GT 5: POLÍTICAS PÚBLICAS E PRÁTICAS SOCIAIS

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Transcrição:

GT 5: POLÍTICAS PÚBLICAS E PRÁTICAS SOCIAIS INVESTIMENTOS DE BAIXO CUSTO QUE REFLETEM POSITIVAMENTE NA QUALIDADE DE VIDA DOS INTERNOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS ILPI Fabiele Eidam (Unicentro); Email:fabieidam@gmail.com TEMÁTICA: POLÍTICAS PÚBLICAS E PRATICAS SOCIAIS RESUMO: Com o objetivo de identificar investimentos de baixo custo que refletem positivamente na qualidade de vida dos internos de uma ILPI, a presente pesquisa caracterizase, metodologicamente como descritiva e, quanto aos métodos, em bibliográfica, documental e estudo de caso. Classifica-se ainda em qualitativa. A pesquisa justifica-se pelo aumento na expectativa de vida e consequentemente da população idosa, refletindo diretamente em maior preocupação quanto ao cuidado com os longevos. Os recursos disponíveis são escassos diante das dificuldades para manter as instituições com atendimento adequado e digno. Conclui-se, com a presente pesquisa, que é possível melhorar a qualidade de vida dos residentes de ILPI com ações simples e de baixo custo, mas que refletem mais integração, aumentando a autoestima e propiciando momentos de interação e lazer. Palavras chave: Investimentos de baixo custo; Qualidade de vida, Instituição de Longa Permanência Para Idosos. 1. INTRODUÇÃO Umas das preocupações do ser humano desde os primórdios da história é de sobreviver, mas na sociedade contemporânea, além desta preocupação surge uma outra com a qualidade de vida, porém, para se ter esta qualidade de vida não se pode esperar que o Estado faça tudo sozinho. É preciso um envolvimento da sociedade civil unindo forças com o Estado em prol da cidadania. As entidades sem fins lucrativos têm esse desafio de amenizar os problemas sociais que afetem a sociedade (IBGE, 2014; 2015). Segundo Chagas et al. (2009), desde os anos 1970, devido as mudanças ocorridos no papel social das mulheres, a queda nos níveis de fecundidade e de mortalidade, mudanças nos arranjos familiares, o aumento da escolaridade feminina e a maciça inserção das mulheres no mercado de trabalho, podem modificar os laços de solidariedade e transformar as formas de cuidados com a pessoa idosa. De acordo com Camarano e Kanso (2010), o envelhecimento populacional está ocorrendo em um contexto de grandes mudanças sociais, culturais, econômicas, institucionais, no sistema de valores e na configuração dos arranjos familiares. Para o futuro próximo, espera-se um crescimento a taxas elevadas da população muito idosa (80 anos e mais), como resultado das altas taxas de natalidade observadas no passado recente e da continuação da redução da mortalidade nas idades avançadas. No entanto, a certeza do crescimento desse

segmento populacional está sendo acompanhada pela incerteza das condições de cuidados que experimentarão os longevos. Embora a legislação brasileira estabeleça que o cuidado dos membros dependentes deva ser responsabilidade das famílias, este se torna cada vez mais escasso, em função da redução da fecundidade, das mudanças na nupcialidade e da crescente participação da mulher, tradicional cuidadora, no mercado de trabalho. Isto passa a requerer que o Estado e o mercado privado dividam com a família as responsabilidades no cuidado com a população idosa. Diante desse contexto, uma das alternativas de cuidados não-familiares existentes corresponde às instituições de longa permanência para idosos (ILPIs), sejam públicas ou privadas. No entanto, a residência em instituições não é uma prática comum na sociedade brasileira. De acordo com Chagas et al. (2009), o aumento da proporção de idosos na população é um fenômeno mundial tão profundo que muitos chamam de "revolução demográfica". No último meio século, a expectativa de vida aumentou em cerca de 20 anos. Se considerarmos os últimos dois séculos, ela quase dobrou, e de acordo com algumas pesquisas, esse processo pode estar longe do fim. O envelhecimento da população brasileira se evidencia por um aumento da participação do contingente de pessoas maiores de 60 anos de 4%, em 1940, para 9% em 2000; além disso, a proporção da população acima de 80 anos tem aumentado, alterando a composição etária dentro do próprio grupo. A expectativa é que a população de idosos aumente enquanto o número de cuidadores da família diminua. Isso levanta a questão de quem oferecerá cuidados para esses idosos: a família ou as instituições? Diante deste contexto, as instituições de longa permanência para idosos acabam, muitas vezes sendo a melhor opção, pois a permanência do idoso em casa deve ser uma decisão de toda a família, visto que o envelhecimento é uma realidade de muitas faces. A grande preocupação no entanto é com o bem estar do idoso institucionalizado. Surge então o questionamento: É possível desenvolver ações que melhorem a qualidade de vida dos longevos diante da escassez de recursos geralmente apresentada por esse tipo de instituição? 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1. Instituições e Longa Permanência Para Idosos Segundo Camarano e Kanso (2010) no Brasil, não há consenso sobre o que seja uma ILPI. Sua origem está ligada aos asilos, inicialmente dirigidos à população carente que necessitava de abrigo, frutos da caridade cristã diante da ausência de políticas públicas. Isso justifica que a carência financeira e a falta de moradia estejam entre os motivos mais importantes para a busca, bem como o fato de a maioria das instituições brasileiras ser filantrópica (65,2%), o preconceito existente com relação a essa modalidade de atendimento e o fato de as políticas voltadas para essa demanda estarem localizadas na assistência social. Para a Anvisa, ILPIs são instituições governamentais ou não-governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania.

