÃO UM ESTUDO DE CASO

SISTEMA AQUÍFERO: VIANA DO ALENTEJO ALVITO (A6)


Quarta Rodada de Licitações Bacia de Campos

AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA EM PORTUGAL CONTINENTAL DURANTE AS ÚLTIMAS TRÊS DÉCADAS

PLANO CURRICULAR DISCIPLINAR. Ciências Naturais 7.º Ano

Conceitos e Classificações de Jazigos Minerais. Morfologias. Estruturas internas. Texturas. Preenchimento. Substituição.

RESGATE DE FÓSSEIS EM REABERTURA DE AFLORAMENTO NA ÁREA URBANA DE PONTA GROSSA, PR

À descoberta da Geologia da Praia Grande, Sintra

Figura 1: Bosque de Casal do Rei, alguns meses após o incêndio que ocorreu no Verão de 2005.

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A

ESTRUTURA GEOLÓGICA E RELEVO AULA 4

Hidrografia e Litoral

FONSECA, P. E. 1 ISSN: Cadernos Lab. Xeolóxico de Laxe Coruña Vol. 30, pp Abstract

A importância das dunas frontais na avaliação da evolução da linha de costa- O caso da Praia da Manta Rota

Cognição e Aprendizagem em História e Ciências Sociais. Isabel Barca, Ana Catarina Simão, Júlia Castro, Carmo Barbosa, Marília

Posição da SPEA sobre a Energia Eólica em Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Areias: Geologia em Peças Separadas uma ferramenta interactiva para o ensino de Geociências do portal Casa das Ciências

BASENG Engenharia e Construção LTDA

PLANO CURRICULAR DISCIPLINAR. Ciências Naturais 7º Ano. Ano Lectivo: 2010/2011

45 mm SEDIMENTAÇÃO NO SEGMENTO COSTEIRO DE ITAIPU-CAMBOINHAS (NITERÓI-RJ) DURANTE O PLEISTOCENO MÉDIO/FINAL E HOLOCENO INICIAL.

SEMINÁRIO RECURSOS ENERGÉTICOS DO BRASIL: PETRÓLEO, GÁS, URÂNIO E CARVÃO Rio de Janeiro 30 de setembro de Clube de Engenharia

INTRODUÇÃO AO MINÉRIO DE FERRO DE MONCORVO

ISMAR DE SOUZA CARVALHO Editor PALEONTOLOGIA CONCEITOS MÉTODOS. 3a edição VOLUME 1 EDITORA INTERCIÊNCIA

Arquitectura da bacia vulcano-sedimentar de Aljustrel

Geologia da Bacia do Paraná. Antonio Liccardo

Professor: Anderson Carlos Fone:

CAPÍTULO 2. Caracterização Geológica do NW de Trás-os-Montes (Chaves, Montalegre e Boticas) EURICO PEREIRA* JOSÉ RODRIGUEs**

Feliz Ano 2012 Newsletter 8 Dezembro 2011

Universidade do Algarve Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente. Índice:

Boletim Climatológico Mensal Fevereiro de 2010

Figura 2.1. Baía de Todos os Santos (Grupo de Recomposição Ambiental/ Gérmen).

CloudPYME. Francisco Alba. Santiago de Compostela 28 de Maio 2013 Spot, Poland

GEOLOGIA PARA ENGENHARIA CIVIL SEDIMENTOS E PROCESSOS SEDIMENTARES: DO GRÃO À ROCHA SEDIMENTAR

Armazenamento de CO 2 Tipos de reservatórios e selecção de locais. Júlio Carneiro Centro de Geofísica de Évora

[1203] A DIVERSIFICAÇÃO ECONÓMICA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SUPORTE AO DESENVOLVIMENTO RURAL

PLANIFICAÇÃO CIÊNCIAS NATURAIS (8.º ANO) 2015/2016 Docentes: João Mendes, Madalena Serra e Vanda Messenário

