SEMINÁRIO DE INVESTIMENTOS DA CAPEF Desafios regulatórios e de gestão: Precificação e solvência Novembro/2016 Silvio Renato Rangel Silveira Coordenador da Comissão ad hoc de Precificação e Solvência - ABRAPP Membro da Comissão Temática 4 CNPC Membro da Comissão Técnica Nacional de Investimentos ABRAPP Membro do Conselho de Administração - ABRAPP Diretor Superintendente da FIBRA Fundação Itaipu Brasil de Prev Complementar
Revisão Normativa: debate não é recente... Venho fomentando e participante deste debate há muitos anos! Jun/2009: palestra sobre precificação de ativos e passivos no Encontro de Fundos de Pensão da Região Sul (Curitiba) Jul/2011: seminário em SP sobre precificação de ativos e passivos (ICSS) Jul/2012: evento sobre precificação de ativos, passivos e solvência (com participação de experts da OCDE, da PREVIC, da SPPC, da ABRAPP e diversos consultores) 2012: juros) participação na discussão sobre revisão da CGPC 18 (taxa de 2013: participação na discussão sobre revisão da CGPC 26 (Comissão Ad Hoc sobre Solvência) 2014 : participação da ABRAPP na discussão sobre revisão da precificação de ativos, passivos e solvência (CNPC nº 15 e CNPC nº 16) 2015: participação na elaboração da proposta de modelo de solvência (CNPC nº 22)
Comissão Ad Hoc Precificação e Solvência (ABRAPP, ANAPAR, PATROCINADORES, INSTITUIDORES) SOCIEDADE CIVIL GOVERNO (PREVIC, SPPC, FAZENDA, PLANEJAMENTO, CASA CIVIL) NOVAS REGRAS CNPC nº 15 CNPC nº 16 CNPC nº 22 CONTADORES ATUÁRIOS ECONOMISTAS ADVOGADOS Etc. ABRAPP vinha defendendo, sem êxito, proposta de revisão integrada da regulação de precificação de ativos, passivos e solvência. Proposta de revisão integrada foi viabilizada só em 2014, com criação da CT 4 pelo CNPC
Tripé Regulatório: antes de 2012 Precificação de Passivo CGPC 18 Precificação de Ativos CGPC 04 Solvência CGPC 26 4
Tripé Regulatório: 2012 Precificação de Passivo 2012 CNPC 9 ( ESCADINHA ) (queda de juros) Precificação de Ativos Solvência 5
Tripé Regulatório: 2012 a 2014 Precificação de Passivo 2012 CNPC 9 ( ESCADINHA ) (queda de juros) Precificação de Ativos Solvência 2012 CNPC 10 (superávit, queda juros) 2013 CNPC 13 (déficit, alta juros) 2014 CNPC 14 (déficit, alta juros) 6
Tripé Regulatório: 2014 O tripé regulatório ainda não permitia a gestão equilibrada dos planos: faltava ajustar a regra de solvência!!! Precificação de Passivo Precificação de Ativos Solvência 2014 CNPC 15 (MtM suavizado) CNPC 16 (MtM suavizado) CGPC 26 (déficit <10% / 3 anos) (superávit 25%, agravamento hipóteses)
Tripé Regulatório: 2015 Precificação de Passivo Precificação de Ativos Solvência 2015 CNPC 15 CNPC 16 CNPC 22 (tx atuarial - duration) (ajuste - duration) (solvência duration)
Princípios norteadores da nova regulação INTEGRAÇÃO EQUILÍBRIO EQUIDADE ESTABILIDADE INCENTIVOS PRINCIPIOS DEFENDIDOS PELA ABRAPP Integrar abordagens de gestão de ativos, passivos e solvência Demonstrar da situação real de equilíbrio dos planos, evitando artificialismos e casuísmos Tratar igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais, na medida da desigualdade Regulação auto-ajustável às diferentes conjunturas e aos diferentes planos Gestão de longo prazo, anti-cíclico.
Síntese da nova regulação ANTES NOVO MODELO PASSIVO Taxa fixa para todo o fluxo, independente do duration Arbitrada pelo governo Desvinculada do mercado CNPC 15 - Taxa variável, dependendo do duration, das condições de mercado (média 3 anos) e da carteira de investimentos. ATIVO CGPC 4 MtM e curva CNPC 16 MtM e MtM Suavizada (média 3 anos) efeito do ajuste na prática acaba com marcação na curva SOLVÊNCIA Déficit 10%, 3 anos consecutivos Superávit 25%, redução 1% meta atuarial Critérios iguais para todos os planos, independente do estágio de maturidade CNPC 22 Déficit 1% x (duration 4) Superávit 10% + (1% x duration) Critérios proporcionais ao duration dos planos. SÍNTESE Modelo estático, desconsiderava a maturidade dos planos, gera incentivos equivocados para gestão de curto prazo. Modelo dinâmico, considera maturidade do plano, carteira de investimentos e condições de mercado, produz incentivos adequados às diferentes situações dos planos.
