DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA SILÁBICA POR GÊMEOS DIZIGÓTICOS: ESTUDO DE CASO

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Transcrição:

Página 195 de 511 DESENOLIMENTO DA ESTRUTURA SILÁBICA POR GÊMEOS DIZIGÓTICOS: ESTUDO DE CASO anessa Cordeiro de Souza Mattos (PPGLIN/GEDEF/UESB) Maria de Fátima de Almeida Baia (PPGLIN/GEDEF/UESB) RESUMO Neste estudo piloto, analisamos o desenvolvimento da estrutura silábica de duas crianças gêmeas dizigóticas (M G & B G), de 1 a 2 anos, adquirindo a variedade do português brasileiro de itória da Conquista-BA. Após análise dos dados, observamos discrepância no número de tokens produzidos ao longo das 12 sessões. Além disso, observamos desencontro em relação ao tipo de estrutura silábica inicial e à sílaba mais complexa adquirida. PALARAS-CHAE: sílaba; gêmeos dizigóticos; desenvolvimento fonológico. INTRODUÇÃO São poucos os estudos sobre o desenvolvimento fonológico de crianças gêmeas e observamos falta consenso a respeito do trajeto articulatório e fônico das crianças gêmeas. Em geral, são reportados na literatura possíveis atrasos no desenvolvimento linguístico de crianças gêmeas devido ao fato de uma criança do par ter menos fala dirigida para ela e não são excluídos fatores biológicos (SMITH, 2011). Além disso, são observadas certas tendências como: a) tendem a completar a sentença um do outro; b) usam menos o seu nome próprio que as demais crianças; c) uso de idioglossia/criptofasia sistema linguístico único criado e usado entre gêmeos; d) uso de linguagem simplificada; e) ocorrência de erros sistemáticos que não acontecem na fala de crianças não gêmeas. Todavia, estão ausentes na literatura,

Página 196 de 511 estudos que façam uma comparação do percurso do desenvolvimento em relação à estrutura silábica. MATERIAL E MÉTODOS Os dados pertencem ao banco de dados do GEDEF (Grupo de Estudos de Desenvolvimento Fonológico 14 ). Todos os dados têm sido transcritos auditivamente pelo grupo de estudos com o uso do alfabeto fonético internacional (IPA), de acordo com o sistema CHAT (CHILDES) de transcrição (MACWHINNEY, 2000) e contam com a verificação e julgamento de um foneticista. Havendo 90% de concordância entre os dois transcritores, os dados foram corretamente transcritos. A respeito dos 10% discordantes, após discussão, os transcritores devem chegar a um acordo sobre a produção. Para este estudo, são analisados de M G & B G 15, sexo feminino, gêmeas dizigóticas 16, de 1 a 2 anos. As duas crianças nasceram e adquirem a variedade baiana de itória da Conquista, cidade localizada no sudoeste do estado. Os dados coletados e analisados são naturalísticos, isto é, oriundos de estudo longitudinal com sessões mensais com duração de cerca de trinta minutos cada. Foram feitas duas categorizações quanto aos dados, entre o que é balbucio e palavra, seguindo os critérios de ihman & McCune (1994). O candidato à palavra que suscitou dúvidas quanto à sua categorização teve que apresentar aspectos fônicos próximos ao do alvo e/ou pistas de contexto específico de uso para não ser descartado de início. Após a identificação daqueles que suscitavam dúvidas, os seguintes critérios foram seguidos: a) Critérios baseados no contexto; b) Critérios baseados no modelo de vocalização; c) Critérios baseados em outras vocalizações. A correspondência fonética, segundo os autores, não seria 14 Coleta de dados aprovada pelo comitê de ética do projeto maior Padrões emergentes no desenvolvimento fonológico típico e atípico (CAAE 30366814.1.0000.0055) coordenado pela Profa. Dra. Maria de Fátima Almeida Baia 15 G= gêmeas. 16 Segundo Beiguelman (2008), gêmeos dizigóticos ou bivitelinos são oriundos de dois zigotos, ou seja, são gerados em óvulos diferentes, apresentando pouca semelhança genética.

