AVALIAÇÃO DA TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO AO NEMATÓIDE RENIFORME

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO AO NEMATÓIDE RENIFORME Guilherme Lafourcade Asmus (Embrapa Agropecuária Oeste/ asmus@cpao.embrapa.br), Fernando Mendes Lamas (Embrapa Agropecuária Oeste). RESUMO - Realizou-se um experimento de campo, em área naturalmente infestada com Rotylenchulus reniformis (956 nematóides/200cc de solo), em Aral Moreira, MS, com o objetivo de avaliar a tolerância de 17 cultivares de algodoeiro ao nematóide. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições, num arranjo fatorial, onde um dos fatores foi constituído pelas cultivares e o outro pelo uso, ou não, de nematicida no sulco de plantio. As parcelas foram constituídas por quatro linhas, espaçadas de 0,80, com 5m de comprimento. Foram avaliados o número de nematóides no plantio e aos 75 dias após a emergência, e diversas variáveis fitotécnicas: altura de plantas, número e peso de capulhos, número de ramos reprodutivos, percentagem de fibra e produtividade. Nenhuma das cultivares testadas apresentou reação de tolerância ao nematóide, não havendo interação significativa entre cultivar e nematicida para nenhuma das variáveis analisadas. O uso de nematicida no sulco de plantio diminuiu o número de nematóides nas raízes, com reflexo positivo sobre a altura de plantas, o peso de capulhos e a produtividade. Palavras-chave: Algodão, Rotylenchulus reniformis, controle, nematicida INTRODUÇÃO O nematóide reniforme, Rotylenchulus reniformis Linford & Oliveira 1940, constitui-se num dos principais problemas fitossanitários da cultura do algodoeiro (SUASSUNA et al., 2006). Em condições favoráveis, altas densidades populacionais do nematóide podem ocasionar perdas superiores a 60% (ROBINSON, 2002; ASMUS et al., 2003). No Brasil, R. reniformis está presente em lavouras de praticamente todas as importantes regiões produtoras de algodão (SUASSUNA et al., 2006). O sucesso do controle de nematóides em áreas infestadas depende de um conjunto de medidas associadas (RUANO et al., 1992). Rotação de culturas, controle químico com nematicidas granulados no sulco de plantio e uso de cultivares resistentes são as principais ferramentas para o manejo do nematóide reniforme (INOMOTO & ASMUS, 2006). Em termos práticos, o uso de cultivares resistentes seria a medida de mais fácil adoção pelos cotonicultores, porém a maioria das cultivares atualmente disponíveis no Brasil não dispõe de resistência suficiente para contornar o problema (CHIAVEGATO et al., 2001). A identificação de cultivares com maior tolerância, ou seja, a habilidade de produzir adequadamente na presença do nematóide, mesmo permitindo sua multiplicação no sistema radicular (ROBERTS, 2002), pode se constituir numa alternativa útil em contraposição à ausência de cultivares de algodoeiro comum com resistência a R. reniformis. Várias tentativas nesse sentido têm sido realizadas (COOK et al., 1997; KOENNING et al., 2000) com relativo êxito. O presente estudo teve como objetivo avaliar a tolerância à campo de cultivares de algodoeiro, componentes do Ensaio Regional do Cerrado 2005/06, ao nematóide reniforme.

