INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA José Fernando Jurca Grigolli (1), André Luis Faleiros Lourenção (2) Introdução A região Centro-Oeste é a maior produtora de milho safrinha do Brasil, com área de aproximadamente 5,6 milhões de hectares plantados em 2013, um acréscimo de mais de 23% em relação à safrinha de 2012 (CONAB, 2013). Uma das formas de se cultivar o milho safrinha é utilizar o sistema de plantio consorciado, onde se utiliza uma espécie de capim simultaneamente com o milho. Esta opção vem mostrando resultados satisfatórios como boa opção de cobertura do solo (DEBIASI et al., 2009), o que resulta em incrementos na produtividade do milho e da soja na safra subsequente. Entretanto, nos sistemas consorciados de produção, as espécies utilizadas estão sujeitas à competição entre si, além da competição naturalmente exercida pelas plantas daninhas, como plantas de soja que rebrotam e competem com o milho e com o capim. Neste cenário, é fundamental planejar corretamente o manejo de herbicidas na área, visando controlar as plantas daninhas e suprimir parcialmente a forrageira (JAKELAITIS et al., 2005). O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência da mistura de diferentes doses de Nicosulfuron sem e com mistura de Atrazine no controle de soja tiguera e supressão de Brachiaria ruziziensis no milho safrinha consorciado. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Estação Experimental da Fundação MS, em Maracaju, MS, no período de 17 de fevereiro a 19 de julho de 2013. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, em esquema fatorial 3 x 2, sendo 3 doses de Sanson 40 SC (50, 100 e 150 ml ha -1 ), sem e com Primóleo, com testemunha adicional (testemunha com soja capinada e testemunha sem capina), e cinco repetições (Tabela 1). 1 Engenheiro Agrônomo, MSc., Pesquisador da Fundação MS, Estrada da Usina Velha, km2, Caixa Postal 137, 79150-000, Maracaju, MS. fernando@fundacaoms.org.br 2 Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador da Fundação MS, Estrada da Usina Velha, km2, Caixa Postal 137, 79150-000, Maracaju, MS. andre@fundacaoms.org.br [1]
Tabela 1. Descrição dos tratamentos, ingrediente ativo e doses utilizadas na condução do ensaio. Maracaju, MS, 2013. Tratamento Ingrediente Ativo Dose (ml p.c. ha -1 ) 1 Testemunha Capinada (Soja Apenas) --- --- Testemunha Capina --- --- Sanson 40 SC Nicosulfuron 50 Sanson 40 SC Nicosulfuron 100 Sanson 40 SC Nicosulfuron 150 Sanson 40 SC + Primóleo Nicosulfuron + Atrazine 50 + 2.000 Sanson 40 SC + Primóleo Nicosulfuron + Atrazine 100 + 2.000 Sanson 40 SC + Primóleo Nicosulfuron + Atrazine 150 + 2.000 1 Doses do produto comercial. Cada parcela foi constituída de cinco linhas de 12 m de comprimento, espaçadas de 0,80 m (48 m 2 ). A área útil da parcela foi constituída das três linhas centrais de cada parcela, descontando-se dois metros de linha em cada extremidade (19,2 m 2 ). O híbrido utilizado foi o AG9010 PRO, e a adubação utilizada foi 210 kg ha -1 02-20-20 na base e 166 kg ha -1 ureia em cobertura (plantas em V2/V3). Além disso, no momento da semeadura do milho foi realizada a semeadura de Brachiaria ruziziensis, com terceira caixa acoplada e densidade de 170 pontos de VC por hectare (1,7 kg ha -1 de sementes de B. ruziziensis viáveis por hectare). A aplicação dos tratamentos foi realizada através de um pulverizador de pressão constante de CO 2, com barra com seis pontas de pulverização espaçadas em 0,5 m. Foram utilizadas pontas de pulverização do tipo TJ 06 11002 e volume de calda de 160 L ha -1. A aplicação foi realizada em 10 de março de 2013, com as plantas de milho no estádio V3, às 06h40min, com temperatura de 24,6 ºC, 87% de