SISTEMA PARA A GERAÇÃO AUTOMÁTICA DE PRODUTOS DE IMAGENS AVHRR-NOAA PARA MONITORAMENTO AGRÍCOLA RESUMO



Documentos relacionados
GERAÇÃO AUTOMÁTICA DE PRODUTOS DERIVADOS DE IMAGENS AVHRR-NOAA NO AGRITEMPO

Determinação de data de plantio da cultura da soja no estado do Paraná por meio de composições decendiais de NDVI

Desenvolvimento de um sistema automático para a geração de produtos derivados de imagens AVHRR-NOAA

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS NO MONITORAMENTO DA CULTURA DA SOJA

PROCESSAMENTO DOS DADOS AVHRR DO SATÉLITE NOAA E APLICAÇÃO SOBRE A REGIÃO SUL DO BRASIL. Leonid Bakst Yoshihiro Yamazaki

MAPEAMENTO DA COBERTURA VEGETAL DE ÁREAS DE GRANDE EXTENSÃO ATRAVÉS DE MOSAICOS DE IMAGENS DO NOAA-AVHRR

USO DA TÉCNICA DE ANALISE POR COMPONENTE PRINCIPAL NA DETECÇÃO DE MUDANÇAS NA COBERTURA DO SOLO

ANÁLISE DE QUATRO ANOS DO BANCO DE IMAGENS NOAA14-AVHRR DO ESTADO DE SÃO PAULO J ANSLE VIEIRA ROCHA RUBENS LAMPARELLI

IMAGENS DE SATÉLITE PROF. MAURO NORMANDO M. BARROS FILHO

Extração de Séries Temporais de Imagens de Satélite para Monitoramento de Safras Agrícolas e de Dados Climáticos

Cálculo de volume de objetos utilizando câmeras RGB-D

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS NO MONITORAMENTO DA CULTURA DA SOJA

044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

INCORPORAÇÃO DE IMAGENS AVHRR NO MODELO ITPP5.0 PARA CLASSIFICAÇÃO DE PADRÕES DE NEBULOSIDADE

MAPEAMENTO DE CLASSES INTRAURBANAS NO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA (SP) UTILIZANDO IMAGENS LANDSAT-5 TM E IMAGEM NDBI

MundoGEOXperience - Maratona de Ideias Geográficas 07/05/2014

Geração automática de produtos derivados de imagens AVHRR-NOAA para monitoramento de áreas inundáveis do Pantanal

Índice de vegetação em clone de seringueira após a desfolha anual Vegetation Index in rubber clone after the annual defoliation

Processamento de Imagem. Prof. Herondino

Sensoriamento Remoto. Características das Imagens Orbitais

VARIABILIDADE ESPAÇO TEMPORAL DO IVDN NO MUNICIPIO DE ÁGUAS BELAS-PE COM BASE EM IMAGENS TM LANDSAT 5

GERAÇÃO AUTOMÁTICA DE PRODUTOS DERIVADOS DE IMAGENS AVHRR-NOAA PARA MONITORAMENTO DE ÁREAS INUNDÁVEIS DO PANTANAL

10 FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM COMPARAÇÃO DE FUSÃO ENTRE AS IMAGENS DO SATÉLITE RAPID EYE, CBERS E SPOT.

Sistemas Sensores. Introdução

LEAA Laboratório de Estudos em Agricultura e Agrometeorologia

15- Representação Cartográfica - Estudos Temáticos a partir de imagens de Sensoriamento Remoto

OBTENÇÃO DE IMAGEM DO GOOGLE EARTH PARA CLASSIFICAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Aula 3 - Registro de Imagem

ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NDVI E EVI, IAF E FPAR DA CANOLA A PARTIR DE IMAGENS DO SATÉLITE MODIS.

