TERMINALIDADE DA VIDA NA FORMAÇÃO MÉDICA: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Documentos relacionados
INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

A PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS NOS CUIDADOS PALIATIVOS À PACIENTES ONCOLÓGICOS PEDIÁTRICOS

A REALIDADE DO FAMILIAR QUE EXERCE A AÇÃO DO CUIDAR EM IDOSOS SOB CUIDADOS PALIATIVOS

ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A FAMÍLIA E AO IDOSO COM ALZHEIMER: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

A importância da anamnese e do exame físico para a prática de enfermagem: relato sobre a experiência acadêmica

SENTIMENTOS VIVENCIADOS PELA ENFERMAGEM NO PROCESSO DE MORTE E MORRER DO PACIENTE PEDIÁTRICO

TANATOLOGIA: como a Enfermagem lida com a Morte e o Morrer

PALAVRAS-CHAVE: Classificação de risco. Emergência. Enfermagem. Desafios.

Faculdade da Alta Paulista

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A IDOSOS DEPRESSIVOS INSTITUCIONALIZADOS EM CASAS DE REPOUSO

TÍTULO: RELAÇÃO FAMÍLIA E CRIANÇA HOSPITALIZADA, IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM NESSE PROCESSO.

A Importância dos Cuidados Paliativos na Unidade de Terapia Intensiva.

AUTOR(ES): NOEMI DUARTE MASCARENHAS SANTOS, ANA CAROLINA SANTOS VAZ, ISABELLA SANTOS RIBEIRO DE FARIAS, NATHALY GONSALVEZ TURASSA

TÍTULO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ÚLCERA VENOSA: ORIENTAÇÕES PARA CICATRIZAÇÃO E PREVENÇÃO DE RECIDIVAS

A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE ÀS TRANSFORMAÇÕES NO CORPO DA MULHER DURANTE O CLIMATÉRIO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

TÍTULO: A SEXUALIDADE DAS MULHERES QUE SE SUBMETERAM A HISTERECTOMIA E A IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM NO SEU PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

MORTE, EUTANÁSIA, ORTOTANÁSIA E DISTANÁSIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

ENVELHECIMENTO ATIVO ASSOCIADO À QUALIDADE DE VIDA E GÊNERO

Egressos de Enfermagem: uma revisão sistemática da literatura Palavras-Chave: INTRODUÇÃO

CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

TÍTULO: A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PARA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA PUERICULTURA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

A EXPERIÊNCIA DE UM HÓSPICE MINEIRO: 14 ANOS SEM SUICÍDIOS OU PEDIDOS DE EUTANÁSIA. A RELEVÃNCIA DO CUIDADO, DA HUMANIZAÇÃO.

Resumo expandido APRENDIZAGEM ATIVA NA EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

PALAVRAS-CHAVE: Ostomia. Cuidados de enfermagem. Imagem corporal. Emocional.

UNIVERSIDADE DO VALE DO IPOJUCA DEVRY BRASIL. TEMA: Religiosidade e espiritualidade nos profissionais de enfermagem

Assistência da Enfermagem ao Cuidador do Paciente Oncológico

ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DO BEM- ESTAR DA PESSOA IDOSA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

CHAMA O SAMU: QUEM PRECISA SOU EU. Edilzia Souza Guedes (1) Augusto Catarino Bardosa (2) Robson Edney Mariano (3)

AS ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO CENTRO CIRÚRGICO

RISCOS DE ADOECIMENTO NO TRABALHO: estudo entre profissionais de uma instituição federal de educação

TÍTULO: O PAPEL DO ENFERMEIRO NA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM

I Workshop dos Programas de Pós-Graduação em Enfermagem

Trabalhando a ansiedade do paciente

PERCEPÇÕES RELATADAS PELO ENFERMEIRO NO MOMENTO DA ALTA DOS PACIENTES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO.

FATORES QUE LEVAM OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ATUANTES EM UTI A DESENVOLVER A SÍNDROME DE BURNOUT

FATORES ASSOCIADOS A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES FACTORS ASSOCIATED WITH BURNOUT SYNDROME IN TEACHERS

TÍTULO: QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO COM ALZHEIMER ELABORAÇÃO DE UM PROTOCOLO ASSISTENCIAL.

