XIII Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente Porto Alegre RS, 1 o 4 de Outubro de 2017

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Transcrição:

SIMULADOR COMPUTACIONAL DO MÉTODO DE ELEVAÇÃO ARTIFICIAL PLUNGER LIFT Danielson Flávio Xavier da Silva, André Laurindo Maitelli LAUT, DCA, Universidade Federal do Rio Grande do Norte Campus Universitário, Lagoa Nova, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil Emails: danielson_fx@yahoo.com.br, maitelli@dca.ufrn.br Abstract This work deals with the artificial lift method named plunger lift that is used in wells with low reservoir pressure. This method uses a mechanical plunger to help the oil lift from the bottom of the well to the surface through the well closing and opening with different time interval. The plunger lift has some stages that, when concluded, complete a cycle. It was developed a simulator in Java with mathematical model created in the AUTOPOC project developed at LAUT-UFRN in C++ language. It were implemented two types of controls for this method: time control and control by casing pressure. In the end, results are obtained with the simulator and then compared for detailed analysis and get conclusions about the efficiency of the implemented controllers. The efficiency was compared upon oil production, cycle duration, plunger average velocity and plunger impact velocity in surface, all measured within the simulator developed. Keywords Application, Simulator, Plunger Lift, Control Resumo Esse trabalho aborda o método de elevação artificial chamado plunger lift que é utilizado em poços com baixa pressão de reservatório. Esse método utiliza um êmbolo mecânico para auxiliar a subida do óleo do fundo do poço até a superfície através do fechamento e abertura do poço com intervalo de tempo distintos. O plunger lift possui algumas etapas que, quando concluídas, completam um ciclo. Foi desenvolvido um simulador em Java com o modelo matemático criado no projeto AUTOPOC desenvolvido no LAUT-UFRN na linguagem C++. Foram implementados dois tipos de controle para esse método: controle por temporização e controle por pressão de revestimento. Por fim, resultados são obtidos com o simulador e então comparados para uma análise detalhada para conseguir conclusões acerca da eficiência dos controladores implementados. A eficiência foi comparada sobre a produção de óleo, duração do ciclo, velocidade média e velocidade de impacto do pistão na superfície, todas medidas dentro do simulador desenvolvido. Palavras-chave Aplicação, Simulador, Plunger Lift, Controle 1 Introdução O petróleo é uma das mais importantes matérias primas e é utilizado largamente na indústria de geração de energia, principalmente em transporte (aéreo, terrestre ou marítimo) ou como insumo da indústria química para geração de outros produtos. O reservatório é formado em acumulações de hidrocarbonetos em armadilhas geológicas que podem ser classificadas como um reservatório contendo óleo, gás condensado ou gás nãocondensado(guo et al., 2007). Com o objetivo de alcançar este reservatório, o solo é perfurado desde a superfície até o mesmo. Enquanto o poço é perfurado, um tubo de revestimento metálico concêntrico, chamado anular, é cimentado à rocha ao redor do poço por todo caminho até alcançar o reservatório através de uma estrutura chamada canhoneado. Ao chegar ao reservatório é inserido um outro tubo de revestimento metálico menor que o anular, chamado de coluna de produção, que conecta o fundo do poço aos equipamentos de superfície chamados de árvore de natal(lake and Clegg, 2007). Todo o aparato de perfuração e equipamentos do poço, mostrados na Figura 1, tem como objetivo trazer para a superfície o líquido e/ou o gás produzido pelo reservatório ao longo do tempo. Quanto maior a pressão dentro do reservatório, maior a chance de se ter uma elevação natural do líquido. Normalmente isto acontece no início da exploração de um poço e dura um certo período de tempo, enquanto houver pressão suficiente no reservatório para manter esta condição. Figura 1: Configuração básica de um poço perfurado para extração de petróleo Quando a pressão do reservatório diminui e o líquido não ascende para a superfície naturalmente, esse poço precisa de instrumentos adicionais para que possa ser fornecido mais energia ao reservatório. Dessa forma, torna-se possível a recuperação do líquido no fundo do poço. Todo o conjunto de equipamentos atrelados ao poço nesta situação é chamado de sistema de elevação artifi- ISSN 2175 8905 821

