Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das Regiões Autónomas.



Documentos relacionados
GUIA PRÁTICO BENEFÍCIOS ADICIONAIS DE SAÚDE

Decreto-Lei n.º 167-E/2013, de 31 de dezembro

Despacho conjunto n.º 413/99, de 15 de Maio

Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões

Decreto-Lei n.º 142/99 de 30 de Abril

M U N I C Í P I O D E V A L E N Ç A C ÂM ARA MUNIC I PAL

Índice. Lei n. 14/2012. Contas individuais de previdência

Secção II 1* Fundos e sociedades de investimento imobiliário para arrendamento habitacional

JORNAL OFICIAL. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Segunda-feira, 14 de abril de Série. Número 53

Decreto-Lei n.º 201/2009 de 28 de Agosto

Saúde Aviso de Abertura de Concurso para Apresentação de Candidaturas S/1/2007

Decreto-Lei n.º 26/2012. de 6 de fevereiro

Decreto-Lei n.º 213/92 de 12 de Outubro Altera o Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de Março (Reserva Ecológica Nacional).

Proposta de adesão ao Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde 2012

NORMAS E CRITÉRIOS DE CONCESSÃO DE AUXILIOS ECONÓMICOS ACÇÃO SOCIAL ESCOLAR DO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO

CONTRATO DE BOLSA Entre FUNDAÇÃO BIAL . Considerando I. II. III. IV. Primeira

COMISSÃO MINISTERIAL DE COORDENAÇÃO DO PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM

VICE-PRESIDÊNCIA DO GOVERNO REGIONAL, S.R. DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE SOCIAL Despacho n.º 751/2009 de 9 de Julho de 2009

Decreto-Lei n.º 111/2000 de 4 de Julho

VICE-PRESIDÊNCIA DO GOVERNO REGIONAL, S.R. DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE SOCIAL Despacho n.º 492/2009 de 28 de Abril de 2009

NORMA REGULAMENTAR N.º 15/2008-R, de 4 de Dezembro

DECRETO-LEI N.º 94-D/98,

SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO DE ENTIDADES FORMADORAS ASPECTOS PRINCIPAIS DA MUDANÇA

Decreto-Lei nº 103/2009, de 12 de Maio

Regulamento de Apoio Financeiro à Edição de Obras de Novos Autores Portugueses. Despacho Normativo n.º 9-C/2003 de 3 de Fevereiro de 2003

Serviço de Educação e Bolsas

Município de Gouveia. Programa de apoio à criação de emprego no Concelho de Gouveia

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS PROPOSTA DE LEI N.º 2/XII/1.ª. Exposição de Motivos

PRESIDÊNCIA DO GOVERNO Resolução do Conselho do Governo n.º 138/2015 de 15 de Setembro de 2015

Energia 2ª ALTERAÇÃO AO AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO. Aviso - ALG Eixo Prioritário 3 Valorização Territorial e Desenvolvimento Urbano

Decreto-Lei n.º 144/2008 de 28 de Julho

Decreto-Lei n.º 219/2001, de 4 de Agosto *

REGULAMENTO MUNICIPAL PARA EMPRÉSTIMO OU COMPARTICIPAÇÃO NA AQUISIÇÃO DE MANUAIS ESCOLARES NOTA JUSTIFICATIVA:

Regime Jurídico dos Certificados de Aforro

Medidas Ativas de Emprego: Estágios e Incentivos à Contratação

Câmara Municipal das Caldas da Rainha

REGULAMENTO DE QUOTAS DA ORDEM DOS ARQUITECTOS

Lei nº 8/90 de 20 de Fevereiro. Bases da contabilidade pública

1. BENEFÍCIOS DOS UTENTES DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE (SNS) Decreto-Lei nº11/93, DR. I série -A, Nº 12,

Tomada de posição do STAL sobre a ADSE

DE QUOTAS DA ORDEM DOS ARQUITECTOS

instituições de comprovada valia social, o qual visa concretizar, especificando, o compromisso a que está vinculada.

