Efeitos da pré-embebição na Germinação de sementes de mulungu (Erythrina velutina Willd.)

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Transcrição:

Efeitos da pré-embebição na Germinação de sementes de mulungu (Erythrina velutina Willd.) Grace Kelly Santana Fernandes¹, Hugo Roldi Guariz 2, Marilia Alves Brito Pinto 3. (1) Estudante do Curso de Agronomia, Instituto Federal Baiano, Guanambi/BA kelinha.grace12@hotmail.com, (2) Engenheiro Florestal, Professor do Instituto Federal Baiano, Guanambi/BA, (3) Engenheira Agrônoma, Professora do Instituto Federal Baiano, Guanambi/BA. RESUMO: O conhecimento de aspectos da fisiologia de espécies vegetais que compõem a caatinga é de suma importância para o entendimento e a conservação deste bioma tão antropizado, pois oferecem subsídios para o entendimento das alternativas adaptativas selecionadas que permitem a permanência das espécies em áreas de condições inóspitas, bem como selecionar métodos mais indicados de propagação das espécies deste bioma. Por esse motivo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de métodos de escarificação de sementes para quebra a de dormência e germinação de Mulungu por meio de diferentes tempos de embebição das sementes. O Experimento foi conduzido em condições de casa de laboratório. As sementes foram colhidas em matrizes distribuídas na região de Guanambi/BA, sudoeste baiano. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, composto por quatro tratamentos e cinco repetições, sendo que cada repetição possuiu quatro sementes, e os tratamentos foram imersão das sementes em água destilada por 24, 48 e 72 horas, e o tratamento controle, no qual as sementes não sofreram nenhuma escarificação. Todas as sementes foram plantadas em bandejas laboratoriais com areia lavada, peneirada e autoclavada. Dentre as variáveis analisadas, o tempo de 72 h de embebição foi o que apresentou os maiores valores de Porcentagem de Germinação e do Índice de Velocidade de Germinação, sendo 70% e 9,42 respectivamente. Termos de indexação: Imersão, escarificação, caatinga. INTRODUÇÃO A Caatinga é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas que cobre a maior parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha, estendendo-se por cerca de 735.000 km² (Inara et al., 2015), sendo o tipo de vegetação que cobre a maior parte da área com clima semiárido da região Nordeste do Brasil (Giulietti, 2003). Naturalmente, as plantas não têm características uniformes nesta vasta área, mas cada uma possui características singulares para a convivência com o semiárido. Geralmente as espécies de caatinga apresentam adaptações morfológicas e/ou fisiológicas que possibilitam a sobrevivência em condições de seca (Silva et al., 2004). Apesar de ser a única grande região natural brasileira cujos limites estão inteiramente restritos ao território nacional, pouca atenção tem sido dada à conservação da variada e marcante paisagem da Caatinga, e a contribuição da sua biota à biodiversidade extremamente alta do Brasil tem sido subestimada (Silva et al., 2004). O conhecimento de aspectos da fisiologia de espécies vegetais que compõem a caatinga é de suma importância para o entendimento e a conservação deste bioma tão antropizado, pois oferecem subsídios para o entendimento das alternativas adaptativas selecionadas que permitem a permanência das espécies em áreas de condições inóspitas (Trovão, et al., 2004). O Mulungu (Erythrina velutina Willd.) ocorre naturalmente na caatinga, com inúmeras utilidades, desde aproveitamento da madeira, uso medicinal e aproveitamento paisagístico. Além desses usos, o Mulungu é

