Palavras-chave: Rotylenchulus reniformis, nematicida, abamectina, controle químico. INTRODUÇÃO

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Transcrição:

EFICIÊNCIA DO NEMATICIDA ABAMECTINA (AVICTA 500 FS) PARA O CONTROLE DE Rotylenchulus reniformis EM ALGODOEIRO Gossypium hirsutum ATRAVÉS DO TRATAMENTO DE SEMENTES Bruno Ventura Lovato (AGRICOOP / bruno.lovato@syngenta.com), Antônio Carlos Nascimento Junior (Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.), Nilceli Fernades Buzzerio (Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.), Leandro Martinho (Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.). RESUMO Visando avaliar a eficiência da abamectina como nematicida para controle do nematóide reniforme (Rotylenchulus reniformis) em algodoeiro, através do tratamento de sementes, instalou-se um experimento em casa-de-vegetação na Estação Experimental da Syngenta em Holambra. Para tanto, foi utilizada a dose de 300 ml de Avicta 500 FS/100 kg de sementes em três níveis populacionais de R. reniformis (0, 3000 e 6000 nematóides/planta). O tratamento das sementes foi realizado utilizando o método do saco plástico. Para o plantio das sementes das variedades de algodão, foram utilizados vasos plásticos com capacidade para 1 L de solo, esterilizado em autoclave. A inoculação das populações de nematóides foi realizada cinco dias após a emergência. Foram realizadas três avaliações de altura de plantas, aos 18, 30 e 45 dias após a inoculação (DAI), e uma avaliação de penetração aos 18 DAI mediante a contagem de fêmeas parasitando as raízes. Os resultados obtidos permitem concluir que a abamectina (Avicta 500 FS), na dosagem de 300 ml p.c./100 Kg, ofereceu proteção radicular ao nematóide reniforme nos dois níveis de inóculo testados, não se observando qualquer sintoma de fitotoxidade do tratamento à cultura. Palavras-chave: Rotylenchulus reniformis, nematicida, abamectina, controle químico. INTRODUÇÃO A cultura do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) vem ganhando cada vez mais destaque na agricultura brasileira, devido a grande importância de sua fibra para a indústria têxtil. Nos últimos dez anos, por exemplo, a produção nacional anual quase triplicou, saindo da marca de 509 mil toneladas de algodão em pluma, em 1995, para 1,36 milhões de toneladas, em 2005. Contribuindo com grande parte desse resultado, o cerrado brasileiro, no mesmo período, incrementou sua produção em mais de sete vezes, saindo da marca de 123 mil toneladas para 876 mil toneladas (IBGE, 2005). Segundo Aquino (2006), projeções para as próximas safras indicam que a produção brasileira irá crescer de forma gradativa nos próximos anos devido a crescente demanda por matéria-prima pela indústria têxtil. Esse crescimento vertiginoso da cultura acarretou em alterações drásticas no manejo da cultura de modo a favorecer determinados organismos patogênicos, como, por exemplo, os nematóides. Dentro desse grupo, o nematóide das galhas Meloidogyne incognita (KOFOID e WHITE) Chitwood, o nematóide reniforme Rotylenchulus reniformis (LINFORD e OLIVEIRA) e o nematóide das lesões Pratylenchus brachyurus (GODFREY) são os organismos de maior importância atualmente para a cultura do algodoeiro (SUASSUNA et al., 2006; NCCA, 2007). Um desses nematóides, o R. reniformis, encontra-se associado a mais de 140 espécies vegetais, sendo 56 culturas agrícolas, além da cultura do algodão (JATALA, 1991). No estado de São Paulo, por exemplo, esse nematóide ocorre em 92,3% das áreas produtoras de algodão (MACHADO,