Especialmente criado para: Soluções criativas para empresas vencedoras

PESQUISA MINERAL E O MEIO AMBIENTE

PLANO DE PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA NO CONSUMO (PPEC) REVISÃO DAS REGRAS

PROPOSTA DE HIERARQUIZAÇÃO PARA O REGISTRO SEDIMENTAR DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL

III ENCONTRO DE PROFESSORES DE GEOCIÊNCIAS DO ALENTEJO E ALGARVE

Geologia. Teste Intermédio de Geologia. Versão 1. Teste Intermédio. Versão 1. Duração do Teste: 90 minutos

O MAR QUE NOS UNE 20n

Exploração. Programa de Exploração AngloGold Ashanti Brasil

FLAG 2010 MEETING. Vila Velha de Ródão, 2011

CICLOESTRATIGRAFIA GLOBAL José Guilherme Rodrigues da Silva

A IBÉRIA, OS ATLÂNTICOS E OS MEDITERRÂNEOS

Boletim climatológico mensal dezembro 2012

Ricardo Alfredo da Silva Faria

A PALINOLOGIA COMO FERRAMENTA PARA APONTAR EVIDÊNCIAS DA OCUPAÇÕES HUMANAS NA ZONA DA MATA MINEIRA, MG, BRASIL

PEGADAS DE DINOSSÁURIOS NA PRAIA DA PAREDE (CASCAIS)

LOUSAL, PORTUGAL: PATRIMÓNIO GEOLÓGICO E MINEIRO DE UMA ANTIGA MINA NA FAIXA PIRITOSA IBÉRICA

Escola Secundária Mouzinho da Silveira Departamento de Ciências Sociais e Humanas Grupo de Recrutamento 420 Ano Letivo de 2014 / 2015 Curso Básico

Relatório de Licença Sabática

Agrupamento Vertical de Pias - Escola Básica Integrada com Jardim de Infância de Pias - Relatório -

Areias e Ambientes Sedimentares

IMPACTOS DE ATIVIDADES DE MINERAÇÃO NA DINÂMICA FLUVIAL DO RIO ARAQUÁ (SÃO PEDRO SP)

Avaliação da contaminação potencial de As numa zona de minas abandonadas uma abordagem geoestatística

Transcrição:

II Encontro de Professores de Geociências do Alentejo e Algarve Geologia, Mineralizações e Biodiversidade na Faixa Piritosa Cine Teatro de Mértola, 12 de Outubro de 2007 Resumo Palinoestratigrafia da Faixa Piritosa, Zona Sul Portuguesa Zélia Pereira INETI, Departamento de Geologia, Rua da Amieira, 4465-965 S. Mamede Infesta, Portugal Introdução O presente trabalho mostra uma síntese dos conhecimentos actuais sobre a Zona Sul Portuguesa (ZSP) em geral e, a Faixa Piritosa em particular, com ênfase na palinoestratigrafia (Pereira et al., 2007). A ZSP (Fig. 1) representa o ramo sul do Varisco Ibérico e compreende, essencialmente, rochas sedimentares de idade Devónico superior ao Moscoviano (Carbonífero superior). A ZSP subdivide-se em vários domínios principais, a saber de norte para sul, o Antiforma do Pulo do Lobo, a Faixa Piritosa, o Grupo do Flysch do Baixo Alentejo e o Sector Sudoeste (Anticlinais da Bordeira e Aljezur). O Antiforma do Pulo do Lobo é interpretado como um prisma acrecionário varisco. A Faixa Piritosa, considerada uma das mais importantes províncias metalogenéticas do mundo, foi depositada em ambiente marinho epicontinental, durante o Devónico superior, sofrendo fenómenos de extensão crustal durante o Devónico terminal (Estruniano) e o Carbonífero inferior originando o vulcanismo bimodal. O grupo do Flysch do Baixo Alentejo é composto por turbiditos de idade Viseano superior a Moscoviano. E finalmente, o Sector Sudoeste compreende os Anticlinais da Bordeira e Aljezur, foi depositado em ambiente marinho epicontinental que evoluiu para uma plataforma distal carbonatada/pelítica, de idade Devónico Superior (Estruniano) ao Serpukoviano superior a BAshkiriano médio (Carbonífero Superior). A geologia da Faixa Piritosa desde sempre atraiu os investigadores, em particular devido aos famosos jazigos de sulfuretos polimetálicos. Com efeito, a investigação geológica nesta região, esteve sempre muito concentrada em áreas como a litoestratigrafia, a petrologia e a geoquímica, e só muito recentemente surgiram novas áreas de investigação aplicadas, como a bioestratigrafia, a geologia sedimentar, vulcanismo físico e a geoquímica de sedimentos. Do ponto de vista estratigráfico, a Faixa Piritosa compreende três grandes unidades, da base para o topo, o Grupo Filito-Quartzítico (FQ) o Complexo Vulcano Sedimentar (CVS) e a Formação de Mértola (Mt) (Oliveira et al., 1998). O Grupo Filito-Quartzítico constitui a unidade detrítica basal e é composto por filitos, quartzitos e quartzovaques e xistos com intercalações de lentículas de calcários e nódulos na parte superior. A espessura é de cerca de 200m (base desconhecida). Esta unidade possui uma idade do 1