É comum associar ILPIs a instituições de saúde. Mas elas não são estabelecimentos voltados à clinica ou à terapêutica, apesar de os residentes receberem - além de moradia, alimentação e vestuário - serviços médicos e medicamentos. Os serviços médicos e de fisioterapia são os mais frequentes nas instituições brasileiras, encontrados em 66,1% e 56,0% delas, respectivamente. No entanto, 34,9% dos residentes são independentes. Por outro lado, a oferta de atividades que geram renda, de lazer e/ou cursos diversos é menos frequente, declarada por menos de 50% das instituições pesquisadas. O papel dessas atividades é o de promover algum grau de integração entre os residentes e ajudá-los a exercer um papel social. As Instituições de Longa Permanência para Idosos, denominada de ILPI, são caracterizadas como entidades do terceiro setor, e que possuem objetivos particulares da demais instituição, a de cuidar, zelar e fornecer abrigo a pessoas idosas. As ILPIs se destacam pelo serviço prestado àqueles que já deram a sua contribuição para a construção da sociedade e que, agora necessitam de cuidados e de garantias de uma condição digna de vida. Este tipo de instituição tem por objetivo oferecer abrigo e assistência social e de saúde para pessoas com idade igual ou superior a 60 anos que não tenham condições de permanecerem com seus familiares, em forma de domicílio coletivo, garantindo condições de liberdade, dignidade e cidadania (Resolução 283/2005 da ANVISA, ZACARIAS et al., 2008). No entanto, as instituições de longa permanência apresentam um poder disciplinar e são marcadas por regras rígidas e rotina diária regida por horários determinados. Devido à vida padronizada e à falta de perspectiva, os idosos perdem o direito de expressar sua subjetividade e seus desejos, vendo sua vida limitada social, afetiva e sexualmente em um espaço físico semelhante a grandes alojamentos, onde raramente se encontra uma proposta de trabalho voltada para a manutenção de idosos independentes e autônomos. Segundo Silva et al. (2013), o idoso tem sido visto como uma pessoa improdutiva e pouco tem sido feito para mudar essa representação social. As instituições acabam por favorecer o isolamento do idoso ao dificultar suas relações interpessoais no contexto comunitário e reforçar sua inatividade física e mental, o que reflete negativamente em sua qualidade de vida. O interesse pelos outros tende a diminuir no idoso, que se interessa mais por si próprio e fica mais isolado. A tendência ao isolamento pode estar relacionada à solidão do idoso e às alterações observadas em seu contexto familiar, principalmente a escassez de contatos ou perdas de familiares. De acordo com estudos de Pavan et al. (2008), o tão sonhado tempo livre no ambiente da instituição acaba por se tornar um tempo vazio de significado, convertendo-se na experiência desoladora da espera pela morte. Isso demonstra que o idoso tem sido encarado como uma pessoa improdutiva e que pouco tem sido feito para mudar essa situação. Para Garbin et al. (2010), a saúde mental interfere na saúde geral do idoso, visto que, mesmo apresentando todas as condições de ter uma vida saudável e segura, ele não tem ânimo para desfrutar de nada se não encontrar em seu ambiente carinho, diversão, emoção e alegria. As situações crônicas de tristeza,