cial de petróleo(mitra, 2012). 2 Método Plunger Lift Existem diversos sistemas de elevação artificial para cada tipo de características do poço. Cada sistema têm suas vantagens e desvantagens e estudos são realizados para explorar seus usos e ter maior conhecimento antes de colocar certo sistema em prática. Um desses sistemas requer o uso de um pistão em um poço intermitente que age como uma interface mecânica entre o líquido e o gás do reservatório, que auxilia na ascensão dos elementos mencionados para a superfície. Esse método específico é chamado de sistema de elevação por Plunger Lift (Brown, 1982) e utiliza equipamentos mostrados na Figura 2. Subida do pistão ou Piston rise: quando o poço é aberto, o gás acumulado no anular escoa para a coluna de produção atravessando o pistão e a golfada de líquido e o pistão sobe pela coluna de produção. Nesse escoamento, parte do gás pressiona o pistão e o líquido para o topo da coluna de produção e o gás que está acima da golfada é levado para a linha de produção. Esta etapa acaba quando o topo da golfada chega na linha de produção na árvore de natal do poço; Produção: nesta fase ocorre a produção do líquido que foi acumulado na coluna de produção durante a etapa de build-up. Toda a golfada escoa horizontalmente pela linha de produção para fora do poço e o pistão chega ao topo da árvore de natal dentro da coluna de produção chamado de lubrificador; Pós fluxo ou Afterflow: Ao pistão chegar ao topo, todo o gás acumulado no anular e na coluna de produção escoa horizontalmente pela linha de produção atravessando o líquido que foi produzido na etapa anterior. O pistão pode cair caso a velocidade do gás não for suficiente para mantê-lo no topo mas esta etapa termina quando a linha de produção for fechada, quando o método passa para a etapa de build-up, iniciando um novo ciclo. Figura 2: Equipamentos utilizados no método plunger lift Com mais detalhes, um ciclo do método de elevação plunger lift pode ser dividido em quatro etapas mostradas na sequência de imagens da Figura 3: Crescimento de pressão no poço ou Build-up: nesta etapa a pressão dentro do anular cresce devido ao fechamento da válvula motora do poço e o pistão cai para o fundo do poço. O líquido acumulado no fundo do poço aumenta à medida que o reservatório produz líquido e ocorre a despressurização da linha de produção. Quando a pressão dentro da coluna de produção estiver aumentado suficiente para levar o pistão ao lubrificador, a válvula motora é aberta e a etapa de subida do pistão se inicia; O custo de instalação é relativamente bem menor que a instalação de outros métodos. Segundo of Air and Radiation (2001), o custo da instalação dos equipamentos do plunger lift é entre $1.900 à $7.800 enquanto que a instalação de um método de bombeamento, como o beam lift, custa entre $26.000 à $52.000. Há um menor custo de manutenção e tratamentos de remediação, necessária quando ocorre emissão de metano associados a operações de blowdowns para remoção de fluido, pois a frequência de realização desses procedimentos é menor em relação à outros métodos. Esse sistema consegue conservar a energia de elevação do poço e é auxiliado pela constante remoção do líquido e parafina do poço, que aumenta a produção de gás. A maioria dos controladores do método de plunger lift são movidos com energia solar, então os custos energéticos para o funcionamento deste método são bem menores que em outros métodos (of Air and Radiation, 2001). 3 Simulador computacional O simulador foi desenvolvido na linguagem de programação Java utilizando a IDE Eclipse para organização dos arquivos. A linguagem foi escolhida pela característica de portabilidade do simulador, então será capaz de ser executado em sistemas operacionais diferentes, desde que eles possuam o Java Runtime Environment. O software é composto de 3 threads: uma interface responsável para 822