Fameniano superior (Devónico Superior) com base em fósseis de amonites, conodontes e palinomorfos (Boogaard, 1963, Fantinet et al., 1976, Cunha and Oliveira, 1989, Oliveira et al., 1997, Oliveira et al., 2004; Pereira et al., 2004, Oliveira et al., 2005). O Complexo Vulcano Sedimentar inclui vários episódios vulcânicos, intrusivos e extrusivos, onde se observa um domínio de rochas vulcânicas do tipo riolitos, riodacitos, basaltos e raros andesitos e intercalações de xistos negros, siltitos, raros quartzovaques, vulcaniclásticas, finamente intercaladas, jaspes e xistos borra de vinho. A espessura desta unidade é variável desde poucas dezenas de metros até 1000 m. O CVS foi depositado em ambiente marinho e possui uma idade escalonada entre o Devónico superior e o Viseano superior com base em raros conodontes e associações de palinomorfos (Oliveira, 1990; Oliveira et al., 1997, Oliveira et al., 2004, Pereira et al., 2004, Oliveira et al., 2005). Sobre o CVS deposita-se uma sucessão turbidítica, a Formação de Mértola. Esta unidade corresponde a unidade inferior do Grupo do Flysch do Baixo Alentejo, e compreende grauvaques, comglomerados e xistos com uma espessura total da ordem dos 3000m. A Formação de Mértola data do Viseano superior ao Serpukoviano inferior (Oliveira et al., 2004; Pereira et al., 2004). Palinoestratigrafia A palinoestratigrafia provou recentemente, ser a melhor metodologia para datar as unidades litoestratigráficas da ZSP e da Faixa Piritosa, permitindo estabelecer correlações entre unidades e fornecendo informações de suporte às interpretações estruturais, paleogeográficas e geodinâmicas. Na figura 2 é apresentado o esquema geral de Zonação de Miosporos da Europa Ocidental (Clayton et al, 1977; Clayton, 1996; Higgs et al, 1988; Streel et al, 1987) e sul de Portugal, com referência às espécies índex utilizadas na identificação de cada biozona de miosporos, assim como uma síntese dos resultados obtidos na Zona Sul Portuguesa. A estampa I ilustra o conjunto das espécies seleccionadas e identificadas na Faixa Piritosa. Todas as amostras para investigação palinológica foram tratadas por métodos normalizados. As amostras, lâminas e resíduos orgânicos estudados encontram-se arquivados no Departamento de Geologia do INETI, em S. Mamede de Infesta, Portugal. Os estudos palinoestratigráficos da ZSP remontam aos anos 80, com os trabalhos pioneiros de Oliveira et al., 1986 e Cunha et al., 1989, de suporte a trabalhos de cartografia geológica efectuados pelos Serviços Geológicos de Portugal. Em simultâneo, surgem trabalhos de palinoestratigrafia em Espanha, na região do Pulo do Lobo (Giese et al., 1988; Lake, 1991). Nos anos seguintes surgem projectos mais focalizados na investigação palinoestratigráfica. O estudo palinoestratigráfico detalhado dos Anticlinais da Bordeira e Aljezur, Sector Sudoeste da ZSP, permitiu identificar pela primeira vez 21 biozonas de miosporos e documentar cerca de 47 espécies de miosporos de idade Devónico Superior e mais de 200 espécies de miosporos do Carbonífero (Pereira et al., 1994; Pereira, 1998). Estes resultados provaram correlacionar perfeitamente com a biozonação local definida com base em amonóides (goniatites) (Korn, 1997). A primeira investigação palinoestratigráfica efectuada na Faixa Piritosa Ibérica correspondeu ao estudo da secção da região da mina de Neves Corvo. Este trabalho permitiu datar rigorosamente todas as unidades 2

