EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE Myrsine ferruginea SPRENGE 1

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Transcrição:

II EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA Embrapa Florestas Colombo 9 a 11 de dezembro de 23 26 EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE Myrsine ferruginea SPRENGE 1 Ana Catarina M. C. M. da Cunha 2 Ivar Wendling 3 Levi Souza Júnior 4 Lucas Scheidt da Rosa 5 RESUMO O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes composições de substratos na produção de mudas de capororoca (Myrsine ferruginea Sprengel). As mudas foram produzidas a partir de sementes coletadas de 2 árvores. A semeadura foi feita em caixas de areia e as plântulas foram, posteriormente, repicadas para tubetes de 11 cm 3. Foram testadas as seguintes composições de substrato: T1- Plantmax pinus (7%) + Casca de arroz carbonizada (1%) + Casca de pinus semidecomposta peneirada (1%) + terra de subsolo (1%); T 2 - Plantmax pinus (7%) + Casca de arroz carbonizada (1%) + Casca de pinus semidecomposta peneirada (1%) + terra coletada sob a copa de uma árvore matriz (1%); T 3 - Mec plant (7%) + Casca de arroz carbonizada (2%) + terra de subsolo (1%); T 4 - Mec plant (5%) + Casca de arroz carbonizada (4%) + terra de subsolo (1%). O experimento foi instalado de acordo com o delineamento inteiramente casualizado, no arranjo fatorial constituído de 2 árvores e 4 composições de substrato, com 4 repetições e 2 plantas por repetição. Foram avaliados o diâmetro do colo, a altura e a sobrevivência das mudas aos 12 dias. A sobrevivência média foi de 98,2%, sendo os tratamentos 3 e 4 superiores, a 5% de probabilidade. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que as diferentes composições de substrato foram eficientes na produção de mudas da espécie. De modo geral, o substrato utilizado no tratamento 4 apresentou os melhores resultados para todas as variáveis analisadas. Palavras-chave: substrato, mudas, capororoca, Myrsine ferruginea. INTRODUÇÃO A espécie Myrsine ferruginea Sprengel, representante da família Myrsinaceae, é conhecida popularmente por capororoca. Apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo de forma natural no nordeste da Argentina, na Bolívia, na Colômbia, no leste do Paraguai, e no Uruguai. No Brasil, é encontrada nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (Carvalho, 23). A planta é perenifólia, com até 12 m de altura e 4 cm de diâmetro. As folhas são simples, alternas, ferrugíneas em ramos ferrugíneos, lanceolados. Flores unissexuadas, em pseudoumbelas, de cor amarelo-esverdeada. Fruto do tipo drupa, muito apreciado por gralhas, sabiás, jacus, bugios e cerca de 3 outras espécies de pássaros (Backes e Irgang, 22). 1 Trabalho desenvolvido na Embrapa Florestas 2 Aluno do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Santa Maria. 3 Pesquisador Embrapa Florestas ivar@cnpf.embrapa.br 4 Aluno do curso de Ciências Biológicas, Faculdades Integradas Espírita.

