METODOLOGIA AHP APLICADA AO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO DE LOCALIZAÇÃO DE CENTRAIS DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA Marcia Marcondes Altimari Samed (UEM ) mmasamed@uem.br Mirian Buss Goncalves (UFSC ) mirianbuss@deps.ufsc.br Este artigo apresenta um exploração do problema de localização de centrais temporárias de assistência humanitária em situações de desastres naturais no estado brasileiro de Santa Catarina. São considerados os desastres que têm início súbito e/ou gradual, cuja origem corresponde a desastres naturais como enchentes e deslizamentos. A partir dessas considerações iniciais desenvolve-se um modelo hierárquico para o processo de decisão de localização, o qual é utilizado na implementação da metodologia Analytic Hierarchy Process (AHP). Os resultados provenientes desta aplicação demonstram os critérios relevantes, suas relações com os subcritérios e seus respectivos graus de prioridade no processo de decisão. É possível ainda determinar as localizações que possuem maior potencial para sediar a instalação de uma central temporária de assistência humanitária. Deste modo, obtém-se a melhor alternativa entre as existentes considerando-se aspectos qualitativos e quantitativos. Vantagens da implementação e dificuldades encontras são pontuadas, bem como perspectivas para desenvolvimentos subsequentes. Palavras-chaves: Logística Humanitária, problema de localização, tomada de decisão multicritério, AHP.
1. Introdução Localização de instalações é um ramo da logística que pode ser tratado por meio de métodos da pesquisa operacional. Algumas áreas de aplicação incluem instalações públicas, privadas, ambiente militar, negócios, em que instalações podem representar hospitais, centros de distribuição, novas unidades industriais, escolas, apenas para citar alguns exemplos. A logística humanitária consiste em uma abordagem promissora que tem sido foco de estudos recentes no âmbito dos problemas de localização. As decisões de localização de instalações de centrais de suporte para situações emergenciais afetam o desempenho de operações de logística humanitária, já que o número, os locais de centros de distribuição e a quantidade de ações de fornecimento de socorro comprometem diretamente o tempo de resposta e o custo decorrente de toda a cadeia humanitária (BALCIK; BEAMON, 2008). O objetivo deste estudo consiste em desenvolver uma abordagem Analytic Hierarchy Process (AHP) para o problema de localização de centrais temporárias de suporte para desastres. A delimitação deste estudo consiste nas fases de preparação e resposta ao desastre. São considerados os desastres que têm início súbito e/ou gradual, cuja origem corresponde a desastres naturais como enchentes e deslizamentos. Os desastres considerados são de intensidade média e grande, tal que a abrangência da ajuda humanitária requerida envolve os níveis local, regional e nacional. Este artigo foi desenvolvido como um estudo de caso. Para tanto, escolheu-se a Região do Vale do Itajaí, no estado de Santa Catarina, tendo em vista que esta região é frequentemente atingida por desastres naturais com sérios danos pessoais e materiais. Deste modo, para a escolha das cidades candidatas estabeleceu-se como requisito as cidades que declararam Situação de Emergência e/ou Situação de Calamidade Pública nos últimos dez anos. As cidades escolhidas foram: Blumenau, Itajaí, Navegantes, Brusque e Rio do Sul. A metodologia utilizada permite a identificação dos critérios qualitativamente e a obtenção da ponderação dos critérios, quantitativamente, tal que resulta na classificação das cidades candidatas a sediar as centrais temporárias de suporte para desastres Este artigo está estruturado conforme descrito a seguir. A Seção 2 apresenta uma breve revisão de literatura sobre problemas de localização, processos de tomada de decisão com múltiplos critérios e descreve algumas abordagens aplicadas à logística humanitária. Na seção 3 apresenta-se a metodologia empregada no desenvolvimento deste estudo. Na seção 4 são 2