locais o que a transforma na secção melhor datada da Faixa Piritosa Ibérica. Deste trabalho resultaram as seguintes conclusões: 1. O substracto detrítico possui uma idade do Fameniano superior; 2. O CVS possui uma idade compreendida entre o Fameniano superior (Estruniano superior) e o Viseano inferior; 3. A deposição da Fm. de Mértola ter-se-á iniciado durante o Viseano superior; 4. Foram identificados três hiatos, correspondendo ao Estruniano inferior a médio, ao Tournaisiano e à biozona de miosporos TC, do Viseano inferior alto; 5. Foi possível efectuar a datação rigorosa do minério de sulfuretos maciços que se encontra intercalado em xistos negros do Estruniano Superior. Estas datações permitiram também a interpretação tectónica da área da mina (Oliveira et al., 1997; Pereira et al., 2004; Oliveira et al., 2004; Oliveira e tal., 2006). Este estilo de estruturas tectónicas foi recentemente documentado, com base em dataçães palinoestratigráficas em outras regiões da Faixa Piritosa, nomeadamente nas estruturas antiformais da região de Albernôa, Serra Branca e Mina de São Domingos (Oliveira et al., 2005; Matos et al., 2006). Investigações palinoestratigráficas efectuadas no Antiforma do Pulo do Lobo, permitiram rever as datações das suas unidades constituintes com recurso a palinomorfos e estabelecer as seguintes correlações (Pereira et al., 2006): 1. As Formações de Pulo do Lobo e Atalaia exibem afinidade litológica e de deformação e não permitiram obtenção de datações; 2. As Formações de Ribeira de Limas e Gafo possuem miosporos de idade Frasniano inferior e as Formações Santa Iria, Horta da Torre e Represa foram datadas do Fameniano superior; Das afinidades encontradas em termos de idade e de comparação da assinatura palinífera é sugerido, que as bacias, Pulo do Lobo e Faixa Piritosa, estiveram em continuidade e pertenceram à mesma área paleogeográfica durante o Devónico superior. Referências BOOGAARD, M. V., 1967. Geology of the Pomarão region Southern Portugal. Thesis. Graf. Cent. Deltro. Rotherdam. CLAYTON, G., 1996. Mississippian Miospores. In: Jansonius J., McGregor D.C, (eds.), Palynology: Principles and applications. Am. Assoc. Strat. Palynol. Found, 2, 589-596. CLAYTON, G., COQUEL, R., DOUBINGER, J., GUEINN K.J., LOBOZIAK, S., OWENS, B., STREEL, M., 1977. Carboniferous Miospores of Western Europe: illustration and zonation. Meded. Rijks Geol. Dienst, 29, 1-71. CUNHA, T., OLIVEIRA, J. T., 1989. Upper Devonian Palynomorphs from the Represa and Phyllite- Quartzite Formation, Mina de São Domingos region, Southwest Portugal. Tectonostratigraphic implications. Bull. Société Belge Géol., 98 (3/4), 295-309. FANTINET, D., 1971. Mise en évidence d un chevauchement d age Varisque et étude de ses déformations ultérieures (Region de Mértola, Baixo Alentejo, Portugal). C.R. Heb. Scéanc. Acad. Sci. Paris. Sér. D. Sciences Naturelles, 272, 3122-3125. GIESE, U., REITZ, E., WALTER, R., 1988. Contributions to the stratigraphy of the Pulo do Lobo succession in Southwest Spain. Comun. Serv. Geol. Port., 74, 79-84. HIGGS, K., CLAYTON, G., KEEGAN, J.B., 1988. Stratigraphic and Systematic Palynology of the Tournaisian Rocks of Ireland. Geol. Surv. Ireland. Spec. Paper, 7, 1-93. KORN, D. 1997. The Palaeozoic ammonoids of the South Portuguese Zone. Mem. Serv. Geol. Portugal, 33, 1-129. 3