Segundo Lorenzi (1992), a madeira desta árvore é empregada apenas em obras internas, para lenha e carvão. É dotada de copa piramidal com características ornamentais, podendo ser utilizada na arborização urbana. É recomendada para a recuperação de áreas degradadas de preservação permanente. A propagação da espécie é comumente realizada por meio de sementes, as quais são dispostas em sementeiras e posteriormente repicadas (Carvalho, 23). A redução do tempo para a comercialização da muda, o aumento da qualidade, e a minimização dos custos são os principais objetivos do viveirista na produção de mudas. Entre os diversos fatores que afetam o desenvolvimento e a qualidade das mudas, o substrato exerce grande influência (Casagrande Jr. et al., 1996) e, onde o uso adequado de substratos aumenta o desempenho e a sobrevivência das plantas, reduzindo o tempo de formação das mudas e as perdas em campo (Vieira et al., 1998). Carneiro (1995) salienta que o substrato é o meio em que as raízes proliferam-se, fornecendo suporte estrutural à parte aérea das mudas, e também água, oxigênio e nutrientes. Wendling et al. (22) afirmam que existem vários tipos de substratos, dentre os quais pode-se citar: terra de subsolo, composto orgânico, vermiculita, areia, esterco animal, serragem, casca de árvores decomposta, etc., sendo aconselhável a união de dois ou mais materiais na formulação do substrato, visando uma adequada aeração, drenagem e fornecimento de nutrientes. As mudas são classificadas em relação às suas características internas (classificação fisiológica) e externas (classificação morfológica), que na prática vem sendo utilizada, devido a facilidade que proporciona. Na classificação morfológica são analisadas características como: a altura, o diâmetro do colo, a relação entre altura e diâmetro do colo, entre outros. Nenhuma dessas variáveis pode ser analisada como critério único para a classificação das mudas (Sturion, 1981). O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes composições de substratos na produção de mudas de Myrsine ferruginea. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado nas dependências do Viveiro de mudas Florestais da Embrapa Florestas, em Colombo- PR. As mudas foram produzidas a partir de sementes coletadas de 2 árvores (árvores 1 e 2) localizadas em Colombo PR. A semeadura foi realizada em caixa de areia, no interior de uma estufa de vidro. As plântulas foram repicadas quando atingiram um par de folhas definitivas, aproximadamente 5 meses após a semeadura. As mudas permaneceram em berçário (sombrite 5%), com a finalidade de se obter maior controle sobre temperatura e irrigação, por 12 dias, sendo após esse período transferidas para uma área de crescimento por 3 dias. A última fase foi a de rustificação das mudas por 3 dias. Os tratamentos consistiram nas seguintes composições de substrato, em tubetes de 11 cm 3 : T 1 - Plantmax pinus (7%) + Casca de arroz carbonizada (1%) + Casca de pinus semidecomposta peneirada (1%) + terra de subsolo (1%); T 2 - Plantmax pinus (7%) + Casca de arroz carbonizada (1%) + Casca de pinus semidecomposta peneirada (1%) + terra coletada sob a copa de uma árvore matriz (1%); T 3 - Mec plant (7%) + Casca de arroz carbonizada (2%) + terra de subsolo (1%); T 4 - Mec plant (5%) + Casca de arroz carbonizada (4%) + terra de subsolo (1%); O experimento foi instalado de acordo com o delineamento inteiramente casualizado, no arranjo fatorial constituído de 2 árvores e 4 composições de substrato, com 4 repetições e 2 plantas por repetição. Ao final da fase de rustificação, foram selecionadas aleatoriamente 1 plantas por tratamento, as quais foram avaliadas seguindo as seguintes características: altura da muda e diâmetro do colo.também foi avaliada a sobrevivência das mudas, 12 dias após a repicagem. Os resultados foram submetidos à análise de variância, sendo os tratamentos comparados através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados de sobrevivência das mudas obtidos aos 12 dias após a repicagem, nos diferentes tratamentos, encontram-se na Figura 1. Sobrevivência (%) 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Figura 1: Percentual de sobrevivência das mudas para os tratamentos (T1, T2, T3 e T4) em cada árvore (1 e 2), após 12 dias da repicagem. Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula entre os diferentes tratamentos na mesma árvore, e letras minúsculas entre árvores, dentro de um mesmo tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Pode-se observar que as mudas repicadas apresentaram uma sobrevivência média de 98,2%, indicando que a repicagem mostrou-se eficiente. A maior sobrevivência de mudas foi observada nos tratamentos 3 e 4 (média de 98,8%), porém os demais tratamentos não diferiram entre si, indicando que as diferentes composições de substratos não afetaram a espécie em relação à sobrevivência. Quando analisadas as médias de sobrevivência das mudas por matriz, observa-se uma pequena diferença (97,5% para a árvore 1 e 98,8% para a árvore 2). Admite-se que os resultados sejam provenientes de diferenças genéticas entre as matrizes ou uma resposta das árvores a condições edafoclimáticas diferenciadas. Quanto à altura, a análise de variância mostrou que não há diferença significativa para a árvore 1, sendo o melhor tratamento o T2, com média de 18,1 cm. Os resultados das médias para a árvore 2 revelaram diferenças significativas para a altura, sendo o T1 o melhor tratamento. Não diferiram os tratamentos T2 e T4, sendo o T3, com média de 9,6 cm, o pior resultado (Figura 2). Para a árvore 2, ainda em relação a altura, as misturas que continham o composto orgânico Plantmax pinus apresentaram resultados superiores a mistura formulada com o composto Mec plant, usado na mesma proporção (7%). Resultados semelhantes aos tratamentos com Plantmax pinus foram observados no T4, onde a proporção do Mec plant foi reduzida e aumentada a de casca de arroz carbonizada. Jesus et al. (1987), trabalhando com mudas de louro (Cordia trichotoma) e gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), observaram que os substratos formulados com matéria orgânica formaram mudas de melhor qualidade.