utilizado para sombreamento de cacaueiros e como cerca viva pela facilidade com que brota de estacas espetadas no próprio local (Lorenzi, 2002) e recomendada para plantios mistos destinados à restauração de áreas degradadas de preservação permanente (Carvalho, 2008). A embebição é um processo físico relacionado basicamente às propriedades dos componentes e as diferenças de potencial hídrico entre as sementes e o meio externo, sendo que entre os fatores do ambiente, a água é o fator que mais influencia o processo de germinação. Com a absorção de água, por embebição, ocorre a reidratação dos tecidos e, consequentemente, a intensificação da respiração e de todas as outras atividades metabólicas, que resultam com o fornecimento de energia e nutrientes necessários para a retomada de crescimento por parte do eixo embrionário. Por outro lado, o excesso de umidade, em geral, provoca decréscimo na germinação, visto que impede a penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante (Nassif et al., 1998). A velocidade de absorção de água varia com a espécie, com o número de poros distribuídos sobre a superfície do tegumento, disponibilidade de água, temperatura, pressão hidrostática, área de contato semente/água, forças intermoleculares, composição química e qualidade fisiológica da semente. Assim sendo, a embebição é essencialmente um processo físico relacionado às características de permeabilidade do tegumento e das propriedades dos colóides que constituem as sementes, cuja hidratação é uma de suas primeiras consequências (Nassif et al., 1998). Desta forma, considerando a importância da espécie mencionada, esta presente pesquisa teve por objetivo avaliar os efeitos da pré-embebição para a superação da dormência de sementes de mulungu para viabiliza a germinação e produção de mudas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Fisiologia Vegetal do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano, Campus Guanambi, localizado no Distrito de Ceraíma, Município de Guanambi/BA. As sementes foram colhidas em diferentes matrizes na cidade de Guanambi/BA; após a colheita, foram higienizadas por meio de imersão em hipoclorito de sódio e posteriormente em água destilada, para evitar contaminação por fungos. As sementes homogeneizadas foram postas para germinar em bandejas laboratoriais com areia, sendo que esta foi peneirada para retirar resíduos orgânicos e manter uma homogeneização granulométrica. Após, esta foi autoclavada a 120 C por 24 h. Os ensaios foram instalados em delineamento inteiramente casualizados (DIC), com 04 tratamentos e 05 repetições com 04 sementes cada. Todos os tratamentos se mantiveram sob temperatura ambiente, não sendo avaliados efeitos da temperatura e fotoperíodo. Os tratamentos foram instalados com imersão de sementes em água destilada por 24 (T1), 48 (T2) e 72 (T3) horas, seguido pelo tratamento testemunha (T4). As sementes foram consideradas germinadas quando a protrusão da radícula através do tegumento se tornou visível. Foram observadas e calculadas as seguintes variáveis: 1- % de Germinação (G): calculada pela formula G = (N/A) x 100, em que: N = numero de sementes germinadas ao final do teste; A = número total de sementes colocadas para germinar; 2- Índice de velocidade de germinação (IVG): calculado pela formula IVG = Σ (ni/ti), em que: ni = numero de sementes que germinaram no tempo i ; ti = tempo após instalação do teste; 3- Tempo médio de germinação (TMG) em dias: calculado pela formula TMG = (Σniti)/Σni, em que: ni = número de sementes germinadas por dia; ti = tempo de incubação; 4- Velocidade média de germinação (VMG) em dias: calculada pela formula VMG = 1/t em que: t = tempo médio de germinação; Os dados obtidos de germinacão foram submetidos à análise de variância pelo teste F de significância, e as medias comparadas pelo teste de Dunnet a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente experimento, as sementes que não foram submetidas a tratamentos para superação da dormência apresentaram germinação de 45%, discordando de Lorenzi (2002), quando afirma que a germinação de sementes de mulungu sem nenhum tratamento e geralmente alta. No entanto, Silva et al. (2007) verificaram que sementes de Mulungu que não foram submetidas a tratamentos para superação da dormência apresentaram germinação em torno de 5%. Silva et al.(2007), relataram ainda que e evidente nessa espécie, que a dormência das suas sementes parece estar bastante relacionada à testa das mesmas. De acordo com Castro & Hilhorst (2004), tratamentos de embebição das sementes fazem com que elas germinem mais rapidamente de modo mais uniforme, embora, não tenha sido verificado esse resultado no experimento com mulungu, visto que os maiores valores de germinação foram obtidos após 20 dias de experimentação. Segundo Wagner Junior et al. (2007) a pré-embebição das sementes em água não proporcionou ganhos na percentagem de germinação do maracujazeiro-doce. De acordo com a analise do teste de medias (Quadro 1), não rejeitamos a hipótese de igualdade entre os tratamentos T1 e T2 com o T4 (Testemunha), mostrando ser não significativo pelo teste de Dunnett a 5% de significância e somente o tratamento 3 diferiu estatisticamente do T4 para a germinação de sementes da espécie avaliada, mostrando ser o tempo de 72 horas o tratamento mais eficaz para proporcionar uma maior porcentagem de germinação quando comparados aos demais testes. Quadro 1 Representação das medias de germinação de sementes de Mulungu Tratamentos Médias (%) T1 65 ns T2 45 ns T3 70 * T4 45 ns Médias iguais ao tratamento testemunha pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade * Medias diferentes ao tratamento testemunha pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade Observamos os maiores valores de germinação de sementes e do Índice de velocidade de Germinação para o tratamento de 3, proporcionando os melhores resultados (Quadro 2). Ao fim do teste, com os dados diários do número de plântulas normais, calculou-se o índice de velocidade de germinação e quanto maior o valor obtido subentende-se maior velocidade de germinação e maior vigor (Nakagawa, 1994). Quadro 2 Variáveis analisadas na germinação de sementes de mulungu T1 T2 T3 T4 G (%) 65 45 70 45 IVG 8,34 5,69 9,42 0,64 TMG (dia) 4,99 3,67 5 5 VMG (dia -1 ) 0,2 0,27 0,2 0,2 O TMG das sementes submetidas a embebição de 72 h e as sementes intactas apresentaram os maiores valores. O valor médio da germinação é calculado como a média ponderada dos tempos de germinação, utilizando-se como pesos de ponderação o número de sementes germinadas nos intervalos de tempo estabelecidos para a coleta de dados no experimento (Santana & Ranal, 2004). A utilização da média ponderada como critério é indispensável, pois a média aritmética simples não leva em consideração que um número variável de sementes germinou em cada tempo. Esse número variável influencia o resultado da média