Fluxo do Passivo Portaria ETTJ Projeções Segmentos Fluxo de Investimentos Carteira de Investimentos TETO e PISO Probabi -lidade Retorno Esperado (R) Marcação Curva / MtM Ativo Contábil Curva DURATION Escolha da Taxa Atuarial Passivo Atuarial CNPC 15 Equilíbrio Contábil Restrições para Ajuste (IN 19) CNPC 16 Cálculo do Ajuste Limites e Prazos déficit e Superávit Planos de Equacionamento de Déficit ou Destinação de Superávit Equilíbrio Ajustado CNPC 22
Importância da rentabilidade real Análise simplificada da sensibilidade à taxa de juros e longevidade (35 anos de contribuição) 600.000,00 500.000,00 400.000,00 Rentabilidade 6% 300.000,00 200.000,00 Juros reais 100.000,00 contribuição 0,00 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 A obtenção de juros reais ao longo do tempo é essencial para a formação de reservas e pagamento dos benefícios
Importância da rentabilidade real Análise simplificada da sensibilidade à taxa de juros e longevidade (35 anos de contribuição) 600.000,00 500.000,00 400.000,00 Rentabilidade 6% 300.000,00 200.000,00 Rentabilidade 5% 100.000,00 0,00 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 1% a mais de rentabilidade = 10 anos a mais no prazo de pagamento do benefício
Importância da rentabilidade real Análise simplificada da sensibilidade à taxa de juros e longevidade (35 anos de contribuição) 600.000,00 500.000,00 400.000,00 Rentabilidade 6% 300.000,00 200.000,00 Rentabilidade 5,95% 100.000,00 0,00 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 1% a mais de rentabilidade = 10 anos a mais no prazo de pagamento do benefício 0,05 % a mais de rentabilidade = 1 ano a mais no prazo de pagamento do benefício
Importância da rentabilidade real Análise simplificada da sensibilidade à taxa de juros e longevidade (35 anos de contribuição) 600.000,00 500.000,00 400.000,00 Rentabilidade 6% 300.000,00 200.000,00 Rentabilidade 5,60% 100.000,00 0,00 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 1% a mais de rentabilidade = 10 anos a mais no prazo de pagamento do benefício 0,05 % a mais de rentabilidade = 1 anos a mais no prazo de pagamento do benefício 0,40 % a mais de rentabilidade = 5 anos a mais no prazo de pagamento do benefício
Incentivos regulatórios: Taxa Atuarial (CNPC 15) OBRIGATÓRIO PERMITIDO ++++++ +/- ---------- (incentivos, vantagens) (desincentivos, desvantagens) PROIBIDO OBRIGATÓRIO INCENTIVO DESINCENTIVO PROIBIDO Realismo: taxa atuarial <= retorno esperado com probabilidade de 50% Busca de alfa (teto = taxa parâmetro + 0,4%) Anticíclico: ETTJ com média móvel de 3 anos. Dinâmico: Se taxa parâmetro < 4%, alfa aumenta progressivamente. Risco exagerado (se retorno esperado com alfa > 0,4% requer aprovação) Artificialismo: Uso de taxa atuarial reduzida artificialmente (se taxa < 70% taxa parâmetro, requer aprovação) Artificialismo: taxa atuarial > retorno esperado com probabilidade de 50%
Incentivos regulatórios: Ajuste de Títulos (CNPC 16) OBRIGATÓRIO PERMITIDO ++++++ +/- ---------- (incentivos, vantagens) (desincentivos, desvantagens) PROIBIDO OBRIGATÓRIO INCENTIVO DESINCENTIVO PROIBIDO Ajuste positivo ou negativo da parte imunizada: Ajuste para títulos marcados na curva vinculados à parte BD que cumpram requisitos da IN 19. Realismo: Equilíbrio Ajustado representa situação real de equilíbrio. Imunização em condições favoráveis: Alocação em títulos federais quando tx aquisição dos títulos maior que tx atuarial gera ajuste positivo. Imunização em condições desfavoráveis: Alocação em títulos federais quando tx aquisição dos títulos menor do que tx atuarial gera ajuste negativo. Alavancagem: Ajuste para títulos que não respeitem os requisitos da IN 19.