Figura 3: Exemplo de um ciclo do método Plunger Lift apresentação dos dados em um gráfico 2D, um modelo matemático para o cálculo do comportamento do poço e outro objeto para realização da troca de dados entre a interface e o modelo matemático. Esta abordagem é necessária para tornar a execução de uma simulação mais rápida, pois as threads estão sendo executadas simultaneamente, no caso de múltiplos processadores. O modelo matemático do simulador implementado foi adaptado para a linguagem Java seguindo o proposto por do Amaral Baruzzi (1994) em outro projeto de desenvolvimento de um simulador programado em C++(Salazar et al., 2012). O projeto se encontra disponível e está sendo desenvolvido em um repositório no GitHub encontrado no endereço https://github.com/danielsonsilva/ SimulatorPlungerLiftControl para publicação. Pode-se observar uma tela do simulador em execução pela Figura 4, a qual existe uma parte para a apresentação do gráfico 2D e, mais abaixo, a legenda das possíveis variáveis do simulador. As legendas no software estão em tamanho legível, a Figura 4 apresenta um print-screen real do simulador. O usuário que estiver trabalhando com o método plunger lift poderá, no início da simulação, configurar características específicas dos elementos utilizados no poço. A Figura 5 mostra a tela de configuração onde podem ser observadas características personalizáveis de equipamentos como a coluna de produção e o pistão utilizado dentro do poço. Com estas informações dadas, a simulação pode ser executada para esse conjunto de informações e seu comportamento será diferente de outro conjunto de informações de configuração. Outras características importantes da tela da Figura 5 são as informações de controladores, nova característica do modelo matemático em relação ao desenvolvido anteriormente, o qual não existia essa opção de escolha de controlador. O usuário pode optar pela utilização de um controle por temporização, por pressão de revestimento ou deixar a simulação sem um tipo de controle. Cada opção tem seus parâmetros configuráveis que influenciam no comportamento da simulação. Para a implementação dos controladores do simulador foi utilizado o padrão de projeto Strategy. Segundo GAMMA et al. (2004), o padrão de projeto Strategy define uma família de algoritmos diferentes, encapsulando cada um deles em uma classe diferente e os faz alternáveis. O contexto que utilizá-los não precisa definir a qual classe recorrer. Esse padrão é aplicável quando existem variantes de um algoritmo que modifica somente o seu comportamento quando é chamado no cliente. Sua estrutura é definida como na Figura 7, fornecendo uma interface comum para todos os algoritmos, a implementação de cada um dos algoritmos e o objeto contexto para utilizar os algoritmos. 3.1 Controle por temporização Esse algoritmo tem o objetivo de manter a continuidade operacional do método. Nesse controle é definido um valor padrão mínimo e máximo, chamado de janela de chegada, do tempo de viagem do pistão ao longo da coluna de produção durante a subida do pistão. As variáveis que o controlador poderá modificar são os tempos de fechamento e pós-fluxo da válvula motora. A ação desse controlador está diretamente ligada à medição do tempo de viagem do pistão na etapa da subida do pistão comparando aos valores padrões mínimos e máximos definidos pelo usuário previamente. Caso a comparação resultar em um tempo de viagem muito curto, que significa uma velocidade de subida alta, haverá uma diminuição do tempo de fechamento e/ou incremento do tempo de pós-fluxo. Se ocorrer o caso contrário, no qual o tempo de viagem muito longo, que significa uma velocidade de subida baixa, haverá um aumento do tempo de fechamento e/ou diminuição do tempo de pós-fluxo. 3.2 Controle pela pressão de revestimento Esse controle monitora o momento da chegada do pistão assim como a pressão de revestimento du- 823

Figura 4: Exemplo do simulador em execução Figura 5: Configuração do poço e controlador utilizado no simulador Figura 6: Exemplo de uma execução bem sucedida durante certo tempo 824

