NEUROANATOMIA ORGANIZAÇÃO ANATÔMICA DO DIENCÉFALO. Luiza da Silva Lopes

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Transcrição:

NEUROANATOMIA ORGANIZAÇÃO ANATÔMICA DO DIENCÉFALO Luiza da Silva Lopes

DIENCÉFALO Com a grande expansão do córtex cerebral e seu consequente pregueamento, especialmente a partir do segundo trimestre do desenvolvimento intra-útero, o diencéfalo torna-se quase completamente encoberto pelo telencéfalo.

DIENCÉFALO O diencéfalo corresponde ao segmento do cérebro de conformação globosa, mediano e constituído de duas metades, logo abaixo do telencéfalo, que o envolve em sua quase totalidade. Para sua completa visualização são necessárias, portanto, secções em variados planos ou retirada do telencéfalo. Apresenta 4 subdivisões: Tálamo Hipotálamo Epitálamo Subtálamo Vista medial corte sagital

DIENCÉFALO Em uma vista inferior (ventral) do cérebro, somente uma pequena porção do diencéfalo pode ser vista, composta por estruturas do hipotálamo. Para uma visão abrangente do diencéfalo são necessárias secções em variados planos. Vista inferior

DIENCÉFALO Face medial corte sagital Corte coronal Corte horizontal

DIENCÉFALO A cavidade do sistema ventricular relacionada com o diencéfalo é o terceiro ventrículo. O terceiro ventrículo tem conformação em fenda, e está disposto entre as duas metades do diencéfalo. Desta forma, a maior parte do diencéfalo constitui as paredes laterais do III ventrículo. Esta cavidade ventricular comunica-se com os ventrículos laterais (telencéfalo), através dos forames interventriculares (Monro), e com o IVº ventrículo (entre ponte/bulbo e cerebelo), através do aqueduto do mesencéfalo (Sylvius). Na parede lateral do III ventrículo encontra-se o sulco hipotalâmico. Acima deste sulco está o tálamo, enquanto abaixo está o hipotálamo. Com frequência, as duas metades do tálamo são unidas pela aderência intertalâmica (composta por substância cinzenta). Corte coronal

DIENCÉFALO Forame interventricular Aderência intertalâmica Aqueduto IVº ventrículo Sulco hipotalâmico Face medial corte sagital

Comissura anterior DIENCÉFALO Plexo corióide Lâmina terminal Recesso óptico IIIº Quiasma óptico Face medial corte sagital

TÁLAMO grego = antecâmara

TÁLAMO O tálamo é formado por duas massas ovoides, frequentemente unidas pela aderência intertalâmica (massa intermédia). Sua extremidade anterior denomina-se tubérculo anterior do tálamo. Sua extremidade posterior é chamada pulvinar. É possível identificar quatro faces talâmicas: medial (na parede do III ventrículo); lateral (em contato com a cápsula interna); superior (constitui o assoalho da fissura transversa do cérebro e dos ventrículos laterais); inferior (relacionada com o hipotálamo e subtálamo). Entre as faces medial e superior, existe um feixe de fibras nervosas denominado estria medular do tálamo. Tálamo Tálamo Tálamo Tálamo Corte frontal Corte horizontal

TÁLAMO O tálamo é uma região de grande importância funcional e atua como estação de retransmissão para os principais sistemas sensitivos (exceto a via olfatória). Está ainda implicado no controle da motricidade (extrapiramidal), no comportamento emocional e no grau de ativação do córtex. As atividades do tálamo estão, portanto, estreitamente relacionadas com o córtex cerebral.

TÁLAMO T Face medial corte sagital Desenho representativo de um corte horizontal do encéfalo, com abertura do teto dos ventrículos laterais. T = tálamo (face superior) Seta = estria medular do tálamo

TÁLAMO O tálamo é recoberto, na sua face superior, por uma fina camada de substância branca, denominada estrato zonal. Na sua face lateral também existe outra camada de substância branca, chamada lâmina medular externa. Ainda outra lâmina de substância branca, a medular interna, bifurcada anteriormente (em Y) subdivide cada metade do tálamo em partes medial, lateral e anterior. Esta subdivisão corresponde à separação dos núcleos do tálamo em grupos anatômicos. Alguns grupos nucleares estão localizados dentro da lâmina medular interna, outros nas faces lateral e medial do tálamo. interna

Tálamo Corte horizontal

Tálamo Divisão anatômica dos núcleos talâmicos (com algumas de suas funções): Anterior (sistema límbico) Medial (integração sensitiva) Mediana Lateral dorsal dorsolateral posterolateral pulvinar ventral anterior (influencia a atividade cortical) lateral (influencia a atividade motora) posterior (retransmissão sensitiva) posteromedial posterolateral Intralaminares Reticular Corpo geniculado medial (retransmissão auditiva) Corpo geniculado lateral (retransmissão visual)

Os núcleos talâmicos também podem ser categorizados através de uma divisão funcional geral em: Núcleos inespecíficos: com projeção difusa para o córtex cerebral núcleos intralaminares núcleo reticular Núcleos específicos (relê): com projeção para regiões específicas do córtex cerebral (todos os outros núcleos talâmicos) Tálamo

Em cortes coronais (frontais), o tálamo nem sempre pode ser visto e, dependendo da posição do plano de corte, será observado diferentemente.