apresentadas as etapas de desenvolvimento do Método AHP para o problema de localização de centrais de assistência humanitária no estado de Santa Catarina. Na seção 5 são apresentadas as considerações finais. 2. Breve Revisão de Literatura Logística Humanitária, de acordo com a Federação Internacional da Cruz Vermelha (IFRC, 2014), consiste em processos e sistemas envolvidos na mobilização de pessoas recursos e conhecimentos para ajudar comunidades vulneráveis, afetadas por desastres naturais ou emergências complexas. A Logística Humanitária busca a pronta resposta, visando atender o maior número de pessoas, evitar falta e desperdício, organizar as diversas doações que são recebidas nestes casos e, principalmente, atuar dentro de um orçamento limitado. As pesquisas atuais estão disseminadas em diferentes áreas e têm em comum o objetivo de verificar como os conceitos estabelecidos para a logística empresarial se relacionam com os modelos/teorias aplicados na logística humanitária. Neste contexto, surge uma oportunidade para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à localização de instalações na logística humanitária. No planejamento logístico alguns fatores qualitativos são considerados de suma importância na etapa de localização. O processo de tomada de decisão considera mais que um fator de medida, uma vez que transforma o problema de tomada de decisão em um problema de tomada de decisão multiobjetivo ou problema de decisão multiatributo. Essas categorias de problemas fazem parte dos problemas de tomada de decisão multicritério. Para esses problemas há, usualmente, algumas alternativas pré-determinadas que satisfazem cada objetivo em um nível especificado e o tomador de decisão seleciona a melhor solução (ou soluções) entre todas as alternativas de acordo com a prioridade de cada objetivo e a interação entre eles. Os métodos de apoio à tomada de decisão com múltiplos critérios consistem em um ramo de uma classe geral de modelos de pesquisa operacional que tratam com problemas de tomada de decisão sob a presença de um grande número de critérios. Esta abordagem requer que a escolha (seleção) seja feita entre as alternativas disponíveis, descritas por seus atributos. A solução destes problemas envolve ordenação e classificação (KARAHMAN, 2008). 3
Para Farahani et al. (2010), desde que a teoria de tomada de decisão com múltiplos critérios foi proposta, seu conceito passou a ser implementado em problemas de localização. Os autores apresentam uma coletânea das principais publicações que empregam os métodos para resolver problemas de localização multiatributo como Analytic Hierarchy Process (AHP), Analytic Network Process (ANP), Elimination and Choice Translating Reality (ELECTRE), Technique for Order Preference by Similarity to Ideal Solution (TOPSIS), entre outros. Alguns autores propuseram as metodologias de apoio à tomada de decisão com múltiplos critérios para resolver problemas de localização na logística humanitária. Nogueira e Gonçalves (2010) desenvolveram um modelo para a localização de centrais para suporte a situações emergenciais considerando critérios sociais, econômicos, ambientais, qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e preservação da vida. O problema de localização de armazéns de pré-posicionamento na logística humanitária foi abordado por Tofigli et al. (2011). Os autores desenvolveram uma abordagem fuzzy estocástica para o préposicionamento e distribuição de suprimentos emergenciais em gestão de desastres. Zeijli et al. (2012) apresentaram uma aplicação da metodologia Fuzzy Analytic Hierarchy Process para a determinação da localização de plataformas logísticas de emergência. Roh et al. (2013) propuseram o Analytic Hierarchy Process para a definição de fatores de decisão para a localização de armazéns de pré-posicionamento na logística humanitária. 