Conselho Nacional. Atividades de 2011

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Transcrição:

Conselho Nacional - 2012 Relatório de Atividades de 2011 Porto, 31 de Março de 2012

Relatório de Atividades do SFJ 2011 Introdução Nunca a feitura de um Relatório de Atividades foi de tão fácil execução, na verdade limitámos-mos a acrescentar a atividade pós VI Congresso, ao documento que ali apresentamos. Relembrando, um Balanço da atividade em qualquer organização, deve obedecer a três linhas essenciais na sua elaboração: O que se passou (factos ou dados); Definir, situar e descrever os factos ou dados; Que pensar sobre o relatado. Poderemos dizer que é então um texto informativo-expositivo em que por se dá nota circunstanciada de uma actividade ou situação. Consoante a sua finalidade, pode assumir diversas formas. RELATÓRIO O ano de 2011 começou com o SFJ a inquirir a DGAJ sobre o pagamento dos retroactivos devidos aos oficiais de justiça que obtiveram o direito à progressão remuneratória em Janeiro de 2010. Na informação então recebida confirmava-se o que havíamos divulgado no final de 2010, ou seja que todos os oficiais de justiça que obtiveram direito a reposicionamento remuneratório em 2010 iriam ver essa situação regularizada, sendo os retroactivos pagos à medida que houver disponibilidade financeira. Como sabemos não foi o que aconteceu e porque já antecipávamos esse incumprimento 1, mantivemos a acção interposta em Dezembro de 2010 no Tribunal Administrativo de Lisboa versando esta matéria. Mas este era o mês do Conselho dos Oficiais de Justiça ou melhor, das eleições para os vogais do COJ. E convém não esquecer a importância que mantém este conselho para a carreira como se afere da carta aberta que os vogais António Silvestre, Rui Viana escreveram 2. E foi também o mês que um sindicato se conluiou com a DGAJ para impedir centenas de oficiais de justiça de exercer o seu, pleno, direito de voto. Na verdade, numa estranha, ou talvez não, conivência de posições entre a DGAJ e a representante do SOJ, os votos de centenas de oficiais de justiça de 35 Tribunais 3 não foram considerados nas eleições para o COJ. Denunciamos esta situação de forma clara e dura, que consubstanciava uma completa aberração, tanto mais que DGAJ e SOJ decidiram descarregar os votos e considerá-los nulos. E de uma forma expressa e contundente tratar-se de uma atitude obsessivo-compulsiva da DGAJ, afrontosa de uma classe que devia merecer mais respeito. E não deixamos de dizer que tal era expectável de uma entidade que faz o que fez com os vencimentos daquele mês de Janeiro, e, transcrevemos «que ainda não publicou o Movimento de Novembro (?!), que continua a dever dinheiro aos oficiais de justiça, já nada nos admira». 1 Na IS de 5 de Janeiro solicitávamos aos nossos associados que tendo subido em Janeiro de 2010 e que, eventualmente, não vissem pagos os retractivos durante o mês de Janeiro que contactassem de imediato o SFJ, para possamos desencadear as medidas adequadas. 2 Anexo I 3 Relação de tribunais cujos votos foram recusados: TJ de Monchique, TJ de Vila Nova de Cerveira, Tribunal de Família Menores de Aveiro, TJ de Santa Comba Dão, Comarca do Alentejo Litoral - Juízo de Grândola, TJ Moimenta da Beira, TJ Alcanena, TJ Vouzela, TJ Portalegre, TJ Santo Tirso, 9.ª Vara Cível de Lisboa, TJ Valongo, 1. Juízo Criminal do Porto, TJ Covilhã, TJ Ribeira Grande, TT Trabalho Valongo, Alentejo Litoral -Juízos de Alcácer do Sal, TJ Moita, T J Vila Verde, TAF Loulé, TJ Viseu, Vara Competência Mista de Guimarães, TJ de Tondela, TAF de Penafiel, Comarca Grande Lisboa Noroeste - Juízos de Sintra, TJ Peso da Régua, TFM Porto, MP do Funchal, TAF do Porto, TJ de Beja, TFM de Cascais, TFM de Barreiro, Vara Mista do Funchal e Tribunal da Relação do Porto. 1

Relatório de Atividades do SFJ 2011 Mas apesar destas manobras, a vitória da Lista apresentada pelo SFJ obteve uma vitória estrondosa 4, elegendo todos os quatro lugares que havia em disputa. Os resultados alcançados são claros e expressivos quanto à vontade dos oficiais de justiça, sendo também uma resposta inequívoca da classe, que disse estar ao lado do seu Sindicato na defesa dos nossos interesses e do prestígio do COJ, escolhendo os colegas que melhor podem aí desempenhar as funções de vogais. Dissemos então, e mantemos, que a vitória foi fundamentalmente uma vitória dos candidatos que apresentámos, do prestígio e consideração que têm junto da classe e que foi também uma vitória de todos os oficiais de justiça que pretendem uma representação da classe no COJ, digna e prestigiante, mas que houve quem perdesse! E quem foi derrotado e que perdeu de forma inequívoca as eleições foram os que fomentam divisionismos que só aproveitam à Administração. Aproveitámos a oportunidade para lançar um apelo à unidade da classe, sempre no respeito pelas organizações de classe existentes e, sobretudo, pelo legítimo direito de crítica e divergência, consubstanciado em eleições livres e democráticas. Reiterando que estávamos, como estamos hoje, disponíveis para todas as acções que visem contribuir para a unidade da classe dos oficiais de justiça, lembrando a nossa convicção que tal unidade se não consegue com a criação de mais sindicatos ou associações. No embalo desta vitória voltamos a apelar á participação e intervenção cívica de todos para unirmos esforços para os difíceis combates sócio profissionais que se perfilavam. E foi também em Janeiro que assistimos, com espanto e á divulgação da Carta Aberta dos Juízes Portugueses Aos Deputados da Assembleia da República 5. Tal carta mereceu, a 14 de Janeiro, a nossa resposta que aqui recuperamos na íntegra: «A Associação Sindical dos Juízes Portugueses, particularmente o seu Presidente Dr. António Martins, tem nos últimos tempos vindo a afirmar repetidamente e através da comunicação social que há juízes que ganham menos do que funcionários judiciais Aliás essa mesma referência consta numa Carta Aberta dos Juízes Portugueses Aos Deputados da Assembleia da República. Sem pretendermos sequer questionar, analisar ou emitir opinião sobre os motivos e razões dos Exmos. Juízes, com as quais genericamente concordamos e até temos manifestado pública solidariedade institucional, não podemos no entanto deixar de expressar, também publicamente, o nosso lamento e insatisfação pela absurda comparação que sistematicamente é feita entre os vencimentos dos senhores magistrados e dos oficiais de justiça. De facto, a utilização desta comparação com os vencimentos dos oficiais de justiça para defender direitos e reivindicações, eventualmente justas, por parte dos senhores juízes, é descabida, desnecessária e pode ser entendida como uma menorização da nossa classe o que, obviamente, repudiamos. Muitos têm sido os oficiais de justiça que têm manifestado a este Sindicato a sua indignação por tal referência. E com razão! Até porque para além da utilização abusiva de uma classe profissional que sempre respeitou e respeita os senhores juízes, a afirmação de equivalência de vencimentos dos senhores juízes com os vencimentos dos oficiais de justiça é falsa. Antes correspondesse à verdade! 4 Lista A (apresentada pelo SFJ) 2.657 votos; Lista B (apresentada pelo SOJ) 483 votos; Votos Brancos 481 votos; Votos Nulos 107 votos 5 Anexo II 2

