AVALIAÇÃO DA CULTURA DA BETERRABA IRRIGADA SOB DIFERENTES LÂMINAS DE ÁGUA E NÍVEIS SALINO C. B. da SILVA 1, J. C. da SILVA 2, L. W. dos SANTOS², D. F. LIMA², D. P. dos SANTOS 3, M. A. L. dos SANTOS 4 RESUMO: O cultivo de hortícolas vem aumentando no mercado gradativamente e com grande possibilidade de lucratividade. Objetivou-se avaliar o desenvolvimento da cultura beterraba (Beta vulgaris L.) em função de lâminas de água e níveis salinos no agreste de Alagoas. O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, com delineamento de blocos casualizados (DBC) com parcela subdividida. Cada bloco continha quatro parcelas, sendo cada uma com nível de salinidade e cada parcela continha três subparcela com lâminas de irrigação, totalizando 36 subparcelas. Os níveis salinos foram: (0,12; 2,12; 4,12 e 6,12 ds m -1 ) e as lâminas de irrigação foram: 50, 100 e 150% da Evapotranspiração da Cultura (ETc) obtidos diariamente da estação meteorológica da região. As variáveis analisadas foram altura de planta (AP), número de folhas (NF) e diâmetro do bulbo (DB). Houve efeito significativo da salinidade na beterraba. Observou-se um melhor desenvolvimento da cultura com o nível de salinidade 2,12 e 4,12 ds m -1. PALAVRAS-CHAVE: Beta vulgaris, salinidade, lâminas. BEET CROP RATE IRRIGATED UNDER DIFFERENT WATER LEVELS AND BLADES SALINE SUMMARY: The vegetable cultivation is increasing in the market gradually and with great possibility of profitability. It aimed to evaluate the development of the sugar beet crop (Beta vulgaris L.) due to water slides and saline levels in the wild of Alagoas. The experiment was conducted at the Federal University of Alagoas, Campus Arapiraca, with randomized blocks (DBC) with split plot. Each block contained four installments, each with salinity and each plot contained three subplot with irrigation levels, totaling 36 subplots. Saline levels were: (0.12; 1 Graduanda em Agronomia, Universidade Federal de Alagoas, CEP 57312-550, Arapiraca, AL. Fone: (082) 99288267. E-mail: Cinara_cbs@hotmail.com. 2 Graduandos(as) em Agronomia, UFAL, Arapiraca, AL. 3 Doutoranda em Engenharia Agrícola, UFRPE, Recife, PE. 4 Professor Associado, Doutor em Irrigação e Drenagem, UFAL, Arapiraca, AL. 679
2.12; 4.12 and 6.12 ds m-1) and irrigation levels were 50, 100 and 150% of crop evapotranspiration (ETc) obtained daily from the station weather of the region. The variables analyzed were plant height (AP), number of leaves (NF) and diameter of the bulb (DB). There was a significant effect of salinity on the beets. There was a better development of culture with the salinity 2.12 and 4.12 ds m-¹. KEYWORDS: Beta vulgaris, salinity, blades. INTRODUÇÃO: Devido ao aumento constante da população e o déficit de chuvas em determinadas áreas, acabam forçando a agricultura a procurar alternativas do uso da água para irrigação, fazendo uso de água de qualidade inferior, como a de origem salina, se deve ter uma maior atenção e um manejo mais minucioso para evitar o acúmulo excessivo de sais no solo, pois, pode ocasionar um menor desenvolvimento da cultura, acarretando em uma menor produção. A salinidade pode ser natural quando é causada pelo desgaste das rochas chamada de salinização primária, ou causadas pelo uso excessivo de fertilizantes adicionados a má drenagem do solo, entre outros fatores causados pelo homem chamado de salinização secundária, sendo a que mais preocupa. A salinização induzida pela ação dos homens está diretamente ligada ao manejo inadequado de irrigação e fertilizantes, podendo ser causada pela baixa qualidade da água de irrigação quanto também pelo excesso de aplicação de fertilizantes ao solo SILVA et al., (2003). De acordo com GOMES