Enraizamento in vitro de mirtilo em condições fotoautotróficas

Documentos relacionados
SUBSTRATOS ALTERNATIVOS AO ÁGAR NO ENRAIZAMENTO IN VITRO DE FRAMBOESEIRA E AMOREIRA-PRETA

Produção de Mudas de Abacaxizeiro Pérola Utilizando a Técnica do Estiolamento In Vitro

Estiolamento e Regeneração in vitro de Abacaxizeiro Pérola

Tecnologias para produção de mudas de pequenas frutas e frutas nativas. Márcia Wulff Schuch Prof Titular Fruticultura FAEM/UFPel P PP

MULTIPLICAÇÃO IN VITRO EM CONDIÇÕES FOTOAUTOTRÓFICAS DO PORTA-ENXERTO DE PEREIRA SELEÇÃO 21714

Micropropagação de framboeseira em diferentes concentrações de ferro - NOTA -

ESTABELECIMENTO IN VITRO

Franca, Mariana Almeida Micropropagação de cana-de-açúcar cultivar RB Mariana Almeida Franca. Curitiba: f. il.

MICROPROPAGAÇÃO COMO SCHUCH, TÉCNICA M. W. et DE al. REJUVENESCIMENTO EM MIRTILO (Vaccinium ashei Reade) CULTIVAR CLIMAX

Estabelecimento in vitro da pitanga vermelha (Eugenia uniflora L.)

Enraizamento de estacas semilenhosas de mirtilo com diferentes tipos de lesões

CULTIVO in vitro DE EMBRIÕES DE CAFEEIRO: concentrações de meio MS e polpa de banana RESUMO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

EFEITO DA BENZILAMINOPURINA (BAP) NA MICROPROPAGAÇÃO DA VARIEDADE CURIMENZINHA (BGM 611) DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MACROPROPAGAÇÃO DO MIRTILO SOB EFEITO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB) EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES E TEMPOS DE IMERSÃO

PROTOCOLO DE PRODUÇÃO DE MUDAS IN VITRO DE Tabernaemontana catharinensis DC.

Enraizamento in vitro de Aechmea setigera, bromélia endêmica da Amazônia, Acre, Brasil

Substratos e formas de imersão de auxina no cultivo in vitro de mirtileiros cv. Duke

Enraizamento de estacas de mini-ixora (Ixora coccinea Compacta) sob diferentes substratos e reguladores de enraizamento

Posição dos explantes na multiplicação in vitro de mirtileiro cultivar O neal

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO MEIO MS NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) Introdução

CONCENTRAÇÕES DOS SAIS DO MEIO MS E EXTRATO DE CHIA NO CULTIVO DE EMBRIÕES DE CAFEEIRO in vitro RESUMO

GERMINAÇÃO in vitro DE Coffea canephora cv. Tropical EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA E AMBIENTES DE CULTIVO

INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO DE ACESSOS E MEIOS DE CULTURA NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

Scientia Agraria ISSN: Universidade Federal do Paraná Brasil

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ENRAIZAMENTO IN VITRO E ACLIMATIZAÇAO EM VERMICULITA DE PIMENTA- DO-REINO (Piper nigrum L.)

Volume do frasco e consistência do meio de cultura na multiplicação in vitro da bananeira Maçã

IN VITRO ESTABLISHMENT OF BLUEBERRY TREES STARTING FROM NODAL SEGMENTS

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMI-LENHOSAS DE CEREJEIRA-DO-RIO- GRANDE (EUGENIA INVOLUCRATA DC.) TRATADAS COM ANTIOXIDANTE, FLOROGLUCINOL E AIB

Aclimatização de videiras micropropagadas em frascos com e sem vedação e diferentes concentrações de sacarose

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

EFEITO DE SUBSTRATOS E RECIPIENTES NA ACLIMATIZAÇÃO DE GOIABEIRAS PALUMA MULTIPLICADAS IN VITRO

REGENERAÇÃO DE GEMAS DE ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) cv. BRS 201

PROPAGAÇÃO DE AMOREIRA-PRETA UTILIZANDO ESTACAS LENHOSAS E TRÊS TIPOS DE SUBSTRATOS

INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE CULTURA NA TAXA DE MULTIPLICAÇÃO DE EXPLANTES DE Gypsophila cv. Golan

ENRAIZAMENTO in vitro DO PORTA-ENXERTO DE Prunus cv. Mr. S. 1/8: CONCENTRAÇÕES DE IBA EM MEIO DE CULTURA ACRESCIDO DE ÁGAR OU VERMICULITA

Eficiência comparativa na multiplicação in vitro da batata em sistema estacionário e sob agitação do meio líquido.