Relatório de Atividades do SFJ 2011 Mas a verdade é que os vencimentos dos senhores juízes são significativamente superiores aos vencimentos dos oficiais de justiça. Mas, claro que consideramos essa diferença a favor dos juízes como correcta e adequada. O que não podemos aceitar é que se diga publicamente aquilo que não corresponde à verdade! Assim, para que não fiquem dúvidas, publicamos as respectivas tabelas salariais de todas as classes profissionais que trabalham nos tribunais: Juízes, Procuradores e Oficiais de Justiça. Facilmente se constata que nenhum oficial de justiça ganha mais do que os magistrados, no respectivo escalão! Escalões a escalão, as diferenças são enormes! As únicas categorias de oficiais de justiça que no primeiro escalão se aproximam do vencimento do primeiro escalão de Juiz, são as nossas categorias de topo de carreira - Secretário de tribunal superior (só existem 7 oficiais de justiça com esta categoria em todo o País!) e Inspectores do C.O.J. (são 24!). Ou seja, apenas 31 oficiais de justiça, no universo de mais de 8.000 têm vencimentos quase iguais ao de magistrados e só durante os primeiros três anos destes. E, enquanto os oficiais de justiça só atingem aquelas funções no fim de uma carreira de 30 ou mais anos, e como vimos apenas existem cerca de 30 vagas, os magistrados começam logo no inicio de carreira a auferir esse vencimento e só por três anos pois ao fim desse tempo mudam para o escalão seguinte e assim sucessivamente! Por exemplo, ao fim de nove anos, mesmo sem serem promovidos, TODOS OS MAGISTRADOS já auferem um vencimento de 4.462,34. E ao fim de 12 anos, 4.844,83! E de 15 anos, 5.099,82! E, se entretanto forem promovidos passam a auferir logo 5.609,80! E têm ainda direito a suplemento de renda de casa, que TODOS recebem mensalmente e que actualmente é de 775,00, isento de impostos! Mesmo quando se trata de magistrados casados com magistrados e, claro, habitam a mesma residência. Recebem dois subsídios de renda de casa no valor total de 1.550,00, o que é superior ao vencimento médio dos oficiais de justiça! Se quisermos utilizar o mesmo sentido de leitura dos números que a ASJP fez na sua comparação com os oficiais de justiça também podemos dizer que os magistrados recebem mais de renda de casa que muitos oficiais de justiça de vencimento - vide o 1º. e 2º. escalão das categorias de ingresso (não esquecer que sobre aqueles valores fazemos os descontos legais e o subsidio de renda de casa dos magistrados não tem descontos). Sejamos honestos e rigorosos: 1. Dois magistrados casados auferem de subsídio de renda de casa 1.550,00 uros isentos de impostos, portanto líquidos! 2. O Escrivão de Direito (Chefe de secção!) tem o vencimento ilíquido de 1.750,73+169,94= 1.920,67 uros. Sobre este vencimento incidem os descontos obrigatórios- CGA, IRS, ADSE, entre outros. Consideremos 25% no total. O Escrivão de Direito, responsável por uma secção de processos, recebe 1.440,50 uros. Conclusão: Um Escrivão de Direito recebe menos de vencimento do que dois Juízes (casados) de subsidio de renda de casa!? Qual é a opinião sobre esta evidência da Associação Sindical dos Juízes? Acha bem? Temos o máximo respeito pela ASJP e pelos juízes portugueses. Mas a infeliz e injusta, porque não verdadeira, referência comparativa dos vencimentos de magistrados com os oficiais de justiça está a causar indignação na nossa classe e, principalmente pode criar a confusão na 3

Relatório de Atividades do SFJ 2011 opinião pública induzindo-a na convicção de que os oficiais de justiça ganham tanto como os juízes. Ora, como se vê, isso não é verdade! Aliás o senhor Presidente da ASJP bem sabe que a nossa tabela salarial está desajustada do nosso efectivo desempenho funcional e certamente concordará que o nosso empenho e a nossa complexidade de funções justificam uma efectiva melhoria dessa nossa tabela salarial. O que aliás há muito é reconhecido pelos responsáveis mas que os sucessivos constrangimentos têm adiado. Para terminar, lançamos um repto que é uma proposta: estamos disponíveis para aceitar uma tabela salarial em que os vencimentos dos oficiais de justiça sejam o correspondente a METADE do que ganham os senhores magistrados, nos respectivos escalões e com o mesmo tempo de serviço. E também aceitamos, receber SÓ METADE de subsídio de renda de casa (387,50 )! Assim não haverá dúvidas, os senhores juízes ganharão sempre o dobro dos funcionários e nós também ficamos contentes! Os Juízes portugueses têm certamente razões fortíssimas para estarem descontentes e muitos são os argumentos de que dispõem para defenderem os seus direitos. Os oficiais de justiça e este Sindicato manifestam o seu respeito, compreensão e solidariedade com os protestos e insatisfação dos senhores Juízes. Mas não aceitamos que nos menorizem e desconsiderem publicamente, utilizando-nos em comparações pouco rigorosas e infelizes. Nós não deixamos, nem os juízes precisam, que se utilizem os oficiais de justiça como bengala do que quer que seja!» Não esquecemos (como é que o poderíamos fazer) que neste mês que iniciou aplicação das regras previstas na Lei do OE/2011 (redução de vencimentos e tributação), com a DGA a englobar de forma incorrecta os valores correspondentes ao vencimento base, suplementos e retroactivos devidos desde Janeiro de 2010, bem como outros valores devidos e referentes ao ano transacto. Considerámos tal procedimento como ilegal e o Departamento Jurídico do SFJ iniciou o estudo da melhor forma de reagir, disponibilizando uma minuta 6 de reclamação sobre a aplicação da taxa de redução de vencimento enquanto interpelávamos a DGAJ sobre esta situação, exigindo a imediata reparação destes procedimentos. Fevereiro marca mais um foco de tensão com a DGAJ, desta vez com a publicitação do Projecto de Movimento de Novembro, que mereceu a nossa total oposição pois aquela DG, e á semelhança do que fizera com os vencimentos, realizou uma interpretação abusiva da lei, visando apenas prejudicar os oficiais de justiça, ao optar por não fazer quaisquer promoções. Perante a sucessão de arbitrariedades da DGAJ, decidimos de situação ao conhecimento do Ministro da Justiça, requerendo a sua intervenção e pedindo reunião com carácter de urgência 7. E decidimos solicitar também reunião urgente ao senhor Director Geral para esclarecimento de várias questões que nos preocupam e afectam. Não podíamos, quer na situação em apreço quer noutras, que se confundisse a adopção pelo SFJ duma postura responsável, de procura de soluções para os problemas e que privilegia o diálogo e concertação perante as diversas situações com um tolerar a desconsideração e o desrespeito a uma classe que mesmo em condições muito adversas, tem demonstrado uma enorme dedicação e empenho no desempenho das suas funções, que muitos, infelizmente, parece não quererem reconhecer. Disponibilizamos também nesta altura uma minuta 8 para requerer o descongelamento de escalão aos funcionários que tenham sido nomeados ou promovidos, entre Agosto/2005 e 31/Dezembro/2007. 6 Anexo III 7 Anexo IV 8 Anexo V 4