3. Metodologia Segundo as classificações de pesquisa apresentadas por Gil (1991), este artigo se caracteriza como pesquisa aplicada, no que diz respeito à sua natureza. Quanto à abordagem do problema, se caracteriza como qualitativa e quantitativa. Do ponto de vista dos objetivos é considerada uma pesquisa exploratória. Com relação aos procedimentos técnicos, caracterizase como estudo de caso. A seguir são apresentadas as considerações para o modelo proposto. 3.1. Considerações Iniciais sobre o Modelo As delimitações deste estudo apresentam-se descritas conforme segue. Fases do desastre: preparação e resposta; Tipo do desastre: eventos de início súbito e gradual; Origem: desastres naturais; 4
Intensidade do desastre: médio e grande; Abrangência da assistência humanitária necessária: local, regional e nacional. De um modo geral, os desastres que fazem parte do escopo deste estudo são aqueles em que são decretadas Situação de Emergência e Situação de Calamidade Pública. 3.2 Definição dos Critérios e Subcritérios A primeira etapa consiste em determinar a hierarquia e a relação entre os critérios, tal que o objetivo esteja destacado no nível mais alto, obtendo a árvore de decisão. Este processo foi realizado com a ajuda de especialistas da Defesa Civil do Estado de Santa Catarina, de especialistas da Defesa Civil do Estado do Paraná. Deste modo, os critérios e respectivos subcritérios definidos foram: Instalação: Disponibilidade, Adequação, Segurança e Aspectos Geográficos; Comunicação: Energia, Telecomunicações e Sistemas de Informação; Acessibilidade: Portos, Aeroportos, Rodovias, Distância à Central Permanente e Distância às Centrais Temporárias; Recursos Humanos (RH): Profissionais Especializados, Voluntários do Setor da Saúde, Voluntários do Setor Operacional; Custos: Custos Logísticos, Custos da Instalação e Custos de Mão de Obra. 3.3 Central Permanente e Cidades Candidatas a Centrais Temporárias Nos últimos 40 anos, o Estado de Santa Catarina apresentou um histórico de desastres envolvendo enchentes e deslizamentos que tiveram proeminência no âmbito nacional. Neste contexto, a Região do Vale do Itajaí é a região do estado mais frequentemente atingida por desastres naturais com sérios danos pessoais e materiais. Neste modelo, considerou-se que a central permanente já se encontra instalada. Neste caso, a cidade sede da central permanente é São José, localizada na região da grande Florianópolis, no Estado de Santa Catarina. Para a escolha das cidades candidatas estabeleceu-se como requisito cidades da região do Vale do Itajaí onde se decretou Situação de Calamidade Pública ou Situação de Emergência nos últimos anos. Neste contexto, as cidades escolhidas foram: Blumenau, Itajaí, Navegantes, Brusque e Rio do Sul. 3.4 Árvore Hierárquica A hierarquia do problema de localização com o objetivo, critérios e alternativas apresenta-se na Figura 1. Nesta figura, foram omitidos os subcritérios para facilitar a representação. 5
Figura 1: Árvore Hierárquica para o Processo de Decisão de Localização de Centrais Temporárias de Ajuda Humanitária 4. Método AHP Aplicado ao Problema de Localização de Centrais Temporárias no Contexto da Logística Humanitária O método AHP, desenvolvido por Saaty (1990), tem como base três princípios: a estrutura hierárquica do modelo, os julgamentos comparativos das alternativas e dos critérios e a síntese das prioridades. A estrutura hierárquica do AHP consiste em apresentar no nível hierárquico superior o objetivo; no nível imediatamente abaixo, os critérios; e no nível inferior, as alternativas (AMIRI, 2010). Os julgamentos comparativos, também chamados de comparação par a par, têm início após a determinação da estrutura hierárquica e percorrem desde o nível superior (critérios) até o nível inferior (alternativas). Este procedimento é feito para se determinar os níveis de influência de cada critério em relação às alternativas. Uma escala com valores de 1 a 9, proposta por Saaty (1990), é usada para se determinar a intensidade da importância de cada critério ou alternativa. Assim, são determinadas as 6