MEIO DE CULTURA, CONCENTRAÇÃO DE AIB E TEMPO DE CULTIVO NO ENRAIZAMENTO IN VITRO DE AMOREIRA-PRETA E FRAMBOESEIRA 1

AÇÃO DA 6-BENZILAMINOPURINA E DA QUALIDADE DA LUZ NA MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE MACIEIRA (Malus domestica BORKH.) CVS. GALAXY E MASTERGALA

Indução e crescimento de calos em explantes foliares de hortelã-docampo

MÉTODOS DE ASSEPSIA E CONTROLE OXIDAÇÃO EM GEMAS APICAIS DE AZALEIA RESUMO

CRESCIMENTO in vitro DE PLÂNTULAS DE ORQUÍDEAS SUBMETIDAS A DIFERENTES PROFUNDIDADES DE INOCULAÇÃO E CONSISTÊNCIA DO MEIO DE CULTURA

Efeito de Diferentes Concentrações de BAP e Zeatina na Multiplicação in vitro de Schinopsis brasiliensis Engl

da Embrapa Agroindústria Tropical - Rua Dra. Sara Mesquita, Bairro Pici Fortaleza, CE -

;Agutr) Energia e Sustentabilidade

INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DE CULTIVO DA MICROESTACA NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) Introdução

CRESCIMENTO DE PLANTAS DE PHYSALIS SUBMETIDAS A DIFERENTES ADUBAÇÕES 1. INTRODUÇÃO

Eng. Agrôn., Dr., pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 4

SOBREVIVÊNCIA DE ESTACAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM SUBSTRATOS COM DIFERENTES DOSES DE AIB PLANTADAS EM TUBETE

Estabelecimento de Protocolos para cultura in vitro de Novas Cultivares de Coqueiro

MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE ARAÇÁ-VERMELHO (PSIDIUM CATTLEIANUM SABINE VAR. HUMILE) MYRTACEAE 1

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES EXPLANTES E COMBINAÇÕES DE REGULADORES VEGETAIS (BAP E ANA) NO CULTIVO IN VITRO DE Physalis pubences L.

Concentrações de BAP sobre a proliferação in vitro de brotos de Lippia alba

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

Qualidade de luz e fitorreguladores na multiplicação e enraizamento in vitro da amoreira-preta Xavante

Scientia Agraria ISSN: Universidade Federal do Paraná Brasil

Protocolo para micropropagação de marmeleiro BA29 em meio semissólido

UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE IMERSÃO TEMPORÁRIA (SIT) NA MICROPROPAGAÇÃO DA BATATA-DOCE

Micropropagação de Aechmea tocantina Baker (Bromeliaceae) Fernanda de Paula Ribeiro Fernandes 1, Sérgio Tadeu Sibov 2

GERMINAÇÃO IN VITRO DE Coffea arabica e Coffea canephora

Uso de LEDs na multiplicação e enraizamento in vitro de framboeseiras 1

Efeito de Diferentes Concentrações de BAP e Tipos de Explantes na Indução de Calo em Nim Indiano.

Rizogênese in vitro de dois híbridos de pimenteira-do-reino (Piper nigrum L.) (1)

GERMINAÇÃO DE GRÃO DE PÓLEN DE TRÊS VARIEDADES DE CITROS EM DIFERENTES PERÍODOS DE TEMPO E EMISSÃO DO TUBO POLÍNICO RESUMO

Diferenciação de Tubérculos de Batata em Função da Concentração de Nitrogênio na Solução Nutritiva.