Proteção contra variação de taxa de juros Valor presente PASSIVO duration VP ATIVO = VP PASSIVO Duration ATIVO = Duration PASSIVO Obtem-se proteção contra variação da taxa de juros Valor presente duration ATIVO
SEM AJUSTE Proteção contra variação de taxa de juros Valor presente PASSIVO Taxa de desconto atuarial SEM AJUSTE, Resultado não protegido (passivo sofre volatilidade da taxa de desconto, ativo não) duration Fluxo de caixa protegido (cash flow matching) Taxas de desconto diferentes para ativo e passivo duration Valor presente ATIVO MARCADO NA CURVA Tx aquisições diversas
COM AJUSTE Proteção contra variação de taxa de juros Valor presente PASSIVO Taxa de desconto atuarial duration COM AJUSTE, reflete resultado econômico da operação. ajuste Fluxo de caixa protegido (cash flow matching) duration Diferença entre a taxa de desconto atuarial e as taxas de aquisição Tx aquisições diversas Valor presente ATIVO MARCADO NA CURVA
Teto e Piso da Taxa Atuarial + ajuste: Análise retrospectiva de possibilidades de operação CGPC 18 CNPC 9 CNPC 15 Momento 1: taxas de juros reais - vértice de 10 anos COMPRA PAPEL 9,0% LONGO E Momento 3: 8,0% MARCAÇÃO A COMPRA PAPEL LONGO E MARCAÇÃO MERCADO NA CURVA COM AJUSTE 7,0% 3 3 Momento 4: 1 6,0% 4 COMPRA E MARCAÇÃO A MERCADO (se 5,0% Momento 2: VENDA viés é de queda) PAPEL LONGO E 4,0% COMPRA PAPEL 2 CURTO (CDI) 3,0% dez-08 dez-09 dez-10 dez-11 dez-12 dez-13 dez-14 dez-15 dez-16 dez-17 dez-18 spot media 3 anos Teto (Média + 0,4%) piso (70% da média) TETO ANTERIOR
Teto e Piso da Taxa Atuarial + ajuste: análise retrospectiva do incentivo regulatório Outros aspectos a serem considerados: Divisão prévia da carteira em duas partes, como parte da estratégia de gestão: Carteira de negociação (com liquidez) Carteira de cash flow matching (sem liquidez) Marcação na curva vantagens Proteção de fluxo de caixa futuro Possibilidade de equilibrar plano em momento adequado (taxa de aquisição > taxa atuarial) Possibilidade de ajuste com reflexo no equilíbrio técnico ajustado Marcação na curva desvantagens Travamento da carteira e da liquidez Impossibilidade de realocação dos recursos para aproveitar outras oportunidades que vierem a surgir.
Incentivos regulatórios: Solvência (CNPC 22) OBRIGATÓRIO PERMITIDO ++++++ +/- ---------- (incentivos, vantagens) (desincentivos, desvantagens) PROIBIDO OBRIGATÓRIO INCENTIVO DESINCENTIVO PROIBIDO Solução tempestiva de desequilíbrios: por meio de destinação de superávit ou equacionamento de déficits, com valores e prazos compatíveis com necessidades do passivo. Gestão de longo prazo: Investimento de prazo mais longo e de maior risco por planos mais jovens. Risco em planos maduros. Redução gradual dos limites de déficit induz redução gradual do risco nos planos. Planos de equacionamento sucessivos: aumento do equacionamento. Permanência fora da zona de equilíbrio: Déficit > limite demanda equacionamento. Superávit > limite demanda destinação.
Mandato de Risco: visão negativa x visão positiva MANDATO DE RISCO - Parábola dos Talentos (Mateus, 25:14-30) Senhor entregou bens para 3 servos: 5 talentos para o primeiro, dois talentos para o segundo, e um talento para o terceiro; O primeiro e o segundo servos multiplicaram os talentos, negociando com eles, e foram chamados de bons e fiéis. O terceiro servo cavou e escondeu o dinheiro na terra, e foi chamado de mau e preguiçoso... MANDATO DE RISCO: Servo preguiçoso foco no risco negativo (foco em evitar perdas) x Servo bom e fiel risco positivo (foco em criar valor, em atender expectativa do proprietário do recurso, em atingir resultados que garantam os benefícios desejados).
Origem do resultado de um plano Análise exige avaliação da origem dos resultados ao longo do tempo
Conclusões Rentabilidade do plano é a variável mais relevante para sua sustentabilidade! Potencial de rentabilidade maior está associada a riscos maiores, e riscos menores estão associados a rentabilidades potenciais menores Risco é inerente aos investimentos, desde que tecnicamente avaliado, conscientemente escolhido e justamente remunerado, dentro do contexto em que a decisão foi tomada, com as variáveis e expectativas então vigentes, devidamente justificadas (importância da documentação da decisão). Novo modelo de precificação e solvência deve ser entendido para otimizar a alocação dentro dos níveis de incentivo regulatórios produzidos e das escolhas feitas pela estrutura de governança. Mandato de Risco: responsabilidade do conselho deliberativo (integrado por representantes dos proprietários participantes e patrocinadores). Gestão de Risco x Criminalização do risco cuidado com consequências indesejáveis de medidas aparentemente protetivas que induzam à redução excessiva do risco, pois podem levar à redução da expectativa de rentabilidade futura e elevação dos custos dos planos no presente.
OBRIGADO! Silvio Renato Rangel Silveira E-mail rangel@fundacaoitaipu.com.br Tel: 41-3321-4365