LAKE, P. A., 1991. The Biostratigraphy and Structure of the Pulo do Lobo Domain within Huelva Province, Southwest Spain. PhD Thesis, Univ. of Southampton, 1-324. MATOS, J.X., PEREIRA, Z., OLIVEIRA, V., OLIVEIRA, J.T., 2006. The geological setting of the S. Domingos pyrite orebody, Iberian Pyrite Belt. In: Mirão, J., Balbino, A. (eds.), VII Congresso Nacional de Geologia, Resumos alargados. Vol 1, 283-286. OLIVEIRA, J.T., 1990. Stratigraphy and syn-sedimentary tectonism in the South Portuguese Zone. In: Dallmeyer, R. D., Martinez Garcia, E. (eds.). Pre-Mesozoic Geology of Iberia. Springer Verlag. pp. 334-347. OLIVEIRA, J.T., CARVALHO, P., PEREIRA, Z., PACHECO, N., FERNANDES, J.P., KORN, D., 1997. The Stratigraphy of the Neves Corvo Mine Region. SEG - Neves Corvo Field Conference 1997. Abstract. OLIVEIRA, J. T., CUNHA, T., STREEL, M., VANGUESTAINE, M. 1986. Dating the Horta da Torre Formation, a new lithostratigraphic unit of the Ferreira - Ficalho Group, South Portuguese Zone: geological consequences. Com. Serv. Geol. Portugal, 72, 129-137. OLIVEIRA, J. T., PACHECO, N., CARVALHO, P., FERREIRA, A. 1997. The Neves Corvo Mine and the Paleozoic Geology of Southwest Portugal. In: F. J. A. S. Barriga, D. Carvalho (edts) Geology and VMS Deposits of the Iberian Pyrite Belt. Neves Corvo Field Conference. Soc. Econ. Geol. Guidebook Series, 27, 21-71. OLIVEIRA, J.T., PEREIRA Z., CARVALHO, P., PACHECO, N., KORN, D., 2004. Stratigraphy of the tectonically imbricated lithological succession of the Neves-Corvo mine region, Iberian Pyrite Belt. Implications for the regional basin dynamics. Min. Deposita 34, 422-436. OLIVEIRA, J.T., PEREIRA, Z., ROSA, C., ROSA, D., MATOS, J., 2005. Recent advances in the study of the stratigraphy and the magmatism of the Iberian Pyrite Belt, Portugal. In: Carosi, R., Dias, R., Iacopini, D., Rosenbaum, G., (eds.). The southern Variscan belt. Journal of the Virtual Explorer, Electronic Edition, 19, 9, 1441-8142. OLIVEIRA, J.T., RELVAS, J., PEREIRA, Z., MATOS, J., ROSA, C., ROSA; D., MUNHÁ, J.M., JORGE, R., PINTO, A., 2006. O Complexo Vulcano-Sedimentar da Faixa Piritosa: estratigrafia, vulcanismo, mineralizações associadas e evolução tectonoestratigráfica no contexto da Zona Sul Portuguesa. In: Dias, R., Araújo, A., Terrinha, P., Kullberg, J.C., (eds). Geologia de Portugal no contexto da Ibéria. Univ. Évora, Évora, 207-243. PEREIRA,, Z., 1999. Palinoestratigrafia do Sector Sudoeste da Zona Sul Portuguesa. Comun. Inst. Geol. Min. Portugal, 86, 1, 25-57. PEREIRA, Z., CLAYTON, G., OLIVEIRA, J.T., 1994. Palynostratigraphy of the Devonian-Carboniferous Boundary in Southwest Portugal. Ann. Soc. géol. Belgique, 117, 1, 189-199. PEREIRA, Z., FERNANDES, P., OLIVEIRA, J.T., 2006. Palinoestratigrafia do Domínio Pulo do Lobo, Zona Sul Portuguesa. Resumos alargados. In: Mirão, J., Balbino, A. (eds.), VII Congresso Nacional de Geologia, 2, 649-652. PEREIRA, Z., PACHECO, N., OLIVEIRA, J., 2003. A case of applied palynology: dating the lithological succession of the Neves Corvo Mine, Iberian Pyrite Belt, Portugal. XVth International Congress on Carboniferous and Permian Stratigraphy. Utrecht. Abstracts Book, 397-401. PEREIRA, Z., PACHECO, N., OLIVEIRA, J., 2004. A case of applied palynology: dating the lithological succession of the Neves- Corvo mine, Iberian Pyrite Belt, Portugal. In: Wong, Th.E (ed.,): Proceedings of the XVth ICCP Stratigraphy. R. D. Academy Arts and Sciences. PEREIRA, Z., MATOS, J., FERNANDES, P., OLIVEIRA, J.T., 2007. Devonian and Carboniferous palynostratigraphy of the South Portuguese Zone, Portugal - An overview. In: Pereira, Z., Oliveira, J. and Wicander, R. (eds.,): CIMPLisbon 07. Joint Meeting of Spores/Pollen and Acritarch subcomissions. Abstract Book, 111-114. STREEL, M., HIGGS, K., LOBOZIAK, S., RIEGEL, W., STEEMANS, P., 1987, Spore stratigraphy and correlation with faunas and floras in the type marine Devonian of the Ardenne-Rhenish regions. Rev. Palaeobot., Palynol., 50, 211-229. 4