Relatório de Atividades do SFJ 2011 Em Fevereiro, foram de conhecimento público algumas alterações preconizadas para o sector da Justiça, com impacto directo sobre os oficiais de justiça, pelo que o SFJ, como sempre, procurou colher junto dos seus associados um maior número de opiniões e sugestões a carrear para as respostas que posteriormente remete ao Ministério. Em causa estavam os seguintes documentos: Reforma do Mapa Judiciário Relatório do Grupo de Reflexão; Projecto de Decreto-Lei para instalação das Comarcas de Lisboa e Cova da Beira e Resolução do Conselho de Ministros sobre prioridades na Justiça. A vinte e dois de Fevereiro facultámos aos nossos associados Minutas de Recurso Hierárquico, quer em relação ao Projecto de Movimento quer em relação ao procedimento da DGAJ na Redução de Vencimentos, enquanto, e de forma paralela, mantínhamos em curso as diligências tidas por necessárias na defesa e em representação de toda a classe. È um dia que não esquecemos pois a reunião solicitada ao Sr. Ministro da Justiça estava agendada precisamente para as 11 horas de 22 de Fevereiro e, surpreendentemente (ou talvez não), na véspera, cerca das 19h, por contacto do seu Gabinete o ministro desmarcou a reunião, de forma em tudo idêntica ao sucedido em Dezembro de 2010. Em reunião com o Director-Geral da Administração da Justiça (a 23) abordamos as questões relacionadas com os cortes e descontos salariais e as frequentes incorrecções nas Notas de Abonos e Descontos, e fizemos então a entrega de um pedido de esclarecimento por escrito sobre as ilegalidades e irregularidades detectadas. Mas lembramos o DG que esperávamos uma acção mais concreta, e rápida, quanto ao pagamento dos retroactivos ainda em divida e respeitantes a mudanças de escalão ocorrida em 2010, reafirmando-lhe que quando ocorressem, esses pagamentos não poderão ser sujeitos às reduções salariais impostas pelo Orçamento de Estado 2011. Foi nesta reunião que soubemos ter a DGAJ e a tutela apresentado junto do Ministério das Finanças um pedido para um regime de excepção relativamente às promoções, bem como que estava a ser equacionada a possibilidade de manter a validade dos últimos cursos para escrivão de direito e técnico de justiça principal. Como em todas reuniões, de há já bastante tempo a esta parte, demonstrámos uma vez mais a nossa preocupação com a falta de funcionários e com as movimentações decorrentes da anunciada instalação em Setembro próximo das novas comarcas de Lisboa e Cova da Beira, no âmbito do novo Mapa Judiciário. Aproveitámos para solicitar o alargamento do protocolo estabelecido na área formativa para que nas acções de formação ministradas por este Sindicato podermos utilizar as plataformas informáticas em uso nos Tribunais. Questionámos, solicitando resposta escrita, sobre qual era o entendimento da DGAJ relativamente ao pagamento do vencimento de exercício/diferença salarial aos beneficiários do regime da protecção social convergente relativamente ao complemento ao subsídio parental devido, da responsabilidade da entidade empregadora. Aos termos conhecimento que o suplemento não iria ser pago no mês de Março, ficou-nos a dúvida sobre qual a razão de tal nos não ter sido comunicado na referida reunião do dia 23? È que não se pode esquecer que são muitos os constrangimentos impostos aos funcionários, sendo sempre os mesmos os escolhidos quando é necessário fazer «malabarismos contabilísticos» para tentar tapar o sol com a peneira, isto é, para esconder uma verdade inconveniente: o orçamento da justiça é insuficiente! E alertamos que existiam vários milhões de euros em compromissos assumidos que transitaram de 2010 para pagar em 2011. E questionámos se iria haver dinheiro para pagar salários todos os meses. Em 27 de Fevereiro, participámos na Conferência "Informatização da Justiça - Problemas e Soluções" 9. Foi uma organização da Comissão de Informática da Comarca da Grande Lisboa Noroeste, e teve lugar na Mega Sala do Palácio da Justiça de Sintra. Versou sobre as perspectivas dos vários intervenientes do mundo judiciário relativas à agenda digital da Justiça e às vantagens e transformações que têm sido introduzidas nesta matéria. 9 Anexo VI 5