Tálamo Plano de corte passando pela comissura anterior Caudado Lentiforme Anterior ao Tálamo Corte frontal Comissura anterior

Tálamo Plano de corte passando pelos corpos mamilares Caudado T Lentiforme Tálamo Corte frontal Corpo mamilar

Tálamo Plano de corte passando pelos pedúnculos cerebrais Tálamo T Núcleo caudado Cápsula interna Lentiforme Corte frontal Pedúnculo cerebral

HIPOTÁLAMO Envolvido em variadas funções: Controle da atividade visceral Regulação da temperatura Controle emocional Regulação do sono / vigília Regulação da fome / sede Regulação da diurese Regulação do metabolismo Regulação da adenohipófise

HIPOTÁLAMO H T Imagem de ressonância magnética do encéfalo em reconstrução sagital mediana, na sequência ponderada em T1. T = tálamo H = hipotálamo

HIPOTÁLAMO O hipotálamo é a única parte do diencéfalo que pode ser visualizada sem a necessidade de cortes no encéfalo. Assim mesmo, somente pode ser visto parcialmente, em uma vista inferior do encéfalo.

HIPOTÁLAMO Nervo óptico Trato óptico Hipotálamo vista inferior do encéfalo

HIPOTÁLAMO Corte frontal É composto de duas metades simétricas, de cada lado do terceiro ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico. Seu limite lateral é a cápsula interna. Juntamente com o tálamo, o hipotálamo compõe a parede lateral da cavidade do III ventrículo. Também participa da composição do assoalho desta cavidade ventricular. Terceiro ventrículo Hipotálamo Sulco hipotalâmico Hipotálamo Corte sagital vista medial

HIPOTÁLAMO

HIPOTÁLAMO Os núcleos hipotalâmicos podem ser agrupados quando se considera sua disposição anteroposterior ou mediolateral. Grupos principais em disposição anteroposterior: -pré-óptico -supra-óptico -túbero-infundibular -mamilar Corte coronal Organização mediolateral: Zona medial (núcleos pré-óptico, anterior, supraquiasmático, paraventricular, dorsomedial, ventromedial, arqueado e posterior) Zona lateral (núcleos pré-óptico, supraóptico, lateral, tuberomamilar e tuberais laterais)

HIPOTÁLAMO Corte sagital vista medial O fórnice divide o hipotálamo em zonas medial e lateral. A zona medial possui um aglomerado de núcleos organizados em quatro grupos principais: pré-óptico, supraquiasmático (supra-óptico), tuberal, mamilar

EPITÁLAMO O epitálamo consiste nos núcleos habenulares e suas conexões, e na glândula pineal. Juntamente com a comissura posterior, forma a parede posterior da cavidade do terceiro ventrículo.

EPITÁLAMO

Corpo pineal (epífise) -endócrino (melatonina) Trígono habenular -não-endócrino (sist. límbico) centro de integração de vias aferentes olfatórias, viscerais e somáticas Comissura da habênulas conjunto de fibras nervosas que interconecta os núcleos habenulares EPITÁLAMO Corte sagital Corte horizontal

EPITÁLAMO tálamo comissura das habénulas trígono habenular pineal mesencéfalo Vista posterior

SUBTÁLAMO Ajustes do movimento

Localiza-se inferiormente ao tálamo (zona de transição entre o tálamo e o tegmento mesencefálico) - abaixo do tálamo, entre hipotálamo e cápsula interna. Sua estrutura é extremamente complexa. Composto pelo núcleo subtalâmico, zona incerta e núcleos dos campos de Forel (campos perizonais). Importante no controle motor, nos ajustes do movimento (extrapiramidal). Sua lesão, em especial do núcleo subtalâmico, não produz redução do movimento, mas um distúrbio do ajuste, denominado hemibalismo (hipercinesia involuntária violenta dos membros contralaterais). Não se relaciona com paredes do IIIº ventrículo (somente pode ser visto em secções, de preferência um corte frontal, passando pelos corpos mamilares) SUBTÁLAMO NST = núcleo subtalâmico Zi = zona incerta H1 = campo dorsal (fascículo talâmico) H2 = campo ventral (fascículo lenticular)

diencéfalo subtálamo

Os homens pensam que possuem uma mente, mas é a mente que os possui. Bob Marley