matrizes de julgamento e seus respectivos pesos. Finalmente, realiza-se uma verificação da relação de consistência (RC), por meio do cálculo do índice de consistência (IC) e do índice randômico (IR). Este procedimento, segundo Saaty (1990) é realizado para determinar a consistência do tomador de decisão tanto quanto para determinar a consistência da hierarquia geral. 4.1 Avaliação dos Especialistas Uma planilha foi elaborada contendo os critérios previamente definidos. Esta planilha teve por objetivo facilitar o desenvolvimento da avaliação de pares de critérios por parte dos especialistas. Deste modo, a planilha possibilitou aos especialistas atribuir conceitos qualitativos, conforme exemplo que segue na Tabela 1. Tabela 1: Planilha para avaliação par a par dos Critérios Avaliador 1 Critério Avaliação dos Critérios Critério AI MFI MI FI I FI MI MFI AI Instalação Comunicação Instalação Acessibilidade Instalação Recursos Humanos Instalação Custos Comunicação Acessibilidade Comunicação Recursos Humanos Comunicação Custos Acessibilidade Recursos Humanos Acessibilidade Custos Recursos Humanos Custos Onde AI: a alternativa A é absolutamente mais importante que a alternativa B; MFI: a alternativa A é fortemente melhor que a alternativa B; MI: a alternativa A é moderadamente melhor que a alternativa B; FI: a alternativa A é fracamente melhor que a alternativa B; I: a alternativa A é igual à alternativa B. Uma vez atribuídos os conceitos qualitativos, aplicou-se a relação equivalente de pesos de 1 a 9 e, reciprocamente, 1 a 1/9, conforme a escala de Saaty. Deste modo, atribui-se 1 para a avaliação I; 3 para a avaliação FI; 5 para a avaliação MI; 7 para a avaliação MFI e 9 para a avaliação AI, considerando-se A em relação a B. Considerando-se o inverso, B em relação a A, atribui-se os equivalentes 1/3 para FI; 1/5 para MI; 1/7 para MFI e 1/9 para AI. 7
Considerando-se que C = {C j / j = 1,2..., n} seja o conjunto de critérios, o resultado das comparações par a par desses critérios pode ser representado numa matriz de julgamentos dos critérios A, de elementos a ij (ij = 1,2,..., n) correspondentes aos pesos atribuídos aos critérios., onde a i i =1, a j i = ea i j 0. (1) De posse dessas avaliações, utilizou-se a metodologia AHP para realizar a análise de consistência, conforme recomendado por Saaty (1990). Posteriormente, os pesos relativos dos critérios serão obtidos pelo autovetor w, correspondente ao mais alto autovalor : w (2) onde é o maior autovalor da matriz A. 4.2 Análise de Consistência A análise de consistência foi realizada visando assegurar o nível de qualidade do processo de decisão, tal que o índice de consistência (IC), foi calculado pela Equação (3): (3) Para obter a relação de consistência (RC), foram utilizados o índice de consistência (IC) e o índice randômico (IR), conforme a Equação (4): (4) onde IR é um valor pré-definido para matrizes de ordem 1 a 10. Calculou-se o valor médio das avaliações de cada avaliador para cada par de critérios (Instalação, Comunicação, Acessibilidade, Recursos Humanos e Custos). 8