2005), em virtude principalmente ao cultivo intensivo e ausência de cultivares de algodão resistentes a esse nematóide. O controle desse nematóide, por sua vez, pode ser realizado com rotação de culturas, no entanto essa prática frequentemente enfrenta grande resistência dos produtores e, além disso, devido a alta persistência desse organismo no solo, a ausência de um hospedeiro por apenas um ano agrícola não basta para que a população reduza abaixo do nível de dano econômico. O controle com nematicidas eficazes, em aplicações via tratamento de sementes, objeto deste trabalho, pode ser uma alternativa muito mais segura sob os aspectos toxicológicos e ambientais e com maior viabilidade técnica e econômica para o produtor. Portanto, objetivou-se, com esse trabalho, avaliar a eficácia da abamectina (Avicta 500 FS), em tratamento de sementes, no controle do nematóide reniforme em três diferentes níveis de inóculo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado nos meses de Março a Maio de 2007, em casa-de-vegetação na Estação Experimental da Syngenta, Holambra/SP, sem controle de temperatura e umidade. Para tanto, sementes de algodão (Fiber Max 966) foram tratadas com abamectina (Avicta 500 FS) na dosagem de 300 ml p.c./100 Kg de sementes (150 g i.a./100 Kg), utilizando-se o método do saco plástico. O nematicida padrão utilizado foi o aldicarb (Temik 150) aplicado no sulco de plantio na dose de 12 Kg p.c./ha (0,01 g p.c./planta). As sementes destinadas aos tratamentos padrão e testemunha não foram tratadas. As sementes foram colocadas individualmente em covas de 2 cm de profundidade, em vasos com 1 L de capacidade em solo esterilizado em autoclave (121ºC por 40 mim). Cinco dias após a emergência das plântulas de algodão, procedeu-se a extração em liquidificador e centrífuga dos ovos de R. reniformis de raizes infectadas de mamona, de acordo com o procedimento descrito por Coolen & D'Herde (1972), e inoculação de três níveis de R. reniformis: 0, 3.000 e 6.000 ovos por planta. Foram realizadas avaliações de altura e número de fêmeas por planta. As avaliações de altura de plantas foram realizadas 18, 30 e 45 dias após a inoculação (DAI) e a contagem do número de fêmeas nas raizes aos 18 DAI. Utilizou-se para a contagem do número de fêmeas nas raizes o método de coloração com Floxina B (TAYLOR e SASSER, 1978). Os valores obtidos foram transformados usando log10 (x + 1), de modo a normalizar as diferenças entre tratamentos. Posteriormente, os dados foram submetidos à análise de variância e no caso de efeito significativo dos tratamentos, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A análise de variância foi realizada para os dados de uma mesma cultivar e um mesmo nível de inóculo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na figura 1, é possível observar que o uso de Avicta 500 FS incrementou numericamente a altura das plantas de algodão tanto na presença como na ausência de nematóide no solo. Verificou-se aos dezoito e trinta dias após a inoculação, que as duas doses de Avicta 500 FS diferiram da testemunha quanto ao tamanho de plantas, diferentemente do padrão Temik 150 que não diferiu da testemunha, embora ambos os produtos não tenham diferido entre si, na presença dos dois níveis de nematóides testados. Semelhantemente as avaliações realizadas ao 18º e 30º DAI, a avaliação ao 45º DAI mostrou que ambas as doses de Avicta 500 FS diferiram da testemunha quanto ao tamanho de plantas, diferentemente do padrão Temik 150 que não diferiu da testemunha, embora a dose de 300 ml de Avicta 500 FS não tenham diferido do Temik 150, na presença dos dois níveis de nematóides testados (Tab. 1). Quanto ao número de fêmeas no sistema radicular (Fig. 2), verificou-se que ambas as doses

de Avicta 500 FS reduziram numericamente o número de fêmeas por raiz, para os dois níveis de inóculo testados. No entanto somente a dose de 300 ml de Avicta 500 FS diferiu estatisticamente da testemunha (Tab. 2), de forma diferente, os tratamentos Avicta 500 FS, na dose de 100 ml, e Temik 150 não diferiram da testemunha quanto a proteção das raízes das fêmeas do nematóide. Em trabalho similar, Monfort et al. (2006) relataram diferença de porte, redução populacional e redução de galhas em plantas de algodoeiro que tiveram suas sementes tratadas com 100 g de abamectina/100 Kg de sementes em relação a testemunha não tratada, em vasos inoculados com 5.000 ovos e J2 de M. incognita. Tabela 1. Altura média de plantas (cm) de algodoeiro, provenientes de sementes tratadas ou não com Avicta 500 FS e Temik 150, inoculadas com Rotylenchulus reniformis (0, 3.000 e 6.000 nematóides/planta). Holambra, 2007. Avaliação (DAI) Nematóides por planta Testemunha* AVICTA 100 AVICTA 300 TEMIK 150* V%** 0 17,15 a 16,12 a 18,7 a 19,1 a 17,36 18 3.000 14,25 b 18,15 a 18,54 a 16,95 ab 16,78 6.000 13,6 b 19,5 a 17,81 a 16,9 ab 18,55 0 23,88 ab 19,7 b 25,1 a 23,35 ab 16,89 30 3.000 18,1 b 23,6 a 23,2 a 21 ab 16,12 6.000 16,81 b 24,8 a 22,5 a 20,3 ab 17,48 0 26,25 ab 23 b 28,0 a 25,8 ab 18,73 45 3.000 20,1 c 27 a 26,2 ab 23,2 bc 15,28 6.000 19,4 c 28 a 25,5 ab 22,1 bc 16,77 *As médias seguidas de mesmas letras nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. ** Coeficiente de variação dos testes realizados para uma mesma avaliação e mesmo nível de inóculo. Tabela 2. Número médio de fêmeas de Rotylenchulus reniformis em plantas de algodoeiro provenientes de sementes tratadas ou não com Avicta 500 FS e Temik 150, inoculadas com 3.000 e 6.000 nematóides/planta, 18 dias após a inoculação. Holambra, 2007. Nematóides por planta Testemunha* AVICTA 100 AVICTA 300 TEMIK 150* V**(%) 3.000 59,25 a 29,5 ab 20,5 b 26,5 ab 27,19 6.000 97,0 a 53,5 ab 18,5 b 61,25 ab 29,08 *As médias seguidas de mesmas letras nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. ** Coeficiente de variação dos testes realizados para um mesmo nível de inóculo.