Fig 1. Mapa Geológico esquemático da Zona Sul Portuguesa. 5

Fig 2. Esquema geral de Zonação de Esporos da Europa Ocidental (Clayton et al, 1977; Clayton, 1996; Higgs et al, 1988; Streel et al, 1987) e sul de Portugal e síntese dos resultados obtidos na Zona Sul Portuguesa. 6

ESTAMPA I Cada espécimen está referenciado por número de amostra, número da lâmina, coordenadas do microscópio e número de colecção INETI. 1. Grandispora echinata Hacquebard, 1957; Sondagem MP 3, Amostra 36,60-1, 1244-45, INETI 0501. 2. Grandispora cornuta Higgs 1975; Sondagem MP 3, Amostra 36,60-1, 1305-225, INETI 0502. 3. Cristatisporites triangulatus Allen 1965; Sondagem MP 3, Amostra 36,60-1, 1090-180, INETI 0503. 4. Gorgonisphaeridium ohioense (Winslow) Wicander, 1974; Sondagem MP 3, Amostra 36,60-3, 1200-138, INETI 0504. 5. Gorgonisphaeridium plerispinosum Wicander 1974; Sondagem MP 3, Amostra 36,60-3, 1190-175, INETI 0505. 6. Veryhachium downiei Stockmans & Willière, 1962; Sondagem MSD 1, Amostra 42,60-1, 1120-110, INETI 0506. 7. Emphanisporites annulatus McGregor, 1961; Sondagem MP 3, Amostra 36,60-2, 1335-160, INETI 0507. 8. Rugospora radiata (Jushko) Byvscheva 1985; Sondagem MP 3, Amostra 36,60-1, 1340-148, INETI 0508. 9. Retispora lepidophyta (Kedo) Playford, 1976; Sondagem MP 3, Amostra 42,60-1, 1245-100, INETI 0509. 10. Lycospora pusilla (Ibrahim) Schopf, Wilson & Bentall 1944; Sondagem MSD 1, Amostra 255,30-1, 1155-75, INETI 0510. 11. Densosporites sp.; Sondagem MSD 1, Amostra 255,30-1, 1095-135, INETI 0511. 12. Raistrickia nigra Love, 1960; Sondagem MSD 1, Amostra 359,40-1, 1380-180, INETI 0512. 7