Engenheiro agrônomo, M.Sc. em Economia Rural, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, Acre,

Documentos relacionados
Comunicado171 Técnico

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA RENTABILIDADE FINANCEIRA DE UM CONSÓRCIO AGROFLORESTAL DESENVOLVIDO EM PARCERIA COM PRODUTORES DO RECA

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Sistemas Agroflorestais em Rondônia - RECA (BR SAF RO 01)

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Sistemas Agroflorestais em Rondônia - RECA (BR SAF RO 02)

¹Engenheiro-agrônomo, doutor em Engenharia Florestal, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, AC 2

Coeficientes Técnicos e Avaliação Econômica para o Sistema de Produção Melhorado da Pupunha para Palmito no Acre 1

Comunicado170 Técnico

VIABILIDADE ECONÔMICA DE PLANTIOS FLORESTAIS SOLTEIROS E DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Eng. agrôn., M.Sc., Embrapa Acre, Rodovia BR 364, km 14, Caixa Postal 321, CEP , Rio Branco, AC,

ANÁLISE FINANCEIRA E INSTITUCIONAL DOS TRÊS PRINCIPAIS SISTEMAS AGROFLORESTAIS ADOTADOS PELOS PRODUTORES DO RECA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Engenheiro-agrônomo, M.Sc. em Economia Rural, pesquisador da Embrapa Acre, 2

¹Engenheiro-agrônomo, mestre em Economia Rural, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, AC 2

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Sistemas Agroflorestais modelo BR SAF RR 01 - Roraima

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Engenheiro-agronômo, D.Sc. em Solos e Nutrição Mineral de Plantas, pesquisador da Embrapa Acre, 2

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

GRUPO 2: AGRICULTURA FAMILIAR E/OU ESTRUTURA AGRÁRIA NA REGIÃO NORTE

Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira do Cultivo da Teca (Tectona grandis L.f.) para Produção de Madeira em Rio Branco, Acre

cnco Té i Coeficientes Técnicos e Avaliação Econômica para o Sistema de Produção Melhorado da Pupunha para Palmito no Acre 1 E,i'J!j.

PERSPECTIVAS PARA O MATO GROSSO DO SUL

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E RENDA DA ERVA-MATE CULTIVADA

Comunicado198 Técnico

Uso de Árvores Leguminosas para Melhorar a Agricultura Familiar da Amazônia Oriental Brasileira

Avaliação econômica da cafeicultura adubada em Buritis, Rondônia, 2007

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

Degradação de Pastagens

VIABILIDADE ECONÔMICA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO SOJA- MILHO SAFRINHA 1.INTRODUÇÃO

Custo de Produção de Mandioca Industrial

ANAIS. Artigos Aprovados 2014 Volume I ISSN:

CURSO. Capacitação em Tecnologias Agroflorestais para a Amazônia Módulo 2. 3 a 7 de novembro de 2014

Estimativa de Custo de Produção de Milho 1ª Safra, 2001/02, em Mato Grosso do Sul

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Chapadão do Sul, MS, da Safra 2016/2017

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

Comunicado 04 Técnico ISSN

SISTEMAS AGROFLORESTAIS: CONCILIANDO A CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE E A GERAÇÃO DE RENDA NAS PROPRIEDADES RURAIS

Custo de produção de trigo e de aveia: Estimativa para a safra 2004 Cláudia De Mori 1

Custo de produção de trigo e de aveia: Estimativa safra 2003 Cláudia De Mori 1 Armando Ferreira Filho 1

Geleia de Cupuaçu C O L E Ç Ã O I A F A M. 2 a edição revista e atualizada

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

ARRANJOS ESPACIAIS NO CONSÓRCIO DA MANDIOCA COM MILHO E CAUPI EM PRESIDENTE TANCREDO NEVES, BAHIA INTRODUÇÃO

A PRODUTIVIDADE DA ERVA-MATE EM CINCO SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO NO MINICíplO DE ÁUREA, RS

Estimativa de custos de produção de soja em Rondônia - safra 2001/2002

Plantio de AÇAIZEIRO TERRA FIRME. 6_Plantio_de_Acaizeiro_em_Terra_Firme ter a-feira, 18 de outubro de :17:51

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

VIABILIDADE ECONÔMICA DE SISTEMA AGROFLORESTAL NO NORDESTE PARAENSE. Ryohei Kato 4

alternativas'-amllientais e só"bió-econômicas para o fortalecil1'!.~rfto de pequena~.éiuas propriedades is no sil