MATERIAL E MÉTODOS Foi conduzido um experimento de campo na safra 2005/06 em área naturalmente infestada com o nematóide reniforme (média de 956 nematóides/200cc de solo) na Faz. Bom Futuro, em Aral Moreira, MS, visando avaliar a tolerância de campo de 17 cultivares de algodoeiro, do Ensaio Regional do Cerrado, ao nematóide. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com quatro repetições, num esquema fatorial 17 x 2 x 4 (cultivares x com ou sem nematicidas x repetições). Cada parcela foi constituída por quatro linhas de plantio de algodoeiro com cinco metros de comprimento, no espaçamento de 0,80m entre linhas. O experimento foi instalado em área conduzida em sistema plantio direto, sobre palha de centeio previamente dessecado com glyphosato (2,0 l ha -1 ). A adubação constou da aplicação de 600 kg ha -1 da fórmula 13-24-12 (NPK) seis dias antes da semeadura. Em 03/11/05 foram abertos os sulcos de plantio e realizada a semeadura, manualmente. Nas parcelas com tratamento nematicida foi realizada a aplicação de aldicarb (1950g i.a. ha -1 ) no sulco de plantio, com posterior incorporação, antes da semeadura. A emergência ocorreu entre 8 e 9/11/05. Em 19/01/06, foram coletas ao acaso quatro plantas por parcela para a medida da altura da parte aérea e o processamento das raízes para a estimativa do número de nematóides/grama de raiz. Para isso, as raízes das plantas foram separadas da parte aérea, lavadas em água corrente, deixadas para secar por cerca de 20 minutos sobre papel absorvente, e pesadas. A seguir, foi realizada a extração dos nematóides contidos nas raízes (COOLEN e D HERDE, 1972). Os nematóides extraídos foram inativados em banho-maria à temperatura de 55ºC por 5 minutos e armazenados em formalina (2%) até serem identificados e quantificados. De posse dos valores do peso fresco das raízes e da quantificação dos nematóides, estimou-se a quantidade de nematóide por grama de raiz. Em 28 e 29/03/06, coletaram-se ao acaso três plantas por parcela para a determinação do número de capulhos e de ramos reprodutivos. A seguir foram coletados 20 capulhos por parcela para a determinação do peso dos capulhos e posterior descaroçamento (máquina de rolo) para a estimativa da percentagem de fibra, e a colheita das duas linhas centrais de cada parcela para a estimativa da produtividade. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Scott-Knott, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 1. A ausência de interação significativa entre as cultivares de algodoeiro e a aplicação de nematicida, evidencia não haver resposta diferenciada das cultivares à presença ou ausência do nematóide quanto às diferentes variáveis avaliadas, o que configura-se como ausência de reação de tolerância (ROBERTS, 2002). Por outro lado, o uso de nematicida exerceu uma significativa redução no número de nematóides por grama de raiz, independentemente da cultivar, refletindo-se em maior altura de plantas (12,0%), peso de capulhos (7,1%) e produtividade (21,6%), porém em menor percentagem de fibra (1,1%). Seguindo metodologia semelhante à do presente estudo, Koenning et al. (2000) e Sciumbato et al. (2005) também não lograram sucesso na tentativa de identificar cultivares de algodoeiro mais tolerantes ao nematóide reniforme. Por outro lado, Cook et al. (1997) selecionaram algumas cultivares, que mesmo permitindo uma alta reprodução do nematóide durante a safra, produziram adequada quantidade de fibra. Considerando que a tolerância de plantas a determinado nematóide é dependente da população inicial do parasito no solo (SEINHORST, 1965), é possível que a alta população inicial

(956 nematóides/200cc de solo) de R. reniformis na área experimental não tenha permitido que alguma reação de tolerância tenha se manifestado. As diferenças significativas entre as cultivares quanto à altura, número de ramos, peso de capulhos, percentagem de fibra e produtividade, refletem as características genotípicas, intrínsecas de cada cultivar.

Tabela 1. Avaliação de cultivares de algodoeiro em área naturalmente infestada pelo nematóide reniforme, com e sem uso de nematicida na semeadura. Aral Moreira, MS, 2006. Tratamentos Altura de plantas Nematóides/g Número de Número de Peso de % de fibra Produtividade (kg ha -1 ) (m) de raiz Capulhos Ramos capulho (g) BRS Aroeira 0,96b 35,1a 7,5a 13,33b 6,41a 39,26d 1200,67b BRS Cedro 1,00a 41,1a 5,27a 13,11b 6,04b 44,28a 1132,14c BRS Araçá 0,84c 40,6a 6,61a 13,5a 5,90b 40,89c 1143,50c BRS 269-Buriti 0,94b 50,8a 5,49a 13,88a 6,05b 41,63c 1134,37c CNPA GO 999 0,84c 34,9a 5,61a 14,05a 6,02b 40,88c 1088,57c FM 966 0,74d 38,7a 5,22a 14,10a 6,52a 42,34b 1077,54c FM 977 0,88c 37,3a 5,44a 14,11a 5,52d 43,87a 1344,00a CNPA CO 2001 56818 0,92b 43,1a 5,72a 13,78a 6,16b 42,35b 1221,50b DeltaOpal 0,86c 29,6a 6,39a 14,33a 6,06b 43,05b 1082,47c SL 506 0,92b 25,7a 5,11a 12,5b 6,37a 39,24d 1052,99c FMT 701 0,87c 63,2a 7,16a 14,22a 5,69c 42,81b 1340,71a CD 406 0,81c 41,6a 5,66a 14,72a 6,12b 43,74a 969,92c CD 409 0,84c 76,6a 5,72a 14,44a 5,98b 42,51b 1072,91c Fabrika 0,84c 52,5a 6,44a 14,38a 5,47d 43,24b 1080,14c Delta Penta 0,91b 35,7a 6,49a 13,33b 6,13b 39,90d 1091,63c BRS Ipê 0,86c 28,6a 5,94a 11,88b 5,85c 41,31c 1090,62c CNPA CO 200-337 0,94b 36,5a 6,11a 13,61a 6,04b 41,05c 1195,11b Efeito do nematicida C/ nematicida 0,96ª 30,3a 5,87a 13,95a 6,22a 41,68b 1247,11a S/ nematicida 0,80b 53,4b 5,81a 12,85a 5,81b 42,12a 1025,69b Quadrados médios Cultivares(C) 332,72** 1316,6ns 0,10ns 0,06ns 0,64** 19,43** 76377,05** Nematicida (N) 7899,51** 18046,7** 0,19ns 0,02ns 5,70** 6,53** 1613189,00** C *N 23,08ns 2005,4ns 0,08ns 0,03ns 0,07ns 0,38ns 15688,73ns C.V. (%) 5,67 79,86 13,59 4,39 4,96 2,05 12,29 Obs: **, ns significativo a 1% e não significativo a 5%, respectivamente, pelo teste F. Médias de tratamentos seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5%.