umidade relativa do ar e ausência total de vento. Foi realizada uma avaliação de número de plantas de soja e de B. ruziziensis 30 dias após a aplicação dos tratamentos. Para isso, foi utilizado um quadrado metálico de 0,80 x 0,80 m. Foram realizadas duas avaliações em pontos aleatórios por parcela, e foi registrado o número de plantas de soja e de B. ruziziensis em cada ponto de avaliação. A média de cada parcela foi constituída pela média dos dois pontos de avaliação. Os dados do número médio de plantas de soja tiguera por parcela foram utilizados para o cálculo da porcentagem de controle de cada tratamento, da seguinte forma: [2]
Onde E (%) é a porcentagem de controle do tratamento, T é o número de plantas de soja tiguera na parcela do tratamento testemunha sem capina, e t é o número de plantas de soja tiguera na parcela do tratamento herbicida utilizado. Por fim, realizou-se a avaliação do rendimento de grãos de milho e da massa seca de B. ruziziensis. A avaliação de rendimento de grãos foi realizada com a colheita manual de duas linhas centrais de quatro metros de comprimento de cada parcela. Os dados de rendimento de grãos foram ajustados para 14% de umidade. Para a avaliação da massa seca de B. ruziziensis, utilizou-se um quadrado metálico de 0,80 x 0,80 m. O quadrado foi lançado aleatoriamente em dois pontos por parcela, onde foram coletadas todas as plantas de B. ruziziensis para posterior pesagem da massa seca. A média da parcela foi constituída pela média dos dois pontos amostrados. Para secagem das amostras de capim, estas foram deixadas à sombra por 30 dias, sendo pesadas com o auxílio de uma balança com precisão de 0,01 g. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). Resultados e Discussão Os resultados obtidos de porcentagem de controle de plantas de soja 30 dias após a aplicação (DAA) indicaram que todas as doses de Sanson 40 SC com a adição de Primóleo controlaram 100% das plantas, enquanto que sem a adição de Primóleo, o controle não ultrapassou 29% em nenhuma das doses avaliadas (Tabela 2). relação ao número de plantas do capim B. ruziziensis, observou-se que as doses de Sanson 40 SC utilizadas sem e com a adição de Primóleo não afetaram de forma significativa o número de plantas (Tabela 3). Quanto à massa seca do capim B. ruziziensis, observou-se que as doses de Sanson 40 SC utilizadas e a adição de Primóleo não reduziu de forma significativa a massa seca final das plantas de capim no momento da colheita do milho (Tabela 4). [3]
Tabela 2. Porcentagem de controle de plantas de soja tiguera com diferentes doses de Sanson 40 SC sem e com o herbicida Primóleo 30 dias após a aplicação dos tratamentos. Maracaju, MS, 2013. Sanson 40 SC 50 ml ha -1 29 ab 100 aa 64 a Sanson 40 SC 100 ml ha -1 21 ab 100 aa 60 a Sanson 40 SC 150 ml ha -1 28 ab 100 aa 65 a 26 B 100 A Testemunha Capinada (Apenas Soja) 100 a Testemunha Capina 0 b F (Dose Sanson 40 SC ) = 0,4543 ns F (Primóleo ) = 378,0783** F (Sanson 40 SC *Primóleo ) = 5,4543** F (Herbicidas*Testemunhas) = 11,7134** F (Testemunha Capinada*Testemunha Capina) = 230,3739** CV (%) = 17,43 s seguidas da mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente Tabela 3. Número de plantas de Brachiaria ruziziensis 30 dias após a aplicação de diferentes doses de Sanson 40 SC sem e com o herbicida Primóleo. Maracaju, MS, 2013. Sanson 40 SC 50 ml ha -1 10,4 aa 8,6 aa 9,5 a Sanson 40 SC 100 ml ha -1 7,4 aa 7,0 aa 7,2 a Sanson 40 SC 150 ml ha -1 7,2 aa 10,6 aa 8,9 a 8,3 A 8,7 A Testemunha Capinada (Apenas Soja) 11,6 Testemunha Capina 8,8 F (Dose Sanson 40 SC ) = 1,6122 ns F (Primóleo ) = 0,1359 ns F (Sanson 40 SC *Primóleo ) = 2,0502 ns F (Herbicidas*Testemunhas) = 2,3598 ns F (Testemunha Capinada*Testemunha Capina) = 2,2201 ns CV (%) = 33,2 s seguidas da mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente [4]
