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Transcrição:

Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo 14(l):59-73, 1977. MANEJO E CONTROLE DA FERTILIDADE PROGRAMApOS EM UM REBANHO DA RAÇA NELORE. I. PERÍODO DE 4-6-1974 A 1-9-1976. José Carlos Sabino de Almeida FEO * Renato Campanarut BARNABE ** Raul Gastão MUCCIOLO *** RFMV-A/7 FÊO, J.C.S.A.; BARNABE, R.C.; MUCCIOLO, R.G. Manejo e controle da fertilidade programados em um rebanho da raça Nelore_J. Período de 4-6-1974 a 1-9-1976. Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S.Paulo, 14(1): 59-73, 1977. RESUMO: 0 desempenho reprodutivo de um rebanho de raça Nelore fo i analisado antes e após a implantação de programa envolvendo modificações no manejo, registros, exames ginecológicos sistemáticos pós-parto e horários de inseminações artificiais. Os dados analisados revelaram que: a) o índice de fertilidade por inseminação artificial no rebanho aumentou em 128,6%; b) a porcentagem de fecundação em primeira inseminação artificial aumentou em 20,4%; c) o índice ampolaiprenhez diminuiu de 2,3 para 1,6; d) o intervalo último parto/próximo cio diminuiu, em média, de 16,2 dias; e) o intervalo último parto /primeiro serviço seguido de fecundação diminuiu, em média, de 38,8 dias, equivalendo a menor intervalo entre partos, aumento do número relativo de nascimentos e 13,0% de aumento da produtividade. UNITERMOS: Fertilidadetf bovinos *; Reprodução, eficiência *; Manejo, bovinos *. INTRODUÇÃO E LITERATURA 0 desempenho reprodutivo é um dos aspectos mais importantes dos programas visando o aumento de produção dos rebanhos bovinos, quer sejam leiteiros ou de corte. Deste modo, ao se analisar o comportamento de uma criação, geralmente são propostas, em primeiro lugar, medidas com a finalidade de aumentar sua eficiência reprodutiva. Existem medidas gerais que satisfazem em parte a este requisito tais como higiene acurada, vacinações corretas, nutrição e alimentação adequadas, manejo condizente com o meio ambiente, sistemas de identificação e registros cuidadosos. Por outro lado, é sempre necessário lembrar què certos rebanhos podem apresentar problemas próprios e específicos, que exigem soluções particulares. Inclusive, dentro do mesmo rebanho, cada ano poderá éxibir problemas que exijam soluções diferentes daquelas encontradas no ano anterior. Quando se propõe modificar ou introduzir inovações no manejo de um rebanho, não se deve tomar decisões antecipadas, nem estabelecer norm as aplicáveis a regiões muito extensas. É razoável, isto sim, pensar-se em termos de princípios que deverão suportar a prova do tempo e em fórmulas particulares a daptáveis às figuras gerais. As vantagens econômicas advindas da combinação de um manejo racional dos re banhos com um programa de controle da fer- * Auxiliar de Ensino Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP *.* Professor Livre Docente * * * Professor Assistente Doutor Departamento de Cirurgia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP Rev. Füc. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977. 59

tilidade têm sido constantemente colocadas em relevo por diversos autores, dentre outro s, A S D E L L 1 (1 9 5 1 ), MORROW19 (1963), HERSCHLER et alii17 (1964), R0- B E R T S & D e C A M P26 (1 9 6 5 ) e MORROW21 (1966). As medidas preventivas quanto à fertilid a d e e o manejo adequado, segundo G IB B O N S13 (1 9 6 0 ), GUERREIRO14 (1962), BLOOD & MORRIS2 (1971), HAR- T IG A N 1 5 (1 9 7 2 ) e KONERMANN18 (1974) não podem ser encaradas separadamente quanto à sua importância, desde que uma falha em um destes fatores, necessariamente compromete o outro. Para o bom êxito na aplicação de um programa conjugado deste tipo, ORMS- BEE23 (1960), MORROW20 (1963) e HAR- TIGAN16 (1972) enfatizam a necessidade de um cuidadoso sistema de registros, discutindo algumas das análises a que os dados deveín ser submetidos. Embora muitos fatores possam afetar a renda de uma empresa pecuaria, a capacidade máxima reprodutiva dos rebanhos deverá ser alcançada a fim de proporcionar um adequado retorno financeiro. As perdas devidas a um ineficaz sistema de reprodução, notadamente em rebanhos de corte, são difíceis de estimar, uma vez que envolvem redução de produção, diminuição de animais de reposição e maior depreciação dos preços. Estas perdas, freqüentemente, nao são reconhecidas pelos criadores devido à sua natureza insidiosa. A implantação cada vez maior do método da inseminação artificial nos rebanhos de corte tem despertado mais a atenção para as prováveis causas de infertilidade, assim como para a prevenção de intervalos entre partos muito longos. Os criadores estão se tornando mais vigilantes através da atenção especial prestada aos animais que se reproduzem por este método. Inclusive, o grande volume de registros disponível nos programas de inseminação artificial tem submmistrado farto material para pesquisas. Dentre os fatores comumente analisados para o julgamento da eficiência reprodutiva e economica dos rebanhos, geralmente merecem destaque especial o número de coberturas ou inseminações artificiais por concepção, o intervalo entre o último parto e próximo serviço resultando em nova prenhez e o índice geral de fecundação do rebanho. E importante também considerar a incidência do cio pós-parto e sua fertilidade. No que diz respeito ao número de serviços por concepção, MORROW21 divulgou o seguinte critério: Serviços por concepção 1.25 ou menos 1.26 a 1,50 1,51 a 1,75 1,76 a 2,00 2,01 ou mais Classificação Excelente Muito bom Bom Razoável Mau Este mesmo autor julga que um bom inseminador deve apresentar, em média, menos de 1,5 serviços por concepção. Relativamente ao intervalo entre o parto e próximo serviço, como regra geral, procura-se fazer cobrir ou praticar a inseminação artificial no primeiro cio que ocorra depois de 60 dias do parto. SHANNON et alii27 (1952), em estudo realizado com 7071 vacas inseminadas em vários intervalos após o parto, estabeleceram que, no mínimo, 50 dias são necessários para a obtenção de resultados satisfatórios de fertilidade. Por outro lado, mediante exames sistemáticos, realizados duas vezes por semana apos o parto em vacas zebus Gobra do Senegal, DENIS & THIONGANE9 (1973) verificaram que a involução uterina se completa em 29 ± 1 dias. Estudos relativos ao momento mais propício da intervenção na inseminação artificial de bovinos têm sido realizados nas mais diversas condições, regiões e raças por numerosos autores. Um método mais sofisticado, baseado na alteração da resistência elétrica do muco cervical durante o cio foi descrito por EDWARDS10 (1974) e EDWARDS & AIZINBUD11 (1976). Segundo estes autores, a menor resistência elétrica durante a fase estral coincidiria com o momento mais oportuno de inseminação. As pesquisas de TRIMBERGER & DA- VIS28 (1943), CORDIEZ5 (1949). CALDE- RÓN3 (1969-70) e C1IIEFI14 (1972) demonstraram que as maiores porcentagens de fertilidade são obtidas quando as vacas são inseminadas dentro de 6 a 12 horas apos o início do cio. 60 Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977.