Relatório de Atividades do SFJ 2011 A resolução dos diversos problemas do País não pode continuar a ser feita à custa dos trabalhadores e dos reformados, principalmente os do sector público. As medidas de austeridade já em vigor, adoptadas o passado ano, e as já anunciadas, quer para 2011 quer para 2012, concretizam um inaceitável agravamento do custo de vida e uma desregulação efectiva das relações laborais. Às razões de carácter geral, e que afectam todos os trabalhadores portugueses, nós no sector da justiça temos ainda razões específicas que nos obrigam a não poder calar por mais tempo a nossa indignação e fazer ouvir o nosso protesto. Da actual DGAJ e da sua evidente inoperância apenas se constata que existe quando aplica de forma cega, e não raras vezes errada, as medidas decretadas pelo governo, como é o caso das reduções de rendimentos operadas nos vencimentos de Janeiro e Fevereiro, a não realização de progressões no Movimento de Novembro de 2010, a retirada de forma arbitrária do suplemento de 10% no mês que lhes apetecer, o não pagamento das ajudas de custo e outras importâncias devidas aos serviços de inspecção, etc., etc. DGAJ que agora vem assumir a pretensão de não realizar qualquer dos movimentos ordinários, legalmente previstos, no ano de 2011. O que, a verificar-se irá provocar uma agravação insustentável resultante da não obediência às regras de acesso às categorias de chefia. A gritante falta de funcionários nos Tribunais vai ainda piorar com as aposentações que muitos funcionários estão a requerer, apesar das penalizações. Até pelas sucessivas alterações para pior, das regras do Estatuto de Aposentação, sucessivamente alteradas de forma unilateral num ataque sem igual a direitos e expectativas consolidadas ao longo de várias dezenas de ano de trabalho esforçado e dedicado. Acresce a indefinição sobre o nosso estatuto socioprofissional, mantendo-se injustificadamente por resolver a integração do suplemento e o não pagamento do serviço extraordinário imposto, quer legal quer judicialmente, a muitos funcionários. Por outro lado existe uma preocupante incerteza quanto ao nosso futuro profissional, com uma revisão estatutária periodicamente anunciada mas sistematicamente adiada, para se desembocar na actual situação de completa falta de bom senso e até de desprezo pelas regras, legalmente impostas, como se verifica não só pela aplicação retroactiva de normas, seja ao nível da taxação dos rendimentos, mas também ao nível do normal preenchimento das várias categorias nos serviços, chegando ao cúmulo de se mandar para as malvas todo o investimento feito nos concursos de secretários, escrivães de direito e técnicos principais. Perante isto não poderíamos ficar indiferentes! Por isso apelámos aos funcionários, que de forma coerente e dedicada têm dado o melhor de si para que o caos não se instale definitivamente nos serviços onde trabalham, não calem a sua revolta e indignação. Era, como contínua a ser, preciso dizer basta! É a hora de dizer aos actuais e putativos futuros governantes que já não é possível calar esta triste situação em que nos colocaram. Assim, o Secretariado do SFJ decidiu solicitar reunião com carácter de urgência ao Ministro da Justiça. Aguardaremos por essa reunião e eventuais resultados, só até ao fim deste mês. Decidimos também convocar desde já o Conselho Nacional do SFJ para o próximo dia 2 de Abril e aí analisaremos a situação e aprovaremos as medidas necessárias e adequadas. Entretanto, no dia 19 de Março demos início a um novo tempo de protesto e de luta na defesa dos nossos direitos e do respeito e consideração que nos são devidos! E lembrávamos que esta tem de ser uma atitude de todos! Apelámos a todos os Funcionários Judiciais para que participassem na Grande Manifestação Nacional a realizar no dia 19 de Março, organizada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública. Fazendo-se a concentração dos Funcionários Judiciais às 14h 30m no parque de estacionamento à entrada do Palácio da Justiça em Lisboa, informando que todos aqueles que estiverem interessados em participar e tenham dificuldades de transporte deveriam contactar as Delegações Regionais do nosso Sindicato ou as várias Uniões de Sindicatos da sua região. 6

Relatório de Atividades do SFJ 2011 A 22 de Março reunimos com o Ministro da Justiça, antes do pedido de demissão do primeiro-ministro (e em consequência do governo), pelo que todas as questões que carecem de aprovação legislativa ficam naturalmente prejudicadas. Mas há questões que entendíamos poder ser decididas mesmo por um Governo de gestão. E, se no objectivo da reunião, estava a análise sobre as diversas questões que nos afectam e preocupam, nomeadamente a situação de enorme descontentamento que grassa na generalidade dos tribunais motivado por um lado pelo excesso de serviço, falta de funcionários e deficientes condições de funcionalidade a que acrescem os congelamentos e cortes salariais bem como a inqualificável aplicação destas medidas aos retroactivos e outras prestações respeitantes ao ano 2010, a questão do Estatuto e da instalação de novas comarcas, a actual situação do COJ. Apesar de o Governo estar limitado nos seus poderes, existiam, repetimos, matérias onde podia e deveria agir-se de imediato. Desde logo na rectificação da irregularidade que constituiu a aplicação das regras do Orçamento de Estado (leiase cortes salariais!) nas importâncias devidas de retroactivos vencidos em 2010. Assim, foi com agrado que ouvimos o Ministro da justiça comprometer-se a intervir na resolução desta questão, frisando até que a mesma já foi clarificada pela Direcção Geral do Orçamento que, reconhecendo o erro, estava já a diligenciar as necessárias rectificações ao programa informático de processamento de vencimentos, para que as quantias indevidamente descontadas sejam repostas. Apesar deste comprometimento, até que a situação esteja completamente resolvida continuou o SFJ a aconselhar os associados que em face de irregularidades que sejam detectadas elaborassem as reclamações e recursos hierárquicos apropriados cujos modelos estão disponíveis na página da internet. Alertámos que a não realização de cursos para os cargos de chefia - Secretários, Escrivães e Técnicos Principais - estava a criar situações gravíssimas em alguns tribunais, e uma desqualificação e desorganização dos serviços que, para além dos vários problemas funcionais que causa é também um contributo para a descredibilização dos Tribunais. Relativamente às questões relacionados com os movimentos e em particular com o Movimento de Novembro e o congelamento das promoções a cargos de chefia, e também a questão da validade dos concursos de acesso, o Senhor Ministro da Justiça referiu compreender e concordar com as razões que invocámos e que iria diligenciar pela devida solução, interpelando se necessário o Ministério das Finanças. Por fim, considerando a aposta que temos vindo a fazer na formação, com várias acções já realizadas e muitas outras programadas, por todo o País e nas várias áreas, solicitámos ao Senhor Ministro da justiça que fosse concedida autorização para que o SFJ possa ter acesso às aplicações informáticas de testes, quer de gestão processual, quer de contabilidade processual e outras, que estejam a ser utilizadas nas secretarias judiciais e dos serviços do Ministério Público, para que a formação se torne mais profícua. O Movimento de Oficiais de Justiça referente ao mês de Novembro de 2010, foi publicado em Diário da República (Aviso (extracto) n.º 8296/2011. D.R. n.º 67, Série II de 2011-04-05) sem que, com já era, infelizmente, esperado, não tivessem sido levados em consideração os alertas que fizemos através de várias diligências, quer junto da DGAJ quer junto do Ministério, e em que este sindicato pugnou para que o Movimento de Novembro fosse realizado sem ser sujeito às restrições impostas pelo OE 2011. O que continuamos a defender Note-se que, conforme informámos na devida altura 10, na reunião com o Ministro da Justiça realizada a 22 de Março, a questão fora apresentada, tendo o SFJ solicitado a intervenção directa daquele governante. Em consequência decidiu-se propor uma acção judicial visando salvaguardar os legítimos interesses de um número elevado de colegas que foram, objectivamente, prejudicadas, por uma interpretação extensiva e errada das normas legais. Convém salientar que em causa estava (e está) também a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, pois que a falta de preenchimento dos lugares de chefias nas secretarias judiciais e serviços do MºPº, contribuem para uma crescente 10 IS de 29 de Março 7