e, portanto, deve ser usado como uma ponderação no cálculo. Assim, utilizando o número de sementes germinadas como peso de ponderação, tem-se a medida de tempo médio de germinação. CONCLUSÕES O tempo de 72 h de embebição foi o que apresentou os maiores valores de Porcentagem de Germinação e do Índice de Velocidade de Germinacão. A espécie em estudo possui uma permeabilidade do tegumento cuja restrição torna-se menor quando submetida ao maior tempo de imersão. REFERÊNCIAS CARVALHO, P. E. M.; Mulungu (Erythrina velutina). Circular Tecnica 160. EMBRAPA Florestas. Colombo/PR. Dezembro, 2008. CASTRO, R.D., HILHORST, H.W.M. Embebição e reativação do metabolismo. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre, Artmed. p.149-62. 2004. GIULIETTI, A.M.; BOCAGE NETA, A.L.; CASTRO, A.A.J.F.; VIRGINIO, J.F.; SAMPAIO, E.V.S.B.; GAMARRA-ROJAS, C.F.L.; QUEIROZ, L.P.; FIGUEIREDO, M.A.; RODAL, M.J.N.; BARBOSA, M.R.V.; HARLEY, R.M. Diagnóstico da Vegetação Nativa do Bioma Caatinga. Ministerio do Meio Ambiente, Brasília. Universidade Federal de Pernambuco, Recife/PE. 2003. INARA R. LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; LACHER JUNIOR, T.E. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil. Megadiversidade, V. 1, nº 1, julho, 2015. LORENZI, H. Arvores Brasileiras Manual de Identificacao e Cultivo de Plantas Arboreas Nativas do Brasil. Nova Odessa/SP, Instituto Plantarum, V.1, 4 Ed., 2002 NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados na avaliação das plântulas. In: VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N.M. Testes de vigor em sementes, Jaboticabal: FUNEP, p.49-85, 1994. NASSIF, S.M.L.; VIEIRA, I.G.; FERNANDES, G.D. Fatores Externos (Ambientais) que Influenciam na Germinação de Sementes. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais IPEF. Informativo Sementes IPEF. Piracicaba/SP, abril, 2008. SANTANA, D. G.; RANAL, M. A. Análise da germinação: um enfoque estatístico. Brasília/DF: Editora Universidade de Brasília,248 p., 2004. SANTOS, M.M.; LARA, R.O.; JESUS, L.L. Germinação e Superação de Dormência de Sementes de Espécies Florestais. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.22; p. 1413, 2015. SILVA, E.C.; NOGUEIRA, R.J.M.C.; AZEVEDO NETO, A.D.; BRITO, J.Z.; Cabral, E.L. Aspectos ecofisiológicos de dez espécies em uma área de caatinga no município de Cabaceiras, Paraíba, Brasil. IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 59, n. 2, p. 201-205, jul./dez. 2004. SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M.T.; LINS, L.V. Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 2004. SILVA, K.B.; ALVES, E.U.; BRUNO, R.L.A.; GONCALVES, E.P.; BRAZ, M.S.S.; VIANA, J.S. Quebra de Dormência em Sementes de Erythryna velutina Willd. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl.2, p. 180-182, jul. 2007.

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