OLDS & SEATH2 2 (1954) admitem que índices satisfatórios de fertilidade podem ser alcançados quando as vacas constatadas em cio pela manhã são inseminadas à tarde e aquelas observadas à tarde são servidas na manhã do dia seguinte. No tocante às raças indianas, COR- DIEZ6 (1949), CUQ7 (1973), DENIS & THIONGANE e CUQ* (1975) admitem que o cio no zebu é caracterizado por duração variável, curto período de aceitação ao reprodutor (4 a 8 horas), habitual discrição nas manifestações exteriores e grande freqüência de cios silenciosos. KUMARAN, citado por CORDIEZ6 diz que a ovulação na vaca zebu se dá entre 11 a 16 horas apos a cessação das manifestações do cio. No Brasil, em trabalhos apresentados durante o II Simposio Nacional de Reprodução Animal, realizado em Belo Horizonte, FONSECA et alli12 (1976) e PINTO et alii25 (1976) recomendaram, para as raças zebuinas, que as inseminações artificiais sejam praticadas 12 horas após as manifestações clínicas do cio. No presente trabalho, pretendemos a- presentar as modificações de algumas normas no manejo convencional, bem como a introdução de certas técnicas, cotejando os resultados obtidos com os anteriormente observados quanto à eficiência reprodutiva de um rebanho bovino da raça Nelore, criado no Estado de São Paulo. MATERIAL E MÉTODOS 0 presente trabalho desenvolveu-se em uma fazenda de criação de bovinos da raça Nelore, situada no município de Campinas, Estado de São Paulo, envolvendo cerca de 90 fêmeas registradas no Serviço de Registro Genealógico. As observações aqui contidas referem-se ao período de 4.6.74 a 1.9.76. Até 1.9.75 a observação de cio era feita 2 vezes ao dia, identificado por rufião relativamente idoso (10 anos) e que apresentava limitadas capacidades de salto e libido. As vacas identificadas em cio pela manhã eram inseminadas aproximadamente às 16 horas do mesmo dia, enquanto que a intervenção era praticada ao redor das 7 horas do dia seguinte naquelas descobertas à tarde. 0 rebanho de fêmeas estava dividido em 2 lotes contendo, cada um, tanto animais destinados à inseminação artificial como à monta natural. Deste modo, a observação de cio era feita em dois locais diferentes, dificultando o serviço e aumentando a mão de obra do inseminador. A partir de 2.9.75, data em que iniciamos nossas atividades junto ao rebanho, a observação de cio passou a ser feita das 7 às 8 e das 17 às 18 horas em apenas 1 lote que reuniu os animais liberados para inseminação artificial e por fêmeas vazias aguardando exame ginecológico. 0 segundo lote é constituído por vacas prenhes mais vacas falhadas até 3? inseminação artificial e que estão sujeitas à cobertura natural. Os animais descobertos em cio pela manhã permanecem junto com o rebanho, de onde são retirados às 17 horas, praticando-se a inseminação artificial em torno das 21 horas. Aqueles cujo cio é identificado à tarde são inseminados aproximadamente às 7 horas do dia seguinte. 0 antigo rufião foi substituído por um animal de 2 anos de idade, da raça Nelore, preparado pela técnica de desvio lateral do ostio prepucial. Introduzimos exame ginecológico sistemático, realizado 35 a 45 dias após o parto e uma vez constatado o animal fisiologicamente são, é liberado para inseminação artificial quando ocorrer o cio. Pela palpação retal preocupamo-nos em verificar a involução uterina ou possíveis ocorrências anormais e, em seguida, massageamos o útero e ovários. No exame vaginal, interessa-nos a natureza do muco cervical, coloração da mucosa e forma da cerviz. Os ammais que apresentam alguma anormalidade puerperal são convenientemente tratados e, após novo exame, são liberados, de acordo com o resultado do tratamento. As vacas cuja ocorrência de cio se da' antes do exame ginecológico são consideratas aptas para inseminação. Esta atitude não foi por nós recomendada, no entanto, a título de observação e devido aos resultados prévios obtidos, deixamos que esta norma permanecesse. O sémen utilizado para as inseminações artificiais é conservado em nitrogênio líquido, sendo o material proveniente dos Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977. 61