Micropropagação de Amoreira-preta 'Cherokee I 111.Efeito de Cinetina e Meios de Cultura

Analista da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, , Cruz das Almas, BA. 2

Aclimatização ex vitro de Aechmea setigera, bromélia endêmica da Amazônia, Acre, Brasil

PRODUÇÃO DE MUDAS DE MAMONEIRA

2 Eng. Agr.Dr.ª, INTEC/URCAMP, Bagé, RS; 3 Bióloga, Mestranda em Fruticultura de Clima Temperado, UFPEL.

PROPAGAÇÃO IN VITRO DE SETE CAPOTES (Campomanesia guazumifolia)

REGENERAÇÃO DE EMBRIÕES A PARTIR DE CALO EMBRIOGÊNICO FRIÁVEL DO TIPO HFSE DE DUAS ESPÉCIES DE CAFÉ (Coffea canephora, Coffea arabica)

Micropropagação de Bletia catenulata Ruiz & Pav. (Orchidaceae) Juliana Mary Kluthcouski 1, Sérgio Tadeu Sibov 2

GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE ARAÇÁ (Psidium guineense Swart)

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE ABACATEIRO (Persea sp.), POR ESTAQUIA(1)

Ácido Giberélico na Cultura de Embriões Zigóticos de Coqueiro-anãoverde

MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DA MAMONA UTILIZANDO A CITOCININA 6- BENCILAMINOPURINA*

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Cultivo in vitro de plântulas de abacaxizeiro com uso de filtros, ventilação artificial e sacarose

ENRAIZAMENTO IN VITRO DE Annona glabra L., I. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR E DA PARTE AÉREA

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE CAMU-CAMU (Myrciaria dúbia (H.B.K.) McVaugh) POR MEIO DE ESTAQUIA: EFEITO DA CONSISTÊNCIA, TAMANHO E FITORREGULADOR

ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO DE PROPAGAÇÃO RÁPIDA PARA CULTIVARES TRADICIONAIS DE MANDIOCA DO ALTO JACUÍ: DADOS PRELIMINARES

V Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de Novembro de 2012

LUMINOSIDADE E IBA NO ENRAIZAMENTO DE MICROESTACAS DE MIRTILEIRO DOS GRUPOS Rabbiteye E Southern Highbush 1

ENRAIZAMENTO DE MIRTILEIRO EM DIFERENTES SUBSTRATOS

Efeito de Diferentes Substratos na Aclimatação de Plântulas de Cambuizeiro

TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE MAMONEIRA À TOXICIDADE DE ALUMÍNIO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA.

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

Concentrações e formas de aplicação do ácido indolbutírico na propagação por estaquia dos mirtileiros cvs. Flórida e Clímax

TÉCNICAS DE CULTURA DE TECIDOS DE PLANTAS

Resíduos Agrícolas no Cultivo de Amoreira - Preta Xavante em Vaso para Uso como Planta Ornamental

EFEITO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L.

EFEITOS DO SILÍCIO SOBRE PARÂMETROS FOTOSSINTÉTICOS EM PLANTAS DE BATATA CULTIVADAS SOB ESTRESSE DE ALUMÍNIO 1

CONSERVAÇÃO E ENRAIZAMENTO in vitro DE Bauhinia monandra Kurz(pata-devaca) PALAVRAS-CHAVE: conservação; enraizamento; pata -de- vaca

Transcrição:

Ciência Rural, Santa Maria, Online Enraizamento in vitro de mirtilo em condições fotoautotróficas. ISSN 0103-8478 1 Enraizamento in vitro de mirtilo em condições fotoautotróficas In vitro rooting of blueberry under photoautotrophic conditions Cláudia Roberta Damiani I* Márcia Wulff Schuch I RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência do enraizamento fotoautotrófico de mirtilo (Vaccinium ashei Reade), cultivar Delite, comparando o efeito da luz natural (casa de vegetação) e da luz artificial (sala de crescimento) durante duas épocas do ano (verão e inverno), bem como o efeito de três concentrações de sacarose (0; 15 e 30g L -1 ) adicionadas ao meio de cultura e de diferentes tipos de vedação dos frascos de cultivo (alumínio, algodão e filme plástico). Após 60 dias de enraizamento in vitro em meio de cultura WPM, contendo 9μM L -1 de AIB, observou-se que o enraizamento em meio de cultura livre de sacarose promoveu o aumento do número de raízes e da porcentagem de enraizamento e, quando associado ao fechamento dos frascos com algodão, favoreceu, também, o incremento do comprimento das raízes e da massa fresca total. Quanto ao ambiente de cultivo e às épocas do ano, concluiu-se que o enraizamento pode ser realizado com sucesso de forma fotoautotrófica e, durante o verão, independentemente do ambiente de cultivo, verifica-se um aumento do comprimento de raízes, da porcentagem de enraizamento e da massa fresca total. Palavras-chave: Vaccinium ashei, vedação dos frascos, ambiente de cultivo, sacarose, luz natural, variação sazonal. ABSTRACT The aim of this research was to assess the photoautotrofic rooting efficiency of blueberry (Vaccinium ashei Reade), cultivar Delite by comparing the effect between natural light (greenhouse) and artificial light (growth room) in two seasons (summer and winter), as well as the effect of different three sucrose concentrations (0; 15 or 30g L -1 ) added to the culture medium and different types of flasks closure (aluminum, cotton and plastic film). After 60 days of in vitro rooting on WPM medium culture containing 9μM L -1 AIB, rooting in freesucrose culture medium promoted an increased in the number of roots and rooting percentage; and, whether associated to cotton closed, there was an increase in length of roots and in the total fresh weight. Regarding environment growth and season, rooting could be successfully realized under photoautotrophic conditions. At summer, it was verified an increase in roots length, rooting percentage and total fresh weight independently of environment growth. Key words: Vaccinium ashei, flasks closure, environment growth, sucrose, natural light, seasonal variation. INTRODUÇÃO Dentre as pequenas frutas, o mirtilo (Vaccinium spp) é uma fruta que tem se mostrado como uma alternativa viável e rentável para as pequenas propriedades devido à existência de um mercado bastante promissor. No Brasil, o quadro produtivo atual está estimado em cerca de 60 toneladas, concentrado nas cidades de Vacaria e Lavras, no Rio Grande do Sul, e Campos do Jordão, em São Paulo, totalizando uma área de 12 hectares em produção comercial (MADAIL & SANTOS, 2004). No entanto, a área plantada ainda é pequena, principalmente devido à indisponibilidade, à qualidade e ao preço das mudas, situação decorrente da dificuldade de propagação da maioria das cultivares (TREVISAN et al., 2008). I Laboratório de Micropropagação de Plantas Frutíferas, Departamento de Fitotecnia, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), CP 354, 96010-900, Pelotas, RS, Brasil. E-mail: claudami2004@yahoo.com.br. *Autor para correspondência. Recebido para publicação 30.07.08 Aprovado em 05.12.08