Figura 2: Matriz de Julgamento dos Critérios 1 2 0,965833333 2,5 1,165 0,5 1 0,498333333 2,5 1,3325 1,035375 2,006688963 1 3,5 2,5 0,4 0,4 0,285714286 1 0,665833333 0,858369 0,750469043 0,4 1,501877347 1 A Tabela 2 apresenta os valores de λ max, IC, n, IR e RC, conforme cálculos realizados com o valor médio das respostas dos avaliadores. Tabela 2: Avaliação de Consistência dos Critérios Critérios IC n IR RC Geral 5,09092717 0,022732 5 1,12 0,020296 Instalação 4,04625545 0,015418 4 0,90 0,017132 Comunicação 3,06325249 0,031626 3 0,58 0,054528 Acessibilidade 5,25779407 0,064448 5 1,12 0,057543 Recursos Humanos 3,00709617 0,003548 3 0,58 0,006117 Custos 3,01985449 0,009927 3 0,58 0,017116 Analisando-se a Tabela 2, tem-se que todos os RC s atendem o nível aceitável R 0,1. Deste modo, é possível concluir que todas as avaliações satisfazem as relações de consistência. 4.3 AHP Nesta etapa de desenvolvimento do método AHP são realizadas a avaliação dos critérios, classificação dos critérios, avaliação dos subcritérios, classificação dos subcritérios, avaliação das cidades candidatas e classificação das cidades candidatas. 4.3.1 Análise dos Critérios Nesta etapa calcula-se a prioridade média local ou os pesos normalizados. Este cálculo consiste na divisão do valor de cada elemento de uma coluna da matriz à pelo valor da somatória dos elementos daquela coluna e, após, soma-se os elementos de cada linha da matriz resultante e calcula-se a média dos valores. Com isso, obtém-se os pesos normalizados de cada critério. Os valores apresentados na Matriz de Julgamentos dos Critérios foram utilizados para o cálculo dos pesos normalizados dos critérios (PNC) e assim foi possível obter a classificação dos mesmos, conforme segue apresentado na Tabela 3. 9
Tabela 3: Classificação dos Critérios Classificaçao Critério PNC P acumulado 1 Acessibilidade 0,321923092 0,321923092 2 Instalação 0,259422743 0,581345835 3 Comunicação 0,175924895 0,75727073 4 Custos 0,152343933 0,909614664 5 RH 0,090385336 1 De acordo com a Tabela 3 o critério indicado pelos especialistas como o mais importante é o critério Acessibilidade. Este critério apresenta uma margem de importância relativamente grande em relação aos demais critérios. O critério Instalação ficou classificado em segundo lugar e, em seguida, os critérios Comunicação e Custos aparecem praticamente empatados em grau de importância. Em último lugar, apresenta-se o critério Recursos Humanos com o menor peso na tomada de decisão da localização de centrais temporárias. 4.3.2 Análise dos Subcritérios Com o objetivo de investigar a devida importância dos subcritérios na tomada de decisão da instalação de centrais temporárias, realiza-se o mesmo procedimento de avaliação dos subcritérios, de acordo com o que foi utilizado para a avaliação dos critérios. Estes procedimentos serão omitidos aqui. Na etapa de classificação dos subcritérios calcula-se a prioridade média global dos subcritérios em relação aos critérios principais, multiplicando-se o peso normalizados dos subcritérios pelo peso normalizado de cada critério correspondente (PNSC*PN). Os resultados da classificação geral dos subcritérios são apresentados na Tabela 4. Tabela 4: Classificação Geral dos Subcritérios Classificação Subcritérios Peso Final Peso Acumulado 1 Rodovia 0,117595686 0,117595686 2 Aspectos Geográficos 0,091455342 0,209051028 3 Segurança 0,090168 0,299219028 4 Energia 0,089793107 0,389012135 5 Distância à Central Permanente 0,071110118 0,460122253 6 Logística 0,069278766 0,529401019 7 Aeroportos 0,062545431 0,59194645 8 Telecomunicações 0,05711356 0,64906001 9 Distância às Centrais Temporárias 0,054124171 0,703184181 10 Instalação 0,052793683 0,755977863 10