mesmos touros, tanto antes como após a introdução das novas técnicas no manejo do rebanho. Do mesmo modo, o inseminador também é o mesmo, não tendo freqüentado qualquer curso de atualização para inseminadores. Além do fichário individual, anteriormente já existente, adotamos uma tabela na qual constam, em coluna, a identificação da fêmea, a data do parto em ordem cronológica, a data do novo serviço, o nome do touro, o cálculo em dias, do intervalo entre o parto e o serviçc), e, finalmente, o diagnostico de gestação. Os aspectos reprodutivos particularmente focalizados em termos comparativos foram: 1 Porcentagens de concepção dos animais destinados à inseminação artificial, respectivamente em 1?, 2?, 3? e mais de 3 inseminações artificiais e, do mesmo modo, com as montas naturais. 2 0 número de ampolas de sêmen necessárias para cada resultado positivo. 3 A ocorrência do 19 cio após o parto e sua fertilidade, assim como a incidência das primeiras inseminações artificiais e montas naturais controladas nos intervalos de menos de 45, 46-60, 61-80, 81-120, 121-160, 161-200 e mais de 200 dias apos o parto. 0 principal interesse desta distribuição foi verificar quantas vacas conceberam até 80 dias, pois este número somado ao período de uma gestação totaliza um intervalo entre partos de 12 meses. 4 0 intervalo entre o último parto e primeiro serviço seguido de fecundação, a- lém das respectivas porcentagens para inseminação artificial, com divisões iguais ao item 3. Os períodos considerados para os itens 1 e 2 foram de 1 ano cada um, assim divididos: 2.9.74 a 1.9.75 antes das modificações no manejo. 2.9.75 a 1.9.76 depois das modificações no manejo. Os itens 3 e 4 foram analisados dentro de 2 períodos de 13 meses e 10 dias cada um, melhor especificando: 4.6.74 a 14.7.75 antes das modificações no manejo 15.7.75 a 25.8.76 depois das modificações no manejo. Para os itens 3 e 4, o período de influência foi considerado desde 15.7.75, uma vez que as vacas paridas desta data até 1.9.75, entraram para a rotina de exame ginecológico a partir de 2.9.75. Para os cálculos estatísticos utilizamos média aritmética, erro padrão da média, desvio padrãoy coeficiente de variação, analise de variância, teste de F e X2 (qui-quadrado) segundo PIMENTEL GOMES14 (1963), fixando em 0,05 o nível de rejeiyao. RESULTADOS Dados retirados dos registros da fazenda quanto ao número de animais gestantes ou não, respectivamente, de 19, 29, 39 e mais de 3 serviços, revelaram, no período de antes das modificações no manejq que de 63 animais aptos para a reprodução, 44 (69,8%) foram encaminhados para inseminação artificial e 19 (30,2%) para monta natural. Das 44 fêmeas destinadas à inseminação artificial, apenas 22(50,0%) conceberam até 3? inseminação. No período seguinte, de 84 animais, 81 (96,4%) foram artificialmente inseminados, enquanto que apenas 3 (3,6%) sofreram cobertura natural. Por inseminação artificial, 67 (82,7%) animais ficaram prenhes ate 3? inseminação. Em termos de rebanho total, o índice de fertilidade por inseminação artificial aumentou de 44,9%, isto é passou de 34,9% no período anterior para 79,8% no posterior. Em primeira inseminação artificial, a porcentagem de fecundação foi elevada de 44,4% no período anterior para 64,8% no posterior, conforme pode ser observado no Quadro I. 62 Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(1 ):59-73, 1977.

Antes 10 4 14 71,4 5 3 8 62,5 4 I- 5 80,0 3 5 8 37,5 Depois - 1 1 - ' - 1 1-2 2 4 50,0 - ) 1 - - Rev, Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977. Q uadro I A aplicação do teste do qui quadrado revelou diferenças estatisticamente significativas quando cotejados o período de antes com o período posterior, no que diz respeito às inseminações artificiais. No Quadro II consideramos o número total dc ampolas de sêmen utilizadas, assim como o número médio necessário por fecundação. Verifica-se que a uma diminuição média de 0,7 ampola por prenhez corresponde a um aumento de 19,5% no índice de aproveitamento de ampolas ou de fecundação dos cios, considerando-se os períodos de antes e depois de nossa intervenção no manejo. Semelhantemente ao que vimos com relação ao Quadro I, esta diferença também se mostrou significativa sob o ponto de vista estatístico quando os dados foram submetidos ao teste do qui quadrado. QUADRO / Porcentagens de fecundação obtidas por inseminação artificial e por monta natural em vacas da raça Nelore, antes e após modificações no manejo- 19 IA 29 IA 39 IA + de 3 IA PERÍODO + - Tot. % + - Tot. % + - Tot. % + - Tot. % Antes 16 20 36 44,4 6 5 11 54,5-3 3 - - 1 1 - Depois 46 25 71 64,8 19 12 30 60,0 3 3 6 50,0 - - - - PERÍODO Ia. MN 2? MN 39 MN + de 3 MN + - Tot. % + - Tot. % + - Tou % -i- - Tot. % o\ u>

Quadro II camos que o intervalo médio entre o último parto e primeiro cio foi de 106,7 ± 8,4 dias, Das Tabelas 1 e 2 podemos obter dados relativos aos intervalos, em dias, entre o para 90.5 ± 6,3 dias. A analise de variância e diminuindo, no período posterior (Tabela 2) último parto e primeiro cio. assim como entre o último parto e primeiro serviço seguido ferença de 16,2 dias como significativa do o teste F. no entanto, não revelaram a di de fecundação, ponto de vista estatístico. No período anterior (Tabela I) verifi Ainda, o exame das Tabelas I e II nos fornece média de 145,6 ±10,1 dias para o intervalo entre o último parto e primeiro serviço seguido de fecundação antes do tratamento e de 106,8 ± 6,9 dias para o período posterior. Esta diferença de 38,8 dias, quando submetida à análise de variância e teste de F mostrou-se estatisticamente significativa. Re v. Fac. Mecl. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14( 1):59-7 3, 1977 QUADRO II Número de ampolas de sêmen necessários por fecundação em vacas da raça Nelore, antes e após modificações no manejo. PERÍODO N9 de ampolas + _ N9 de ampolas por fecundação Diminuição do n9 de ampolas índice de aproveitamento de ampolas Aumento % no aproveitamento de ampolas Antes 51 22 29 2,3-43,1 - Depois 107 67 40 1.6 0,7 62,6 19,5

TABELA 1 Intervalos entre partos e cios subseqüentes de fêmeas da raça Nelore, antes das modificações no manejo. 08 30.6.74 19.8.74 50-11.10.74 103-20.10.74 123-30.11.74 164 + 09 2.7.74 11.8.74 35-26.9.74 81-19.10.74 104-4.12.74 155 + V? de Data do 1? Serviço 29 Serviço 39 Serviço + de3smrvifos trdem parto Dias DG Data Dias DG Data Dia* DG Data Dias p c 01 5.6.74 4.8.74 60 + 02 11.6.74 3.9.74 84 + 03 12.6.74 1.7.74 49 + 04 15.6.74 30.7.74 45 + 05 15.6.74 7.7.74 22-26.10.74 133-15.11.74 153 + 06 27.6.74 24.9L74 89 + 07 28.6.74 28.8.74 61 + 10 6.7.74 28.9.74 84 + 11 8.7.74 10.11.74 125-22.12.74 167 + 12 10.7.74 21.8.74 42 + 13 10.7.74 14.10.74 96 + 14 13.7.74 9.9.74 58 + 15 14.7.74 2.9.74 50 + 16 25.7.74 18.9.74 55 + 17 26.7.74 5.9.74 41-4.11.74 100 +

