LEGISLAÇÃO CONTRATERRO RISMO E ANTIEXTREMIS MO VIOLENTO

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Transcrição:

LEGISLAÇÃO CONTRATERRO RISMO E ANTIEXTREMIS MO VIOLENTO POR HUSSEIN SOLOMON 13 de abril, de 2018

OBJETIVO DESTA LEGISLAÇÃO CONTRATERRORISMO / ANTIEXTREMISMO VIOLENTO Aumento de 1000% em ataques terroristas desde 2006 22 países africanos visados por terroristas Grupos terroristas não confinados a fronteiras territoriais de estado-nação mas operacionais a nível regional e internacional Grupo Boko Haram na Nigéria não só uma ameaça nacional mas também regional, pois atingiu vários países da África Ocidental Al Shabaab na Somália atacou Kampala, Uganda tendo também apresentado uma grave ameaça ao Mundial de Futebol na África do Sul em 2010 Hezbollah no Líbano 5 campos paramilitares na África do Sul na década de 1990 Legislação essencial para estabelecer bases de cooperação a nível nacional, regional e internacional abordagem harmonizadora ao terrorismo, estabelecendo base para auxílio judiciário mútuo e extradição

A IMPORTÂNCIA DESTA LEGISLAÇÃO A lei, com base no quadro jurídico regional e internacional, é um fator essencial de qualquer estratégia legítima e eficaz contra o terrorismo Em última análise, a observância do Estado de Direito expressa através de instrumentos regionais e internacionais acordados, e da legislação nacional, é o que distingue os intervenientes legítimos dos terroristas Tal legislação é imperativa para que a justiça contra o terrorismo possa ser considerada não só firme mas equitativa O contraterrorismo executado fora do Estado de Direito, é geralmente contraproducente. As circunstâncias extrajudiciais da morte do fundador e antigo líder do grupo Boko Haram, Mohammed Yusuf, prejudicou a legitimidade do estado e serviu para incentivar a insurreição, citando ações estatais ilícitas como base primária para rejeitar a autoridade do Estado e recorrer a nova violência

O IMPERATIVO GLOBAL Num mundo globalizado, insegurança em qualquer parte ameaça a segurança em toda a parte A Resolução 1373 do Conselho de Segurança da ONU apela a todos os Estados para aprovar leis e medidas abrangentes contra o terrorismo, inclusive a ratificação de vários instrumentos internacionais e cumprir com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU juridicamente vinculativos a nível internacional O objetivo geral consiste em harmonizar todas as leis nacionais a fim de criar uma rede infindável de medidas jurídicas preventivas e punitivas de cooperação internacional Fundamentando leis nacionais em instrumentos internacionais minimiza o risco de definições de terrorismo excessivamente lato que pode ter consequências negativas tanto políticas como para os direitos humanos Mas a legislação deverá também ser adaptada para adequação às condições locais

ALGUNS INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS Estratégia Global da ONU contra o terrorismo Convenção de Argel sobre a Prevenção e o Combate ao Terrorismo, julho de 1999 Plano de Ação da União Africana sobre Prevenção e Combate ao Terrorismo, 2002 Memorando de Rabat referente ao Fórum Contraterrorismo Global, de 2012 (a saber as Boas Práticas para a execução eficaz de contraterrorismo no Setor de Justiça Criminal) Lei do Modelo Contraterrorismo Africano tal como aprovada na 17a. Sessão Ordinária da Assembleia de União Africana em Malabo, de 30 de junho a 1 de julho, de 2011 Princípios e diretrizes sobre os Direitos Humanos e dos Povos no combate ao terrorismo na África, da Comissão Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos. África em foco porquê?