COMISSÃO MINISTERIAL DE COORDENAÇÃO DO PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Este documento constitui um instrumento de documentação e não vincula as instituições

S.R. DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA. Despacho Normativo n.º 40/2005 de 7 de Julho de 2005

Assim: Nos termos da alínea a), do n. 1, do artigo 198. da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

ROADSHOW BR-PORTO ALEGRE(BS15) Informação geral. Condições de participação. Tiago Caravana - Vinhos do Alentejo

Edital n.º 49/2008. O Presidente da Câmara Municipal de Sines. Manuel Coelho Carvalho

PROJECTO DE LEI N.º 671/X. Altera o Código da Estrada e o Código do Imposto sobre Veículos. Exposição de Motivos

REGULAMENTO DE PROCEDIMENTOS DO PROGRAMA NACIONAL DE MICROCRÉDITO

A. Questões de âmbito geral sobre Prescrição Electrónica de Medicamentos (PEM)

Decreto-Lei n.º 92/2000 de19 de Maio

REGULAMENTO DO CARTÃO MUNICIPAL DO IDOSO

QUADRO DE TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIAS PARA OS MUNICÍPIOS EM MATÉRIA DE EDUCAÇÃO

Decreto-Lei n.º 478/99, de 9 de Novembro

PROJECTO DE LEI N.º 90/XII/1.ª REINTRODUZ O PASSE SOCIAL INTERMODAL

REGULAMENTO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS ÀS COLECTIVIDADES DE CARÁCTER RECREATIVO, CULTURAL, RELIGIOSO E SOCIAL DO CONCELHO DE NORDESTE PREÂMBULO

Decreto-Lei 187/2002, de 21 de Agosto-192 Série I-A

MINUTA DE CONTRATO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS A PESSOAS COLECTIVAS PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS PROGRAMA MODELAR

EMISSOR: Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social. Artigo 1.º Objeto

Assim nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: Artigo 1.º. Duração da mobilidade interna

Decreto-Lei n.º 232/2005 de 29 de Dezembro

Publicado no Diário da República n.º 22, I série, de 2 de Fevereiro. Decreto Presidencial n.º 28/11 de 2 de Fevereiro

JORNAL OFICIAL I SÉRIE NÚMERO 60 QUARTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2014

Regulamento da Creditação

Legislação Farmacêutica Compilada. Portaria n.º 377/2005, de 4 de Abril. B, de 20 de Maio de INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso 59-C

VICE-PRESIDÊNCIA DO GOVERNO REGIONAL, S.R. DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE SOCIAL Despacho n.º 1009/2012 de 20 de Julho de 2012

Decreto-Lei n.º 56/2006, de 15 de Março

Acordo entre o Ministério das Finanças, o Ministério da Saúde e a Indústria Farmacêutica

Enquadramento das leis e dos regulamentos administrativos. Nota Justificativa. (Proposta de lei) 1. Necessidade da elaboração da presente lei

Lei quadro da Dívida Pública

M U N I C Í P I O D E V A L E N Ç A C ÂM ARA MUNIC I PAL

GOVERNO REGIONAL DOS AÇORES

EIXO PRIORITÁRIO VI ASSISTÊNCIA TÉCNICA. Convite Público à Apresentação de Candidatura no Domínio da Assistência Técnica aos Órgãos de Gestão

3. A autonomia político-administrativa regional não afecta a integridade da soberania do Estado e exerce-se no quadro da Constituição.

Decreto-Lei n.º 15/97/M. de 5 de Maio

Portaria n.º 827/2005, de 14 de Setembro Estabelece as condições de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)

Programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social

Portaria nº 1102/97. DR. Nº 254 I-B de 3 de Novembro

Perguntas mais frequentes

À HABITAÇÃO DEGRADADA NO

Albufeira, 24 de Maio de 2012

REGULAMENTO DE BENEFÍCIOS

PREÂMBULO. 2. Entende-se por doação toda a oferta espontânea de documentação à BMFC, levada a cabo por particulares ou entidades em nome colectivo.