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

Custo de produção da cafeicultura tradicional em Alto Paraíso - RO

Estimativa do Custo de Produção de Milho para a safra 2008/09 em Mato Grosso do Sul

ISSN Novembro, Teca ( Tectona grandis L.f.): Produção de Mudas Tipo Toco

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

Viabilidade Econômica De Povoamentos De Eucalipto Para Fins Energéticos Na Microrregião De Vitória Da Conquista-BA

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Maracaju, MS, para a Safra 2016/2017

O produtor pergunta, a Embrapa responde

RECUPERAÇÃO DE PASTAGEM DEGRADADA ATRAVÉS DO CONSÓRCIO COM FEIJÃO GUANDU

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Naviraí, MS, da Safra 2016/2017

Estimativa do Custo de Produção de Arroz de Sequeiro para Mato Grosso, Safra 2002/03

Viabilidade Econômica da Cultura da Soja para a Safra 2017/2018, em Mato Grosso do Sul

Estimativa de custos de produção de soja, em plantio direto e convencional, para a região do cerrado de Rondônia - safra 2000/01

Engenheiro-agrônomo, mestre em Economia Rural, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, AC. 3

Projeto Balde Cheio --- Tecnologias que agregam valor à produção de leite. Pecuária Sudeste

Caracterização de Sintomas de Deficiências de Nutrientes em Paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke)

Sistemas Agroflorestais como Alternativa de Aumento de Emprego e Renda na Propriedade Rural

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Sonora, MS, para a Safra 2016/2017

Estimativa do Custo de Produção de Trigo, Safra 2011, para Mato Grosso do Sul

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em São Gabriel do Oeste, MS, da Safra 2016/2017

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta* Introdução

Estimativa do Custo de Produção de Arroz Irrigado e de Terras Altas, para a Safra 2008/09, em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Costa Rica, MS, para a Safra 2016/ 2017

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Iguatemi, MS, para a Safra 2016/2017

Comunicado Técnico. Secador à Alta Temperatura por Convecção Natural: Solução para a Pré-secagem da Castanha-do-brasil no Campo

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Florestas Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Propagação e nutrição de erva-mate

TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO INTEGRAÇÃO LAVOURA, PECUÁRIA, FLORESTA - ilpf

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Amambai, MS, para a Safra 2016/2017

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

Gerência de Assessoramento Técnico ao Agronegócio Gerag SP

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

Análise Técnico-Econômica do Cultivo e Extração do Óleo Essencial de Melaleuca alternifolia Cheel (Tea Tree)

Marcelo Francia Arco-Verde Embrapa Florestas

Palestra Institucional

Boletim de preços de produtos agropecuários e florestais do Estado do Acre

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Amazônia Oriental. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CUSTO DE PRODUÇÃO DE FEIJÃO-CAUPI COM PARCAGEM E TRAÇÃO ANIMAL

ISSN Agosto, Cultivo da Pimenteira-do-reino na Região Norte

Castanha-do-Brasil Despeliculada e Salgada

RESPOSTA TÉCNICA. São apresentadas informações sobre o cultivo de mogno e a implantação de sistemas silvipastoris.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Florestas Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento A CULTURA DO NIM

Custo de Produção de Banana no Sudeste Paraense1

¹Engenheira-agrônoma, doutora em Fitopatologia, pesquisadora da Embrapa Acre, Rio Branco, AC. 2

ANÁLISE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO MISTOS: GRÃOS, CULTURA DE COBERTURA E PECUÁRIA,

ABC. Caupi. da Agricultura Familiar. O feijão do Sertão

Acacia mangium Características e seu cultivo em Roraima

Estimativa do Custo de Produção do Milho Safrinha 2008, em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso

Introdução aos Sistemas Agroflorestais

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Ponta Porã, MS, para a Safra 2016/2017

Transcrição:

Comunicado Técnico Novembro, 166 ISSN 0100-8668 Rio Branco, AC 2008 Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso Claudenor Pinho de Sá 1 Tadário Kamel de Oliveira 2 Márcio Muniz Albano Bayma 3 Introdução Um dos principais problemas da agricultura e pecuária na Amazônia é a baixa capacidade de manutenção da produtividade ao longo dos anos. Com a degradação agrícola (DIAS FILHO, 2005) das áreas onde foram plantadas culturas anuais e posteriormente pastagens, a tendência do proprietário é abandoná-las e investir em outras extensões de floresta para implantar novas culturas e pastagens. Os sistemas agroflorestais surgem como uma prática viável para manter a produtividade, aumentando a sustentabilidade do sistema, em função principalmente da diversidade biológica, intensificar os processos de ciclagem biogeoquímica e os efeitos benéficos das árvores sobre o solo (MONTAGNINI, 1992). Os consórcios agroflorestais comerciais ou sistemas multiestratificados são a mistura de um número limitado de espécies perenes, em geral menos de dez (árvores, cultivos perenes e anuais), de reconhecido valor comercial, tendo como propósito a exploração agronômica e econômica, formando e aproveitando diversos estratos verticais. Outro componente associado pode ser as espécies de serviço, que fornecem sombra ou proteção aos cultivos agrícolas, mantêm ou aumentam a fertilidade do solo pela deposição de matéria orgânica e nitrogênio e protegem o solo contra o calor do sol e o impacto direto das chuvas (OLIVEIRA et al., 2005). Na perspectiva de proporcionar o alcance de objetivos como manejo e conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento socioeconômico de uma região, Almeida et al. (1995) citaram os sistemas agroflorestais como componente apropriado para um modelo de desenvolvimento regional. Entretanto, há necessidade de resultados concretos que demonstrem a viabilidade dos sistemas agroflorestais sob diversos aspectos. Arco-Verde 1 Engenheiro agrônomo, M.Sc. em Economia Rural, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, Acre, claude@cpafac.embrapa.br 2 Engenheiro agrônomo, D.Sc. em Engenharia Florestal, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, Acre, tadario@cpafac.embrapa.br 3 Economista, analista da Embrapa Acre, Rio Branco, Acre, marcio@cpafac.embrapa.br

2 Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso (2008), avaliando a sustentabilidade biofísica e socioeconômica de sistemas agroflorestais na Amazônia Brasileira, afirma que é importante ampliar os estudos sobre aspectos financeiros como forma de aumentar a aceitabilidade dos sistemas agroflorestais (SAFs) pelos produtores e definir parâmetros que possam respaldar os diferentes modelos agroflorestais propostos. Planejamento do sistema Para caracterizar o sistema agroflorestal e identificar os coeficientes técnicos, utilizando o método de painel tecnológico, foram selecionados e reunidos produtores do Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca) e técnicos da Embrapa Acre com reconhecida experiência e conhecimento em sistemas agroflorestais multiestratificados comerciais. Foi realizado um levantamento dos trabalhos publicados sobre sistemas semelhantes, com a finalidade de subsidiar planilhas preliminares para apoio na reunião técnica, na qual foi caracterizado pelo grupo o sistema modal (mais utilizado pelos produtores) para áreas de fácil acesso e seus coeficientes técnicos de produção. O sistema apresentado para áreas de fácil acesso, caracterizado pela instalação em propriedade próxima às principais rodovias, à agroindústria e com acesso contínuo ao longo do ano, reúne cinco espécies: cupuaçu, café, banana, açaí e teca. A implantação de um módulo de 1 hectare deste consórcio agroflorestal comercial ocorre em área de capoeira com 3 anos ou mais, em terreno plano ou suave ondulado. As etapas para o preparo da área iniciam-se pela limpeza do terreno, destoca com trator, primeira catação de raízes, gradagem, segunda catação e posterior nivelamento com grade. Na seqüência, o piqueteamento é realizado para uma espécie escolhida como base para o sistema, neste caso o cupuaçu, no espaçamento 6 m x 8 m. Intercaladas entre cada planta de cupuaçu, na linha, são dispostas as bananeiras (6 m x 8 m). Ao centro das entrelinhas, a 8 m do cupuaçuzeiro, planta-se o café intercalado com açaí (espaçamento 4 m x 8 m), e a essência florestal, a teca, será plantada na linha do cupuaçuzeiro, substituindo uma bananeira a cada 18 metros. Nesta disposição (Fig. 1), as espécies terão os seguintes espaçamentos e número de plantas por hectare: cupuaçuzeiro (6 m x 8 m): 221 plantas/ha; cafeeiro (4 m x 8 m): 300 plantas/ha; teca (8 m x 18 m): 65 plantas/ha; bananeira (6 m x 8 m): 143 plantas/ha; e açaí-solteiro (4 m x 8 m): 288 plantas/ha. Por ocasião do piqueteamento, recomenda-se identificar as covas demarcadas para a primeira espécie, pois estas servirão de balizamento para as demais culturas e irão orientar o plantio. A adubação utilizada é constituída de esterco bovino curtido nas quantidades 10 L/cova para cupuaçu, 2 L/cova para café e 10 L/cova para banana e pode ser feita até 30 dias antes ou no momento do plantio, se o material estiver bem decomposto. Otimizando o preparo do solo na implantação do sistema com as demais culturas, realiza-se o plantio de milho nas entrelinhas e, em sucessão, após a colheita, o plantio de feijão. A finalidade principal, de acordo com os produtores, é a alimentação da família. Após a colheita das anuais planta-se uma espécie leguminosa na entrelinha, em geral a puerária, fazendo-se o manejo com facão ou roçadeira na área total três vezes por ano. As recomendações agronômicas básicas de manejo para os componentes envolvidos neste consórcio agroflorestal devem seguir as respectivas orientações para a cultura em questão, desde capinas, adubação, podas, desbastes, controle fitossanitário até a colheita. Coeficientes técnicos para implantação Na Tabela 1 constam os coeficientes técnicos para produção de 1 ha de SAFs com cupuaçu, café, banana, açaí e madeira (teca), conforme preconizado pela pesquisa e participantes da reunião técnica, realizada em maio de 2007. Indicadores de viabilidade Na determinação da rentabilidade do investimento foram utilizados como indicadores o valor presente líquido (VPL), a relação benefício-custo (RBC) e a remuneração da mão-de-obra familiar (RMOF). Com a finalidade de proceder à análise financeira, considerando um período de 18 anos, inicialmente foi realizado o fluxo de caixa para o sistema agroflorestal de uma área de 1 ha (Tabela 2). Os valores dos custos e receitas foram atualizados

Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso 3 com taxa de desconto de 6% ao ano, enquanto os preços dos fatores foram considerados os de mercado, válidos para março de 2008. Elaborado o fluxo de caixa, atualizadas as receitas e despesas totais com a taxa de desconto de 6% ao ano chegou-se aos indicadores de desempenho financeiro da atividade, conforme discriminado na Tabela 2. Na análise observa-se que os indicadores de rentabilidade avaliados apresentaram valores positivos, demonstrando a viabilidade financeira do sistema agroflorestal em áreas de fácil acesso. Valor presente líquido A viabilidade econômica do sistema agroflorestal pelo método VPL é calculada pela diferença entre as receitas e custos atualizados de acordo com a taxa de desconto de 10% ao ano. O VPL corresponde ao lucro líquido do empreendimento no período analisado, ou seja, o valor atual dos benefícios gerados pela atividade. No estudo, o VPL calculado foi de R$ 15.616,96. Portanto, a atividade apresenta viabilidade econômica (Tabela 3). Referências ALMEIDA, C. M. V. C. de; SOUZA, V. F.; LOCATELLI, M.; COS- TA, R. S. C.; VIEIRA, A. H.; RODRIGUES, A. N. A.; COSTA, J. N. M.; RAM, A.; SÁ, C. P. de; VENEZIANO, W.; MELLO JUNIOR, R. da S. Sistemas agroflorestais como alternativa auto-sustentável para o Estado de Rondônia. I - Histórico,aspectos agronômicos e perspectivas de mercado. Porto Velho: EMBRAPA-CPAF-Rondônia: PLANAFLORO: PNUD, 1995. 59 p. ARCO-VERDE, M. F. Sustentabilidade biofísica e socioeconômica de sistemas agroflorestais na Amazônia brasileira. 2008. 188 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba.. DIAS-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e estratégias de recuperação. 2. ed. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. 173 p. MONTAGNINI, F. Sistemas agroforestales: principios y aplicaciones en los trópicos. 2. ed. rev. y aum. San José, Costa Rica: Organización para Estúdios Tropicales, 1992. 622 p. 622 p. OLIVEIRA, T. K. de; FURTADO, S. C.; MACEDO, R. L. G.; AMA- RAL, E. F. do; FRANKE, I. L. Manejo da fertilidade do solo em sistemas agroflorestais. In: WADT, P. G. S. (Ed.). Manejo do solo e recomendação de adubação para o estado do Acre. Rio Branco, AC: Embrapa Acre, 2005. p. 375-412. Relação benefício-custo Na análise deste indicador, verificou-se que quando os cálculos foram efetivados a uma taxa de desconto de 6% ao ano, produziram o valor da RBC de 1,34. Isso indica que para cada R$ 1,00 de custo absorvido pelo modelo, retorna R$ 1,34 como benefício (Tabela 3). Remuneração da mão-de-obra familiar A RMOF foi estimada pela divisão da renda do trabalho familiar (RTF) pelo número de homem dia (diárias) de mão-de-obra familiar (HDF) utilizados na exploração. Este indicador representa o valor máximo da diária que a atividade pode pagar pelo trabalho familiar. Na análise, o valor calculado foi de R$ 43,00. Portanto, maior que o custo de oportunidade da mão-de-obra trabalhada na região, que é de aproximadamente R$ 23,00 (Tabela 3). Agradecimentos Os autores agradecem aos agrossilvicultores, produtores do Reca, Semildo Koefer, Selvino Sordi, Esmeraldo A. Pedroso de Oliveira, Manoel Pereira da Silva, Everaldo Berger e Engelberto Berkembrock, por participarem da reunião técnica para definição de modelos e levantamento de coeficientes técnicos de sistemas agroflorestais.