Monitoramento agrícola usando análise harmônica de séries temporais de dados NDVI/AVHRR-NOAA

MONITORAMENTO METEOROLÓGICO-ESPECTRAL DE CULTURAS AGRÍCOLAS POR MEIO DE PERFIS TEMPORAIS

Geomática e SIGDR aula teórica 23 17/05/11. Sistemas de Detecção Remota Resolução de imagens

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES DE SOFTWARE PARA ANÁLISE DO ESPECTRO SOLAR

Análise das técnicas de fusão de imagens aplicadas ao satélite CBERS-2B (CCD-HRC) Claudinei Rodrigues de Aguiar¹ Danielli Batistella¹

MONITORAMENTO DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE EM ÁREAS URBANAS UTILIZANDO GEOTECNOLOGIAS

SENSORES REMOTOS. Daniel C. Zanotta 28/03/2015

Aula 1 Professor Waterloo Pereira Filho Docentes orientados: Daniela Barbieri Felipe Correa

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE. Correção geométrica de imagens

Tópicos em Meio Ambiente e Ciências Atmosféricas

PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (SERP11) OPERAÇÕES ARITMÉTICAS. Daniel C. Zanotta

Aplicação de lógica fuzzy para estimativa de área plantada da cultura de soja utilizando imagens AVHRR-NOAA

FOTOINTERPRETAÇÃO. Interpretação e medidas. Dado qualitativo: lago

DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO ATRAVÉS DE IMAGENS METEOSAT-8

USO DO MATLAB NA GERAÇÃO DE IMAGEM SINTÉTICA COM MENOR PROPORÇÃO DE NUVEM

ESTIMATIVA DE NDVI UTILIZANDO IMAGENS DOS SATÉLITES CBERS-2B_CCD, CBERS-2B_WFI E METEOSAT-9_SEVIRI 4

Mapeamento do risco de incêndio na bacia do Alto Paraguai utilizando dados AVHRR-NOAA

Sensoriamento Remoto

Comparação entre Variáveis Meteorológicas das Cidades de Fortaleza (CE) e Patos (PB)

Aula 3 - Registro de Imagem

EXTRACÇÃO DE SOMBRA A PARTIR DE IMAGENS DE SATÉLITE DE ALTA RESOLUÇÃO

Renzo Joel Flores Ortiz e Ilka Afonso Reis

MANUAL DO USUÁRIO DO SIE-SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA O ENSINO

Detecção de Mudanças da Cobertura Terrestre na Ilha do Formoso, Município de Lagoa da Confusão-TO

ANÁLISE DE ÁREAS DEGRADADAS NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA - SP, UTILIZANDO IMAGENS DO SENSOR TM LANDAST 5

Introdução aos Sistemas de Informação Geográfica

C a p í t u l o I V. P r o c e s s a m e n t o d a s I m a g e n s O r b i t a i s d o s S e n s o r e s T M e E T M

SENSORIAMENTO REMOTO NO USO DO SOLO

ESTIMATIVA DA PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO BASEADO EM MODELO FENOLÓGICO-ESPECTRAL

EXPANSÃO DA SOJA PARA A PORÇÃO NORTE DO BIOMA CERRADO NO ESTADO DO PIAUÍ

Características das Imagens de SAR

2 Doutor Prof. Instituto de Ciências Atmosféricas, ICAT/UFAL, dimas.barros91@hotmail.com

MAPEAMENTO DO RISCO DE INCÊNDIO NA BACIA DO ALTO PARAGUAI UTILIZANDO DADOS AVHRR-NOAA

Monitoramento da Vegetação do Estado da Paraíba nos Anos 2008 e 2009

ESTUDO DE CASO: ÍNDICE DE UMIDADE DO SOLO UTILIZANDO IMAGENS DO SENSOR MODIS PARA O MUNICÍPIO DE BELEM DO SÃO FRANCISCO, PE

Avaliação da qualidade radiométrica das imagens do satélite CBERS-2B. Érica Josiane Coelho Gouvêa Leila Maria Garcia Fonseca

Detecção de mudanças em imagens oriundas de sensoriamento remoto, usando conjuntos fuzzy.