Figura 7: Estrutura do padrão de projeto Strategy para o simulador plunger lift rante a fase de build-up. O operador define valores de pressões máximo e mínimo da pressão no anular para o controlador analisar e comparar com os valores medidos pelos instrumentos. Durante a fase de crescimento de pressão, a válvula motora é aberta pelo controlador quando a pressão de revestimento alcança o valor máximo definido pelo operador e é fechada quando a mesma atinge o valor mínimo durante a fase de afterflow. Enquanto o controlador abre e fecha a válvula motora, o mesmo analisa o tempo de viagem do pistão à superfície e verifica se está dentro da janela de chegada do pistão. Se não estiver dentro desta janela, o controlador modifica os valores máximo e mínimo da pressão da seguinte maneira: para tempo de viagem abaixo do esperado haverá decremento nos valores das pressões e caso o tempo de viagem for maior que o esperado, incrementa-se os valores das pressões. 4 Estudos Realizados De posse do simulador com todas as suas funções completas, é possível descrever comportamentos característicos do método de elevação artificial plunger lift. Comportamentos com relação às várias pressões envolvidas no processo como a pressão no topo do anular ou o tempo levado pelo pistão para chegar à superfície podem ser estudados e conclusões importantes acerca dos fenômenos podem ser obtidas. Realizando uma simulação (Figura 6) com as informações fornecidos pela Figura 5 foram recuperadas diversas variáveis e verificado o comportamento do gráfico em certo momento para observação. Os resultados foram satisfatórios no momento em que a simulação mostra um comportamento cíclico evidenciando o método de estudo. Podem-se observar as pressões sendo incrementadas durante a fase de build-up e sendo decrementadas nas outras fases. Percebe-se a altura do pistão em todas as etapas quando o mesmo se dirige à superfície e ao fundo do poço durante cada ciclo. A Figura 6 mostra um exemplo de uma simulação durante certo tempo com todas as variáveis recuperadas. O eixo y representa o valor da variável que depende de cada característica: para a posição do pistão o valor é representado em metros e o zero representa o fundo do poço e os valores acima de zero significa a sua subida enquanto que os valores de pressão são expressos em psi (libra-força por polegada quadrada). Nos ciclos mostrados na Figura 6, os valores foram obtidos via arquivo de texto sobre variáveis de cada um destes ciclos. Esses valores, mostrados na Tabela 1, servem para diversos propósitos, como uma previsão da quantidade de produção de gás e líquido ou de velocidade do pistão durante a fase de subida de um poço real. Ao realizar testes utilizando os dois controladores implementados neste trabalho é possível observar vantagens e desvantagens de cada um deles de acordo com suas propriedades definidas. No controle por revestimento ativo definido com máximo e mínimo de tempo de subida do pistão de 150 e 100 segundos e máxima e mínima pressão de revestimento de 620 psi e 440 psi, notou-se uma menor produtividade, ocorrida pelo fato do atingimento da pressão máxima de revestimento durante a etapa de crescimento de pressão que abre a válvula motora antes que o pistão chegue ao fundo do poço. Por outro lado, dependendo da velocidade na qual o pistão deve alcançar na etapa de subida do pistão, o comportamento da simulação sofre modificações. Por esse motivo, o tempo que o sistema passa na etapa de produção de líquido é menor que a do controlador por temporização. Nota-se também que a janela de pressão de revestimento, inicialmente definida entre 440 e 620 psi, equilibrou-se entre 400 e 570 psi pelo controlador do sistema. Percebe-se ainda a menor duração do ciclo no controle por pressão de revestimento, a qual é vantajoso no ponto que quanto mais ciclos em um poço de plunger lift no mesmo intervalo de tempo, o pistão mantêm as paredes da coluna de produção com menos óleo e mais limpas, aumentando a durabilidade do equipamento. Para o controlador por temporização ativo definido com máximo e mínimo de tempo de subida do pistão de 150 e 100 segundos e o valor de alteração dos tempos de duração de 20 segundos, nota-se que quanto maior o tempo de viagem do pistão, ele tende a aumentar consideravelmente o tempo de pós-fluxo deixando o tempo de crescimento de pressão somente o necessário para que o pistão chegue ao fundo do poço enquanto que o controlador por pressão de revestimento não modifica o tempo de pós-fluxo não conseguindo alcançar o tempo de viagem do pistão proposto para valores de razão gás-líquido (RGL) do reservatório muito altas. Constata-se que o controlador por temporização é mais eficaz no sentido de adequar os tempos das etapas correspondentes afim de atingir o intervalo definido pelo operador da janela de tempo de viagem do pistão na etapa de subida do pistão pois ele modifica diretamente as durações das etapas. Em contrapartida, o controlador por pressão de revestimento, dependendo do valor requisitado 825

