Documentos relacionados
Brasil 2017 SOLUÇÕES INTEGRADAS EM ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS

ANÁLISE EM AMOSTRA DE CESTO DE CENTRÍFUGA DE AÇÚCAR FRATURADO EM SERVIÇO

3 Material e Procedimento Experimental

3 Material e Procedimento Experimental

longitudinal para refrigeração, limpeza e remoção de fragmentos de solos provenientes da perfuração, Figura 10.

Aços de alta liga resistentes a corrosão II

Introdução Conteúdo que vai ser abordado:

3 Materiais e Métodos

Análise de falha em parafuso prisioneiro 5/8-11 UNC, ASTM-A193 B8M CL.2

Análise de Falha de Tubulação de Soda Sulfídica

Prof. Dr. André Paulo Tschiptschin ANÁLISE DE FRATURA DE CILINDRO BACK-UP DE LAMINAÇÃO

Caixas d água em aço inoxidável ferrítico AISI 444 soldadas por costura. Ricardo Augusto Faria Paulo S. S. Bálsamo Ricardo José Costa.

Propriedades dos Materiais Fadiga INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PROGRAMA DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS FADIGA

FIGURA 34 Superfície de falha CP5. Formação de rebarba na superfície de falha devido à haste permanecer em trabalha (rotação) após a fratura.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO. CDTec LAMP

4 Apresentação e discussão dos resultados

Metalurgia da Soldagem Particularidades Inerentes aos Aços Carbono

Aço Inoxidável Ferrítico ACE P444A

ANÁLISE TOPOGRÁFICA DE TRINCA DE CORROSÃO SOB TENSÃO EM AÇO AISI 304L: ESTUDO DE CASO

Propagação de trincas por fadiga:

Brasil 2017 AVALIAÇÃO DE INTEGRIDADE EM DUTOS E MINERODUTOS

5.1.Caracterização microestrutural e de microdureza dos aços estudados

ENSAIO DE FADIGA EM-641

CORROSÃO POR CLORETOS EM SOLDAS DE COSTURA EM TUBOS DE RESFRIADOR A AR

CORROSÃO SOB TENSÃO.

Seleção de Ligas Resistentes à Corrosão (CRAs) para Equipamentos Submarinos. Gustavo Brandolin

PROBLEMAS DE MATERIAIS NA ÁREA NUCLEAR

4 Resultados (Parte 01)

Prof. Dr. André Paulo Tschiptschin ANÁLISE DE FALHA EM CORRENTE DE TRANSMISSÃO DUPLA INTERESSADO:

3- Materiais e Métodos

AVALIAÇÃO DA SOLDABILIDADE DO AÇO SINCRON-WHS-800T QUANDO SOLDADO PELO PROCESSO FCAW

5.3. ANÁLISE QUÍMICA 5.4. ENSAIO DE DUREZA

Descontinuidades na solda

NOÇÕES DE SOLDAGEM. aula 2 soldabilidade. Curso Debret / 2007 Annelise Zeemann. procedimento de soldagem LIGAS NÃO FERROSAS AÇOS.

Introdução ao estudo das Estruturas Metálicas

DEFEITOS EM SOLDAGEM. Preparado por: Ramón S. C. Paredes, Dr. Engº.

PRECIPITAÇÃO DA AUSTENITA SECUNDÁRIA DURANTE A SOLDAGEM DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX S. A. Pires, M. Flavio, C. R. Xavier, C. J.

INFLUÊNCIA DO GRAU DE DEFORMAÇÃO A FRIO NA MICROESTRUTURA E NA DUREZA DE AÇOS DUPLEX DO TIPO 2205

Defeitos de Fundição Trincas

A Tabela 2 apresenta a composição química do depósito do eletrodo puro fornecida pelo fabricante CONARCO. ELETRODO P S C Si Ni Cr Mo Mn

6 ENSAIO DE IMPACTO E TRANSIÇÃO DÚCTIL-FRÁGIL. Ensaios Mecânicos Prof. Carlos Baptista EEL

ANÁLISE DE FALHAS POR CORROSÃO EM EQUIPAMENTOS DA INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS


PARTE 6: FADIGA POR FRETTING. Fadiga dos Materiais Metálicos - Prof. Carlos Baptista EEL

PMR-3101 INTRODUÇÃO A MANUFATURA MECÂNICA Aula 5: Propriedades mecânicas: FRATURA E FADIGA

III metal-base, onde o metal não é afetado pelo processo de soldagem e permanece na mesma condição anterior ao processo.