Figura 1. Altura média de plantas (cm) de algodoeiro, provenientes de sementes tratadas ou não com Avicta 500 FS e Temik 150, inoculadas com Rotylenchulus reniformis (0, 3.000 e 6.000 nematóides/planta). Holambra, 2007. Figura 2. Número médio de fêmeas de Rotylenchulus reniformis em plantas de algodoeiro, provenientes de sementes tratadas ou não com Avicta 500 FS e Temik 150, inoculadas com 3.000 e 6.000 nematóides/planta. Holambra, 2007.

CONCLUSÕES Os resultados obtidos permitem concluir que a abamectina (Avicta 500 FS), na dosagem de 300 ml p.c./100 Kg, ofereceu proteção radicular ao nematóide reniforme nos dois níveis de inóculo testados, diferentemente dos tratamentos Temik 150 e Avicta 500 FS, na dose de 100 ml p.c./kg de sementes que não diferiram da testemunha. Também, houve incremento eventual no porte das plantas com o uso Avicta 500 FS na presença do nematóide. Não foi observado nenhum sintoma de fitotoxidade advinda da aplicação dos tratamentos, nas dosagens utilizadas no estudo. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Fornecer a cadeia produtiva do algodão uma ferramenta eficaz e prática de manejo do nematóide reniforme, de modo a reduzir os prejuízos causados por esse organismo ao cotonicultor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, D.F. Algodão: perspectivas dos mercados nacional e internacional - safras 2006/2007 e 2007/2008. In: CONAB. Indicadores da Agropecuária. Brasília, 2006. Disponível em: http://www.conab.gov.br. Acesso em Abril de 2007. BLASINGAME, D.C. and PATEL, M.V. Cotton disease loss estimate committee report. In: BELTWIDE COTTON CONFERENCES, 2005, Memphis. Proceedings... Memphis, TN: National Cotton Council of America, 2005. p. 259-262. BYRD, Jr., D.W.; KIRKPATRICK, J.; BARKER, K.R. An improved technique for clearing and staining plants tissues for detection of nematodes. Journal of Nematology, v.15, n.1, p. 142-143, 1983. COOLEN, W.A. and D'HERDE, C.J. A method for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. Ghent: State Agricultural Research Center, 1972. 77 p. IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola. Rio de Janeiro, 2005. JATALA, P. Reniform and false root-knot nematodes, Rotylenchulus and Nacobbus spp. In Nickle, W.R. (Ed.) Manual of agricultural nematology. New York:. Marcel Dekker, 1991.p. 509-528. MACHADO, A.C.Z.; SIQUEIRA, K.M.S.; GALBIERI, R.; CIA, E. Levantamento preliminar das espécies de fitonematóides associadas à cultura do algodão no estado de São Paulo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 5., 2005, Salvador BA. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. CD-ROM MONFORT, W.S.; KIRKPATRICK, T.L.; LONG, D.L.; RIDEOUT, S. Efficacy of a Novel Nematicidal Seed Treatment against Meloidogyne incognita on Cotton. Journal of Nematology, v. 38, n.2, p. 245-249. 2006. NCCA. Understanding cotton nematodes. Disponível em: http://www.cotton.org/tech/pest/nematode/ucn.cfm. Acesso em Abril de 2007. SUASSUNA, N.D.; CHITARRA, L.G.; ASMUS, G.L.; INOMOTO, M.M. Manejo de doenças do algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. (Circular Técnica, 97) TAYLOR, A.L. ; SASSER, J.N. Biology, identification and control of root-knot nematodes (Meloidogyne sp.). Raleigh: North Carolina State Univervity, 1978. 111 p.