Intercomparação de produtos AQUA&TERRA/MODIS e Suomi-NPP/VIIRS sobre o Brasil

VANTAGENS NO USO DAS IMAGENS DA CÂMARA ADS40

Análise da qualidade de imagens Landsat-1-MSS entre os anos de 1972 e 1975 para o bioma Cerrado

Detecção automática de sombras e nuvens em imagens CBERS e Landsat 7 ETM

Global T126 e GFS), executando para ambos os horários (00Z e 12Z), utilizando

Introdução ao Sensoriamento Remoto. Sensoriamento Remoto

ebook Guia prático para download das imagens gratuitas do INPE

Para que um sensor possa coletar e registrar a energia refletida ou emitida por um objeto ou superfície, ele tem que estar instalado em uma

Uso de técnicas de segmentação de imagens SAR JERS-1 na Floresta Amazônica. Gerardo Kuntschik 1 Luciano V. Dutra 1 Pedro Hernandez Filho 2

Geração e Interpretação de Mapas de Produtividade. Laboratório de Agricultura de Precisão II

Monitoramento temporal de variáveis espectrais em áreas do Pantanal utilizando dados AVHRR/NOAA-17

Seminário Disciplina de Fotointepretação. Bruno Beust - João Paulo

ANÁLISE TEMPORAL DE ÍNDICES DE VEGETAÇÃO UTILIZANDO TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO.

SISTEMA DE SAÚDE E EXPANSÃO URBANA: ANÁLISE E MAPEAMENTO DO MUNICÍPIO DE LEME/SP

ANÁLISE DA TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM NA REGIÃO DE MACHADO (MG) POR MEIO DE COMPOSIÇÕES COLORIDAS MULTITEMPORAIS

Ferramentas de sensoriamento remoto e SIG aplicadas ao novo Código Florestal

Subtração de imagens para detecção de mudanças na cobertura vegetal da bacia hidrográfica do Rio Alegre Alegre/ES

SPMSAT - APLICATIVO PARA ESTUDOS DE SISTEMAS PRECIPITANTES DE MESOESCALA UTILIZANDO IMAGENS DE SATÉLITE

Variabilidade temporal de índice de vegetação NDVI e sua conexão com o clima: Biomas Caatinga Brasileira e Savana Africana

ArcGIS: Rescale em Batch, Composição Colorida RGB e Fusão de Imagens Landsat-8

Reinaldo Lúcio Gomide Embrapa Milho e Sorgo

Cobertura Fotogramétrica com uma Câmara Digital

APÊNDICE D. D.1 - Arquivos de Entrada para o Processamento da Terceira Rotina (Vlsfit)

NDVI de estádios de desenvolvimento da soja BRS 284 em condições de campo

REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ARBORIZAÇÃO URBANA, Volume 2, Número 3, 2007.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Dados para mapeamento

PRINCIPAIS FUNCIONALIDADES DO SOFTWARE GLOBAL MAPPER

MAPEAMENTO FLORESTAL

SISTEMA COMPUTACIONAL PARA ANÁLISES DE DADOS EM AGRICULTURA DE PRECISÃO

UFGD FCA PROF. OMAR DANIEL BLOCO 4 PROCESSAMENTO DE IMAGENS

Materiais e Métodos Resultados e Discussões

SOFTWARE PARA ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE ENERGIA SOLAR À SUPERFÍCIE

MAPEAMENTO DA COBERTURA VEGETAL NA SUB-BACIA DO CÓRREGO PINHEIRINHO/BOTUCATU/SP UTILIZANDO O NDVI

Transcrição:

SISTEMA PARA A GERAÇÃO AUTOMÁTICA DE PRODUTOS DE IMAGENS AVHRR-NOAA PARA MONITORAMENTO AGRÍCOLA JOÃO FRANCISCO GONÇALVES ANTUNES 1 JÚLIO CÉSAR DALLA MORA ESQUERDO 2 JURANDIR ZULLO JR. 3 RESUMO A geração de produtos AVHRR-NOAA demanda muito tempo e requer uma técnica automatizada para processamento das imagens devido a sua alta resolução temporal. Este artigo descreve o desenvolvimento de um sistema de processamento de imagens AVHRR-NOAA totalmente automático. Os resultados têm mostrado que quando as imagens são livres de ruídos e sem muitas nuvens, o sistema foi eficaz gerando produtos geometricamente precisos, com erros não maiores que um pixel. O sistema desenvolvido mostrou ser uma ferramenta importante para usuários de imagens NOAA, especialmente os que necessitam de uma grande série temporal com alta precisão geométrica para monitoramento agrícola. PALAVRAS-CHAVE: Sensoriamento remoto, Processamento de imagens, Georreferenciamento preciso. SYSTEM FOR AUTOMATIC GENERATION OF AVHRR-NOAA IMAGES PRODUCTS FOR CROP MONITORING ABSTRACT Making products for AVHRR-NOAA imagery is time-consuming and an automated technique for image processing is required due to its high temporal resolution. This paper describe the development of a system for full-automated AVHRR-NOAA image processing. The results have shown that when using input images with no noises and not too cloud, the system was effective, making products geometrically precise, with errors not greater than a pixel. The developed system showed to be an important tool for NOAA image users, especially those who need to use large temporal series with high geometric precision for crop monitoring. KEYWORDS: Remote sensing, Image processing, Precision georeferencing. 1 Pesquisador Embrapa Informática Agropecuária, Av. Dr. André Tosello, 209, Barão Geraldo. Caixa Postal 6041 - CEP: 13083-970, Campinas - SP, Brasil. 2 Doutorando da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Caixa Postal 6011 - CEP: 13083-875, Campinas - SP, Brasil. 3 Pesquisador do Centro de Pesquisas Climáticas e Meteorológicas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI), UNICAMP. CEP: 13083-970 - Campinas - SP, Brasil.

1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos as imagens de sensores remotos orbitais têm sido uma fonte importante de dados para estudos geográficos, agrometeorológicos e ambientais em nível regional, por proverem a necessária visão temporal da superfície terrestre. Um sensor particularmente importante é o Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR), a bordo da série de satélites da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), cujos produtos têm sido aplicados no monitoramento agrícola. O Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) possui um banco de imagens AVHRR-NOAA iniciado em abril de 1995, com aproximadamente dois terabytes de dados. Atualmente são recebidas em média 10 imagens por dia dos satélites NOAA 12, 14, 15, 16 e 17 em operação. Uma das grandes vantagens dessas imagens é a sua elevada resolução temporal, com garantia de cobertura diária e de aquisição gratuita, características fundamentais no estudo de alvos com grande dinâmica espectral como a vegetação. Porém, o elevado número de imagens diariamente disponíveis torna a geração de produtos AVHRR-NOAA uma rotina trabalhosa e com um certo nível de intervenção humana. Uma etapa fundamental para a geração de produtos é o georreferenciamento preciso das imagens, o que nem sempre é exeqüível por meio dos softwares atualmente disponíveis. Diante dessas dificuldades e da necessidade de se gerar produtos com qualidade de forma automática, o presente trabalho aborda o desenvolvimento de um sistema para o processamento das imagens AVHRR-NOAA, para fins de monitoramento agrícola, sem qualquer intervenção humana. 2. MATERIAIS E MÉTODOS As imagens AVHRR-NOAA foram obtidas do acervo histórico do CEPAGRI em seu estado bruto. Foram utilizadas imagens diurnas dos satélites NOAA-16 e NOAA-17, com horários de passagem próximos das 17h30 e 14h GMT, respectivamente, no período de novembro de 2003 a março de 2004, época do ciclo de desenvolvimento da soja na região oeste do Estado do Paraná. O sistema foi implementado em script c-shell sob a plataforma Linux. A primeira parte é composta por um conjunto de comandos que acionam os módulos de processamento das