Relatório de Atividades do SFJ 2011 diminuição da qualidade e eficácia da administração da justiça, em períodos conturbados como o que vivemos, onde a Justiça tem de ser motor e não entrave ao desenvolvimento. Aliás, esta foi uma das questões que foi analisada pelo Conselho Nacional que reuniu em Coimbra no passado dia 2 de Abril. Nesta reunião, que contou com a presença de 79 conselheiros, de todo o País, foram analisados e aprovados os documentos estatutariamente previstos (Relatório de Atividades e Contas 2010, Plano de Atividades e Orçamento para 2011) mas também feita a análise da actual situação política decorrente da demissão do Governo e da realização de eleições. De forma unânime foi considerado que a falta de funcionários e de meios nos Tribunais coloca em causa o normal andamento da administração da justiça, impondo-se, mesmo com um governo de gestão, que sejam feitos os reforços orçamentais necessários para assegurar o funcionamento em níveis de um mínimo de condições das secretarias judiciais e dos serviços do MºPº. O CN mandatou o Secretariado para solicitar uma reunião ao Director-geral, exigindo o esclarecimento e a resolução de algumas questões de âmbito administrativo, nomeadamente as relacionadas com os cortes nos vencimentos. O Conselho decidiu ainda realizar o 6º. Congresso Nacional do SFJ, durante o mês de Novembro, em local a designar. E em cumprimento da deliberação do CN, reunimos com o Senhor Director Geral, com o intuito de esclarecer algumas questões, propor a rectificação de outras e apresentar algumas propostas, a nosso ver exequíveis mesmo considerando o actual período de gestão governamental em que nos encontramos. Quanto aos descontos indevidos que foram feitos sobre o valor dos retroactivos pagos este ano, mas referentes ao ano de 2010, fomos informados que a DGAJ, analisou a reclamação apresentada por este Sindicato, e concluiu pela nossa razão pelo que vai repor a situação. Ou seja, valeu a pena reclamar! No que respeita aos retroactivos ainda em dívida, fomos informados que os mesmos se encontram cabimentados no orçamento da DGAJ para este ano, mas não existe uma previsão para o pagamento dos mesmos pois não há de momento disponibilidade financeira. No entanto, a DGAJ manifestou total empenho para que a devida regularização se concretize nos próximos meses. Considerando a actual situação financeira do País, questionamos objectivamente o Senhor Director Geral sobre a efectiva disponibilidade relativamente ao pagamento de vencimentos, tendo o mesmo garantido que não se coloca essa questão e que existe disponibilidade para assegurar o seu regular pagamento. Quanto às irregularidades que se continuam a verificar no processamento das folhas de vencimento, em se constatam diversos erros materiais, cuja rectificação se impõe, o Senhor Director Geral solicitou que os lesados apresentassem à DGAJ as situações em concreto que serão analisadas e posteriormente, rectificadas, quando for caso disso. Informou ainda que estavam em processo de regularização dos pagamentos aos fornecedores, cuja falta estava a provocar graves constrangimentos ao funcionamento das secretarias. No que concerne aos movimentos, assegurou a realização dos movimentos estatutariamente previstos não podendo contudo assegurar que dos mesmos constem promoções. Refutámos esta posição, acentuando a impossibilidade de funcionamento normal dos serviços sem que sejam preenchidos os lugares de chefia. Acresce que continuamos a defender que houve uma indevida aplicação das regras de contenção relativamente à não existência de promoções no movimento ordinário de Novembro de 2010, tendo o Senhor Director Geral informado que aguarda parecer solicitado ao Ministério das Finanças (DGAEP). Ainda relativamente a este movimento, mais uma vez aconselhámos os colegas que se considerassem prejudicados, que deveriam, após a publicação, interpor recurso hierárquico para o MJ, cuja minuta disponibilizámos. Em paralelo o SFJ iria interpor acção visando a impugnação do movimento no que respeita á não realização das promoções, tanto mais que tal 8