3 - QUE TIPO DE PROBLEMA PODE OCORRER QUANDO SE REALIZA UM PONTO DE SOLDA?

Fadiga Um metal rompe-se por fadiga quando submetido a tensões cíclicas.

Cap. 1: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FADIGA. Fadiga dos Materiais Metálicos - Prof. Carlos Baptista EEL

INFLUÊNCIA DE ASPECTOS MICROESTRUTURAIS NA RESISTÊNCIA À FRATURA DE AÇO ESTRUTURAL COM APLICAÇÕES OFFSHORE

INCOLOY 800HT. Envelhecimento de Tubulação Operando em Altas Temperaturas UNIB-RS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MATERIAIS PARA ENGENHARIA THIAGO AMARO VICENTE

ESTRUTURAS METÁLICAS E DE MADEIRAS PROF.: VICTOR MACHADO

5 Discussão dos resultados

Trincas a Frio. Fissuração pelo Hidrogênio. Mecanismo de Formação. Trincas a Frio. Mecanismo de Formação Trincas a Frio

Corrosão em Juntas Soldadas

SOLDAGEM. Engenharia Mecânica Prof. Luis Fernando Maffeis Martins

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM MATERIAIS

Propriedades Mecânicas e Geométricas dos Perfis Estruturais. Curso de Projeto e Cálculo de Estruturas metálicas

COMPORTAMENTO EM CORROSÃO DE JUNTAS SOLDADAS DE AÇOS INOXIDÁVEIS EM MEIOS CONTENDO ÍONS CLORETOS

Tensões Residuais de Soldagem

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX UNS S32101: INVESTIGAÇÃO DE REAGENTES 1

COMPARAÇÃO DE MOLAS DE SUSPENSÃO TEMPERADAS E REVENIDAS ENROLADAS A QUENTE E A FRIO

INFLUÊNCIA DA SOLDA NA VIDA EM FADIGA DO AÇO SAE 1020

PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA

PROCESSO SELETIVO MESTRADO 2018 Projeto de Pesquisa

Universidade de São Paulo Escola Politécnica Depto. Eng. Metalúrgica e de Materiais. Curso de análise de falhas 1 Cesar R. F.

COMUNICAÇÃO TÉCNICA

Análise de falha em haste cimentada de artroplastia total de quadril

GMEC7301-Materiais de Construção Mecânica Introdução. Módulo II Ensaios Mecânicos

LIMPEZA QUÍMICA E PASSIVAÇÃO. Em Sistemas Críticos de Alta Pureza

SOLDAGEM TIG. Prof. Dr. Hugo Z. Sandim. Marcus Vinicius da Silva Salgado Natália Maia Sesma William Santos Magalhães

INTRODUÇÃO: Devido a importância dos aços como matéria prima para a produção de elementos de máquinas, um. necessário neste momento.

CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS

FADIGA DOS MATERIAIS: INTRODUÇÃO E METODOLOGIA S-N FATORES MODIFICADORES

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil Departamento de Estruturas. Aços para concreto armado

Título do projeto: SOLDABILIDADE DE UM AÇO ACLIMÁVEL DE ALTO SILÍCIO PARA CONSTRUÇÃO METÁLICA COM RESISTENCIA EXTRA A CORROSÃO MARINHA

Superfícies Crivantes TALLERES NÚÑEZ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

4 Apresentação e Discussão dos Resultados

5 Resultados 5.1.Características operacionais dos eletrodos

Conceitos de metalurgia física de aços inoxidáveis austeno-ferríticos para evitar problemas em serviço

Influência do Controle da Qualidade da Água na Ocorrência de Falhas em Palhetas de Turbinas a Vapor: Estudo de Caso

A composição química das amostras de metal solda, soldadas a 10 m de profundidade, está listada na Tabela 2.