solidão e abandono impedem que os idosos tenham ânimo para aproveitar a vida. Portanto o intuito maior desta pesquisa é exatamente o de mostrar que essa realidade pode ser mudada e que isso independe de grandes dispêndios financeiros. 3. METODOLOGIA 3.1. Desenvolvimento da pesquisa Quanto aos aspectos, o delineamento considera o ambiente em que são coletados os dados, bem como as formas de controle das variáveis envolvidas. Então, no que tange aos aspectos metodológicos desta pesquisa, em relação à tipologia quanto aos objetivos, esta pode ser classificada como descritiva. Quanto aos procedimentos adotados, a pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, pois os dados foram coletados em uma ILPI e referem-se ao custo das ações desenvolvidas pela instituição e que promoveram a melhoria da qualidade de vida. E ainda pode ser classificada como bibliográfica e documental, tendo em vista que se utilizará de bibliografias relacionadas ao assunto pesquisado e documentos da instituição como base para análise de dados. A identificação das ações e a mensuração dos custos e resultados deu-se por meio da análise de documentos e observação de aspectos subjetivos como integração, melhoria do humor, autoestima, entre outros. Considerando a escassez de recursos que as ILPI convivem, a pesquisa em tela identifica ações de baixo custo financeiro, mas que apresentam resultados sociais relevantes. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Quanto aos resultados, compreende-se que o presente estudo alcançou seu objetivo, visto que apontou ações desenvolvidas pela instituição e mensurou os custos, segundo descrição abaixo: Fortalecendo vínculos: essa atividade caracteriza-se por realizar telefonemas aos familiares dos internos com objetivo de manter contato com os mesmos. Os custos dessa atividade foram de R$ 200,00 e apresentaram como resultado a aproximação entre o interno e seu familiares. Comemoração de aniversários: nesta atividade são comemorado os aniversários do mês com bolo, refrigerantes, velinhas e parabéns. Os custos dessa atividade foram de R$ 80,00 por mês em média, e apresentaram como resultados a senso de existencialismo. Festas temáticas: realizada em datas comemorativas, um exemplo foi a festa de carnaval, onde foram gastos R$ 56,00 com adereços confeccionados pelos próprios funcionários da instituição e os resultados foram a interação entre a equipe e os internos melhorando o relacionamento entre as partes envolvidas. Pintura em papel: essa atividade é realizada uma vez por semana por voluntárias que fornecem todo o material usado, portanto o custo é zero. Os resultados obtidos são a melhora na coordenação motora, sendo ainda uma forma de se expressar.

Passeios na praça: essa atividade é realizada três vezes por semana, onde os internos vão até a praça próxima da instituição e fazem atividades físicas, trazendo benefícios a saúde dos mesmos. Cinema: realizada uma vez por semana, exibido filmes de época e geralmente de comédia, para essa atividade são utilizados uma tela de projeção e um projetor multimídia, ambos frutos de doação, portanto não acarretando nenhum custo para a instituição. Como resultados foram observados a melhoria no humor dos internos. Bailinho: realizado uma vez por semana, com dança e muita diversão, para essa atividade foi adquirido uma caixa de som usada no valor de R$ 350,00. Os benefícios observados foram maior interação e melhora da autoestima. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo dados apresentados fica expresso que é possível desenvolver ações que melhoram a qualidade de vida aos envolvidos, aumentando a autoestima e propiciando momentos de interação e lazer com um custo consideravelmente baixo. Embora as ações desenvolvidas sejam aparentemente simples e com custo baixo, verifica-se que houve efetividade, pois propiciaram maior envolvimento e integração entre os residentes. Ressalte-se que um ambiente descontraído, com festas e comemorações em momentos oportunos trouxeram mudanças significativas não só no humor e estima dos internos como também em toda a equipe multidisciplinar, estreitando os laços entre todos. Portanto mesmo com a escassez de recursos, geralmente apresentada por esse tipo de instituição, é possível sim realizar pequenas ações que apresentam resultados sociais relevantes como, maior integração entre os residentes de diversos graus de dependência, disposição para atividades propostas sempre preservando a identidade e as limitações de cada um, assim como a participação dos mesmos nas atividades promovidas pela comunidade local. Favorecer o desenvolvimento de atividades conjuntas com pessoas de outras gerações. Incentivar e promover a participação da família e da comunidade na atenção ao idoso residente. Estimulo da autonomia dos idosos, assim como da autoconfiança e autoestima dos mesmos. REFERÊNCIAS GARBIN, C. A. S., Sumida, D. H., Moimaz, S. A. S., Prado, R. L., & Silva, M. M.. O envelhecimento na perspectiva do cuidador de idosos. Ciência & Saúde Coletiva, 15 (6), 2941-2948, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=s0102-79722013000400023> Acesso em: 28 de ago. de 2017. CAMARANO, A.A; KANSO,S. As instituições de longa permanência para idosos no Brasil, Revista brasileira de estudos de população vol.27 no.1 São Paulo Jan./June 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-79722013000400023> Acesso em: 31/05/17.

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