Relatório de Atividades do SFJ 2011 facto constitui um desperdício de dinheiro dos contribuintes atendendo ao prazo de caducidade dos concursos de acesso às categorias de Escrivão de Direito e Técnico de Justiça Principal, o que fizemos. Questionámos a não aplicação de forma correcta dos subsídios previstos na lei da parentalidade, chamando a atenção que da aplicação do regime de convergência não pode resultar qualquer prejuízo para os beneficiários. Por fim abordamos a actual situação do COJ, manifestando a nossa preocupação e indignação. Preocupação pela descredibilização que o mesmo tem vindo a sofrer nos últimos anos. E indignação pela forma como o mesmo tem sido dirigido com evidentes atitudes e acções de desconsideração para com o corpo inspectivo e os vogais eleitos pelos oficiais de justiça. Neste sentido exigimos respeito pelos inspectores e vogais, o que não tem sucedido nos últimos tempos. O COJ é um órgão colegial e democrático e não pode continuar a funcionar numa lógica de autoritarismos e sectarismo com os quais jamais pactuaremos. Assim, continuamos a exigir uma clarificação da actuação do COJ, designadamente ao nível da sua direcção, pugnando pela credibilidade de um órgão que foi e é uma conquista dos oficiais de justiça sendo também uma entidade que deve ter os meios adequados a garantir um serviço de qualidade, indispensável ao bom funcionamento da máquina judiciária. Considerando a manutenção dos ataques à função pública, e o anúncio de outros ainda mais gravosos, e embora naquele momento não tivéssemos um interlocutor governamental válido, impunha-se manter uma atitude que permanentemente expresse a força do nosso descontentamento e protesto. E por isso mesmo aderimos, naturalmente, à Greve de 6 de Maio, decretada pela Federação Nacional de Sindicatos da Função Pública, de que fazemos parte, apelando a TODOS os Funcionários Judiciais a sua adesão a essa jornada de luta e protesto. Greve que fez soar vários alertas, ao chegarem ao SFJ a ocorrência de algumas situações anómalas. Situações que iam desde a solicitação para se não se fazerem «conclusos» os processos, à indicação para as secções contactarem as partes, por telefone, adiando sine die as diligências marcadas para esse mesmo dia 6 de Maio. Mas e a causar mais estranheza a este sindicato, é o facto de haver juízes presidentes a solicitarem a indicação por escrito, dos funcionários que irão aderir à greve, advertindo que a resposta se revestia de carácter obrigatório. Ora, tal solicitação é ilegal e não deve ser acatada. Os senhores Juízes, mais do que outros responsáveis, estão obrigados a observância da lei pelo que muito se estranham tais procedimentos. A greve é um direito e não obriga á comunicação prévia dos trabalhadores a ninguém. E, afim de o SFJ tomar as medidas necessárias e adequadas, solicitávamos, em especial aos Delegados Sindicais, que nos dessem nota das situações anómalas que ocorressem nos respectivos serviços. Lembrámos que no caso de haver indicação para serviços mínimos, os mesmos apenas devem ser assegurados nos serviços que sejam materialmente competentes e apenas quando não houvesse funcionários que não tenham aderido á greve. A dois de Julho demonstrou-se mais uma vez que a união e a determinação aliadas á razão, dão os seus frutos. Referimonos á estapafúrdia e aberrante decisão «sem rosto» que obrigava os funcionários do Tribunal do Seixal a revistas ilegais para entrarem no seu local de trabalho. Em comunicado nesse dia distribuído no Tribunal do Seixal, os funcionários passam a entrar no tribunal sem se sujeitarem às medidas de revista a que estavam sujeitos, arbitrariamente, no decurso do julgamento do processo da denominada «Máfia Brasileira». Assim se conclui que os funcionários daquele tribunal tinham razão na sua indignação e justificou-se o protesto que assumiram publicamente com total cobertura e apoio do SFJ, a quem competia, como fez, apoiar uma luta justa e tudo fazer para que a razão dos funcionários judiciais fosse reconhecida e o bom senso prevalecesse. Convém relembrar que fizemos os contactos devidos junto dos diversos responsáveis do Tribunal e da força policial ali colocada mas infelizmente os mesmos não se mostraram capazes de resolver uma questão tão simples, invocando constrangimentos injustificados e assumindo algumas atitudes e posições de avanço e recuo, durante as conversações, que continuamos a lamentar. Em face do que passava, não nos restou outra alternativa senão solicitar a intervenção directa do 9

Relatório de Atividades do SFJ 2011 Exmo. Secretário de Estado da Administração Interna que de imediato e com o seu reconhecido bom senso resolveu uma questão que era afinal de bom senso! Com aquela decisão foi reposta a legalidade e o respeito que é devido a uma classe profissional que merece e exige ser tratada em igualdade com os outros operadores judiciários em matéria de seriedade, honestidade, confiança e idoneidade. Mantemos ainda o hoje o nosso lamento em face da posição da Associação Sindical dos Juízes que classificou as atitudes dos funcionários do Tribunal do Seixal e o seu Sindicato de irresponsáveis e levianas. Ao contrário destas insultuosas afirmações ficou provado que tínhamos razão e não somos irresponsáveis. E continuamos a mais não dizer pelo respeito que nos merecem Juízes e a ASJP, considerando que os termos utilizados foram apenas infelizes e resultado de falarem de algo que não conheciam cabalmente! Mas, em contraponto, expressámos o nosso apreço ao Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, SMMP e ao seu Presidente pelo apoio e compreensão manifestados. Já com Portugal sujeito ao resgate do FMI/BCE/EU, e em consequência dos compromissos assumidos pelo Estado Português e cujas linhas mestras constam do memorando assinado com a «troika», começaram a ser conhecidos algumas das propostas e alterações a estudar ou a concretizar no curto ou médio prazo, conforme se depreendia dos despachos n.º 7818 e 7819/2011 (DR 2ª Série, n.º 104 de 30 de Maio) e do projecto de DL aprovado pelo Conselho de Ministro em reunião de 12 de Maio de 2011. Em relação à pretendida instalação das duas novas comarcas, na resposta que apresentámos no Ministério aquando da primeira versão da proposta tecemos algumas considerações críticas e reiterámos (como já havíamos feito aquando da instalação das três primeiras comarcas) o nosso protesto e desagrado pelo facto de aquele documento não ser acompanhado do projecto de portaria com o quadro de funcionários dos novos tribunais e respectivas regras de afectação à nova realidade organizacional. Na reunião havida com o Ministro da Justiça reforçamos aquele pedido e manifestámos as nossas reservas em relação à proposta de instalação, até ao final de 2012, em todo o território nacional do Mapa Judiciário. Considerámos que os novos modelos de gestão, em vigor nas actuais comarcas-piloto, são experiências positivas, embora podendo ser melhoradas, e por isso a sua aplicação aos restantes tribunais é justificada, continuando todavia a manter justificadas reservas quanto à nova matriz territorial e suas pretensas vantagens e sobretudo quanto aos meios necessários para uma resposta eficaz do sistema judicial! E, claro que se impunha, naquele contexto, a alteração do EFJ, em relação ao qual demonstrámos abertura para agilizar a gestão de recursos, desde logo com a criação de uma Bolsa de Funcionários afecta á presidência da comarca. Bem como a prossecução de uma justiça de proximidade que poderia ser obtida pela «deslocação do trabalho» em vez da deslocação do trabalhador, o qual se pode fazer desde logo pela utilização adequada das novas ferramentas informáticas e no objectivo do processo desmaterializado. E sugerimos uma vez mais ser incontornável a necessidade de um procedimento urgente de admissão de funcionários (mesmo que se aplicando o rácio de 1 entrada para 5 saídas), bem como uma aposta formativa e de preenchimento concreto e real dos lugares de chefia com oficiais de justiça devidamente capacitados e habilitados. E fomos surpreendidos (metaforicamente falando) quando o Senhor Presidente da República promoveu um almoço de trabalho(?!) com alguns dos, citamos, «responsáveis da área da Justiça: Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Presidente do Supremo Tribunal Administrativo, Procurador-Geral da República, Bastonário da Ordem dos Advogados, Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses e Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. Com este encontro, o Presidente da República pretendeu contribuir para a criação de um clima de apaziguamento e de diálogo e cooperação construtivos entre os diversos agentes judiciais e entre estes e o poder político. O Presidente da República apelou à congregação de vontades e à união de esforços para a concretização de uma reforma profunda do 10