4 Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso Tabela 1. Coeficientes técnicos para implantação e condução de 1 hectare de sistema agroflorestal para áreas de fácil acesso, com os componentes: cupuaçu, café, banana, açaí e teca. Discriminação un. Custo da terra (4% do valor da terra) Anos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 a 17 18 ha 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Mecanização da área verba 1 - - - - - - - - - - - - Aquisição de enxada un. 1 - - - - - - - - - - - - Aquisição de enxadão un. 1 - - - - - - - - - - - - Balizamento e marcação das covas com enxadão hd 3 - - - - - - - - - - - - Plantio de milho hd 2 - - - - - - - - - - - - Semente de milho kg 10 - - - - - - - - - - - - Capina ou roço da área e poda hd 10 33 33 33 10 10 9 9 9 9 9 9 9 Aquisição de mudas (cupuaçu) sc 243 - - - - - - - - - - - - Aquisição de mudas (café) un. 330 - - - - - - - - - - - - Aquisição de mudas (banana) un. 157 - - - - - - - - - - - - Aquisição de mudas (açaí) un. 317 - - - - - - - - - - - - Aquisição de mudas (teca) un. 72 - - - - - - - - - - - - Plantadeira un. 1 - - - - - - - - - - - - Transporte interno das mudas hd 8 - - - - - - - - - - - - Coveamento, adubação e plantio hd 13 - - - - - - - - - - - - Esterco curtido t 5 - - - - - - - - - - - - Boca-de-lobo un. 1 - - - - - - - - - - - - Lima chata un. 1 - - - - - - - - - - - - Colheita do milho (quebrar e juntar) hd - 2 - - - - - - - - - - - Continua...

Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso 5 Tabela 1. Continuação. Trilhar milho (10% da produção) verba - 1 - - - - - - - - - - - Receita do milho sc - 10 - - - - - - - - - - - Podão de silvicultura un. - 1 - - - - - - - - - - - Aquisição de semente de feijão kg - 10 - - - - - - - - - - - Frete da produção (15% do valor da produção) verba - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Plantio do feijão hd - 2 - - - - - - - - - - - Colher e bater (feijão) hd - 5 - - - - - - - - - - - Receita do feijão sc - 4 - - - - - - - - - - - Juntar restos de cultura hd - 22 22 22 22 22 22 22 22 22 22 16 16 Adubação de manutenção hd - 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 Plantio de leguminosa hd - 2 - - - - - - - - - - - Semente de leguminosa kg - 0,5 - - - - - - - - - - - Balaio para colher banana un. - 1 - - - - - - - - - - - Colheita de café lata - - 28 213 255 213 255 255 255 142 142 - - Produção de café verde kg - - 306 2.295 2.754 2.295 2.754 2.754 2.754 1.530 1.530 - - Sacaria (lavouras) un. - 14 7 53 64 53 64 64 64 35 35 - - Peneira un. - - 1 - - 1 - - 1 - - - - Pano para derriça (café) sc - - 6 - - 12 - - 12 - - - - Colheita e transporte da banana hd - - 1,46 2,9 1,46 - - - - - - - - Produção de banana cacho - - 122 243 122 - - - - - - - - Gasolina L - - - - 21 21 21 21 21 21 21 21 21 Continua...