11 Profissionais Especializados 0,051007374 0,806985237 12 Disponibilidade 0,044962934 0,851948171 13 Adequação 0,032836468 0,884784639 14 Mão de Obra 0,030271485 0,915056124 15 Sistemas de Informação 0,029018227 0,944074351 16 Voluntários da Saúde 0,02751225 0,971586601 17 Portos 0,016547686 0,988134287 18 Voluntários Operacional 0,011865713 1 Os resultados da Tabela 4 demonstram que os 6 primeiros subcritérios correspondem a 53% do peso da decisão de localização de centrais temporárias, a saber: rodovias, aspectos geográficos, segurança, energia, distância à central permanente e custos logísticos. Destes subcritérios, rodovias e distância à central permanente pertencem ao critério Acessibilidade, o qual foi julgado o mais importante no contexto deste trabalho. Os subcritérios aspectos geográficos e segurança, classificados em segundo e terceiro lugar, respectivamente, pertencem ao critério Instalação, o qual foi o segundo classificado na avaliação dos critérios. O subcritério energia, classificado em quarto lugar pertence ao critério Comunicação, o qual ocupa o terceiro lugar na classificação geral dos critérios. O sexto subcritério, custos logísticos, pertence ao critério Custos, quarto classificado no rank dos critérios. Por esta avaliação, conclui-se que há uma coerência nos resultados obtidos, tendo em vista que a ponderação dos pesos dos critérios e subcritérios revelou os subcritérios que mais se destacaram nos critérios de maior relevância. Essa lógica pode ser estendida aos demais subcritérios, tal que o subcritério voluntários operacionais recebeu o menor peso tendo em vista ter a pior avaliação no critério classificado como de menor relevância. 4.3.3 Análise das Cidades Candidatas Nesta etapa realiza-se a avaliação de pares de cidades candidatas para cada um dos critérios. Do mesmo modo que na avaliação dos critérios, foi elaborada uma planilha tal como a apresentada na Tabela 5 Tabela 5: Planilha para avaliação par a par das Cidades Candidatas Avaliador 1 Critério Avaliação dos Critérios Critério AI MFI MI FI I FI MI MFI AI Blumenau Itajaí Blumenau Navegantes 11
Blumenau Blumenau Itajaí Itajaí Itajaí Navegantes Navegantes Brusque Brusque Rio do Sul Navegantes Brusque Rio do Sul Brusque Rio do Sul Rio do Sul Os especialistas assinalaram um conceito qualitativo, o qual foi transformado em quantitativo por meio da escala de Saaty. Após a avaliação de pares de cidades candidatas em cada um dos critérios, obtém-se a classificação dessas cidades por meio da ponderação entre o peso dos critérios e o peso das avaliações das cidades nesses critérios. O resultado obtido pelo método AHP é apresentado na Tabela 6. Tabela 6: Classificação Geral das Cidades Candidatas Cidade Candidata Peso Final P acumulado Blumenau 0,3095 0,3095 Itajaí 0,2852 0,5948 Navegantes 0,2146 0,8093 Brusque 0,1205 0,9299 Rio do Sul 0,0701 1,0000 A cidade de Blumenau apresentou a melhor classificação geral dentre as cidades candidatas, tendo em vista que apresentou também os melhores resultados nas avaliações dos critérios Instalação, Comunicação e Recursos Humanos. No critério que apresenta o maior peso, Acessibilidade, Blumenau ficou em quarto lugar e em segundo lugar no critério Custos. O fato de não ter sido bem avaliada no critério Acessibilidade, Blumenau apresentou valores altos nas avaliações (em alguns casos, quase duas vezes maior que a segunda classificada) em todos os critérios que ficou em primeiro lugar. Itajaí apresentou os melhores resultados na avaliação dos critérios Acessibilidade e Custos e ficou em segundo lugar nos critérios Instalação e Recursos Humanos. Deste modo, a classificação geral indica Blumenau em primeiro lugar, com uma pequena margem de vantagem em relação à Itajaí. 12