Relatório de Atividades do SFJ 2011 funcionamento do sistema de Justiça e para a realização dos compromissos, na área do sistema judicial, assumidos por Portugal no âmbito do programa de assistência financeira negociado com a União Europeia.". Quando tivemos conhecimento desta iniciativa, endereçámos uma carta ao Chefe da Casa Civil de Sua Excelência o Presidente da República dando nota da nossa surpresa e natural descontentamento pelo facto dos oficiais de justiça não serem considerados para a referida reunião, atento o seu preponderante e insubstituível papel no funcionamento do sistema de justiça, atitude que denota certamente um desconhecimento gritante da realidade do trabalho nas secretarias judiciais e nos serviços do Ministério Público. Não obtivemos resposta, pelo que pudemos concluir haver duas possíveis hipóteses para o sucedido: a) A Presidência da República manifesta uma desconsideração e menorização pela classe dos oficiais de justiça, de todo injusta e ingrata, por quem sempre tem demonstrado um empenho e dedicação no seu desempenho profissional nos tribunais. Além de que, esta classe profissional conhece muito bem os problemas e constrangimentos que afectam o funcionamento do sistema de justiça e temos propostas e sugestões concretas para muitas das situações. Por exemplo, se nos tivessem ouvido e considerado as nossas críticas em devido tempo, hoje não tínhamos a vergonha da Acção Executiva que todos sabemos! Porque embora alguns venham agora fazer muitas críticas, a verdade é que na altura fomos os únicos que nos opusemos a esta reforma! ou b) Segundo a nota da Presidência da República, este encontro pretendia contribuir para o apaziguamento e diálogo e cooperação construtivos entre os diversos agentes judiciais e também à congregação de vontades e à união de esforços para a concretização de uma reforma profunda do funcionamento do sistema de Justiça. Ora, como não estávamos, e continuamos a não estar, em conflito com nenhum dos restantes operadores judiciários, pois que procuramos manter um são e construtivo diálogo com todos - juízes, procuradores e advogados e, há muito tempo que vimos fazendo um enorme esforço para evitar que a justiça não caia no caos para onde todos parecem que a querem empurrar, poderia então concluir-se que o Senhor Presidente da República, achou que eventuais puxões de orelhas não eram devidos aos oficiais de justiça! Ou seja, talvez o Senhor Presidente da República tivesse razão para não nos convidar, pois o motivo da reunião era afinal o segundo e, por isso, a nossa presença era despicienda! Já com uma nova realidade política, surgida das eleições legislativas, reunimos a meados de Julho com a Sr.ª Ministra da Justiça. Abordámos, entre outras, as questões que reputamos de mais relevantes no actual contexto, como sejam a falta de funcionários, a necessidade de cursos, a informatização e a formação. A Ministra da Justiça, que esteve acompanhada do chefe de gabinete Dr. João Miguel Barros, fez uma exposição sobre as principais preocupações, onde referiu aquelas que mencionámos e também a questão da acção executiva, do processo civil e do mapa judiciário. No que concerne às novas comarcas comprometeu-se a enviar o projecto (ainda feito pelo anterior executivo) de portaria dos quadros de funcionários para as duas novas comarcas a instalar até ao fim do ano Lisboa e Cova da Beira, o que não veio a acontecer. Foi uma primeira abordagem das principais questões, numa reunião em que a Dr.ª Paula Teixeira da Cruz mostrou estar a par dos problemas que afectam o judiciário e que ter, aparentemente, ideias claras para os solucionar. Renovamos a nossa disponibilidade para contribuir nessa urgente e árdua tarefa de credibilizar de novo a administração da justiça. Em Setembro, e no seguimento da acção instaurada pelo SFJ relativa aos cortes salariais que se verificaram a partir de Janeiro de 2011, vimos serem invocadas muitas excepções na contestação apresentada - incompetência do tribunal, inimpugnabilidade das normas, ilegitimidade passiva do Estado, falta de interesse em agir - a que foi necessário responder. De entre elas, a falta de indicação dos associados representados pelo SFJ, Autor na presente acção, reclamando a sanação desse vício. Ora, sendo impossível obter em tempo útil a identificação de todos os sindicalizados afectados pela medida assim como a necessária procuração, para se poder dar seguimento ao processo solicitámos aos escrivães auxiliares que estivessem no 6.º escalão, escrivães adjuntos no mínimo no 3.º escalão, e escrivães de direito e secretários de justiça (em qualquer escalão), para que os mesmos nos enviassem uma declaração onde referissem não concordar com a medida de 11