imagens disponíveis no pacote de software NAV (NAVigation), de conversão de formato, calibração radiométrica e georreferenciamento preciso das imagens, desenvolvido pelo Dr. Daniel G. Baldwin, em linguagem C. Essa tecnologia foi repassada gratuitamente pelo Colorado Center for Astrodynamics Research (CCAR), Aerospace Engineering Sciences, da Universidade do Colorado, EUA. A segunda parte é responsável pela geração de produtos implementada com a linguagem de programação IDL 4.0 (Interactive Development Language) do software ENVI 6.0 (The Environment for Visualizing Images), também acionada pelo script c-shell. (Figura 1). FORMATO BRUTO IMAGEM BASE CALIBRAÇÃO RADIOMÉTRICA MCC NAVEGAÇÃO INDIRETA ERROS DE ATITUDE 7 ARQUIVOS DE SAÍDA ROTINA P/ GERAÇÃO DE PRODUTOS ARQUIVO FINAL COM 7 BANDAS MÁSCARA DE NUVENS NDVI NDMI FIGURAS JPEG Figura 1: Fluxograma resumido do sistema. O processo inicia-se com a conversão da imagem AVHRR-NOAA em seu formato bruto para um formato compatível com os processos subseqüentes. Em seguida é feita a calibração radiométrica, transformando os valores de nível de cinza para reflectância aparente (no topo da atmosfera) para as bandas 1, 2 e 3A e temperatura de brilho, para as bandas 4 e 5, seguindo as metodologias descritas pela NOAA (GOODRUM et al., 2004) e por RAO e CHEN (1996). A seguir é realizado o georreferenciamento baseado na metodologia de navegação indireta descrita por ROSBOROUGH et al. (1994), que considera como a maior fonte de erros nesse processo a imprecisão no ângulo dos três eixos de posicionamento do satélite no momento de sua passagem. Para determinar esses erros de atitude, o método faz uso de pontos de controle coletados automaticamente por meio da técnica da Máxima Correlação Cruzada (MCC), que compara a imagem alvo que se pretende corrigir a uma imagem base

geometricamente precisa e sem nuvens (BOWEN et al., 2002). A partir disso obtêm-se cinco arquivos referentes as bandas espectrais calibradas e corrigidas geometricamente, com a região que engloba o Paraná, centrada nas coordenadas geográficas 24º30 S e 51º20 W. Também são gerados dois arquivos com o ângulo zenital solar e ao ângulo de elevação do satélite para cada pixel da imagem. O primeiro produto gerado é um arquivo contendo sete bandas, reunindo os sete arquivos criados anteriormente num único arquivo. Os dados da imagem de saída são gravados em números inteiros, multiplicados por dez, para redução do tamanho final do arquivo. O segundo produto gerado é um arquivo contendo a máscara de nuvens e os índices de vegetação. A máscara de nuvens foi criada por uma combinação dos critérios das Equações (1), (2) e (3) descritos por FRANÇA e CRACKNELL (1995) e por CHEN et al. (2002). 1 o. critério: B1 > 15 (1); 2 o B2. critério: 0,8 1,6 e B4 < 270 (2); B1 3 o. critério: B5 < 280, onde (3) B1 = banda 1 - visível (%); B2 = banda 2 - infravermelho próximo (%); B4 = banda 4 - infravermelho termal (K); B5 = banda 5 - infravermelho termal (K). O primeiro índice de vegetação é o Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) calculado por meio da Equação (4). Inicialmente proposto por ROUSE et al. (1973), o NDVI é bastante utilizado para avaliação das mudanças do vigor vegetal das plantas. Conforme HOLBEN et al. (1980), apresenta correlação com o índice de área foliar, biomassa e produtividade da vegetação. B2 B1 NDVI = (4) B2 + B1 O outro índice de vegetação é o Normalized Difference Moisture Index (NDMI) calculado por meio da Equação (5). Segundo WILSON e SADER (2002), o pouco conhecido NDMI é mais sensível à água que o NDVI, em função das regiões de absorção d água na faixa do infravermelho médio que é menos influenciada pelos efeitos atmosféricos. Em função disso, pode indicar a presença de umidade na vegetação e no solo permitindo obter um maior contraste entre diferentes tipos de vegetação, refletindo melhor as mudanças de biomassa.