TÍTULO: SÍNDROME DE BURNOUT VOLTADO À PROFISSIONAIS DO SETOR DE NEONATOLOGIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS

OS FATORES DE RISCOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DO PARTO NORMAL

TERRITORIALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

FACULDADE INTEGRADA DE SANTA MARIA RESUMO EXPANDIDO ÁREA TEMÁTICA: PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA SAÚDE

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

ASPECTOS BIOPSICOLÓGICOS DE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA E MASTECTOMIZADAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ALTERAÇÕES NO CONVIVIO DO PORTADOR DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE PÓS SEPARAÇÃO FAMÍLIAR UMA REVISÃO INTEGRATIVA

EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM NA CRIAÇÃO DE UM GRUPO DE APOIO ÁS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA

ENFERMAGEM FRENTE À MORTE DO RÉCEM-NASCIDO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NUMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS DE PESQUISA: IMPACTOS NA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DA ENFERMAGEM

FATORES FACILITADORES E DIFICULTADORES À IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

TÍTULO: OS BENEFÍCIOS VIVENCIADOS PELA ENFERMAGEM NA APLICAÇÃO DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO NO AMBIENTE HOSPITALAR

Uso da informática para a prática da Sistematização da Assistência de Enfermagem

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE ANESTESIA GERAL

A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO: REVISÃO NARRATIVA

TÍTULO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS: LIMITAÇÕES DO ENFERMEIRO

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

CUIDADO É FUNDAMENTAL

AGUIAR. Vânia Deluque¹, LIMA. Solange da Silva², ROCHA. Aline Cristina Araújo Alcântara³, SILVA. Eliana Cristina da 4, GREVE. Poliana Roma 5.

PSICOLOGIA HOSPITALAR EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PARA ADULTOS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

OS DOCENTES DE ENFERMAGEM FRENTE AO PROCESSO DE MORTE E MORRER 1

IFMSA BRAZIL POLICY STATEMENT SAÚDE MENTAL DO ESTUDANTE DE MEDICINA

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU

PERCEPÇÃO DO MONITOR FRENTE À SIMULAÇÃO CLÍNICA DO ATENDIMENTO AO NEONATO

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO MÃE CANGURU NAS UNIDADES NEONATAIS E O VALOR DA HUMANIZAÇÃO NO SEU ATENDIMENTO.

BURNOUT NA EQUIPE DE SAÚDE: Como lidar? Dra. Patricia Dalagasperina

Tecnologia da Informação como ferramenta para a Sistematização da Assistência de Enfermagem

I Workshop dos Programas de Pós-graduação em Enfermagem EXPERIÊNCIA DE PESSOAS SUBMETIDAS À AMPUTAÇÃO E O PAPEL DA ENFERMAGEM

Curso de Atualização em Psicopatologia 2ª aula Decio Tenenbaum

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO CURRICULAR COM DISCENTES DE UM CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: relato de experiência RESUMO

PALAVRAS-CHAVE: Amamentação. Amamentação exclusiva. Enfermagem.

ANÁLISE DA QUALIDADE DOS REGISTROS DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

A IMPORTÂNCIA DO USO DE TECNOLOGIAS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DOS IDOSOS

ACUPUNTURA NAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UMA REVISÃO NARRATIVA

RESUMO DOS 120 ANOS DA EEAP A INOVAÇÃO NA FORMAÇÃO: A IMPORTANCIA DO CONHECIMENTO ACADÊMICO SOBRE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

TÍTULO: FIBROMIALGIA NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE. SUBÁREA: Enfermagem

Experiência de estudantes de Enfermagem em contexto oncológico

Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo

TÍTULO: ADESÃO ÁS PRÁTICAS DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Sobre a morte e o morrer. Profa. Dra. Marina Salvetti

I Workshop dos Programas de Pós-graduação em Enfermagem HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA INTERFACE DA SEGURANÇA DO PACIENTE NO AMBIENTE HOSPITALAR

FATORES ASSOCIADOS AO ESTRESSE DO ENFERMEIRO INTENSIVISTA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

AS PERPLEXIDADES NA COMUNICAÇÃO DE MÉDICOS COM SEUS PACIENTES. Faculdade Alfredo Nasser Graduação em Medicina.