Assembleia Popular Nacional

Regulamento Financeiro do Partido Social Democrata (Aprovado na Comissão Política Nacional de )

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA. Faculdade de Ciências e Tecnologia Diário da República, 2 série N.º de Setembro de Resolução n.

REGIME EXTRAORDINÁRIO DE PROTECÇÃO DE DEVEDORES DE CRÉDITO À HABITAÇÃO EM SITUAÇÃO ECONÓMICA MUITO DIFÍCIL

REGULAMENTO NOSSA SENHORA DO MANTO

Página 765 PRESIDÊNCIA DO GOVERNO REGIONAL DOS AÇORES

RMABE-Regulamento Municipal de Atribuição de Bolsas de Estudo Preâmbulo

REGULAMENTO DE APOIO NA COMPARTICIPAÇÃO MUNICIPAL DE MEDICAMENTOS E APARELHOS DE SAÚDE

SOLARH. Legislação aplicável: Definição e Objectivos:

Regulamento relativo à manutenção e inspecção de ascensores, monta-cargas, escadas mecânicas e tapetes rolantes da Câmara Municipal da Trofa

Decreto-Lei n.º 146/93 de 26 de Abril

50 the International Paris Air Show

REGULAMENTO PARA ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS DE ESTUDO A ESTUDANTES CARENCIADOS INSCRITOS EM ESTABELECIMENTOS DO ENSINO SUPERIOR

Decreto-Lei 357/1999, de 15 de Setembro - I Série

Transcrição:

DL 273/2007 Envelhecer com saúde, autonomia e independência constitui, hoje, um desafio à responsabilidade individual e colectiva, com tradução significativa no desenvolvimento económico do país. Este desafio refere-se não apenas à sustentabilidade do próprio sistema de saúde mas, acima de tudo, à garantia da equidade no acesso e qualidade dos cuidados prestados. O progressivo envelhecimento demográfico, entre outros aspectos, tem determinado o aumento das doenças crónicas e incapacitantes em determinados grupos da população, designadamente os idosos, com implicação directa no consumo de medicamentos ou outros produtos necessários à manutenção da «saúde». Constata-se, ainda, que é entre os idosos que o risco de pobreza é mais elevado, particularmente nos idosos isolados, pelo que importa ter em conta a aplicação do princípio da diferenciação positiva enquanto instrumento de justiça social. Sabendo que existem, em Portugal, idosos com rendimentos muito reduzidos e despendem grande parte dos seus recursos económicos com a saúde, nomeadamente medicamentos e outras áreas de apoio com baixa comparticipação pelo Estado, é intenção deste Governo, atribuir-lhes benefícios adicionais, atendendo à sua situação socio-económica muito desfavorecida. Esta medida enquadra-se nas políticas globais definidas no Programa do XVII Governo Constitucional quanto à redução das desigualdades e melhoria da qualidade de vida dos idosos, e assenta, particularmente, nos princípios definidos para a atribuição do complemento solidário para idosos. Os benefícios adicionais criados pelo presente decreto-lei traduzem-se em reembolsos aos beneficiários, por este ser um mecanismo mais fácil e de célere implementação. 1

