INFLUÊNCIA DA QUALIDADE E DA QUANTIDADE DA LUZ NA GERMINAÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS Ana Carolina Caixeta Dias¹; Ubaldo Martins das Neves² Nome da Aluna¹; Nome do Orientador² ¹Aluna do curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail: engfcaroldias@hotmail.com PIVIC/UFT ²Orientador(a) do curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail: neves@mail.uft.edu.br RESUMO Como o cerrado passou por profundas modificações, são necessárias espécies florestais para que possam recuperar áreas degradadas. Com este intuito, foi elaborado este projeto para verificar em qual comprimento de onda apresenta uma germinação mais rápida. As sementes foram submetidas a 3 tratamentos, sendo eles incidência de luz vermelha, luz branca (natural) e escuro (ausência de luz). Cada tratamento foi colocada em caixa plástica com tampa para evitar alterações de incidência, temperatura constante de 25ºC ± 2º C e umedecidas 2 vezes ao dia. A obtenção dos dados foi obtida com análises feitas diariamente, sempre a noite para que não houvesse interferência da luz. O comprimento de onda do vermelho, foi o que obteve um melhor resultado, com mais de 70% de germinação em Myracrodruon urundeuva, e nas luzes branco e escuro obtiveram resultados parecidos com quase 65% de germinação, sendo então consideradas como fotoblástica neutra. A espécie Acacia polyphylla não houve resultados. Palavras chave: Germinação; fotoblástica; comprimento de onda. INTRODUÇÃO O comportamento germinativo das sementes depende de uma série de fatores, sendo fatores abióticos e bióticos. Alguns autores citam que tanto a luz natural quanto a artificial não apresenta efeito significativo sobre a germinação de algumas espécies. (Segundo GONÇALVES, 2006, citado por FILHO E BORGES 1992; NEGREIROS et al. 1995.). A temperatura e a luz são dois importantes fatores ambientais que controlam a germinação das sementes (Segundo SILVA, 2007, citado por TOOLE, 1973). A temperatura influencia a germinação por agir sobre a velocidade de absorção de água e
sobre as reações bioquímicas que determinam todo o processo germinativo (Segundo SILVA, 2007, citado por CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). Adicionalmente, a umidade do solo é outro importante fator, controlando o início da germinação, uma vez que as sementes precisam ser embebidas em água para germinar (Segundo SILVA 2007, citado por BASKIN; BASKIN, 1988). Para a adequada condução do teste de germinação de sementes em laboratório, são recomendadas condições controladas desses três fatores (Segundo SILVA, 2007,citado por BRASIL, 1992; FIGLIOLIA et al., 1993). É através de um sistema fotossensorial que se confere ao organismo vegetal a capacidade de reagir com uma resposta às alterações das condições de luminosidade local. A luz é necessária para a germinação de sementes de algumas espécies. Com base na sensibilidade ao estímulo luminoso, as sementes são classificadas em três categorias: fotoblásticas positivas, negativas e neutras. Sementes fotoblásticas positivas possuem a germinação promovida pela luz branca, não germinando no escuro (BETEMPS, 2008). Na maioria das sementes, a maior taxa germinativa ocorre na região vermelha, seguido por uma zona de inibição na região do vermelho extremo. O comprimento de onda de 290nm inibe a germinação, que também pode ocorrer na região azul. A luz branca, devido a sua composição espectral e características de absorção do fitocromo, têm efeito semelhante ao da luz vermelha (Segundo GONÇALVES, 2006, citado por PIÑA- RODRIGUES, 1988). O bioma cerrado um tipo de vegetação que compõe a fitogeografia brasileira. Esta vegetação é denominada de tropófilas, possuem o mecanismo de perder as folhas no período de estiagem (caducifólias) e raízes profundas em geral, de pequeno porte com galhos retorcidos e folhas grossas. Seus solos são pobres e muito ácidos. Escolhemos para nosso estudo as seguintes espécies arbóreas: Myracrodruon urundeuva (aroeira-do-cerrado, aroeira-do-sertão, dentre outros) e a Acacia polyphylla DC, também conhecida como monjoleiro. Myracrodruon pertence a família Anacardiaceae, com ocorrência em solos de ph e teor de cálcio altos. O porte varia conforme a região de sua ocorrência e pode atingir até 30 m de altura (Segundo NUNES, 2008, citado por LORENZI, 1992; ANDRADE et al., 2000; RIZZINI, 1971). Sua floração ocorre de julho a setembro, e a maturação de setembro a outubro, período ainda propício a quedas