B2 B3 NDMI =, onde (5) B2 + B3 B3 = banda 3A - infravermelho médio. Seguindo as recomendações de CHEN et al. (2003), a rotina para cálculo desses índices apresenta a opção para mascarar os pixels com ângulo zenital solar maior que 70º e ângulo de elevação do satélite maior que 42º, considerados inaptos para análise espectral, devido à baixa luminosidade solar e pela distorção do tamanho do pixel muito fora do nadir. Uma outra rotina gera automaticamente o terceiro produto referente as composições máximas dos índices de vegetação a partir de cada imagem. As composições máximas são úteis para minimizar os efeitos de sombras e do ângulo de insolação, atenuando também os efeitos da atmosfera (HOLBEN, 1986). Após a definição de um determinado período que pode ser semanal, decendial, quinzenal ou mensal, a rotina faz a leitura automática de todos os arquivos produzidos no período e gera um arquivo contendo o valor mais alto para cada pixel. Além dos arquivos com informação espectral, ao final são geradas figuras no formato JPEG, sobrepostas com a malha política do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com informações cartográficas: composição colorida RGB-121, máscara de nuvens, NDVI, NDMI e as composições máximas de NDVI e NDMI, estas últimas num período escolhido. Nas figuras relacionadas aos índices de vegetação pode ser feito um escalonamento dos valores de 0 a 255 e aplicada uma paleta de cores para melhorar a visualização da imagem. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 84 imagens processadas, 69 deram origem a produtos com precisão geométrica dentro de um pixel. Os resultados mostraram que, quando livres de ruídos provenientes da recepção e da presença maciça de nuvens, as imagens puderam ser processadas automaticamente, gerando produtos calibrados e georreferencidados precisamente, sem qualquer intervenção humana. A navegação indireta, aliada à busca automática de feições por meio da MCC, se mostrou eficaz e contribuiu para a total automação do processamento. A análise dos deslocamos mostrou um erro médio de 0,8 pixel (menos de 1 km), considerado aceitável para estudos terrestres. As figuras a seguir representam o conjunto de imagens JPEG do dia 26 de março de 2004, produzidas pelo sistema. As informações do número do satélite, data e hora de aquisição da imagem foram inseridas automaticamente, assim como a malha do IBGE e as informações

cartográficas. A Figura 2 mostra a composição colorida RGB-121 que facilita a observação visual de nuvens e também auxilia na verificação da acurácia da máscara de nuvens apresentada na Figura 3. As manchas negras correspondem à presença de nuvens e têm valor zero. As áreas brancas, livre de nuvens, têm valor um. A Figura 4 refere-se ao NDVI e a Figura 5 ao NDMI, ambos calculados no dia de recepção da imagem. Verifica-se que a presença de nuvens reduz o valor do NDVI e pode causar confusões ao interprete pela semelhança com solo exposto e áreas urbanas. Esse tipo de confusão é minimizado quando se mascaram os pixels cobertos por nuvens, onde se verifica que alguns pixels no lado oeste do Paraná não se referem à presença de nuvens, mas sim ao solo exposto das áreas de soja recém colhida. A Figura 6 mostra o NDVI com mascaramento de pixels inaptos devido ao ângulo zenital solar ser maior que 70º, o ângulo de imageamento ser maior que 42º e contaminação por nuvens. Para análise dos índices de vegetação, a literatura aconselha o uso das composições máximas para amenizar os efeitos atmosféricos. A Figura 7 mostra o resultado da rotina desenvolvida para geração automática de composições máximas mensais. O mês a que se refere a imagem é janeiro de 2004 (total de 17 imagens), onde as áreas de tonalidade mais escura representam valores mais altos de NDVI e as áreas de tonalidade mais clara, valores mais baixos, explicado pela presença da cultura da soja em seu estádio de maior crescimento vegetativo na região oeste do Paraná. Figura 2: Composição RGB-121. Figura 3: Máscara de Nuvens.