DESAFIOS As leis têm de ser consideradas legítimas por isso os contributos dos partidos políticos e da sociedade civil são cruciais A experiência queniana de dezembro de 2014 O parlamento aprovou legislação contra o terrorismo, mas esta foi encarada pelos partidos da oposição como um meio para o partido do governo consolidar o seu poder político, especialmente com disposições centradas na limitação da liberdade de agrupamentos e na restrição da liberdade de imprensa Os islamitas do Quénia opuseram-se a isso temia-se que as comunidades islâmicas coletivamente, bem como a etnia somali, viessem a ser um alvo O facto de estar em curso a aprovação da lei proposta na altura em que se registaram detenções e assassínios indiscriminados de clérigos islamitas serviu para aumentar a desconfiança O diálogo, consulta e procura de contribuições por parte de comunidades marginalizadas são essenciais para a legitimidade destas leis

ÁFRICA DO SUL: O PROBLEMA DE IMPLEMENTAÇÃO A África do Sul dispõe de uma boa legislação de combate ao terrorismo mas tem sido terrível quanto à sua implementação Exemplo 1: A 25 de janeiro de 2008 a policia da África do Sul fez uma rusga em duas residências em Muizenberg de Mustafa Jonker, Omar Hartley, e Sedick Achmat estes preparavam-se para atacar vários alvos com munições, explosivos e dispositivos explosivos improvisados encontrados nas suas residências. Foram acusados de alta traição, terrorismo e conspiração para cometer homicídio Passados dois meses, não foi dado seguimento, o caso arquivado, e o material apreendido devolvido aos indivíduos, tendo dois deles deixado o país Exemplo 2: Abd al-muhsin al-libi (também conhecido como Ibrahim Tantouche), a quem tinha sido concedido o estatuto de refugiado, possuindo passaportes do Paquistão, Marrocos, Indonésia e Malásia, estabeleceu duas frentes financeiras para Al Qaeda: o Comité de Apoio ao Afeganistão e a Restauração da Sociedade Islâmica ambas operaram como instituições de caridade para órfãos, contudo os órfãos não existiam não foi tomada qualquer ação

ÁFRICA DO SUL: O PROBLEMA DE IMPLEMENTAÇÃO Exemplo 3: O Hezbollah estabeleceu a Frente de Liberação de Karbala em Joanesburgo que enviava dinheiro ao Hezbollah no Líbano Exemplo 4: A Fundação Internacional Al Aqsa (AIF), controlada pela ala política do grupo Hamas foi estabelecida em 1992. Em 1997 a AIF mantinha campos paramilitares na África do Sul o primeiro campo foi estabelecido em Mpumulanga em julho de 1997 Então qual a razão da ausência da implementação? Falta de vontade política o terrorista para um é o defensor da liberdade para outro Em junho de 2003, o então Primeiro Ministro Adjunto Aziz Pahad encontrou-se com o chefe da Agência Política do Hezbollah em Beirute. O Ministro dos Serviços de Informações nessa altura, Ronnie Kasrils, convidou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, para liderar a delegação à África do Sul

ÁFRICA DO SUL: O PROBLEMA DE IMPLEMENTAÇÃO: Kasrils: temos que evitar um surto de histeria internacional o que serve para representar todos os islamitas como potenciais alvos. O grito de um terrorista em todas as Madrassas ecoa o comunista debaixo da cama e a fobia da era da Guerra Fria swart gevaar [perigo de preto] e do Apartheid. Não podemos jamais repetir tais caças às bruxas no nosso país Aziz Pahad: Todos, com bom senso, sabem que a África do Sul tomou constantemente posições corretas em questões como a do Médio Oriente e a guerra do Iraque, e que não existia qualquer razão para que alguém nos quisesse atacar Mas não apenas questões de vontade política também a questão de capacidade

ÁFRICA DO SUL: O PROBLEMA DE IMPLEMENTAÇÃO A Lei de Controlo de Informações Financeiras (FICA) foi adotada em parte como uma tentativa para desestabilizar o financiamento do terrorismo, mas obstruída devido a funcionários corruptos Maio de 2010, descoberta de um importante meio de financiamento do terrorismo por intermédio de Empresas e de Agência de Registo de Propriedade Intelectual (CIPRO) A empresa legitima é clonada e a empresa fictícia abre uma conta bancária em nome da empresa legitima o dinheiro destinado à empresa legitima é desviado para a conta bancária da empresa fictícia Foram criadas 285.000 empresas fictícias com a ajuda de 60 funcionários corruptos da CIPRO foram enviados dezenas de milhões de Rand para organizações terroristas Ainda a questão de nepotismo (indivíduos nomeados com base em laços familiares e sociais em vez de qualificações) e o problema da politização dos serviços de informações dificulta a implementação deste legislação