Brasil 2017 SOLUÇÕES INTEGRADAS EM ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS

COTEQ APLICAÇÃO DE TÉCNICAS E TECNOLOGIA AVANÇADA NA INSPEÇÃO DE TUBOS POR CORRENTES PARASITAS Mauro Araujo 1, Arilson Silva 2

COMUNICAÇÃO TÉCNICA Nº


12, foram calculados a partir das equações mostradas seguir, com base nas análises químicas apresentadas na Tabela 8.

Palavras-chave: soldagem dissimilar, corrosão sob tensão, caracterização microestrutural 1. INTRODUÇÃO

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS

Aula 1: Aços e Ferros Fundidos Produção Feito de Elementos de Liga Ferros Fundidos. CEPEP - Escola Técnica Prof.: Kaio Hemerson Dutra

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO AERONÁUTICA I SMM 0181

EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS AÇOS RSCP/ LABATS/DEMEC/UFPR

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Revestimento de Aço Carbono com Aço Inoxidável Austenítico

RELATÓRIO Nº RNT933/2014

TM229 - Introdução aos Materiais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105) ENSAIOS MECÂNICOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E FLEXÃO

Caracterização microestrutural do aço ASTM-A soldado por GMAW.

Transcrição:

COMUNICAÇÃO TÉCNICA Nº 174620.1 Análise de falha em elo de extensão de um veleiro Marcelo Ferreira Moreira José Guilherme Mendes Pereira Caldas Palestra CONFERÊNCIA SOBRE TECNOLOGIA DE EQUIPAMENTOS, COTEQ, 14., 2017, Rio de Janeiro. A série Comunicação Técnica compreende trabalhos elaborados por técnicos do IPT, apresentados em eventos, publicados em revistas especializadas ou quando seu conteúdo apresentar relevância pública. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A - IPT Av. Prof. Almeida Prado, 532 Cidade Universitária ou Caixa Postal 0141 CEP 01064-970 São Paulo SP Brasil CEP 05508-901 Tel 11 3767 4374/4000 Fax 11 3767-4099 www.ipt.br

COTEQ2017_049: ANÁLISE DE FALHA EM ELO DE EXTENSÃO DE UM VELEIRO Marcelo Ferreira Moreira 1 José Guilherme Mendes Pereira Caldas 2 1 Mestre em Engenharia, Engenheiro Metalurgista, Pesquisador do Laboratório de Corrosão e Proteção, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT); Professor Associado da Escola de Engenharia Mauá, SP Brasil. 2 Doutor em Radiologia Clinica, Professor Livre-Docente do Departamento de Radiologia da Universidade de São Paulo (USP) Departamento de Radiologia, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP, Brasil.

Introdução O elo de extensão é parte de um dispositivo empregado para o enrolamento da vela da proa e falhou após 30 meses em serviço. Ele foi fabricado em aço inoxidável 316L com espessura de 6,3 mm e largura de 48 mm. Os furos, o rasgo e raios de 24 mm foram usinados. Para formar o elo, a parte central com o rasgo foi dobrada 180 e as extremidades foram unidas por solda. Após a soldagem, a centralização dos furos foi ajustada por brochamento para acomodar um pino com 20 mm, utilizado na montagem do elo na base de fixação.

Vela Dispositivo de enrolamento da vela Elo de extensão Base de fixação Base de fixação Elo de extensão fraturado

Vista geral do elo de extensão fraturado. Originalmente a seção resistiva junto ao furo era formada por quatro seções de 14 mm por 6,3 mm. Três destas seções fraturaram e uma delas apresentou deformação plástica.

Soldagem para união das extremidades Seção deformada Trincas secundárias Fratura em três seções

Metodologia Análises químicas; Ensaio de tração; Exames metalográficos (exames macro e microfractográficos). Regiões de extração de corpos de prova: 1 Análises químicas. 2 Ensaio de tração. 3; 4; 5; 6 e 7 Exames metalográficos.