O sistema que agora se implementa não inviabiliza que, num futuro próximo, se adopte um procedimento mais ajustado à condição sócio-económica desta população, designadamente através de mecanismos que obviem ao pagamento inicial do custo destes produtos. Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das Regiões Autónomas. Assim: Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: Artigo 1.º Objecto O presente decreto-lei procede à criação de benefícios adicionais de saúde para os beneficiários do complemento solidário para idosos instituído pelo Decreto-Lei n.º 232/2005, de 29 de Dezembro. Artigo 2.º Benefícios adicionais 1 - São criados os seguintes benefícios adicionais: a) Participação financeira em 50% da parcela do preço dos medicamentos não comparticipada pelo Estado; b) Participação financeira em 75% da despesa na aquisição de óculos e lentes até ao limite de 100, por cada período de dois anos; c) Participação financeira em 75% da despesa na aquisição e reparação de próteses dentárias removíveis até ao limite de 250, por cada período de três anos. 2 - Os benefícios adicionais incidem apenas sobre a parcela não comparticipada ou reembolsada. 2

3 - A participação financeira do Estado nos benefícios adicionais é efectuada por reembolso. Artigo 3.º Condições para a atribuição dos benefícios adicionais 1 - Para a atribuição das participações financeiras previstas no artigo anterior, os beneficiários do complemento solidário para idosos devem apresentar no centro de saúde onde estão inscritos, pessoalmente ou por representante, o documento válido comprovativo da sua situação de beneficiário do complemento solidário para idosos, emitido pelo Instituto da Segurança Social, I. P. 2 - A apresentação do documento previsto no número anterior é efectuada apenas na primeira vez em que o beneficiário do complemento solidário pretenda fruir dos benefícios adicionais criados pelo presente decreto-lei. Artigo 4.º Obrigações dos beneficiários Para beneficiarem das participações financeiras referidas nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 2.º, os beneficiários do complemento solidário para idosos devem apresentar no centro de saúde onde estão inscritos, pessoalmente, por representante ou por correio os seguintes documentos: a) Cópia da receita médica e da respectiva factura; b) As facturas descriminadas comprovativas da despesa e respectiva quitação; c) Os documentos de prescrição de óculos e lentes oculares. 3

Artigo 5.º Atribuição e processamento dos benefícios adicionais 1 - A decisão de atribuição dos benefícios adicionais bem como a verificação dos documentos e condições previstas no presente diploma compete aos centros de saúde, sem prejuízo da validação da situação do beneficiário pelo Instituto da Segurança Social, I. P. 2 - A gestão da atribuição dos benefícios adicionais de saúde no âmbito do Ministério da Saúde compete à Administração Central do Sistema de Saúde, I. P. Artigo 6.º Pagamento dos benefícios adicionais 1 - A Administração Central do Sistema de Saúde, I. P., envia, até ao oitavo dia do mês subsequente ao do pedido do benefício, ao Instituto da Segurança Social, I. P., a ordem de pagamento para a totalidade dos benefícios adicionais concedidos, no mês anterior, nos termos dos números seguintes. 2 - A ordem de pagamento identifica o beneficiário, com nome e número de identificação de segurança social, indica o valor do benefício a atribuir, descrimina a despesa. 3 - O pagamento do benefício adicional é efectuado pelo Instituto da Segurança Social, I.P., juntamente com o pagamento do complemento solidário para idosos no mês subsequente ao da recepção da respectiva ordem de pagamento. Artigo 7.º Regulamentação 1 - Os benefícios adicionais criados pelo presente decreto-lei são financiados por verbas do Orçamento de Estado nos termos a regulamentar por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Saúde, do Trabalho e da Solidariedade Social. 4

2 - O procedimento para a atribuição dos benefícios adicionais previstos nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 2.º do presente decreto-lei é definido por portaria do membro do Governo responsável pela área da Saúde. Artigo 8.º Regiões Autónomas O regime previsto no presente decreto-lei aplica-se às Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores da Madeira e dos Açores, com as adaptações determinadas pelo interesse específico, cabendo a execução administrativa aos órgãos e serviços das respectivas administrações regionais. Artigo 9.º Entrada em vigor O presente decreto-lei entra em vigor no dia 1 de Julho de 2007. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de O Primeiro-Ministro O Ministro de Estado e das Finanças O Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social O Ministro da Saúde 5