Impacto da Produção Dispersa nas Redes Eléctricas

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Transcrição:

Paulo Moisés Almeida da Costa Docente do Departamento de Electrotecnia Escola Superior de Tecnologia de Viseu paulomoises@elect.estv.ipv.pt http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/paulomoises/ Eduardo Miguel Teixeira M. Gouveia Docente do Departamento de Electrotecnia Escola Superior de Tecnologia de Viseu egouveia@elect.estv.ipv.pt http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/egouveia/ II Jornadas da Engenharia Electrotécnica ESTV Outubro de 2000 Índice! Situação energética do país! Evolução da pequena produção eléctrica em Portugal! Impactos da produção dispersa no despacho! Impactos da produção dispersa na tensão das redes! Impactos da produção dispersa na frequência! Impactos da produção dispersa nas perdas eléctricas! Impactos da produção dispersa nos congestionamentos! Alterações nos trânsitos de potência! Impactos na continuidade de serviço das redes! Poluição harmónica! Formas de minimizar os impactos

Situação Energética Nacional: Pode exprimir-se numa só palavra, DIFÍCIL Importamos cerca de 90% da energia primária que consumimos, o que traduz a situação de dependência em que nos encontramos. Choques petrolíferos Ano 2000 o próprio Presidente da OPEP, incentiva à utilização das energias alternativas... Localização geográfica difícil Escassez de recursos energéticos Política Energética A política energética nacional visa 3 grandes objectivos: 1. Economia de energia 2. Produção de Energia aproveitando recursos endógenos e renováveis (água, vento...) e utilizando técnicas de produção combinada de calor e energia eléctrica, cogeração. 3. Diversificação das fontes energéticas Introdução do gás natural

Evolução da Produção Dispersa em Portugal (TWh) 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Eólica 0,002 0,003 0,003 0,003 0,009 0,024 0,078 Minihídrica 0,05 0,254 0,368 0,349 0,522 0,555 0,528 Cogeração 1,787 2,185 2,743 3,29 3,677 4,05 4,17 TOTAL 1,839 2,442 3,114 3,642 4,208 4,629 4,776 Fonte: EDP, DGE Impactos nas Redes Variações Lentas na Tensão Variações rápidas na tensão Congestionamento nos ramos Perdas Continuidade de serviço Qualidade da onda de tensão Flutuações na frequência do sistema Alteração nos Trânsitos de Potência Dificuldades no despacho

Impactos no Despacho Necessidade de ter em conta as eventuais flutuações nos recursos primários utilizados: Produção Eólica / Produção Hídrica / Cogeração Garantir que existe reserva girante suficiente para enfrentar a ocorrência de variações súbitas na produção de energia dos pequenos produtores. Tais variações têm de ser rapidamente compensadas pelas unidades convencionais, para evitar: - Variações de tensão; - Variações de frequência; - Em situações extremas o colapso do sistema. Impactos na tensão Dificuldades na regulação de tensão em subestações com regulação de tensão do tipo Compound. Ramos com produção Ramos sem produção VMT= VMT + (R+jX).I

Impactos na tensão Impactos na tensão Variações lentas na tensão em função da potência reactiva eventualmente absorvida pelas máquinas de indução: se é absorvida Q à rede a tensão desta desce se é injectada Q na rede a tensão desta sobe Ligação das máquinas produtoras (de indução) de Parques Eólicos: Máquinas não podem ser todas ligadas em simultâneo A ligação do gerador assíncrono à rede é semelhante à ligação de um transformador em curto-circuito, ou seja comporta-se como um curto circuito de curta duração.

Impactos na tensão Ligação de geradores à rede: A ligação dos geradores síncronos à rede também pode provocar quedas de tensão transitórias. GS e v I (e v) i = '' x d No pior caso: i = 2 * v '' x d Impactos nas Redes Variações Lentas na Tensão Variações rápidas na tensão Congestionamento nos ramos Perdas Continuidade de serviço Qualidade da onda de tensão Flutuações na frequência do sistema Alteração nos Trânsitos de Potência Dificuldades no despacho

Impactos na frequência Variabilidade do recurso energético primário (água, vento...) Eventuais desvios de frequência Necessidade de rápida compensação por parte das máquinas produtoras convencionais Necessidade de reserva girante suficiente Situação muito mais critica nas redes isoladas Impactos na frequência

Impacto nas Perdas Nas horas de vazio as perdas aumentam Nas horas fora de vazio as perdas diminuem Congestionamentos Fora das horas de vazio a rede descongestiona Nas horas de vazio a rede congestiona

Impacto nos trânsitos de potência Sentido dos trânsitos de potências nas redes radiais de MT sofre alterações, podendo mesmo ocorrer TP no sentido da rede de AT. Limites térmicos Dificuldades na coordenação e regulação de protecções Dificuldades na regulação de tensões Maiores riscos para as pessoas que operam nas redes Impacto na qualidade da energia Qualidade da onda: Flutuações na tensão Flutuações na frequência Flicker Continuidade de serviço: Disparos provocados por defeitos com origem nos pequenos produtores Má coordenação de protecções

Impacto na qualidade da energia Poluição harmónica: Máquinas geradoras de energia produzem uma poluição harmónica muito reduzida. A utilização de electrónica de potência associada a estes equipamentos pode alterar esta situação (softstarters, por exemplo) Impacto na qualidade da energia

Como minimizar os impactos Interligar os pequenos produtores a níveis de Scc o mais elevados possíveis. Limitar a potência instalada nestas instalações em função da Scc no ponto de interligação. Efectuar estudos dos impactos que uma instalação produtora de pequena dimensão terá na rede, os quais permitem avaliar a necessidade ou não de reforço de rede. Estudos exigidos pela DGE Análise da rede de distribuição pelo menos desde a substação AT/MT, observando a variação do perfil de tensões nos nós e as intensidades nos ramos. Este estudo deverá incidir sobre: i) A rede antes da ligação da IPI e nas condições mais desfavoráveis da carga (Vazio, Ponta) ii) A rede depois da ligação da IPI, fornecendo o gerador 1/10 da potência nominal, ou seja em regime de carga muito baixo. iii) Idem para a potência nominal Se se instalarem geradores assíncronos e existir compensação do factor de potência, os estudos referidos em ii) e iii) devem ser efectuados com e sem a compensação a funcionar.

Técnicas de escalonamento Prever carga Garantir segurança Prever produção Incerteza presente Fuzzy Procurar eficiência económica FIM