de temperaturas, principalmente decorrentes de frentes frias que alcançam o cerrado (DORNELES, 2008). A espécie é caducifólia, semente única, globosa, desprovida de endosperma, e tegumento membranáceo. Acacia polyphylla, (Monjoleiro) é uma espécie da família Fabaceae, arbórea com porte de 15 a 20 metros, com ocorrência da região amazônica até o Paraná. Nas formações secundárias, sua ocorrência é expressiva em todos os estados. Sua madeira é apropriada para marcenaria, torno e obras internas, a casca serve para curtir o couro, espécie rústica e recomendada para recuperar áreas de preservação permanente. Este trabalho foi proposto para avaliar as influências dos efeitos de diferentes tipos e quantidades de luz na germinação de sementes das espécies arbóreas acima citadas. Nossa intenção é encontrar condições ótimas de iluminação para acelerar a taxa de germinação das sementes dessas espécies. MATERIAL E MÉTODOS Em testes realizados em laboratórios, a luz pode ser oriunda de fontes naturais e artificiais, com intensidade distribuída uniformemente para que a germinação não afete a temperatura prescrita e não comprometa o resultado da germinação. Para a realização deste, foram adquiridas 2 tipos de sementes, sendo monjoleiro a partir da empresa IEF (Instituto Estadual de Florestas) localizada em Patos de Minas-MG, e de aroeira coletada na área do campus da UFT-Gurupi no estado do Tocantins. As sementes passaram por uma seleção manual observando injurias, aparência e tamanho, posterior armazenadas em laboratório até o dia do início do experimento. O experimento foi realizado durante 5 dias, com 3 tratamentos e 3 repetições cada, com cada tratamento contendo 36 sementes. Os tratamentos se diferiram nas qualidades de luz: a luz branca deve ser provida por um LED ( Light Emitting Diode ) a luz vermelha também com luz LED que emite luz com comprimento de onda de 625 nm e por fim o comprimento de onda de 0 nm (escuro). O controle da intensidade da luz foram realizados através de filtros de luz. As sementes foram colocadas em recipientes do tipo caixa plásticas com tampa translúcida esterilizadas com dimensões de 41x27x8cm com tampa transparente para a
luz clara e tampa coberta com papel cartão preto para as luzes vermelho e escuro. As caixas foram forradas com duas folhas de papel filtro e umedecidas diariamente. Foram colocadas em uma sala com temperatura fixada em 25ºC ± 2º C. Para a construção de gráficos, foram feitos diariamente observação da quantidade de sementes que germinaram e anotada em uma tabela. RESULTADO E DISCURSÃO A resposta das sementes à luz é um dos fatores que controla o tempo de germinação e pode ser observada mais comumente em espécies de sementes pequenas. Os dados foram coletados a noite, para que não houvesse interferência de luz no tratamento da luz vermelha e do escuro. Gráfico 1: Quantidade de sementes de Myracrodruon urundeuva germinadas em 5 dias para os 3 tratamentos. Ao analisar o gráfico de sementes de Myracrodruon urundeuva, é importante ressaltar que em todos os tratamentos, um dia após o plantio já teve a germinação de sementes, sendo que a luz vermelha teve 15 sementes, seguidos de 26 e a partir da germinação de 27 sementes, o resultado manteve constante. A luz clara inicialmente 4 sementes germinadas, no dia seguinte 15 sementes germinadas, seguida 20 sementes e no último dia 21 sementes germinadas. E por fim, no comprimento de onde de 0nm. escuro a taxa
de germinação foi a que apresentou menor índice de germinação, sendo iniciada também no dia após o plantio com 4 sementes germinadas, seguido de 12, e mantendo constante quando a taxa germinativa foi de 19 sementes. O resultado foi satisfatória, com germinação de mais de 70% no tratamento com a luz vermelha e de quase 65% nos tratamento com luz branca e escuro. Um dado importante a ser analisado neste gráfico, se da ao fato de que a germinação dos tratamentos claro e escuro, tiveram resultados bem próximos, demonstrando que a semente possui efeito fotoblástico neutro. Ao se ajustar as curvas de germinação dos 3 tratamentos com o modelo logístico, vemos que os resultados foram bem satisfatórios, pois dos vários pontos da curva, apenas em 3 pontos eles estão distintos a curva, porém, estão bem próximos, sendo que 2 estão pouco abaixo a curva e o ponto central entre eles esta a cima. A semente de Myracrodruon urundeuva apresentou resultados melhores no comprimento de onda de 650nm (vermelho) e os resultados do comprimento de onda variável (branco) e de 0 nm (escuro) também apresentaram bons resultados, mesmo que inferior. Assim, pode se dizer que esta espécie é fotoblástica neutra. LITERATURA CITADA BETEMPS, D. L. et al. Filtros de Luz na Germinação e Desenvolvimento de Plântulas de Araçazeiro. XVIII CIC, X ENPOS. Pelotas - RS 2008. DORNELES, M. C.; RANAL, M. A.;SANTANA, D. G. Germinação de diásporos recémcolhidos de Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) ocorrente no cerrado do Brasil Central. Brazilian Journal of Botany, v. 28, p. 399-408, 2005. ISSN 0100-8404.Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s010084042005000200018&nrm=iso >. GONÇALVES. G.F. et al. Efeito da Luz na Germinação de Sementes de Guatteria gomeziana (unonopsis lindmanii r. E. Fr.); Revista Cientifica Eletrônica de Engenharia Florestal. FAEP; ano IV, n. 08, 2006. NUNES, Y. R. F. et al. Aspectos ecológicos da aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão- Anacardiaceae): fenologia e germinação de sementes. Revista Arvore, v. 32, p. 233-243, 2008. ISSN0100-6762. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0100-6762 20080002 00006&script=sci_arttext>. SILVA, A. D.; FIGLIOLIA, M. B.; AGUIAR, I. B. Germinação de Sementes de Acacia
polyphylla DC. (Monjoleiro) e de Aspidosperma ramiflorum Müll. Arg. (Guatambu). Floresta, Curitiba - PR, v. 37, n. 3, p. 353-361, 2007.