FORMAS DE AVALIAÇÃO DOS TRANSTORNOS DE ADAPTAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

RECURSOS METODÓLOGICOS PARA SUPERAR AS CONSEQUÊNCIAS DA SÍNDROME DE BURNOUT NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

ENTRE O ADOECER E O MORRER: A PSICOLOGIA DIANTE ÀS REAÇÕES PSÍQUICAS APÓS DIAGNÓSTICO DE PACIENTES COM CÂNCER E SEUS FAMILIARES

QUALIDADE DE VIDA DE FAMILIARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: uma revisão de literatura

MONITORIA DA DISCIPLINA SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA:

29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul

A ENFERMAGEM FRENTE A IDEOLOGIAS DE GÊNERO E CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Psicologia da saúde: Novas demandas, novos caminhos DE ONDE PARTIMOS E HORIZONTE FUTURO SÍLVIA MARIA CURY ISMAEL

TÍTULO: ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Pós-graduações Cuidados Continuados e Paliativos

SENTIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FRENTE À HOSPITALIZAÇÃO DO PACIENTE EM UMA UNIDADE ONCOLÓGICA

Transcrição:

TERMINALIDADE DA VIDA NA FORMAÇÃO MÉDICA: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Breno Lucas do Nascimento Costa(1); Fernanda Rayanny Lourenço Leite (2); Nayara Sayonara Duarte Delgado (3); Yasmin Lucena Dantas (4) Layza de Souza Chaves Deininger(5) (1) Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba/FCM. Email: brenolucas96@hotmail.com (2) Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba/FCM. Email: fernandarayanny2009@hotmail.com (3) Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba/FCM. Email: nayara_delgado@hotmail.com (4) Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba/FCM. Email: yasdanttas_@hotmail.com (5) Enfermeira, Professora Mestra, Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba/FCM. Email: layzasousa12@hotmail.com INTRODUÇÃO A morte pode ser definida como a total cessação de uma existência, sendo a última fase da vida. Apesar de se tratar de um processo natural e inerente à condição humana, o tema torna-se cada vez mais problemático um tabu na sociedade contemporânea. Os motivos para fugir da discussão sobre o assunto são diversos e envolvem diversas esferas, desde a social até a espiritual (KUBLER-ROSS, 2008). Ao analisar o contexto histórico do processo do morrer, observam-se algumas mudanças no modo como o profissional de saúde trata o doente. Os estudos da anatomia humana no Renascentismo permitiram avanços nos procedimentos médicos e a descoberta de novas doenças, aumentando a sobrevida de diversos pacientes. No entanto, um efeito colateral desse processo é uma nova visão de que o enfermo é apenas um meio de cultura para as doenças (MELLO; SILVA, 2012). Tal cenário é típico do modelo biomédico, que vê o ser humano como uma máquina e acaba por desconsiderar os aspectos psicológicos presentes em toda doença, provocando certo distanciamento do doente. Ao ignorar componentes subjetivos de cada enfermo, tal modelo acaba por gerar insatisfação em pacientes e profissionais médicos devido à substituição da anamnese e exame físico por exames complementares, por exemplo. (FERTONANI et al., 2015). É notório o despreparo dos estudantes de Medicina e dos médicos recém-formados quanto ao modo de lidar com pacientes em estado terminal. Esse painel se configura devido a uma falha na formação acadêmica destes, permeando dúvidas éticas e legais sobre como proceder durante o processo da terminalidade da vida.