31 30.12.74 2.11.75 306-22.11.75 326-18.12.75 346-9.1.76 367 + 34 20.1.75 31.8.75 224-31.10.75 286-21.11.75 307-12.12.75 328 + 19 24.9.74 22:10.74 28-10.11.74 47 + 20 13.10.74 31.12.74 78-27.2.75 136 + 21 14.10.74 18.11.74 34 + 22 22.10.74 24.11.74 32-17.12.74 55 + 23 24.10.74 25.11.74 31 + 24 1.11.74 1.1.75 62-3.3.75 123 + 25 3.11.74 24.1.75 82-12.2.75 101-5.3.75 122 + 26 5.12.74 9.2.75 66 + 27 18.12.74 23.1.75 36-26.10.75 312 + 28 20.12.74 8.3.75 78-26.5.75 156 + 29 26.12.74 25.7.75 211 + 30 28.12.74 30.1.75 33-5.5.75 128 + 32 6.1.75 1.10.75 269 + 33 6.1.75 28.7.75 204 + 35 12.2.75 8.9.75 209 + 36 14.2.75 4.7.75 141-24.9.75 223 + 37 18.2.75 6.5.75 78 + 38 19.2.75 2.8.75 165 + 39 8.3.75 27.8.75 172-23.9.75 199-4.11.75 241 + 40 8.3.75 31.10.75 237-18.11.75 255 + 41 29.3.75 24.11.75 240 + * A Æ

43 6. 4. 7 5 1 0. 1 0. 7 5 1 7 7 + 4 4 6.4.75 4.7.75 79-27.7.75 100-16.9.75 153-11.1.76 270 + 45 20.4.75 7.12.75 231 + 46 22.4.75 10.7.75 79-14.9.75 145-29.12.75 250 + 47 23.4.75 5.7.75 73-5.3.76 317 + 48 28.4.75 1.9.75 126-22.1.76 270 + 49 29.4.75 10.7.75 72 + 50 20.5.75 25.9.75 128 + 51 22.5.75 24.8.75 94-14.9.75 115-5.10.75 136 + 52 24.5.75 17.8.75 85-7.9.75 106 + 53 25.5.75 3.9.75 101 + 54 25.5.75 20.11.75 179-7.12.75 196 + 55 5.6.75 15.8.75 82-23.9.75 111 + 56 14.6.75 26.9.75 105 + 57 16.6.75 23.10.75 130 + 58 19.6.75 11.11.75 145-31.1.76 226 + 59 21.6.75 6.11.75 138 + 60 23.6.75 9.12.75 169 + 61 23.6.75 25.9.75 94 + 62 25.6.75 2.11.75 130-22.11.75 150 + 63 28.6.75 7.12.75 192 + 64 5.7.75 16.9.75 73-5.10.75 92 5.12.75 153-26.12.75 164 + 65 5.7.75 15.9.75 72-12.10.75 99 + DG Diagnóstico de gestação

Tabela 2 cando os intervalos entre o último parto e dos de até 45, 46 a 60, 61 a 80, 81 a 120, O Quadro Hl revela as porcentagens apenas a primeira inseminação artificial ou 121 a 160, 161 a 200 e mais de 200 dias, dos dados obtidos das Tabelas 1 e 2, especifi- primeira monta natural, divididos em perío- respectivamente. TABELA 2 Intervalos entre partos e cios subseqüentes de fêmeas da raça Nelore, depois das modificações no manejo. 02 15.7.75 30.9.75 77-28.12.75 166-20.1.76 189-10.2.76 210 + 14 15.10.75 31.12.75 78-12.2.76 120-19.4.76 186-10.5.76 207 + N9 de Data do 19 Serviço 29 Serviço 39 Serviço + de 3 Serviços ordem parto Data Dias DG Data Dias DG Data Dias DG Data Dias DG 01 15.7.75 16.10.75 93 + 03 30.7.75 30.10.75 92 + \ 04 3.8.75 16.10.75 73 + 05 9.8.75 30.10.75 82 + 06 20.8.75 7.12.75 109-29.12.75 131 + 07 25.8.75 5.2.76 164 + 08 29.8.75 1.4.76 216 + 09 3.9.75 16.10.75 33-7.11.75 55 + 10 6.9.75 4.1.76 120 + 11 8.9.75 28.11.75 81 + 12 17.9.15 20.11.75 64-7.12.75 81-31.12.75 105 + 13 20.9.75.43.76 137 + 15 18.10.75 4.2.76 109 + 16 25.10.75 2.4.76 159 + 17 28.10.75 2.3.76 125 +

18 31.10.75 31.5.76 212 + 19 2.11.75 13.1.76 72 + 20 6.12.75 28.1.76 53-28.3.76 112 + 21 6.12.75 4.2.76 60 + 22 18.12.75 9.2.76 53-20.3.76 92 + 23 27.12.75 10.2.76 45 + 24 28.1.76 31.8.76 215-20.9.76 235-12.10.76 25 7 + 25 28.2.76 20.8.76 173 + 26 1.3.76 11.4.76 41-13.7.76 134-2.8.76 154 + 27 3.4.76 27.5.76 54 + 28 20.4.76 13.6.76 54 + 29 4.5.76 18.10.76 167 + 30 12.5.76 27.7.76 76 + 31 21.5.76 21.9.76 123-29.10.76 161-18.11.76 180 + 32 26.5.76 11.9.76 108 + 33 27.5.76 28.7.76 62 + 34 24.6.76 13.9.76 79 + 35 29.6.76 12.10.76 106 + 36 2.7.76 25.10.76 US + 37 7.7.76 15.9.76 70 +!