Tabela 1: Valores de 3 ciclos completos durante a execução da Figura 6 avaliada Característica Ciclo n o 1 Valores Ciclo n o 2 Ciclo n o 3 Duração da etapa Subida(s) 123, 74 183, 1 129, 97 Duração da etapa Produção(s) 2.45 18, 55 13, 49 Duração da etapa Afterflow(s) 60 60 60 Duração da etapa Build-up(s) 585, 02 585, 02 585, 02 Duração do ciclo completo(s) 771, 21 846, 67 788, 48 Volume de produção no Ciclo(barril) 0, 193 1, 19 1, 102 Total produzido pelo poço(barril) 0, 193 1, 383 2, 484 Tempo de viagem do pistão(s) 128 204 145 Média de velocidade do pistão( m s ) 7, 759 4, 899 6, 851 Velocidade de impacto do pistão( m s ) 5, 778 6, 845 8, 098 de tempo de viagem do pistão e das características do reservatório, não é possível atingir a duração do tempo de viagem do pistão definida. Isso acontece devido ao fato que a simples modificação do intervalo da pressão máxima e mínima do revestimento não possibilita atingir certas condições dentro do poço, é necessário a modificação dos tempos de pós fluxo e crescimento do pistão. Apesar desta situação, o controlador por pressão de revestimento é mais seguro para o poço por possibilitar a abertura do poço em casos que a pressão acumulada se torne extremamente alta a ponto do andamento do sistema tornar-se algo perigoso, a qual não é disponível no controlador por temporização. 5 Conclusões O método de elevação artificial plunger lift é bastante utilizado na indústria em poços específicos que correspondam a certas características que proporcione o bom funcionamento do método. Esse método sem algoritmo para o controlador, mantêm intervalos de tempo da válvula motora aberta e fechada fixos. Esses intervalos de tempo fixos prejudicam a produção do poço a longo prazo, podendo vir a afogar o poço e requerer uma maior atenção para que o pistão consiga retornar à superfície. O trabalho do operador exige uma atenção maior em casos que não exista um controlador, pois o mesmo deverá modificar os tempos da válvula aberta de acordo com as leituras de pressões dentro do poço ou o tempo de viagem do pistão. A otimização da produção destes poços deve passar por uma fase de estudos que inclui o desenvolvimento do simulador com interface gráfica funcional e saída de dados para análise. Esse estudo vai fornecer dados comparativos entre alguns métodos de controle para este método viabilizando implementação com mais segurança e objetividade em campo um controlador. Como o programa simula características do poço como profundidade e a razão gás-líquido, por exemplo, há maior precisão nos resultados aproximando a simulação de um poço real. Esta aproximação é importante para o estudo de viabilidade de instalação e exploração dos poços a partir dos dados coletados da região e possibilitar a previsão da produção. Referências Brown, K. E. (1982). Overview of artificial lift systems, Journal of Petroleum Technology 34. do Amaral Baruzzi, J. O. (1994). Modelagem do plunger lift convencional, Master s thesis, Faculdade de Engenharia Mecânica, FEM, Campinas, SP. GAMMA, E., Helm, R., Johnson, R. and Vlissides, J. (2004). Padrões de Projeto Soluções Reutilizáveis de Software Orientado a Objetos, Bookman, Porto Alegre. Guo, B., Lyons, W. C. and Ghalambor, A. (2007). Petroleum Production Engineering : A Computer-Assisted Approach, Elsevier, Oxford. Lake, L. W. and Clegg, J. D. (2007). Petroleum Engineering Handbook Volume IV: Production Operations Engineering, Society of Petroleum Engineers, Texas. Mitra, N. (2012). Principles of Artificial Lift, First edition, Allied Publishers Pvt. Limited. https://books.google.com.br/books?id= 6NokTvD4mjoC of Air, U. S. E. P. A. O. and Radiation (2001). Installing Plunger Lift Systems in Gas Wells, Lessons learned from Natural Gas STAR Partners, U.S. Environmental Protection Agency, Air and Radiation. https://books.google.com.br/books?id= vqhrzweacaaj Salazar, A. O., Cortez, E., Xavier, D., Novaes, F. and Maitelli, A. L. (2012). Simulator of artificial lift method plunger-lift, Rio Oil&Gas Conference 2012. 826