2 Damiani & Schuch. A propagação vegetativa de mirtilo é realizada por meio de estaquia, micropropagação e rebentos. No Brasil, a produção comercial de mudas é realizada por meio de estaquia, mas os resultados práticos são insatisfatórios e bastante variáveis de acordo com a cultivar (FACHINELLO et al., 1995). A técnica de micropropagação vem sendo utilizada com resultados satisfatórios para a produção de mudas de mirtilo em escala comercial no Uruguai, em resposta à crescente demanda por parte de viveiristas e produtores (CASTILLO et al., 2004). O uso da técnica de micropropagação, além da produção de grande quantidade de plantas em curto período de tempo, permite a obtenção de plantas livres de doenças e a propagação de espécies difíceis de serem multiplicadas por outros métodos. Outra vantagem do ponto de vista prático da micropropagação está relacionada à restauração da competência de enraizamento, resultado do rejuvenescimento obtido pelos sucessivos subcultivos e pelo uso de reguladores de crescimento (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998). Por outro lado, a aplicação dessa técnica na produção comercial de mudas implica elevados custos, que se devem, principalmente, ao funcionamento e à manutenção das salas de crescimento com regimes de luz artificial e temperatura controlada (KODYM & ZAPATA-ARIAS, 1998), às perdas causadas pela contaminação in vitro, às desordens fisiológicas e morfológicas nas plantas e à baixa porcentagem de sobrevivência no estádio de aclimatização às condições ex vitro (KOZAI & KUBOTA, 2001). Em busca de alternativas para reduzir os custos da micropropagação convencional e melhorar a qualidade fisiológica das plantas produzidas, aumentando a sobrevivência durante o período de aclimatização, destaca-se o desenvolvimento da micropropagação fotoautotrófica. Esse processo consiste na produção de micropropágulos em meio de cultivo sem adição de sacarose no meio de cultura e sob condições ambientais que promovam a fotossíntese na planta com o uso de luz natural (KUBOTA & TADOKORO, 1999). A micropropagação fotoautotrófica com o uso de luz natural permite a redução dos custos de produção de mudas diretamente, por meio da redução do gasto com energia elétrica, e indiretamente, por meio da melhoria da qualidade das mudas, reduzindo, tanto a perda de plantas durante a aclimatização, quanto à contaminação microbiana (ERIG & SCHUCH, 2005). No entanto, para auxiliar o crescimento das plantas durante a micropropagação fotoautotrófica, é necessário aumentar a concentração de CO 2 e reduzir a umidade relativa e a concentração de etileno nos frascos de cultivo (KOZAI & KUBOTA, 2001; ARIGITA et al., 2002). Uma prática que vem sendo testada para favorecer as trocas gasosas é o uso de diferentes sistemas de vedação dos frascos, utilizandose materiais mais porosos, tais como algodão ou filtros permeáveis a gases (KOZAI & NGUYEN, 2003). Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade técnica do enraizamento in vitro fotoautotrófico de mirtilo (V. ashei), cultivar Delite, comparando luminosidade, épocas, concentrações de sacarose e vedação dos frascos, visando reduzir os custos da micropropagação in vitro convencional e favorecer a produção de mudas dessa espécie. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no período de inverno (julho/agosto de 2006) e verão (dezembro/ janeiro de 2006-7), no Laboratório de Micropropagação de Plantas Frutíferas e na casa de vegetação pertencente ao Departamento de Fitotecnia, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM)/ Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Rio Grande do Sul (RS). Como explantes, foram utilizados segmentos caulinares de mirtilo (Vaccinium ashei Reade), cultivar Delite, cultivados in vitro com seis gemas, ápice caulinar e folhas. Para o enraizamento, os explantes foram cultivados em meio Wood Plant Media (WPM LLOYD & MCCOWN, 1980), adicionado de sacarose (conforme tratamento), mio-inositol (100mg L -1 ), ácido indolbutírico - AIB (9μM L -1 ) e ágar (6g L -1 ). O ph foi ajustado para 5,0 antes da adição do ágar. O meio de cultura distribuído em Erlenmeyers com capacidade de 250mL, contendo 50mL de meio cada, foi autoclavado a 120ºC e 1,5atm, por 20 minutos. Os tratamentos consistiram de duas épocas do ano (inverno e verão), três concentrações de sacarose (0; 15 e 30g L -1 ), três tipos de vedação dos frascos (algodão, alumínio e filme plástico) e dois ambientes de cultivo: sala de crescimento (16 horas de fotoperíodo, densidade de fluxo de fótons no período de luz de 42μmol m -2 s -1 ) e casa de vegetação (luz natural). A temperatura foi mantida a 25±2ºC em ambos os locais por meio do uso de condicionadores de ar. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, fatorial 2x3x3x2, com quatro repetições por tratamento. Cada repetição constituiu-se de um frasco com cinco explantes. Aos 60 dias de cultivo, foram avaliados a porcentagem de enraizamento, o número de raízes, o comprimento das raízes (cm) e a massa fresca total (mg). O número de raízes foi transformado em raiz quadrada(x+0,5), e a porcentagem de enraizamento foi transformada em arcoseno raiz quadrada (X/100). Após a análise de variância, as médias foram comparadas