Resultados

Elemento [% em peso] Requisitos para o aço ASTM A276 tipo 316L Carbono (C) 0,021 0,030 máx O material do elo atende à especificação ASTM A276 para o aço tipo 316L. As propriedades mecânicas são compatíveis com as do aço ASTM A276 tipo 316L na condição de acabado a frio Silício (Si) 0,39 1,00 máx Manganês (Mn) 1,64 2,00 máx Fósforo (P) 0,036 0,045 máx Enxofre (S) < 0,005 0,030 máx Cromo (Cr) 17,2 16,0 18,0 Níquel (Ni) 10,0 10,0 14,0 Molibdênio (Mo) 2,09 2,00 3,00 Posição do corpo de prova LE [MPa] LR [MPa] Alongamento em 25 mm [%] Longitudinal 316 618 49

Microestrutura característica, constituída por matriz de austenita e regiões alongadas de ferrita. (A) Longitudinal (B) Transversal

Sítio de nucleação #1 Sítio de nucleação #2 Deformação plástica (A) Aspecto macrofractográfico do elo mostrando dois sítios de nucleação (#1 e #2). (B) Detalhes da superfície de fratura junto ao sítio de nucleação #1. (A) (C) Outro lado da fratura mostrando os sítios de nucleação #1 e #2. Sítio de nucleação #1 Sítio de nucleação #1 Furo de 20 mm Furo de 20 mm (B) Região rugosa Na região em que ocorreu a propagação a partir do sítio de nucleação #2, existem marcas de praia que caracterizam a propagação estável da trinca. Na extremidade oposta, observa-se uma região de aspecto rugoso e uma borda de cisalhamento (demarcada em azul) que corresponde à propagação instável da trinca. (C) Sítio de nucleação #2

De especial interesse é a observação de intensa deformação plástica em uma das seções ao lado do furo e o aspecto frágil das três seções fraturadas. Nota-se, também, oxidação junto aos furos. Outra evidência de grande relevância é a presença de marcas paralelas resultantes da progressão estável das trincas (marcas de praia) em todas as superfícies fraturadas. As orientações destas marcas apontam para duas regiões, identificadas como sítios de nucleação #1 e #2. REPETIDO

Foto ruim! Sítio de nucleação #1 Solda Figura 6 - Vista lateral do elo de extensão evidenciando a região soldada (demarcada pela linha tracejada em amarelo) e o sítio de nucleação #1. Note também a presença de trincas secundárias na região soldada que está oposta à fresta.

Sítio de nucleação #1 Furo de 20 mm Solda Fresta

Detalhes da superfície de propagação estável evidenciando marcas de praia e estrias características de um processo de fadiga ou corrosão-fadiga. As setas em vermelho indicam a direção de propagação. Note que a superfície de fratura apresenta evidências de corrosão pelo meio. MEV.

Sítio de nucleação #1 Superfície de fratura Solda Fresta Fresta Superfície de fratura Vista geral e detalhes da região da fresta aberta junto ao sítio de nucleação #1. As regiões demarcadas pelos retângulos em laranja correspondem aos locais onde foram realizadas as análises por dispersão de energia (EDS).

Análises por (EDS) indicaram a presença de oxigênio, cloro, sódio e potássio no interior da fresta.

Realizou-se exame metalográfico em plano envolvendo a raiz da solda junto ao sítio de nucleação #1. Ela evidencia uma trinca retilínea longa e trincas ramificadas mais curtas na interface entre a solda e o metal de base. Metal de base Solda Trinca de corrosão-fadiga secundária

Discussão O elo foi fabricado em aço inoxidável austenítico que atende aos requisitos do aço inoxidável AISI 316L. As propriedades mecânicas e a microestrutura são características deste aço na condição de acabado a frio. Os exames macro e microfractográficos evidenciaram marcas de propagação (marcas de praia e estrias de fadiga) associadas à oxidação superficial que sugerem um processo de corrosão-fadiga. Em ambientes corrosivos o estágio de propagação estável da trinca de fadiga é acelerado e a superfície de fratura exibe produtos de corrosão e/ou manchamento.