Tabela 4. Massa seca (g) de Brachiaria ruziziensis na colheita do milho tratada com diferentes doses de Sanson 40 SC sem e com o herbicida Primóleo. Maracaju, MS, 2013. Sanson 40 SC 50 ml ha -1 273,0 aa 237,0 aa 255,0 a Sanson 40 SC 100 ml ha -1 226,0 aa 207,0 aa 216,5 a Sanson 40 SC 150 ml ha -1 274,0 aa 222,0 aa 248,0 a 257,7 A 222,0 A Testemunha Capinada (Apenas Soja) 288,0 a Testemunha Capina 219,0 b F (Dose Sanson 40 SC ) = 1,7056 ns F (Primóleo ) = 3,8692 ns F (Sanson 40 SC *Primóleo ) = 0,2761 ns F (Herbicidas*Testemunhas) = 7,5028* F (Testemunha Capinada*Testemunha Capina) = 4,7091* CV (%) = 19,69 s seguidas da mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente relação ao rendimento de grãos de milho, os tratamentos com a adição de Primóleo apresentaram incrementos significativos em todas as doses de Sanson 40 SC avaliadas (Tabela 5). Os resultados obtidos de rendimento de grãos de milho e massa seca de B. ruziziensis corroboram com os de Jakelaitis et al. (2005), que verificaram que o uso do herbicida Nicosulfuron em mistura com Atrazine foi essencial no manejo satisfatório de plantas daninhas no sistema milho consorciado com Brachiaria brizantha. Os resultados obtidos no presente trabalho sinalizam que a mistura Sanson 40 SC nas doses de 50, 100 e 150 ml p.c. ha -1 com Primóleo pode ser adotada em sistemas de produção de milho safrinha em consórcio com a braquiária para o controle de tigueras de soja no início do desenvolvimento da cultura sem comprometer a produção do capim no sistema plantio direto e nem o rendimento de grãos de milho. [5]
Tabela 5. Rendimento de grãos (kg ha -1 ) de milho tratados com diferentes doses de Sanson 40 SC sem e com o herbicida Primóleo. Maracaju, MS, 2013. Sanson 40 SC 50 ml ha -1 3.628,2 ab 4.959,2 aa 4.293,7 a Sanson 40 SC 100 ml ha -1 3.132,2 ab 4.040,3 aa 4.040,7 a Sanson 40 SC 150 ml ha -1 3.402,2 ab 4.849,8 aa 4126,02 a 56,5 B 82,0 A Testemunha Capinada (Apenas Soja) 4.855,6 a Testemunha Capina 2.502,0 b F (Dose Sanson 40 SC ) = 4,6073** F (Primóleo ) = 170,7929** F (Sanson 40 SC *Primóleo ) = 4,6073** F (Herbicidas*Testemunhas) = 16,4011** F (Testemunha Capinada*Testemunha Capina) = 134,3871** CV (%) = 7,96 s seguidas da mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente Conclusões A adição de Primóleo às doses de Sanson 40 SC avaliadas aumenta o controle de plantas de soja tiguera, não influencia o número de plantas e a massa seca de Brachiaria ruziziensis e proporciona incremento no rendimento de grãos de milho, indicando que esta mistura de herbicidas pode ser utilizada no sistema de produção milho safrinha consorciado com Brachiaria ruziziensis sem afetar os benefícios do consórcio. Referências CONAB. panhia Nacional do Abastecimento. Grãos safra 2012/13: Décimo segundo levantamento, 2013. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/ arquivos/13_09_10_16_05_53_boletim_portugues_setembro_2013.pdf>. Acesso em:19 set. 2013. JAKELAITIS, A,; SILVA, A.F.; SILVA, A.A.; FERREIRA, L.R.; FREITAS, F.C.L.; VI- VIAN, R. Influência de herbicidas e de sistemas de semeadura de Brachiaria brizantha consorciada com milho. Planta Daninha, Viçosa, v. 23, n. 1, p. 59-67, 2005. DEBIASI, H.; FRANCHINI, J.C.; SACOMAN, A.; MENDES, M.R.P.; SILVA, J.R. Uso de forrageiras tropicais em sistemas de sucessão com a soja e sua relação com a qualidade física do solo na região do basalto paranaense. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 5., 2009, Goiânia. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2009. CD-ROM. [6]