Página 197 de 511 cópia idêntica dos segmentos do alvo. 17 ogais que ocupam lugares vizinhos no quadro do IPA, por exemplo [a] sendo produzido como [əә] em casa, não são tratadas como diferentes seguindo os critérios propostos. O critério de correspondência também é obedecido quando consoantes são produzidas com aspiração quando o alvo não o é, e sibilantes produzidas com troca de ponto de articulação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os estudos de aquisição de estrutura silábica do português brasileiro (PB), na fala típica e de crianças não gêmeas, apontam o seguinte percurso de desenvolvimento silábico:, > C> > > C > CC 18 (SANTOS, 1998; 2008). Após análise das 12 sessões mensais do desenvolvimento fonológico de M G & B G, do total de 461 tokens de M G e 1241 tokens de B G, o seguinte quadro foi levantado: B 1;0 1;1 1;2 1;3 1;4 1;5 1;6 1;7 1;8 1;9 1;10 1;11 2;0 M Quadro 1: Estruturas silábicas no desenvolvimento fonológico das gêmeas B G & M G. -- 20 C 19 C C Em síntese, o percurso do desenvolvimento da estrutura silábica das duas crianças foi: B G:, > > > ()C M G: >, > 17 Embora façam uso da palavra exata em Correspondência Segmental Exata nos critérios do item b, ihman & McCune (1994) explicam não haver necessidade de cópia idêntica para verificação da correspondência fonética. 18 C: consoante/ : vogal. 19 Sílaba que não ocorre na fala de M. 20 Não houve produção de palavras de M. nesta sessão.

Página 198 de 511 Embora haja uma diferença grande no número de tokens produzidos pelas duas crianças, elas apresentaram um percurso silábico parecido. Todavia, M G apresentou um certo atraso por começar com produções só com vogal e não apresentar, diferentemente de B G, a estrutura silábica com coda. Dessa maneira, não podemos afirmar que o percurso fônico das duas crianças foi idêntico. O quadro a seguir exemplifica cada tipo de estrutura silábica presente no desenvolvimento das duas crianças: Estrutura silábica BG / sessão MG/ sessão [ɛ] é/ 1;2 [ɔ] olha/ 1;4 [ka.ˈu] cachorro/ 1;5 [ɛ] é/ 1;7 [na] não / 1;0 [pɛ] pé/ 1;2 [pɛ] pé/ 1;2 [da] dá/ 1;2 [a.ˈãʊ] avião / 1;4 [aʊ aʊ] au-au/ 1;7 [mi.ˈaʊ] miau/ 1;2 [aʊ] au-au/ 1;7 [pa.ˈpaɪ] papai/ 1;7 [mãɪ] mãe/ 1;10 [kuɪ.ˈda] cuidado/ 1;7 ()C [te:ɪs] três/ 1;10 [pa.ˈpaɪ] papai/ 2;0 [vɔɪs] vez/ 2;0 Quadro 2: exemplos de produções das gêmeas B G & M G. O próximo passo da continuação desde estudo é quantificar as produções silábicas e analisar o papel do léxico alvo no desenvolvimento da estrutura silábica. CONCLUSÃO Os resultados deste estudo piloto apresentam desencontros no desenvolvimento de duas crianças gêmeas dizigóticas, primeiro em relação ao número de tokens produzidos e, em segundo, em relação ao percurso do desenvolvimento da estrutura silábica. O estudo prossegue com quantificação, com o levantamento dos types e com a investigação acerca das variáveis linguísticas e extralinguísticas que

Página 199 de 511 podem influenciar a discrepância no desenvolvimento das duas crianças. REFERÊNCIAS BEIGUELMAN, B. O estudo de gêmeos. Ribeirão Preto: SBG, 2008. MACWHINNEY, B. The CHILDES project: tools for analyzing talk. olume 1: transcriptions and programs. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 2000. SANTOS, R.S. A aquisição da estrutura silábica. Letras de Hoje, v. 33, n.2, 1998. SANTOS, R.S. Adquirindo a fonologia de uma língua: produção, percepção e representação fonológica. Alfa, v. 52, n. 2, 2008. SMITH, C.E. ariation and similarity in the phonological development of French dizygotic twins: phonological bootstrapping towards segmental learning? York papers in Linguistics, 74-87, 2011. IHMAN M. M. & MCCUNE, L. When is a word a word? Journal of Child Language. Child Lang, 21. Cambridge, 1994. p.517 542.