39 17.7.76 10.9.76 55-22.10.76 97 + 40 18.7.76 23.9.76 67 + 41 21.7.76 20.10.76 91 +, 42 22.7.76 43 22.7.76 20.9.76 60 + 44 23.7.76 25.11.76 125 + 45 29.7.76 21.9.76 54-5.11.76 99 + 46 3.8.76 13.9.76 41-30.10.76 88 + 47 4.8.76 18.10.76 76 + 48 12.8.76 26.10.76 75 + 49 14.8.76 30.11.76 108 + 50 14.8.76 51 15.8.76 29.9.76 45 + 52 19.8.76 20.10.76 62 + 53 24.8.76 21.9.76 28 + 54 24.8.76 9.11.76 77 + 55 24.8.76 21.10.76 58-29.10.76 67-15.1.77 146 + 56 25.8.76 8.10.76 44 + DG = Diagnóitico de gestação

PERÍODO 0 a 45 46 a 60 61 a 80 81 a 120 121 a 160 161 a 200 + de 201 N9 % F.% N9 % E% N9 % E% N9 % E% m % E% N9 % E% iv? % E% Antes 4 6,1 6,/ 8 12,3 18,4 5 7,7 26,1 11 16,9 43,0 12 18,5 61,5 8 12,3 73,8 17 26,2 100,0 Depois 4 7,4 7,4 5 9,3 16,7 12 22,2 38,9 17 31,5 70,4 7 12,9 83,3 4 7,4 90,7 5 9,3 100,0 Rev. Fac. Med vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(1 ):59-7 3, 1971 Quadro III III, calculamos as porcentagens dos interva- em fecundação, considerando desde até 45 a los entre o último parto e primeira insemina- mais de 200 dias, lançando os resultados ob- À semelhança do que vimos no Quadro ção artificial ou monta natural resultando tidos no Quadro IV. QUADRO III - Porcentagens dos intervalos entre o último parto e próxima inseminação artificial ou monta natural controlada de vacas da raça Nelore, antes e após modificações no manejo. INTERVALOS EM DIAS PERÍODO 0 a 45 16 a 60 61 a 80 81 a 120 121 a 160 161 a 200 + de 201 N9 % E% l\9 % E%!\9 % E% N % E% m % E% N9 % E% N9 % E% Antes II 16.9 16,9 7 10,8 2 7.7 I I 20,0 47,7 11 16,9 64,6 8 12,3 76,9 6 9,2 86,1 9 13,9 100,0 Depois 7 12,9 12,9 9 16,7 29,6 15 27,8 57,4 12 22,2 79,6 5 9,2 88,8 3 5,6 94,4 3 5,6 100,0 Quadro IV mo parto e primeiro serviço e último parto e raça Nelore, ao intervalo parto-fecundação 0 Quadro V nos revela as diferenças fecundação, nos dois períodos. 0 acréscimo nos indica, aproximadamente, o intervalo enmédias, em dias, dos intervalos entre o últi- de 290 dias, período normal de gestação na tre partos. QUADRO IV Porcentagens dos interm los entre o último parto e próxima inseminação artificial ou monta natural controlada seguidas de fecundação de vacas da raça \elore, antes e apos modificações no manejo. INTERVALOS EM DIAS <7\

PERÍODO 0 a 45 46 a 60 61 a 80 81 a 120 121 a 160 161 a 200 + de 201 N % E% No % E% N % E% m % E% M % E% JV? % E% JV? % E% Antes 4 6,1 6,1 8 12,3 18,4 5 7,7 26,1 11 16,9 43,0 12 18,5 61,5 8 12,3 73,8 17 26,2 100,0 Depois 4 7,4 7,4 5 9,3 16,7 12 22,2 38,9 17 31,5 70,4 7 12,9 83,3 4 7,4 90,7 5 9,3 100,0 Rev. Fac. Med vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(1 ):59-73, 1977 Quadro III III, calculamos as porcentagens dos interva- em fecundação, considerando desde até 45 a los entre o último parto e primeira insemina- mais de 200 dias, lançando os resultados ob- À semelhança do que vimos no Quadro ção artificial ou monta natural resultando tidos no Quadro IV. QUADRO III - Porcentagens dos intervalos entre o último parto e próxima inseminação artificial ou monta natural controlada de vacas da raça Nelore, antes e após modificações no manejo. INTERVALOS EM DIAS PERÍODO 0 a 45 16 a 60 61 a 80 81 a 120 121 a 160 161 a 200 + de 201 N % E% N9 % E% \o % E% N9 % E% m % E% m % E% N % E% Antes 11 16.9 16,9 7 10,8 27.7 1 20,0 47,7 11 16,9 64,6 8 12,3 76,9 6 9,2 86,1 9 13,9 100,0 Depois 7 12,9 12,9 9 16,7 29,6 15 27,8 57,4 12 22,2 79,6 5 9,2 88,8 3 5,6 94,4 3 5,6 100,0 Quadro IV mo parto e primeiro serviço e último parto e raça Nelore, ao intervalo parto-fecundação 0 Quadro V nos revela as diferenças fecundação, nos dois períodos. 0 acréscimo nos indica, aproximadamente, o intervalo enmédias, em dias, dos intervalos entre o últi- de 290 dias. período normal de gestação na tre partos. QUADRO IV Porcentagens dos intervalos entre o último parto e próxima inseminação artificial ou monta natural controlada seguidas de fecundação de vacas da raça \elore. antes e apos modificações no manejo. INTERVALOS EM DIAS Os ^ 3