CONCLUSÕES Os resultados obtidos permitem concluir que: a) em áreas naturalmente infestadas com altas populações de R. reniformis (956 nematóides/200cc de solo) nenhuma das cultivares que compuseram o Ensaio Regional de Cerrado 05/06 expressa reação de tolerância ao nematóide; b) nas mesmas condições, o uso do nematicida aldicarb (1950g i.a. ha -1 ) exerce adequado controle do nematóide com reflexos positivos na produtividade do algodoeiro. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Este trabalho apresenta resultados que evidenciam os danos causados pelo nematóide reniforme, indistintamente, em diferentes cultivares de algodoeiro quando cultivadas em área com alta densidade populacional do nematóide. Dele depreende-se que, sob tais condições, o uso de nematicida granulado no sulco de plantio pode constituir-se em importante ferramenta para a manutenção de níveis aceitáveis de produtividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASMUS, G. L. et al. Danos em soja e algodão associados ao nematóide reniforme (Rotilenchulus reniformis) em Mato Grosso do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NEMATOLOGIA, 24., 2003, Petrolina. Anais... Petrolina: Sociedade Brasileira de Nematologia: Embrapa Semi-Árido 2003. p.169. CHIAVEGATO, E. J. et al. Controle químico de Rotylenchulus reniformis na cultura do algodão (Gossypium hirsutum L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NEMATOLOGIA, 23., 2001, Marília. Anais... Piracicaba: SBN; Garça: FAEF, 2001. 156 p. COOK, C. G. et al. Tolerance to Rotylenchulus reniformis and resistance to Meloidogyne incognita race 3 in high-yielding breeding lines of upland cotton. Journal of Nematology, v. 29, n. 3, p. 322-328, 1997. COOLEN, W. A.; D HERDE, C. J. A method for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. Ghent: Ghent State Nematology: Entomology Research Station, 1972. 77 p. INOMOTO, M. M.; ASMUS, G. L. Controle de nematóides une resistência, rotação e nematicidas. Visão Agrícola, v. 6, p. 47-50, 2006. KOENNING, S. R. et al. Tolerance of selected cotton lines to Rotylenchulus reniformis. Journal of Nematology, v. 32, n. 4 (supplement), p. 519-523, 2000. ROBERTS, P. A. Concepts and consequences of resistance. In: STARR, J.L.; R. COOK ; J. BRIDGE (Eds.). Plant resistance to parasitic nematodes. Oxon: CABI, 2002. p. 23-41. ROBINSON, A. F. Reniform nematodes: Rotylenchulus species. In: STARR, J.L.; R. COOK ; J. BRIDGE (Eds.). Plant resistance to parasitic nematodes. Oxon: CABI, 2002. p. 153-174. RUANO, O. et al. Nematóides na cultura do algodoeiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 16, n. 172, p. 48-57, 1992. SEINHORST, J. W. The relationship between nematode density and damage to plants. Nematologica, n. 11, p. 137-154, 1965. SCIUMBATO, G. L. et al. Tolerance of popular cotton varieties to the reniform nematode. In: BELTWIDE COTTON CONFERENCE, 23., 2005, Marília. Proceedings... New Orleans: NCC, 2005. p. 150. Disponível em: www.cotton.org/beltwide/proceedings/2005 Acesso em : 11/10/05. SUASSUNA, N. D. et al. Manejo de doenças do algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão. 2006. 24p. (Circular Técnica, 97).