Discussão Foram observados dois sítios de nucleação: um deles associado à fresta formada pela soldagem das extremidades e outro associado ao furo de 20 mm. É possível inferir que a trinca de corrosão-fadiga principal propagou-se estavelmente a partir do sítio de nucleação #1 em direção ao furo, resultando na fratura completa de duas seções resistivas de 6,3 mm por 14 mm. Em outro momento, sob tensões mais elevadas, ocorreu a nucleação independente da trinca de corrosão-fadiga no sítio #2. Esta trinca propagou-se estavelmente por cerca de 80 % da área da terceira seção. A área restante desta seção fraturou por sobrecarga e formou a região rugosa com a borda de cisalhamento a 45.

Discussão Sítio de nucleação #1 Sítio de nucleação #1 Fratura por sobrecarga Sítio de nucleação #2

Discussão Após a fratura da terceira seção, o carregamento passou a ser aplicado em uma única seção de 6,3 mm por 14 mm e promoveu sua deformação plástica até a soltura do elo do pino na base de fixação na proa da embarcação.

Discussão O exame metalográfico na região da raiz da solda mostrou a presença de trincas secundárias de corrosão-fadiga que não prosperaram e de trincas transgranulares ramificadas características de corrosão sob tensão (CST) em aços inoxidáveis austeníticos.

Discussão O trincamento resultante do processo de CST em meio contendo cloretos (chloride stress corrosion cracking) é uma forma de dano comum em vasos de pressão e reatores de aços inoxidáveis expostos à água do mar, notadamente equipamentos aquecidos em plataformas offshore em que a água do mar evapora nas superfícies expostas. O risco para a ocorrência de CST em meio contendo cloretos é avaliado com base na concentração de cloretos, no ph e na temperatura. Fatores adicionais que aumentam este risco incluem: condições evaporativas da água do mar que permitam a formação de depósitos ricos em cloreto, presença de pites, de frestas ou detalhes geométricos que permitam a estagnação e o acúmulo de sal.

Discussão Processos de corrosão sob tensão resultam da atuação simultânea de tensões de tração, meio agressivo e um material susceptível. A literatura clássica sobre o tema estabelece que a ocorrência de corrosão sob tensão em aços inoxidáveis austeníticos é observada para temperaturas de operação superiores a 60 C Entretanto, uma coletânea de análises de falhas em coberturas de piscinas e estudos dirigidos tem demonstrado a nucleação de trincas de CST em meio contendo cloretos sob temperaturas entre -20 C e 50 C e condições específicas que envolvem: elevadas concentrações de cloretos, meio estagnado e umidade relativa baixa.

Discussão No caso da fresta formada pela solda no elo de extensão, todos estes fatores estão presentes e, somados a eles, as tensões de operação e residuais da soldagem. De fato, os dados sobre a ocorrência de trincas de CST em baixas temperaturas corroboram com as observações do trincamento transgranular na fresta que atuou como origem da trinca de corrosãofadiga principal.

Discussão Do ponto de vista do projeto do elo de extensão, a soldagem das extremidades do elo de extensão promoveu a formação da fresta que facilitou a retenção de água do mar e propiciou as condições para a nucleação de trincas por CST. Ressalta-se, também, que a soldagem aplicada para a união das provavelmente impôs tensões residuais de tração que podem ter contribuído para o trincamento por CST.

Conclusões Conclui-se que o elo de extensão foi fabricado em aço inoxidável austenítico que atende aos requisitos de composição química do aço ASTM A276 tipo 316L. As propriedades mecânicas e a microestrutura são características deste aço na condição acabada a frio. Os exames fractográficos permitiram identificar que o componente fraturou pelo mecanismo de corrosão-fadiga. Trincas de corrosão sob tensão (CST) em ambiente contendo cloretos na fresta atuaram como núcleo para a trinca de corrosão-fadiga que levou a falha do elo de extensão. Recomenda-se a eliminação do processo de soldagem nas extremidades do componente de modo a evitar a formação de fresta e a nucleação de trincas de corrosão sob tensão. A eliminação do processo de soldagem promoverá uma redução no risco do processo de CST e menor custo para a produção do componente