QUADRO V Intervalos médios entre o último parto/19 cio, último parto 119 inseminação artificial seguida de fecundação e entre partos de vacas da raça Nelore, antes e após modificações no manejo. INTERVALOS MÉDIOS (EM DIAS) ANTES DEPOIS DIFERENÇA PARTOH9 CIO 706,7 90,5 16,2 PARTO/PRENHEZ 145,6 106,8 38,8 ENTRE PARTOS 435,6 396,8 38,8 DISCUSSÃO As vantagens dos controles sanitário e produtivo dos animais e o papel de eficiente e coordenada intervenção veterinaria na baixa fertilidade dos rebanhos, mediante o diagnostico e prevenção do problema já foram e n fatizad as repetidas vezes (ASDELL1, M 0RR0W 19, HEERSCHLER et alii17, R0- BERTS & De CAMP26, MORROW21). Estas vantagens fazem parte de um amplo e objetivo sistema de prevenção e controle, onde o fator mais importante para a rápida recuperação de animais problemas é o exame clínico de rotina que facilite estabelecer um diagn ó stic o p reco ce no momento preciso (GIBBONS13, GUERREIRO14, BLOOD & M O R R IS 2, H A R T IG A N 1 5, KONER- MANN1 ), assegurando ao criador o benefício máximo. Os principais fatores (hereditários, ambientais, patológicos, nutricionais e de manejo) que interferem sobre a eficiência reprodutiva de bovinos submetidos à inseminação artificial, embora em formas distintas e sob diferentes denominações, foram assinalados pela maioria dos investigadores da patologia reprodutiva animal como entidades suscetíveis de afetar o rendimento, como unidade zootécnica e econômica, necessários de identificar para que se conheça o real estado do rebanho. Em nosso caso, encontramos que uma somatória de fatores decorrentes de registros cuidadosos, de mudanças no manejo e da implantação de exames ginecológicos mais precocemente após o parto contribuíram para maior fertilidade dos cios e menor intervalo entre o parto e próxima fecundação, além de maior aproveitamento das ampolas de sêmen. Os resultados da avaliação comparativa da atividade reprodutora do rebanho, antes e depois das modificações no manejo, estão expostos nos quadros e tabelas apresentados. 0 êxito da adoção das atividades programadas se reflete na análise da porcentagem de fecundação de inseminação artificial no rebanho, a qual melhorou de 50,0% para 82,7%, representando um acréscimo dc 32,7% (P < 0,05). Observamos também que no primeiro período, 30,2% dos animais aptos para reprodução foi servido por monta natural ao passo que, no segundo período, apenas 3,6%, o que indica maior ênfase dedicada à prática da inseminação artificial. Raciocinando em termos de rebanho geral, verificamos que o índice de fertilidade por inseminação artificial cresceu cerca de 128,6% pois enquanto que, no período anterior, de 63 animais em reprodução apenas 22 (34,9%) entraram em gestaçao, no segundo período 67 (79,8%) de 84 fêmeas foram fecundadas. Em termos de melhoramento genetico de rebanho é de extremo interesse a obtenção do maior número possível de produtos oriundos de inseminação artificial. Pelos dados apresentados observa-se que o incentivo dado à prática da inseminação artificial no segundo período, resultou da maior credibilidade do método por parte do criador, baseado nos benefícios que se traduziram em cerca de 2,3 vezes mais bezerros, equivalentes a uma economia de tempo de aproximadamente 18 meses. 68 Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977.

Outro fator bastante importante ao se ánalisar a eficiência reprodutiva de um rebanho é a porcentagem de fecundaçao em primeira inseminação artificial. Pelo exame do Quadro I, verificamos que no período de 2.9.1974 a 1.9.1975, 44,4% das vacas conceberam em primeira inseminação artificial, sendo que esta porcentagem foi elevada para 64,8% (P < 0,05) de 2.9.1975 a 1.9.1976. 0 emprego de adequadas normas de manejo também se faz evidente ao observar o número de ampolas de sêmen necessárias por fecundação (Quadro II), índice que diminuiu de 2,3 para 1,6 (P < 0,05). Neste particular, segundo o critério de MORROW21 o número de serviços por concepção passou de mau para bom. Em números absolutos isto representa uma economia de 0,7 ampola por fecundação, ou seja, cerca de 30,5% de ampolas a menos por concepção. Igualmente, o programa permitiu diminuir a média dos intervalos entre o último parto e primeiro cio de 106,7 ± 8,4 (Tabela 1) para 90,5 ± 6,3 dias (Tabela 2). Estes resultados refletem a maior atençao prestada ao rebanho e seus efeitos sobre o mais breve retorno à ciclicidade ovariana normal, conseqüente aos exames ginecológicos precoces e massagens dos órgãos reprodutivos por via retal. Em termos de porcentagem verificamos, pelo Quadro III,, que até 80 dias houve uma diferença de 10,0% a favor do segundo período no que diz respeito à incidência de cio e de 15,0% no intervalo de 81 a 120 dias. Nos demais intervalos, pouco interessantes por diminuírem a eficiência reprodutiva, 35,4% dos animais do período anterior apresentou o primeiro cio pós-parto em mais de 1. I dias contra apenas 20,4% do período posterior. perfeito sistema de registros dos eventos que 0 máximo de produtividade almejado afetam a reprodução dos animais. Conforme pelos técnicos e criadores é a obtenção de já esclarecemos, o rebanho em questão já um produto por ano. À medida que este intervalo se dilata torna-se menos interessante lançadas as ocorrências que envolviam a vida contava com fichas individuais onde eram dos pontos de vista de fertilidade e econômico. Examinando o Quadro IV, percebemos finalidade de obter uma visão mais rápida e reprodutiva dos animais. No entanto, com a que o número de vacas prenhes até 80 dias precisa da situação, passamos a lançar, em após o parto, que equivale a um intervalo folhas pautadas, as datas dos partos, em ordem cronológica, seguidas das datas dos pró entre partos de 12 meses, representa 12,8% a mais para o período posterior (de 26,1% para 38,9%). Consideremos, porém, a média artificial. Além disso, adotamos uma coluna, ximos serviços de cobertura ou inseminação dos intervalos, em dias, dos animais fecundados até o 1209 dia nos dois períodos (Tabe parto e serviços e ainda o diagnóstico de onde anotamos o intervalo, em dias, entre o ges las 1 e 2). Os 28 animais do primeiro período fornecem uma média de 71, 2 dias e os 38 do segundo de 79,1 dias. Estas médias, acrescidas de 290 dias que correspondem a um período normal de gestação, tambem totalizam cerca de 12 meses. Portanto, é perfeitamente válido considerarmos, no caso, o intervalo de 81 a 120 dias, no qual constatamos uma diferença mais significativa entre os dois períodos uma vez que a porcentagem de animais prenhes aumentou de 43,0% para 70,4%. Nos três últimos intervalos (121 a mais de 200 dias) houve uma inversão bastante favorável nos resultados pois que de 57,0% de vacas prenhes no primeiro período passamos para apenas 29,6% após a implantação do programa. O exame global das Tabelas 1 e 2 permite verificar que houve significativa redução média de dias vazios (P < 0,05) a partir de 145,6 ±10,1 para 106,8 ± 6,9 dias, correspondendo a intervalos entre partos de 14 meses e 15 dias (435,6 dias) no período anterior e de 13 meses e 7 dias (396,8 dias) no posterior (Quadro V). Deste modo, as vacas paridas de 15.7.1975 a 25.8.1976 entraram em nova gestação, e n média, 38,8 dias antes daquelas cujos partos ocorreram de 4.6.1974 a 14.7.1975. Esta diferença, multiplicada pelo número de animais beneficiados (54), resulta em 2095 dias ganhos na vida reprodutiva, os quais divididos por um período de gestação representam cerca de 7 bezerros a mais e 13,0% de aumento da produtividade no período. É óbvio que o sut esso de qualquer o- peração pecuária baseia-se no necessário e Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977. 69