Relatório de Atividades do SFJ 2011 redução salarial e que conferissem poderes ao SFJ para os representar na acção judicial já intentada. Os associados respodneram em massa e em tempo. Em Outubro o SFJ recebeu PROJECTO DE DL QUE REVOGA O DL 74/2011, DE 20 JULHO (NUTS LISBOA E COVA DA BEIRA) e o PROJECTO DE PORTARIA COM ALTERAÇÕES AOS QUADROS DE PESSOAL, para se pronunciar sobre os mesmo no prazo de 10 dias. Como sempre, solicitámos a todos os colegas que queiram, que nos enviassem as suas sugestões e comentários, em especial os que trabalham nas comarcas de Braga, Lisboa, Oeiras, Porto e São João da Madeira. Com esses contributos respondemos 11 aqueles projectos. E decorreram nos dias 10 e 11 de Outubro as eleições para delegados ao VI CONGRESSO DO SFJ. Foram realizadas eleições em 170 tribunais e serviços, resultando na eleição de 198 delegados, ao que se somam os 98 delegados inerentes. No mês (Novembro) em que nos foi roubado uma parte daquilo a que temos direito, sob a forma de confisco de parte do chamado subsídio de Natal, foi tempo de dar voz ao nosso descontentamento. As condições de trabalho dos funcionários judiciais degradam-se cada vez mais. Já não bastava a falta de funcionários que obriga a uma sobrecarga de trabalho e a falta de meios, para agora sermos vítimas de mais um roubo. Ao longo destes últimos anos perdemos poder de compra e vimos reduzidos de forma inaceitável o nosso sistema de protecção na saúde. Ao congelamento de salários, soma-se a sua redução de forma ilegal e agora á retirada dos subsídios de férias e de natal, os quais mais não são do que aquilo que a entidade patronal deveria pagar em acréscimo em cada mês, ou seja aquilo que recebemos em 14 vezes mais não é do que aquilo que nos deveria ser pago pelo trabalho efectivamente prestado. Acresce que nos tribunais nos é também negado o direito a receber qualquer compensação pelo trabalho extraordinário que nos é imposto diariamente. Perante tudo isto temos de dizer basta ao roubo de salários, pensões e subsídios. O SFJ no âmbito da Frente Comum aderiu á Manifestação Nacional marcada para o próximo dia 12 de Novembro, em Lisboa e apelou á participação de todos, manifestando a disponibilidade para garantir transporte aos colegas fora da zona de Lisboa, pedindo-lhes que para contactarem a respectiva Delegação Regional. Da mesma forma apelámos à adesão de todos à greve geral marcada para o dia 24 de Novembro. Continuamos a considerar que existem a cada dia que passa mais razões para que todos nós nos recusemos a trabalhar fora do horário de trabalho aderindo à greve que se mantém em vigor há mais de 15 anos! Em reunião realizada no Ministério da Justiça voltámos a defender que o regime aplicável aos tribunais deve permitir a existência de acessos às categorias de chefia e ao pagamento em conformidade a todos quantos exercem actualmente essas funções em regime de substituição por indicação da administração. Manifestámos a nossa disponibilidade para a organização das acções de formação necessárias á realização dos procedimentos de acesso a essas mesmas categorias por não ser aceitável que estas funções, fulcrais no funcionamento das secretarias, se façam em regime de precariedade. Nesta reunião foi ainda solicitada a intervenção do Ministério para regularizar a situação dos 190 funcionários que terminaram em Julho o seu período probatório e continuam a aguardar o despacho da DGAJ. No âmbito da formação, em reunião havida no MJ e em que participou o Director do CEJ, foi estabelecido um princípio de colaboração entres estas três entidades MJ, CEJ e SFJ - no âmbito da formação contínua dos oficiais de justiça, designadamente pelo recurso á formação á distância. A 2 de Novembro, reunimos com o Director-Geral da Administração da Justiça, tendo em vista esclarecer e clarificar várias questões que se inserem no âmbito das competências da DGAJ, designadamente a situação inexplicável em que se encontram os colegas que completaram o período probatório há mais de seis meses e que ainda não viram regularizada a situação de vínculo de nomeação definitiva em que de facto já se encontram, situação de todo intolerável e que mereceu o 11 Resposta ao MJ 12

Relatório de Atividades do SFJ 2011 nosso mais veemente protesto. O Senhor Director Geral esclareceu que para concretizar a formalidade legal em falta, foi pedido um parecer à DGAEP pelo facto da nomeação definitiva implicar um aumento de despesa por via da actualização do escalão, colidindo com as normas das restrições orçamentais vigentes e que tal parecer ainda não foi concluído. Também relativamente ao pagamento devido pelas substituições e interinidades em lugares de chefia informou que pela mesma ordem de razão foi solicitado parecer à DGAEP, sendo que também foi solicitado junto do Governo uma situação de excepção no Orçamento de Estado para 2012 que permita o pagamento dessas situações que de facto não envolvem um efectivo aumento de despesa porque se trata da substituição de efectivos, cujos encargos já estavam anteriormente previstos. O Senhor Director-Geral garantiu que, atenta a revogação do DL 74/2011, continuarão a ser realizados os Movimentos de Oficiais de Justiça estatutariamente previstos, para já sem promoções, mas que atendendo à medida de excepção solicitada para o Orçamento de Estado do próximo ano, se for dada a necessária autorização, pode até ter de haver necessidade de efectuar um movimento extraordinário para lugares de chefia. Perante esta afirmação alertámos para o fato de entretanto haver a necessidade de pelo menos repristinar os prazos de vigência dos concursos para escrivão de direito e técnico de justiça principal que entretanto caducaram. No que se reporta à falta de funcionários reafirmou a intenção da DGAJ em diligenciar para que seja aprovado pelo Governo o pedido pendente no Ministério das Finanças para admissão de 400 novos Oficiais de Justiça, estando também a diligenciar para que os Tribunais venham a ser reforçados com pessoal oriundo doutros Departamentos do Estado, com preferência pelos do Ministério da Justiça e exclusivamente para o desempenho de funções administrativas. Foram também abordados temas relacionados com o COJ e necessidade de adopção de medidas que permitam melhorias no funcionamento e na comunicação interna, competências, inspecções e falta de inspectores, visando em suma o prestígio e dignidade deste órgão. Também alertámos para o facto de a DGAJ não ter ainda actualizado a posição remuneratória dos colegas que foram promovidos no período do congelamento (Agosto/2005 a Dezembro de 2007) os quais até final de 2010 completaram o módulo de tempo necessário à mudança de escalão e injustificadamente tardar em responder por escrito aos pedidos que lhe foram endereçados para actualização do correspondente escalão. Alertámos e protestámos para o facto de vários Tribunais cujo funcionamento se encontra comprometido devido à rotura do fornecimento de consumíveis, especialmente toner por parte da empresa Compudata. Tal situação é inadmissível e insustentável pelo que urge tomar medidas alternativas. Neste sentido a DGAJ disponibiliza aos Tribunais necessitados a faculdade de solicitarem a aquisição dos toners imprescindíveis através do fundo de maneio, até que a situação esteja plenamente solucionada. Contrariando algumas informações que têm vindo a circular a DGAJ esclareceu que não está a reter os descontos efectuados nos vencimentos dos funcionários com destino à CGA, tendo garantido que os descontos dos trabalhadores estão a ser pontualmente entregues. O que se encontra atrasado é a remessa das importâncias devidas pela entidade empregadora, neste caso a DGAJ. Em Novembro do ano passado, e antes do Congresso Nacional, o SFJ participou na Manifestação Nacional realizada em Lisboa no dia 12 e aderiu à Greve Geral decretada para 24 do mesmo mês. De realçar que estando marcado a realização do VI Congresso para 25 e 26 de Novembro, houve o cuidado de no pedido de dispensas dos Delegados ao mesmo, em não cobrir com tal dispensa o dia 24, entendendo-se que não seria aceitável que como congressistas nos pudéssemos esquivar ao corte inerente á adesão á greve. O VI Congresso Nacional foi mais uma manifestação da grande força que é o SFJ. Nas suas conclusões poder ler-se «vivemos tempos de crises continuadas, que colocam em causa a estrutura social e civilizacional nos moldes que tínhamos, até aqui, como plenamente adquiridas e consolidadas. Constatamos hoje que assim não é! 13