6 Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso Tabela 1. Continuação. Óleo 2 tempos L - - - - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Controle da broca (enterrar frutos) hd - - - - 12 12 12 12 12 12 12 12 12 Produção anual de cupuaçu kg - - - - 2.405 4.208 4.208 4.208 4.208 4.208 4.208 3.607 3.607 Sementes de cupuaçu (oriundas de frutos estragados) kg - - - - 198 595 595 595 595 595 595 793 793 Colheita de cupuaçu hd - - - - 24 24 24 24 24 24 24 24 24 Produção de açaí lata - - - - - - 245 490 490 490 490 490 490 Colheita de açaí (40% da produção) verba - - - - - - 1 1 1 1 1 1 1 Produção de estacas teca m 3 - - - - - - - - - - - - 31 Produção para serraria teca m 3 - - - - - - - - - - - - 14 Produção para construção civil teca m 3 - - - - - - - - - - - - 38 MO (exploração da madeira) hd - - - - - - - - - - - - 6 Onde: ha = hectare, verba = R$, un. = unidade, hd = homem dia, sc = saco, t = tonelada, kg = quilograma, L= litro, m 3 = metro cúbico.

Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso 7 Tabela 2. Fluxo de caixa, em R$ 1,00, para sistema agroflorestal com cupuaçu, café, banana, açaí e teca. Ano Receita Despesa RCT at DES at FLX at 0 0,00 4.293,10 0,00 4.293,10 (4.293,10) 1 421,20 2.017,18 397,36 1.903,01 (1.505,65) 2 568,65 1.562,81 506,10 1.390,90 (884,80) 3 2.137,75 2.173,68 1.794,85 1.825,02 (30,17) 4 3.071,97 2.687,25 2.324,72 2.148,87 175,85 5 3.302,40 2.642,70 2.467,75 1.974,79 492,97 6 6.056,40 4.076,17 4.269,52 2.873,54 1.395,98 7 8.504,40 5.422,57 5.655,94 3.606,34 2.049,60 8 8.504,40 5.422,57 5.335,75 3.402,18 1.933,57 9 7.688,40 5.093,34 4.550,77 3.014,75 1.536,02 10 7.688,40 5.093,34 4.293,13 2.844,07 1.449,06 11 6.457,71 4.557,93 3.401,86 2.401,07 1.000,78 12 6.457,71 4.557,93 3.209,28 2.265,15 994,13 13 6.457,71 4.557,93 3.027,63 2.136,94 890,69 14 6.457,71 4.557,93 2.803,61 2.015,,98 787,63 15 6.457,71 4.557,93 2.644,91 1.901,87 743,05 16 6.457,71 4.557,93 2.495,20 1.794,21 700,99 17 6.457,71 4.557,93 2.353,96 1.692,65 661,31 18 28.787,04 7.182,18 10.085,25 2.516,21 7.569,05 Total 121.934,99 79.572,43 61.617,59 46.000,59 15.616,96 Onde: RCT at = receita atualizada, DES at = despesa atualizada, FLX at = fluxo atualizado. Tabela 3. Indicadores de viabilidade financeira do modelo de sistema agroflorestal desenvolvido em parceria com produtores do Projeto Reca, Rondônia, 2008. Indicadores financeiros Unidade Valor obtido Valor presente líquido R$ 15.616,96 Relação benefício-custo - 1,34 Remuneração da mão-de-obra familiar R$/diária 43,00

8 Caracterização e Análise da Rentabilidade Financeira de um Consórcio Agroflorestal para Áreas de Fácil Acesso Fig. 1. Representação esquemática de consórcio agroflorestal composto por cupuaçu, banana, açaí, teca e café. Comunicado Técnico, 166 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Acre Endereço: Rodovia BR 364, km 14, sentido Rio Branco/Porto Velho, Caixa Postal 321, Rio Branco, AC, CEP 69908-970 Fone: (68) 3212-3200 Fax: (68) 3212-3284 http://www.cpafac.embrapa.br sac@cpafac.embrapa.br 1 a edição 1 a impressão (2008): 200 exemplares Comitê de publicações Expediente Presidente: Paulo Guilherme Salvador Wadt Secretário-Executivo: Suely Moreira de Melo Membros: Aureny Maria Pereira Lunz, Carlos Mauricio S. de Andrade, Elias Melo de Miranda, Giselle Mariano Lessa de Assis, José Marques Carneiro Júnior, Luciano Arruda Ribas, Patrícia Maria Drumond, Rivadalve Coelho Gonçalves, Virgínia de Souza Álvares Supervisão editorial: Claudia C. Sena/Suely M. Melo Revisão de texto: Claudia C. Sena/Suely M. Melo Tratamento das ilustrações: Maria Goreti B. Santos Editoração eletrônica: Maria Goreti B. Santos CGPE 7697