tação. Deste modoy com uma simples verificação torna-se possível saber o número de partos ocorridos, a extensão do período entre o último parto e o próximo serviço, o número de repetições de cio e o número de animais gestantes ou não. Uma vantagem adicional é que a própria tabela acusa os animais que porventura ainda nao tenham manifestado cio após o parto e que vão se atrazando em relação aos demais, como é o caso dos números 42 e 50 relacionados na Tabela 2. Neste caso, o fato não passa despercebido e indica a necessidade de maior atenção a determinadas fêmeas, procurando o mais precocemente possível, tomar as medidas adequadas para sanar a anormalidade. A tabela facilita, ainda, o recolhimento de dados para cálculos estatísticos, sem necessidade de cansativas e demoradas consultas ao fichário individual. Em resumo, acreditamos que existem causas básicas de baixas eficiências reprodutivas, as quais podem ser contornadas pela adoção de simples, porém decisivas medidas de melhoria no manejo, tais como permitir nova inseminação em vacas 45 a 60 dias após o parto (SHANNON et alii27) ou mais precocemente uma vez que o trato genital esteja recu p erad o (DENIS & THIONGANE9). Além disso, é interessante fomentar a existência de registros adequados (GRMSBEE23; MORROW ; HARTIGAN16), utilizar eficiente e planejada constatação do cio (AS- D E L L 1 ; GIBBONS13; EDWARDS1 ; ED- WARDS & AIZINBUD1'), que favoreça a inseminação correta no momento preciso (TRIMBERGER & DAVIS28; CORDIEZ5; CALDERON3; CHIEFFI4), utilizando sêmen de qualidade superior. Naturalmente que a técnica deve ser perfeita, executada por pessoal competente, procurando contornar assim os problemas mais freqüentemente encontrados como anestro, irregularidades do cio e serviços repetidos (CORDIEZ6 ; CUQ7; DENIS & THIONGANE*; CUQ8). Relativamente ao momento da ovulação no Bos taurus estabelece-se entre a 12? e 14-15? hora depois do fim do cio (CHI- EFFI4) ou 24 a 36 horas após o início do cio (CORDIEZ6). O acasalamento poderá antecipá-lo de algumas horas e também a inseminação, praticada corretamente, sem sofrimento da fêmea, é capaz de antecipar esse momento, em menor intensidade em relação à menor excitação sexual. Além disso, é necessário considerar que os AA estão de acordo em admitir que a sobrevivencia espermática nos órgãos genitais femininos gira em torno de 24 horas, enquanto que a duraçao da fertilidade dos óvulos, depois da deiscência folicular, está compreendida entre 5 e 6 horas. É fato sobejamente conhecido que a vaca recusa o touro depois da cessação das manifestações estrais, isto é, muitas horas antes da ovulação. A razão disto reside na necessidade de maturação dos espermatozóides, provavelmente de natureza enzimática, nas vias genitais femininas, processo este que recebeu a denominação de capacitação. Segundo alguns autores, o momento mais propício para o ato de inseminação artificial em bovinos de origem européia seria 16 horas após as primeiras manifestações (COR DIEZ5), 6 a 12 horas apo^s o início (OLDS & SEATH22), 6 a 24 horas apos o início ou 6 a 8 horas depois da cessação dos sintomas (CALDERÕN3), da 6? hora a partir do início do cio até a 6? hora de seu fim (CHI- EFFI4) e 12 a 15 horas apos o inicio do cio (EDWARDS10). No referente às raças indianas, CUQ, DENIS & THIONGANE9 e CUQ* verificaram que o cio é de duração variável, com curto período de aceitação (4 a 8 horas) e habitual discrição na exibição dos sintomas. Estas características, muitas vezes, chegam a provocar sérios entraves à mais larga utilização do método de inseminação artificial. Todos estes fatores, somados à sobrevivência dos gametas e ao fenomeno da capacitação, devem ser levados em conta na prática da inseminaçao artificial, quando se pretende alcançar resultados satisfatórios de fecundação. Todavia, particularmente no zebu, poucas publicações existem a respeito. KUMA- RAN, citado por CORDIEZ6, observou cjue a ovulação se dá, em média, 11 horas apos a cessação dos sintomas de cio, com variação de 7 a 19 horas e que o processo varia também de acordo com os meses do ano. PINTO et alii25 e FONSECA et alii12 recomendam que a inseminação artificial no zebu seja praticada 12 horas apos a observação das manifestações clínicas do cio, com o 70 Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(1 ):59-73, 1977.