et. al. (2005) em torno de 50% das áreas irrigadas no mundo está afetada por sais, sendo que a maioria desses solos está localizado em regiões de clima árido e semiárido, pois a evapotranspiração supera as chuvas da região o que diminui a lixiviação dos sais no solo. A beterraba (Beta vulgaris L.) pertence à família Quenopodiácea, originária das regiões de clima temperado da Europa e do Norte da África. É considerada uma cultura semi tolerante à salinidade. Devido ao uso de água de irrigação de má qualidade juntamente a um manejo inadequado da cultura pode provocar a degradação da área plantada e abandono da terra por parte dos produtores (FERREIRA et al., 2006). 680
No estado de Alagoas a região semiárida é caracterizada pelo crescente cultivo de hortaliças, porém, os tratamentos agrícolas aplicados para a cultura da beterraba, acabam a não explorar plenamente o seu potencial produtivo. O objetivo desse estudo foi avaliar o desenvolvimento da cultura beterraba (Beta vulgaris L.) em função de lâminas de água e níveis salinos no agreste de Alagoas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de campo na área experimental do Grupo IRRIGA do Campus de Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas, região Agreste de Alagoas, com as coordenadas geodésica 09 48 40,3 S e 36 37 19,7 W, altitude de 245 m. Esta região é de transição entre a Zona da Mata e o Sertão Alagoano, cujo clima é classificado como do tipo As tropical, de acordo com Köppen (1948), com precipitação pluvial média de 854,27 mm ano -1. A cultivar de beterraba utilizada foi a Early Wonder adquirida com produtores da região. O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados (DBC), com três blocos, sendo cada bloco composto de quatro parcelas subdivididas em três subparcelas. As parcelas eram representadas por canteiros com dimensões de 3,0 x 1,0 m de comprimento e largura, respectivamente. Os tratamentos analisados foram quatro níveis de salinidade (0,12; 2,12; 4,12 e 6,12 ds m -1, sendo o nível 1 a água tratada de abastecimento local, nível 2 água do poço local, níveis e 3 e 4 água do poço adicionado cloreto de sódio até atingir a salinidade desejada) e três lâminas de água (50, 100 e 150% da evapotranspiração de cultura (ETc)). A salinidade da água foi obtida com base na metodologia de RICHARDS (1954). Para a aplicação da lâmina os dados eram obtidos da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizada no município de Arapiraca, para o cálculo da evapotranspiração de referência (ETo), utilizou-se a equação pelo método de Penman- Monteith. A evapotranspiração da cultura (ETc) foi obtida através do produto da ETo pelo Kc respeitando a fase fonológica da cultura. Foi realizada a adubação com base no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) a partir da análise de solo da área experimental, e em seguida calculada para m 2 utilizando o fertilizante químico (N-P-K) na formulação 4-14-8. O espaçamento para cultura foi de 0,25 x 681
0,30 m entre plantas e linhas. Em cada subparcela tinham 15 plantas, sendo avaliadas às três centrais. A irrigação utilizada foi o sistema localizado por gotejamento, com gotejadores autocompensantes. Foram utilizadas quatro bombas de 0,5 cv, sendo uma para cada parcela (para cada nível de salinidade), em cada subparcela havia um registro para o controle do tempo de aplicação do tratamento lâmina de água. As variáveis analisadas foram: altura de planta (AP), número de folhas (NF) e diâmetro do bulbo (DB). Os dados foram gerados no programa estatístico SISVAR e posteriormente submetidos à regressão. RESULTADOS E DISCUSSÕES Observa-se na Tabela 1, o efeito significativo do tratamento salinidade sob as variáveis altura de