Altura (cm) 25 2 15 1 Ba Ab 5 Figura 2: Média das alturas (cm) nas diferentes composições de substratos para as árvores 1 e 2. Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula entre os diferentes tratamentos na mesma árvore, e letras minúsculas entre árvores, dentro de um mesmo tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A altura não apresentou diferença significativa entre as árvores nos diferentes tratamentos, exceto para o T3. Para o diâmetro, apresentaram diferença significativa os tratamentos T1 e T3. Quanto ao diâmetro do colo das mudas para a árvore 1, os tratamentos superiores foram o T4 e o T2, entretanto, o T4 apresentou maior diâmetro. Esse resultado possivelmente indica que a espécie estudada se adapta melhor em substratos com maior capacidade de drenagem. Já para a árvore 2 o melhor tratamento foi o T1, não diferindo do T2 e T4. O T3 foi o que apresentou piores resultados, para ambas as árvores (Figura 3). Diâmetro (mm) 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1,5 Ba Ab Aba Ca Bb Figura 3: Média dos diâmetros (mm) nas diferentes composições de substratos para as árvores 1 e 2. Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula entre os diferentes tratamentos na mesma árvore, e letras minúsculas entre árvores, dentro de um mesmo tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES Com base nesses resultados, pode-se afirmar que as diferentes composições de substrato testadas foram eficientes na produção de mudas de capororoca. De modo geral, o substrato utilizado no tratamento 4 apresentou os melhores resultados para todas as variáveis analisadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do sul guia de identificação e interesse ecológico. Clube da árvore: Santa Cruz RS, 22. 325p. CARNEIRO, J. G. de A. Produção e controle de qualidade de mudas florestais. Curitiba: UFPR/FUPEF; Campos: UENF, 1995. 451p.

CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. V.1 embrapa Informação tecnológica; Colombo PR: Embrapa Florestas, 23. 139p. CASAGRANDE JR., J. G.; VOLTOLINI, J. A.; HOFFMANN, A. FACHINELLO, J. C. Efeito de materiais orgânicos no crescimento de mudas de araçazeiro (Psidium cattleyanum Sabine). Ver. Bras. de Agrociência, v.2, n.3, 1996. p. 187-191 JESUS, R. M. de; MENANDRO, M. de S.; BATISTA, J. L. F.; COUTO, H. T. Z. do Efeito do tamanho do recipiente, tipo de substrato e sombreamento na produção de mudas de louro (Cordia trichotoma (Vell.) Arrab.) e Gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium Schott) IPEF, Piracicaba (37), dez\1987. p. 13-19 LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Editora plantarum, 1992. V. 1 352p. STURION, J. A. Métodos de produção e técnicas de manejo que influenciam o padrão de qualidade de mudas de essências florestais. Documento 3. Curitiba: Embrapa URPFCS, 1981. 18p. VIEIRA, A. H.; RICCI, M. dos S. F.; RODRIGUES, V. G. S.; ROSSI, L. M. B. Efeito de diferentes substratos para a produção de mudas de freijó-louro Cordia alliodora (Ruiz & Pav.) Oken. Boletim de pesquisa 25. Porto Velho: Embrapa CPAF Rondônia, 1998. 12p. WENDLING, I.; FERRARI, M. P.; GROSSI, F. Curso intensivo de viveiros e produção de mudas. Documentos 79. Colombo- PR: Embrapa Florestas, 22. 48p.