Enraizamento in vitro de mirtilo em condições fotoautotróficas. 3 pelo teste de Duncan (5% de probabilidade de erro) e regressão polinomial, por do programa estatístico WINSTAT (MACHADO & CONCEIÇÃO, 2005). RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todos os tratamentos, as maiores porcentagens de enraizamento foram observadas em meio sem a adição de sacarose (Figura 1A e 1B). No entanto, a porcentagem de enraizamento é bastante influenciada pelas condições de cultivo, observandose, por meio da análise estatística, interação tripla entre a concentração de sacarose, o tipo de vedação dos frascos e a época do ano e entre o tipo de vedação dos frascos, a época do ano e o ambiente de cultivo. Na ausência de sacarose, durante o verão e em frascos vedados com algodão, o percentual de enraizamento foi superior a 90% (Figura 1A). Esses resultados indicam que, para o enraizamento in vitro de mirtilo, não é necessário o uso de sacarose como principal fonte de energia. A eliminação da sacarose do meio de cultivo, além de reduzir os riscos de contaminação microbiana, também melhora as características fisiológicas das plântulas e facilita a aclimatização destas às condições ex vitro (AFREEN et al., 2002). Observou-se que o tipo de vedação dos frascos não alterou a porcentagem de enraizamento (Figura 1B) durante o verão e em condições de luminosidade controlada (sala de crescimento). O número de raízes induzidas nos segmentos caulinares foi afetado pelos fatores testados. Obtendo-se interação significativa entre o tipo de vedação dos frascos, a época do ano e a concentração de sacarose (Figura 2A) e entre a concentração de sacarose, o ambiente de cultivo e a época do ano (Figura 2B). Durante o verão e na ausência de sacarose, o número de raízes foi aumentado com o uso de algodão na vedação dos frascos (Figura 2A), o que pode ser explicado pelo aumento da intensidade luminosa (maior fotoperíodo) quando comparado ao inverno, bem como pelo aumento das trocas gasosas com o uso de um sistema de vedação mais permeável a gases (no caso, o algodão), reduzindo a umidade relativa e o acúmulo de etileno nos frascos de cultivo. O fechamento dos frascos com filtros permeáveis a gases ou com chumaços de algodão favorece as trocas gasosas, aumentando a concentração de CO 2 e, simultaneamente, reduzindo a umidade relativa e a concentração de etileno (KOZAI & NGUYEN, 2003). O efeito benéfico da eliminação total ou parcial da sacarose no meio de cultura, sob condições de alta concentração de CO 2 e alta luminosidade, juntamente com a redução da umidade relativa e da concentração de etileno nos frascos de cultivo, foi observado no processo de enraizamento de outras espécies (KANECHI et al., 1998; KOZAI & KUBOTA, 2001; KODYM & ZAPATA-ARIAS, 2001; ARIGITA et al., 2002). Os explantes cultivados em meio livre de sacarose (Figura 2B) apresentaram maior número de raízes, principalmente quando associados ao cultivo em casa de vegetação sob luminosidade natural, ou seja, de forma fotoautotrófica. Com exceção dos explantes cultivados em 30g L -1 de sacarose durante o verão e em casa de vegetação, a adição de sacarose causou um decréscimo linear no número e no comprimento das raízes, concomitante com o aumento da concentração. Esses resultados estão de concordo com os obtidos por KUBOTA & TADOKORO (1999), os quais, comparando a micropropagação fotoautotrófica e fotomixotrófica em tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.), verificaram que explantes cultivados fotoautotroficamente Figura 1 - (A) Efeito da concentração de sacarose, das épocas e da vedação dos frascos e (B) do ambiente de cultivo, da época do ano e da vedação dos frascos na porcentagem de enraizamento in vitro de mirtilo, cultivar Delite. UFPEL, Pelotas-RS, 2007. As médias da figura A seguidas por letras distintas (minúsculas dentro da mesma época e concentração e maiúsculas dentro da mesma concentração e épocas distintas) e as médias da figura B (minúsculas dentro da mesma época e mesmo ambiente e maiúsculas comparando vedação dentro da época) diferem entre si pelo teste de Duncan a 5 % de probabilidade de erro. SC = sala de crescimento e CV = casa de vegetação.

4 Damiani & Schuch. Figura 2 - (A) Efeito do tipo de vedação dos frascos, da época do ano e da concentração de sacarose e (B) da concentração de sacarose, do ambiente de cultivo e da época do ano no número de raízes no enraizamento in vitro de mirtilo, cultivar Delite. UFPEL, Pelotas-RS, 2007. As médias da figura A seguidas por letras distintas (minúsculas dentro da mesma vedação e época e maiúsculas entre concentrações iguais e diferentes épocas) diferem entre si pelo teste de Duncan a 5 % de probabilidade de erro. Na figura B, 0, 15 e 30 correspondem à concentração de sacarose (g L -1 ), SC = sala de crescimento e CV = casa de vegetação. apresentavam maior vigor e maior desenvolvimento de folhas e raízes. Com relação à variável comprimento de raiz (Figura 3A e 3B), observou-se que esta varia em função do tipo de vedação dos frascos e da época do ano, verificando-se um aumento do comprimento da raiz em frascos vedados com algodão e cultivados durante o verão (Figura 3A). O efeito positivo da vedação com algodão no comprimento das raízes foi aumentado com o cultivo em meio livre de sacarose (Figura 3B). O efeito da época do ano no crescimento radicular, além de apresentar uma relação estreita com o sistema de vedação dos frascos, apresentou uma interação significativa com a concentração de sacarose utilizada no meio de cultura (Figura 3B), verificando-se que o aumento de sacarose no meio de cultura durante o inverno causou um decréscimo linear do comprimento das raízes. REUTHER et al. (1992) estudaram o efeito de diferentes concentrações de sacarose no crescimento in vitro de Vitis vinifera da cultivar Riesling e, também, verificaram que o uso de baixas concentrações de sacarose (5g L -1 ) e a ausência deste carboidrato favorecem o enraizamento e promovem o aumento do comprimento das raízes. A interação entre a concentração de sacarose e o tipo de vedação dos frascos, a concentração de sacarose e o ambiente de cultivo, a época do ano e o tipo de vedação dos frascos e a época do ano e o ambiente de cultivo afetou o teor de massa fresca total (Figura 4A e 4B). Explantes Figura 3 - (A) Efeito do tipo de vedação dos frascos e da época do ano (B), da concentração de sacarose, da época do ano e do tipo de vedação dos frascos no comprimento de raiz aos 60 dias de enraizamento in vitro de mirtilo da cultivar Delite. UFPEL, Pelotas-RS, 2007. As médias da figura A seguidas por letras distintas (minúsculas dentro da mesma vedação e maiúsculas entre elas na mesma época) e as médias da figura B (minúsculas dentro da mesma concentração e maiúsculas entre elas na mesma vedação) diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro.