planta (AP) e número de folhas (NF). HASSANLI et al. (2010), trabalhando com beterraba açucareira observaram efeito significativo da salinidade da água na produção de raízes da cultura. Os níveis de salinidade e lâmina de água não influenciaram no diâmetro do bulbo Tabela 1. Resumo da análise de variância para altura da planta (AP), número de folhas (NF), e diâmetro do bulbo (DB) da beterraba sob diferentes níveis de salinidade e lâminas de irrigação. FONTES DE VALORES DE QUADRADOS MÉDIOS GL VARIAÇÃO AP NF DB Salinidade (S) 3 91,17* 10,49* 170,78 ns Lâmina (L) 2 16,17 ns 5,13 ns 255,91 ns S x L 6 11,49 ns 2,29 ns 69,37 ns Bloco 2 10,09 ns 2,02 ns 109,26 ns Resíduo 22 14,77 2,18 102,03 CV(%) 13,61 17,18 24,42 * e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente; NS não significativo Na Figura 1 da altura de planta, nota-se o melhor desenvolvimento da planta nos níveis de salinidade 2,12 e 4,12 ds m -1, decrescendo a partir destes. O mesmo foi observado por SILVA et al, (2013) onde a altura das plantas apresentou uma redução expressiva a partir da salinidade da água no nível de 3,0 ds m-¹. 682
Figura1. Análise da altura da planta no experimento da beterraba sobre diferentes níveis de salinidade e lâminas de água. 35 30 y = - 0,5987x 2 + 4,0092x + 24,538 R² = 0,7952 25 Médias 20 15 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Níveis de salinidade O mesmo pode ser observado na Figura 2 para o número de folhas (NF), onde a planta se desenvolveu melhor nos níveis 2,12 e 4,12 ds m -1. Figura 2. Análise do número de folhas (NF) no experimento da beterraba sobre diferentes níveis de salinidade e lâminas de água. 12,00 10,00 y = - 0,1563x 2 + 1,0844x + 7,5147 R² = 0,5074 8,00 Médias 6,00 4,00 2,00 0,00 0 1 2 3 4 5 6 7 Níveis de salinidade De acordo com MORENO et al. (2001) perceberam, em cultivo de beterraba com água salina, que houve um decréscimo no potencial hídrico das folhas da cultura. 683
CONCLUSÃO A beterraba se desenvolveu melhor nos níveis de salinidade 2,12 e 4,12 ds m -1, sendo que o ponto máximo da função para AP foi de (3,35 ds m - ¹) e NF (3,47 ds m - ¹) ocorrendo um decréscimo na produtividade juntamente com o aumento da lâmina. Os níveis de salinidade e lâmina de água não influenciaram no diâmetro do bulbo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, P.A.; MOURA, R.F.; SANTOS, D.B. dos; FONTES, P.C.R.; MELO, R.F. Efeitos da lixiviação e salinidade da água sobre um solo salinizado cultivado com beterraba. Evista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.10, n.3, p.570-578, 2006. GOMES, E. W. F.; WILLADINO, L.; MARTINS, L. S. S.; CAMARA, T. R. Variedades de bananeira tratadas com água salinizada em fase inicial de crescimento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, p.31-36, 2005. HASSANLI, A.M.; AHMADIRAD, S.; BEECHAM, S. Evaluation of the infl uence of irrigation methods and water quality on sugar beet yield and water use effi ciency. Agricultural Water Management, Amsterdam, v.97, p.357-362, 2010. MORENO, F.; CABRERA, F.; FERNÁNDEZ-BOY, E.; GIRÓN, I. F.; FERNÁNDEZ, J. E.; Bellido, B. Irrigation with saline water in the reclaimed marsh soils of south-west Spain: Impact on soil properties and cotton and sugar beet crops. Agricultural Water Management, v.48, p.133-150, 2001. SILVA, E. F. F.; DUARTE, S. N.; FOLEGATTI, M. V.; ROJAIS, E. G. Utilização de testes rápidos e extratores de solução do solo na determinação de nitrato e potássio. Engenharia Agrícola, v.23, p.460-467, 2003. SILVA, O. A.; KLAR, A. E.; SILVA, E. F. de F. Produção da cultura da beterraba irrigada com água salina. Engenharia na agricultura, viçosa - mg, V.21 N.3, MAIO / JUNHO 2013. MODALIDADE: Manejo de Irrigação 684