5. Conclusões Considerando-se N = 2 centrais temporárias, os resultados indicam que estas centrais estariam localizadas nas cidades de Blumenau e Itajaí. Em termos práticos, destas duas cidades apresentam a melhor infraestrutura, além de que suas respectivas localizações permitem a abrangência de uma ampla área de cobertura e maximizam o atendimento aos beneficiários. Esta análise também provê subsídios para a decisão de onde não instalar uma central de assistência humanitária de caráter temporária, no contexto deste estudo, seria a cidade de Rio do Sul. Esta cidade apresentou as piores avaliações em todos os critérios e encontra-se na proximidade de Blumenau, que poderá fornecer o atendimento à população de Rio do Sul, uma vez que esta é relativamente pequena. As vantagens da aplicação da metodologia AHP podem ser destacadas em: Identificação dos critérios qualitativamente; Obtenção da ponderação dos critérios quantitativamente. No entanto, a metodologia AHP apresenta algumas desvantagens: Apesar de contar com a avaliação de especialistas, ainda há uma parcela de subjetividade por parte dos avaliadores; Avaliações apoiadas em fatos (conhecimento do problema, fatores importantes, valores, dados), mas em alguns casos, puramente intuitiva. Por exemplo: as cidades que apresentam a maior população foram julgadas como maior contingente de recursos humanos disponíveis; Há uma dificuldade em tratar as complexidades e traduzi-las da forma lingüística para um valor numérico. Do ponto de vista da metodologia, pode-se afirmar que os resultados são coerentes e possuem uma grande importância no contexto do planejamento de ações estruturadas. No entanto, propõe-se uma extensão dessa abordagem pela introdução da modelagem fuzzy para contemplar as incertezas provenientes do processo de tomada de decisão. Do ponto de vista da logística humanitária, este estudo representam uma tentativa de se eliminar ações improvisadas nas situações de desastres. A metodologia desenvolvida neste 13
estudo permite o planejamento de possíveis localizações para a instalação de centrais temporárias de apoio à situações emergenciais. As consequências que advêm desta metodologia podem ser evidenciadas na flexibilidade e tempo reduzido na etapa de resposta, tal que pode resultar em um maior número de atendimento às pessoas atingidas pelo desastre. Agradecimentos Agradecimentos à Fundação Araucária e à CAPES pela concessão de bolsa para desenvolvimento desta pesquisa. REFERÊNCIAS AMIRI, M. P. Project selection for oil-fields development by using AHP and fuzzy TOPSIS methods. Expert Systems with Applications, 37, pp. 6218-6224, 2010. BALCIK, B., BEAMON, B. M. Facility location in humanitarian relief. International Journal of Logistics: Research and applications. 11(2), pp. 101 121, 2008. FARAHANI, R. Z., STEADIESEIFI, M., ASGARI, N. Multiple criteria facility location problems: A survey. Applied Mathematical Modeling, 34, pp. 1689 1709, 2010. GIL, A. C., Como Elaborar Projetos de Pesquisa. Editora Atlas. São Paulo, 1991. IFRC. Disponível em : https://www.ifrc.org/. Acesso em: 20/02/2014. KARAHMAN, C. (2008). Fuzzy multi-criteria decsion making. Springer Science + Business, LLC. NOGUEIRA, C. W., GONÇALVES, M. B. O desenvolvimento e aplicação de um modelo para a localização de uma central de inteligência e suporte para recebimento, controle e distribuição de recursos em situações emergenciais com foco na logística humanitária. Anais do XXIV Congresso de Pesquisa e Ensino de Transporte (ANPET), 2010. ROH, S., JANG, H., HAN, C. Warehouse location decision factors in humanitarian relief logistics. The Asian Journal of Shipping and Logistics, 29, pp. 103-120, 2013. SAATY, T. L. How to make a decision: The Analytic Hierarchy Process. European Journal of Operational Research, 48, pp. 9 26, 1990. TOFIGLI, S., TORABI, S. A., MANSOURI, A. A fuzzy stochastic approach for pré-positioning and distribution of emergency supplies in disaster management. POMS 22 nd Annual Conference, may 2011, Reno, Nevada, USA, 2011. ZEJLI, K., AZMANI, A., ISSA, S. K. Applying Fuzzy Analytic Hierarchy Process (FAHP) to evalutate factors locating emergency logistics platforms. International Journal of Computer Applications, 57 (21), pp. 17 23, 2012. 14