No entanto, a literatura afirma que eles se julgam aptos e qualificados para lidar com pacientes próximos à morte. (MARTA et al., 2009). Diante dessa ótica, é imperiosa a investigação dos problemas e obstáculos encontrados pelos estudantes de Medicina durante sua formação acerca da compreensão do processo de falecimento a fim de desenvolver melhores técnicas para confrontar essa realidade. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo identificar, na literatura, como os discentes do curso de Medicina encaram o processo da terminalidade da vida. METODOLOGIA Delineou-se um estudo de revisão sistemática e integrativa da literatura publicada nas bases Scientific Eletronic Library online (Scielo) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), referente à terminalidade da vida na formação médica. Trata-se de Abordagem qualitativa, descritiva e exploratória. Deste modo, as etapas metodológicas foram: escolha do tema, eleger a questão norteadora, determinar os critérios de inclusão e exclusão, análise e discussão de dados, e considerações finais. Foi contemplado o período de 2008 a 2016. Na busca utilizaram-se os descritores: morte, estudantes de medicina, relação médico-paciente e Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida, os quais foram primeiramente consultados no DeCS. Foram enquadrados como critérios de inclusão: artigos científicos publicados na língua portuguesa de dados primários ou de revisão relatos. Foram excluídos editoriais, resenhas, teses, monografias e dissertações, bem como artigos repetidos e aqueles que não estavam relacionados com o tema. Inicialmente foi realizada uma leitura pormenorizada do levantamento bibliográfico, a partir do quais aplicaram-se os critérios de inclusão e exclusão. Adotando como pergunta condutora do estudo: Como a terminalidade da vida determina a formação médica?. Assim, ao final realizou-se uma leitura interpretativa exploratória mediante cada o estudo dos artigos compilados, a fim de ordenar e sumarizar as informações contidas nas fontes, e selecionar a relação do conteúdo com objeto da pesquisa e descrever textualmente os acha os resultados. Para a realização deste estudo, foram encontrados os 29 artigos, sendo selecionados oito artigos por se encaixarem no objetivo da pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÕES A morte faz parte da rotina de muitos profissionais da saúde, inclusive dos acadêmicos

de medicina. Embora esse tema seja bastante discutido durante todo o curso, ele normalmente está associado às técnicas e a postura, quase que neutra do profissional perante esse acontecimento. Para grande parte dos médicos e docentes, a morte é abordada apenas como um processo biológico, materialista e mecânico, deixando os sentimentos e as emoções dos estudantes de lado (AZEREDO; ROCHA; CARVALHO, 2011). No estudo realizado por Duarte et al. (2015) com alunos do quarto ano do curso de medicina, a morte ainda é encarada como um tabu para grande parte dos acadêmicos, uma vez que muitos profissionais parecem evitar esse assunto nas conversas cotidianas. Ela só é admitida por médicos, nos laboratórios de anatomia e de necropsia, fora deles esse tema é negado. Eles ainda relatam a falta de despreparo perante a terminalidade, mesmo com todas as vivências e discussões durante o curso, isso ainda é insuficiente para que eles saibam lhe dar com a morte. Já no estudo de Garcia et al. (2012) a relação médico-paciente, que é bastante discutida no início da graduação, não é vista no campo de prática, uma vez que grande parte dos professores não tem a visão do paciente em sua totalidade, ou seja, como um ser humano, dificultando ainda mais a abordagem da terminalidade da vida. Sendo assim, o processo da morte é ignorado e perpassado para os familiares e para os acadêmicos de forma fria, por muitas vezes cruel. Segundo Marta et al. (2015) em estudo realizado com 120 médicos residentes e 100 alunos do terceiro ano, é inevitável que a presença de sofrimento diante da morte afeta de maneira direta os profissionais da saúde, em especial os acadêmicos, sobrecarregando-os emocionalmente. Essa vulnerabilidade pode prejudicar o desempenho médico perante as necessidades do paciente, além de aumentar o nível de estresse profissional. Nessa ótica, os estudantes de medicina devem manter certa distância afetiva para com os pacientes, ou seja, envolver-se apenas de modo necessário, assegurando-lhe assistência humana e proteger-se da situação, para se manter íntegro e evitar a dor da perda. Em contrapartida, o estudo de Costa et al. (2016), revela como benéfica uma maior aproximação entre o estudante e o enfermo em estado terminal, uma vez que possibilita enxergar o paciente como pessoa, e não como doença. Além disso, essa aproximação permite uma maior reflexão sobre a vida e a condição de morte, possibilitando que os alunos aprendam a manter um controle emocional ao mesmo tempo em que proporciona melhorias na qualidade de vida do paciente em estado terminal. Essa aproximação e capacidade de empatia exigem compreensão, enfrentamento e tolerância.