Enraizamento in vitro de mirtilo em condições fotoautotróficas. 5 Figura 4 - (A) Efeito da concentração de sacarose, da vedação dos frascos e do ambiente de cultivo e (B) da época do ano, da vedação dos frascos e do ambiente de cultivo na massa fresca por explante aos 60 dias de enraizamento in vitro de mirtilo da cultivar Delite. UFPEL, Pelotas-RS, 2007. As médias da figura A seguidas por letras distintas (minúsculas dentro da mesma concentração e maiúsculas dentro da mesma vedação) e as médias da figura B (minúsculas dentro da mesma época e maiúsculas entre a mesma vedação) diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. enraizados em meio livre de sacarose e em frascos vedados com algodão apresentaram um aumento significativo da massa fresca (Figura 4A). O sistema de vedação dos frascos, além de interferir na passagem de luz para o interior dos frascos, altera a interceptação de luz pelos explantes, sua capacidade de transpiração e, devido à retenção de água, a quantidade de matéria fresca (SOUZA et al., 1999). Porém, quando cultivados em meio contendo sacarose, o fechamento dos frascos com algodão não difere dos demais, exceto para filme plástico na concentração de 15g L -1. Quanto ao ambiente de cultivo e à concentração de sacarose (Figura 4A), observou-se que explantes cultivados em sala de crescimento não diferem estatisticamente quanto à presença ou ausência de sacarose. No entanto, quando cultivados em casa de vegetação, o cultivo em meio contendo 30g L -1 de sacarose aumentou significativamente a quantidade de massa fresca. O enraizamento durante o verão (Figura 4B) favoreceu o aumento da matéria fresca em ambos os locais de cultivo, mas principalmente quando associados ao cultivo em frascos vedados com algodão. O aumento da massa fresca durante o verão, associado ao fechamento dos frascos com algodão, pode ser explicado pelo aumento das taxas fotossintéticas em virtude do aumento do fotoperíodo em comparação ao inverno e pela maior permeabilidade do algodão, quando comparado ao alumínio e filme plástico, aumentando as trocas gasosas. Na ausência de sacarose, o enriquecimento do meio com CO 2 e o aumento da intensidade luminosa são fundamentais para o aumento da taxa fotossintética e, conseqüentemente, da quantidade de massa fresca e seca (KOZAI & KUBOTA, 2001), CONCLUSÃO O enraizamento fotoautotrófico de mirtilo realizado por meio do cultivo em meio livre de sacarose aumenta o percentual de enraizamento e o número de raízes e, quando associado à vedação dos frascos com algodão, promove, também, o aumento do comprimento das raízes e da massa fresca total. Durante o verão são obtidos os maiores percentuais de enraizamento e este pode ser realizado com sucesso em casa de vegetação. AGRADECIMENTOS Este trabalho foi desenvolvido com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). REFERÊNCIAS AFREEN, F. et al. Photoautotrophic culture of Coffea arabusta somatic embryos: photosynthetic ability and growth of different stage embryos. Annals of Botany, London, v.90, p.11-19, 2002. Disponível em: http://aob.oxfordjournals.org/cgi/content/ full/90/1/11#mcf150f1. Doi: 10.1093/aob/mcf151. ARIGITA, L. et al. Influence of CO 2 and sucrose on photosynthesis and transpiration of Actinidia deliciosa explants cultured in vitro. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.115, n.1, p.166-173, 2002. Disponível em: http://www3.interscience.wiley.com/journal/118911524/ abstract?cretry=1&sretry=0. Doi: 10.1034/j.1399-3054.2002.1150119.x. CASTILLO, A. et al. Investigación en arandanos en Uruguay: propagación in vitro y evaluación de variedades por INIA. In:

6 Damiani & Schuch. SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 2.; ENCONTRO DE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS, 2004, Pelotas, RS. Palestras e Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2004. p.225-228. (Documentos 124). ERIG, A.C.; SCHUCH, M.W. Micropropagação fotoautotrófica e uso da luz natural. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.4, p.961-965, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0103-84782005000400039. Doi: 10.1590/S0103-84782005000400039. FACHINELLO, J.C. et al. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. 2.ed. Pelotas: UFPel, 1995. 179p. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M.A. Micropropagação. In: TORRES, A.C. et al. Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI / Embrapa-CNPH, 1998. V.1, p.183-260. KANECHI, M. et al. The effects of carbon dioxide enrichment, natural ventilation, and light intensity on growth, photosynthesis, and transpiration of cauliflower plantlets cultured in vitro photoautotrophically and photomixotrophically. Journal of the American Society for Horticultural Science, Mount Vernon, v.123, n.2, p.176-181, 1998. KODYM, A.; ZAPATA-ARIAS, F.J. Low-cost alternatives for the micropropagation of banana. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, Hague, v.66, n.1, p.67-71, 2001. Disponível em: www.ingentaconnect.com/content/klu/ticu/2001/00000066/ 00000001/00335296. doi: 10.1023/A:1010661521438. KODYM, A.; ZAPATA-ARIAS, F.J. Natural light as an alternative light source for the in vitro culture of banana (Musa acuminata cv. Grand Naine ). Plant Cell, Tissue and Organ Culture, Hague, v.55, n.2 p.141-145, 1998. Disponível em: http://www.ingentaconnect.com/content/klu/ticu/1998/ 00000055/00000002/00200762. Doi: l3990j3474114124/ 10.1023/A:1006119114107. KOZAI, T.; NGUYEN, Q.T. Photoautotrophic micropropagation of woody and tropical plants. In: JAIN, S.M.; ISHII, K. Micropropagation of woody trees and fruits. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2003. p.757-781. KOZAI, T; KUBOTA, C. Developing a photoautotrophic micropropagation system for woody plants. Journal of Plant Research, Tokyo, v.114, n.4, p.525-537, 2001. Disponível em: www.springerlink.com/index/9fqgyvypvhqmbc1d.pdf. Doi: 10.1007/PL00014020. KUBOTA, C; TADOKORO, N. Control of microbial contamination for large-scale photoautotrophic micropropagation. In vitro. Cellular and Developmental Biology-Plant, New York, v.35, n.4, p.296-298, 1999. Disponível em: www.springerlink.com/index/9716r4gk3641u375.pdf. Doi: 10.1007/s11627-999-0037-6. LLOYD, G.; McCOWN, B. Commercially feasible micropropagation of mountain laurel (Kalmia latifolia) by use of shoot-tip culture. Proceedings of the International Plant Propagation Society, Seattle, v.30, p.421-427, 1980. MACHADO, A.A.; CONCEIÇÃO, A.R. WinStat - sistema de análise estatística para Windows. Versão Beta. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2005. (Software). MADAIL, J.C.M.; SANTOS, A.M. Aspectos econômicos. A cultura do mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima temperado, 2004. p.63-68. (Documentos, 121). REUTHER, G. et al. Influence of nutricional and environmental factors on productivity and photoautotrophy of transplants in vitro. Acta Horticulturae, Yokohama, n.319, p.47-52, 1992. SOUZA, C.M. De et al. Influência dos fatores físicos na regeneração de brotos em repolho. Ciência e Agrotenologia, Lavras, v.23, n.4, p.830-835, 1999. TREVISAN, R. et al. Enraizamento de estacas herbáceas de mirtilo: influência da lesão na base e do ácido indolbutírico. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.32, n.2, p.402-406, 2008. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?pid=s1413-70542008000200009&script=sci_arttext. Doi: 10.1590/ S1413-70542008000200009.