que alcançaram, em estudos comparativos quanto ao horário, respectivamente, 64,2% e 57,5% de fecundação. Em nosso trabalho, as vacas descobertas em cio entre 7 e 8 horas da manhã foram inseminadas ao redor de 21 horas, isto é, cerca de 12 a 14 horas após. Naquelas que apresentavam sintomas entre 17 e 18 horas a intervenção foi praticada no dia seguinte, aproximadamente às 7 horas, dando um intervalo de 13 a 14 horas. Como resultado, o índice de concepção por inseminação artificial foi elevado de 50,0% para 82,7%. Estes intervalos situam-se entre os recomendados pelos diversos AA e parecem favorecer a fecundação, uma vez que o«espermatozóides introduzidos atingirão o' momento da ovulação ainda dotados de tua fertilidade e com capacitação de aproximadamente 12 horas, o que nem sempre ocorre quando se adota rigidamente o critério aconselhado por OLDS & SEATH2 2. Acreditamos ainda que devido ao temperamento mais sanguíneo do zebu, a iniciativa. de não retirada imediata das vacas em cio do convívio do rebanho, assim como a prática da inseminação em horários que os animais estão normalmente mais calmos, inclusive com o próprio metabolismo diminuído tenham favorecido o aumento do índice de fecundação. Acresce comentar que o próprio sêmen, sendo manipulado em horários mais convenientes, é menos prejudicado por fatores externos deletérios, tais como a incidência da luz solar e as elevadas temperaturas ambientes. C um pre- nos i nal me nte, esclarecer que o novo programa adotado continua em execução e que, no futuro, teremos mais dados a serem analisados e interpretados. Por ora, como as condições gerais do rebanho não mudaram, parece óbvio que os resultados apresentados quanto à eficiência reprodutiva estão ligados à observação constante dos registros bem como as modificações que impuzemos no manejo, como a troca de rufião, assistência clínica de rotina para verificar o ciclo estral e condições dos órgãos genitais após o parto, possibilitando novas inseminações em intervalos mais curtos e horários mais propícios, além de surpreender e- ventuais alterações passíveis de uma terapêutica mais precoce. CONCLUSÕES A adoção de programa preventivo e sistemático, implicando em algumas modificações e introdução de novas técnicas no manejo de um rebanho de raça Nelore, permite-nos as seguintes conclusões quanto a sua eficiência reprodutiva. 1 A diferença na porcentagem de fecundação por inseminação artificial foi de 32,7%, o que representa um acréscimo de 128,6% no índice de fertilidade quando comparados os dois períodos em termos de rebanho geral. / 2 0 incentivo dado a inseminaçao artificial no segundo período resultou em cerca de 2,3 mais bezerros concomitante a uma economia de tempo de aproximadamente 18 meses. 3 A diferença na porcentagem de vacas que conceberam em primeira inseminação artificial aumentou em 20,4%. 4 0 número de ampolas de sêmen necessárias por fecundação diminuiu em 0,7 ampola. 5 0 intervalo entre o último parto e o próximo cio diminuiu, em média, de 16,2 dias, com uma incidência de 15,0% a mais de cios até 120 dias após o parto. 6 0 intervalo entre o último parto e próximo serviço seguido de fecundação diminuiu, em média, de 38,8 dias, resultando em: a) diminuição do intervalo entre partos de 14 meses e 15 dias no período anterior para 13 meses e 7 dias no posterior. b) aumento relativo do número de nascimentos. c) aumento da produtividade correspondente a 13,0%. d) aumento de 27t 4% dos animais entrando em nova gestação até o 1209 dias após o parto. Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977. 71

RFMV-A/7 FEO, J.C.S.A.; BARNABE, R.C.; MUCCIOLO, R.G. Planned management and fertility control in a Nelore herd. I. Period from 4.6.1974 to 1.9.1976. Rev. Fac. Med. vet. Zciotec. Univ. S.Paulo, 14(1): 59-73, 1977. SUMMARY: Reproductive performance o f a Nelore herd\ raised in Campinas, Brazil, before and after fertility control and herd management program is presented in this paper. The Analisys o f data revelead that: a) herd IA fertility index increased 128.6%; b) lst.ia conception rate increased 20.4%; c) services per conception decreased from 2.3 to 1.6; d) interval from calving to next estrous decreseadjin average, 16.2 days; e) interval from calving to conception decreased, in average, 38.8 days, resulting in shorter calving interval, greater number o f calving and increased productivity UNITERMS: Reproduction) efficiency *; Fertility cattle *; Management *. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - ASDELL, S.A. Variations in amount of culling in DHIA herds. J. Dairy Sci., 34:529-35,1951. 2 - BLOOD, D.C. & MORRIS, R.S. Optimal herd health programmes for dairy cattle. In: CONGRESSO MUNDIAL DE MEDICINA VETERINÁRIA Y ZOOTECNIA, 19., México, 1971. v.3, p. 1104-7. 3 - CALDERON, W. En qué momento se debe inseminar la vaca lechera. Vet. Z o o te c., L im a, 2 1 /2 3 : 20-3, 1969/70. 4 - CHIEFFI, A. Momento oportuno da intervenção na inseminação artificial em b o v in o s. Zootecnia, São Paulo, 10: 39-52 1972. [ Trabalho adaptado e traduzido de: PANICHI, G. La tempestivitá deu intervento nella fecondazione strumentale delia bovina ]. 5 - CORDIEZ, E. Le moment de l insémination artificielle dans l espece bovine. Ann, Méd. vét., 4-18, 1949. 6 - CORDIEZ, E. Le moment de l ovulation dans l espece bovine. Ann. Méd. vét., 65-73,1949. 7 - CUQ, P. Bases anatomiques et fonctionelles de la reproduction chez le zébu (80s indicus). Rev. Élev. Méd. vét. Pays tropv 26: 21a-48a, 1973. 8 - CUQ, P. Particularités du fonctionnement ovarien de la femelle zebu (Bos indicus) dans la zone Soudano Sahelienne de l A friq u e Tropicale de l Ouest. Bull. Ass. Anat., Nancy, 59: 139-44,1975. 9 - DENIS, J. & THIONGANE, A.I. Caractéristiques de la reproduction chez le zébu étudiées au centre de recherches zootechniques de Dahra. Rev. Élev. Méd. vét. Pays trop., 26: 49a-60a, 1973. 10 - EDWARDS, D.F. An electrical method of detecting the optimum time to inseminate cattle, sheep and pigs. Vet. Rec., 95:416-20,1974. 11 - EDWARDS, D.F. & AIZINBUD, E. Electrical method o f detecting optimum time to inseminate. Vet. Rec., 98: 532-3, 1976. 12 - FONSECA, V.O., SATURNINO, H.M.; CHOW, L A.; NORTE, A.L.; SAM PAIO, I.B.M. Inseminação artificial em bovinos de corte. 1. Observações sobre o melhor momento da inseminação. In: SIMPOSIONACIONAL DE REPRODUÇÃO ANlMAL, 2., Belo Horizonte, 1976. Resumos, p. 1, 13 GIBBONS, W.S. Disease control in dairy herds. Med. Vet. Pract., 41: 38-50, 1960. 14 - GUERREIRO, R.T.C. Advantages o f routine clinical assistance on reproduction o f a r tific ia l in sem in a ted co w s. In: UNIVERSITA DEGLI STUDI DI MILANO. 25o Anno della Fondazione dello Istituto Sperimentale Italiano L. Spallanzani per la Fecondazione Artificial. Milano, 1962. p.306-9. 15 - HARTIGAN, P.J. The veterinarian and fertility in the dairy herd. II. Prevention o f infertility. Irish vet. J., 26: 160-2,1972. 72 Rev. Fac. Med. vet. Zootec. Univ. S. Paulo, 14(l):59-73, 1977.

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