Mesmo sabendo da morte próxima, os estudantes de medicina que acompanham pacientes em estágio terminal se sentem impotentes, pois acreditam que para a maioria das enfermidades exista um tratamento que possibilita uma cura. Desse modo, a ansiedade e angústia interferem em seu cotidiano, muitos relatam o surgimento de sintomas depressivos quando se relacionam com tais pacientes, revelando despreparo para lidar com a morte iminente do paciente (SADALA & SILVA, 2008). Os modelos de formação médica encontrado em grande parte das universidades ainda se baseiam no modelo generalista, focado no ensinamento técnico. Por mais que a psicologia seja discutida durante a graduação, ela não é abordada com a sua devida importância, e nem voltada para o preparo emocional do acadêmico frente a questões como a morte. Diante da sobrecarga de conteúdos durante a vida acadêmica e o dilema da falta de tempo, muitos médicos recém-formados apresentam profundo abalo, medo, insegurança e depressão ao encarar com a morte, e assim passam a ignorá-la e não dar a devida importância, como um meio de proteção (ANDRADE, et al., 2014). CONCLUSÃO Quando a morte ocorre, desenvolve no acadêmico uma sensação de angústia e frustração, desenvolvendo inseguranças sobre sua aptidão, visto que desenvolvem sua capacitação para a cura, esta seria a única e grande meta pois resulta na gratificação do aprendizado adquirido e recompensa para o esforço realizado. É imprescindível desenvolver formas de minimizar as conseqüências de enfrentar a morte todos os dias. Existe um despreparo durante a formação médica, os conceitos apresentados ao aluno são conceitos biológicos, mecânicos e materialistas. A melhor alternativa para contrapor isto, seria aperfeiçoar a metodologia de preparação. Talvez a forma de restringir o assunto apenas no desenvolvimento de atividades teóricas, não seja tão produtivo quanto uma abordagem pratica e teórica, com concepções menos biológicas da morte, que enfatizem os sentimentos provocados no estudante durante o contato com a doença, o sofrimento e a morte. Neste tipo de orientação, são sugeridas criação de atividades de ensino em tutoria com grupos pequenos como uma maneira de favorecer os componentes emocionais e a reflexão do tema, estes espaços de discussão por meio de observação e apresentação de casos poderiam provocar novos comportamentos diante esta realidade. Além disso, possui como dificuldade abranger e gerar interesse sobre o tema para os graduandos, por isso é importante incentivar

as pesquisas voltadas para o assunto. REFERÊNCIAS ANDRADE, J. B. C. et al. Contexto de formação e sofrimento psíquico de estudantes de medicina. Rev. bras. educ. med. vol.38 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 2014 AZEREDO, N. S. G.; ROCHA, C. F.; CARVALHO, P. R. A. O enfrentamento da morte e do morrer na formação de acadêmicos de Medicina. Rev. bras. educ. med. vol.35 no.1 Rio de Janeiro jan./mar. 2011 COSTA, A. P.; POLES, K. SILVA, A. E. Formação em cuidados paliativos: experiência de alunos de medicina e enfermagem. Interface (Botucatu) vol.20 no.59 Botucatu Oct./Dec. 2016 Epub May 03, 2016 DUARTE, A. C; ALMEIDA, D. V.; POPIM, R. C. A morte no cotidiano da graduação: um olhar do aluno de medicina. Interface (Botucatu) vol.19 no.55 Botucatu Oct./Dec. 2015 Epub Aug 25, 2015 FERTONANI, Hosanna Pattrig et al. Modelo assistencial em saúde: conceitos e desafios para a atenção básica brasileira. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p. 1869-1878, junho 2015. GARCIA, M. A. A.; FERREIRA, F. P.; FERRONATO, F. A. Experiências De Humanização Por Estudantes De Medicina. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 10 n. 1, p. 87-106, mar./jun.2012 KUBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. MARTA, G. N. et al. O estudante de Medicina e o médico recém-formado frente à morte e ao morrer. Rev. bras. educ. med. vol.33 no.3 Rio de Janeiro July/Sept. 2009 MELLO, Aline Andressa Martinez; SILVA, Lucia Cecilia da. A estranheza do médico frente à morte: lidando com a angústia da condição humana. Rev. abordagem gestalt, Goiânia, v. 18, n. 1, p. 52-60, jun. 2012. SADALA, M. L. A.; SILVA, M. P. Cuidar de pacientes em fase terminal: a experiência de alunos de medicina. Interface (Botucatu) vol.12 no.24 Botucatu Jan./Mar. 2008.