Figura 4: NDVI. Figura 5: NDMI. Figura 6: NDVI com pixels inaptos. Figura 7: Composição Máxima do NDVI. 4. CONCLUSÕES Este trabalho apresentou o desenvolvimento de um sistema de processamento de imagens AVHRR-NOAA. O sistema mostrou ser automático, sem qualquer intervenção humana, agilizando trabalhos que fazem uso de grandes séries multitemporais de dados, por aliar precisão e automação no processo de georreferenciamento das imagens O georreferenciamento é a etapa fundamental de todo o procedimento com o objetivo de garantir que cada pixel corresponda à mesma localização geográfica em qualquer uma das imagens da série multitemporal em estudo. Uma outra etapa de extrema importância é o mascaramento de nuvens como forma de detectar os pixels contaminados com nuvens e separá-los dos não contaminados nas imagens. Esses processamentos visam garantir a acurácia e a qualidade final dos produtos gerados pelo sistema para trabalhos de monitoramento agrícola.

O sistema é aberto e pode ser aperfeiçoado para a geração de outros produtos de interesse. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Colorado Center for Astrodynamics Research nas pessoas dos Doutores Daniel G. Baldwin e William J. Emery por repassarem a tecnologia para conversão de formato, calibração radiométrica e georreferenciamento preciso das imagens AVHRR-NOAA. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOWEN, M.; EMERY, W. J.; WILKING, J. L.; TILDESLEY, P. C.; BARTON, I. J.; KNEWTSON, R. Extracting multiyear surface currents from sequential thermal imagery using the Maximum Cross-Correlation Technique. Journal of Atmospheric and Oceanic Technology, v. 19, n. 10, p. 1665-1676, 2002. CHEN, P. Y., SRINIVASAN, R., FEDOSEJEVS, G., NARASIMHAN, B. An automated cloud detection method for daily NOAA-14 AVHRR data for Texas, USA. International Journal of Remote Sensing, v. 23, n. 15, p. 2939-2950, 2002. CHEN, P. Y.; SRINIVASAN, R.; FEDOSEJEVS, G.; KINITRY, J. R. Evaluating different NDVI composities techniques using NOAA-14 AVHRR data. International Journal of Remote Sensing, v. 24, n. 17, p. 3403-12, 2003. FRANÇA, G. B.; CRACKNELL, A. P. A simple cloud masking approach using NOAA AVHRR daytime data for tropical areas. International Journal of Remote Sensing, v. 16, n. 6, p. 1697-1705, 1995. GOODRUM, G.; KIDWELL, K.; WINSTON, W. (Eds.) NOAA KLM user's guide. September 2000 Revision. Disponível em <http://www2.ncdc.noaa.gov/docs/klm>. Acesso em: 15 mar. 2004. HOLBEN, B. N.; TUCKER, C. J.; CHENG-JENG, F. Spectral assessment of soyabean leaf area and leaf biomass. Photogrammetric Engineering and Remote Sensing, v.46, n.5, p.651-656, 1980. HOLBEN, B. N. Characteristics of maximum value composite images from temporal AVHRR data. International Journal of Remote Sensing, v. 7, n. 11, p. 1417-1435, 1986. RAO, C. R. N.; CHEN, J. Post-launch calibration of the visible and near-infrared channels of the Advanced Very High Resolution Radiometer on the NOAA-14 spacecraft. International Journal of Remote Sensing, v.17, p.2743-2747, 1996.

ROSBOROUGH, G. W.; BALDWIN, D. G.; EMERY, W. J. Precise AVHRR image navigation. IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing, v. 32, n. 3, p. 644-657, 1994. ROUSE, J. W.; HAAS, R. H.; SCHELL, J. A.; DEERING, D. W. Monitoring vegetation systems in the great plains with ERTS. In: EARTH RESOURCES TECHNOLOGY SATELLITE-1 SYMPOSIUM, 3., Proceedings Washington, D. C.: NASA, v. 1, p. 309-317, 1973. WILSON, E. H.; SADER, S. A. Detection of forest harvest type using multiple dates of Landsat TM imagery. Remote Sensing of Environment, v. 80, n. 3, p. 385-396, 2002.