AGRICULTURA BRASILEIRA:EXPANSÃO DA FROTEIRA AGRÍCOLA, CONFLITOS FUNDIÁRIOS E O NOVO RURAL. MÓDULO 14 GEOGRAFIA I
FRONTEIRA AGRÍCOLA é uma expressão utilizada para designar as áreas de avanços da ocupação de terras para a realização de práticas agropecuárias. No caso do território brasileiro, ela existe desde os tempos coloniais, quando se iniciou o avanço territorial sobre a faixa da Mata Atlântica para a implantação de práticas monocultoras.
EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA BRASILEIRA Ao longo da história brasileira, a fronteira agrícola já passou por diversos estágios. Depois da ocupação da Mata Atlântica, ela disseminou-se no Sul do país e, mais recentemente, ocupou toda a região correspondente ao Cerrado brasileiro. Atualmente, ela encontra-se em ampla expansão em direção à Floresta Amazônica. A instrumentalização dos avanços da agricultura sobre os espaços rurais acontece, predominantemente, pela expansão do agronegócio, além da exploração das madeiras retiradas das áreas florestais devastadas. Essa zona, em geral, costuma marcar o conflito pela posse da terra, geralmente envolvendo posseiros(trabalhadores rurais que ocupam terras públicas em busca de alimento) e grileiros (pessoas que falsificam documentos e tomam posse de áreas públicas para a realização de práticas agrícolas ou pecuárias).
REFORMA AGRÁRIA A reforma agrária tem por objetivo proporcionar a redistribuição das propriedades rurais, ou seja, efetuar a distribuição da terra para a realização de sua função social. Esse processo é realizado pelo Estado, que compra ou desapropria terras de grandes latifundiários (proprietários de grandes extensões de terra, cuja maior parte aproveitável não é utilizada) e distribui lotes de terras para famílias camponesas. Conforme o Estatuto da Terra, criado em 1964, o Estado tem a obrigação de garantir o direito ao acesso à terra para quem nela vive e trabalha. No entanto, esse estatuto não é posto em prática, visto que várias famílias camponesas são expulsas do campo, tendo suas propriedades adquiridas por grandes latifundiários.
No Brasil, historicamente há uma distribuição desigual de terras. Esse problema teve início em 1530, com a criação das capitanias hereditárias e do sistema de sesmarias (distribuição de terra pela Coroa portuguesa a quem tivesse condições de produzir, tendo que pagar para a Coroa um sexto da produção). Essa política de aquisição da terra formou vários latifúndios. Em 1822, com a independência do Brasil, a demarcação de imóveis rurais ocorreu através da lei do mais forte, resultando em grande violência e concentração de terras para poucos proprietários, sendo esse problema prolongado até os dias atuais.
DIFICULDADES EM REALIZAR A REFORMA AGRÁRIA A realização da reforma agrária no Brasil é lenta e enfrenta várias barreiras, entre elas podemos destacar a resistência dos grandes proprietários rurais (latifundiários), dificuldades jurídicas, além do elevado custo de manutenção das famílias assentadas, pois essas famílias que recebem lotes de terras da reforma agrária necessitam de financiamentos com juros baixos para a compra de adubos, sementes e máquinas, os assentamentos necessitam de infraestrutura, entre outros aspectos. Porém, é de extrema importância a realização da reforma agrária no país, proporcionando terra para a população trabalhar, aumentando a produção agrícola, redução das desigualdades sociais, democratização da estrutura fundiária, etc.
MST MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) exerce grande pressão para a distribuição de terras, sendo a ocupação de propriedades consideradas improdutivas sua principal manifestação. Conforme Bernardo M. Fernandes em seu livro A formação do MST no Brasil (2000), o MST nasceu da ocupação da terra e tem nesta ação seu instrumento de luta contra a concentração fundiária e o próprio Estado. Segundo este autor, pelo fato da não realização da reforma agrária, por meio das ocupações, os sem terra intensificam a luta, impondo ao governo a realização de uma política de assentamentos rurais.
MASSACRE DE CORUMBIARA Após determinação da Justiça para que a PM destinasse maior contingente para cumprimento do mandado judicial, 194 policiais militares, de vários municípios de estado, foram escalados para a operação de reintegração de posse na Fazenda Santa Elina. No dia 8 de agosto, em um campo de futebol próximo ao assentamento, a PM montou uma base. Durante a madrugada do dia 9 de agosto, a propriedade foi invadida por policiais. As investigações apontaram que pistoleiros contratados por fazendeiros também participaram da operação. O assentamento contava com cerca de 2.300 pessoas. No embate 11 pessoas morreram oito assentados, dois policiais militares e um homem não identificado, que ficou conhecido como H05. O corpo de outro sem-terra foi encontrado dias depois boiando no Rio Tanaru, próximo a Santa Elina. Além das 12 mortes, a operação contabilizou 64 feridos (53 assentados e 11 policiais). Além disso, 355 pessoas foram detidas por resistência.
MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS O Massacre de Eldorado dos Carajás foi a morte de dezenove sem-terra que ocorreu em 17 de Abril de 1996 no município de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, decorrente da ação da polícia do estado do Pará. Dezenove sem-terra foram mortos pela Polícia Militar do Estado do Pará. O confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a rodovia BR-155, que liga a capital do estado Belém ao sul do estado.
PONTAL DO PARANAPANEMA O Pontal do Paranapanema é uma região com 18844,60 km², que compreende 32 municípios do estado de São Paulo. No estado de São Paulo há três áreas muito carentes, uma das quais é o Pontal do Paranapanema, onde têm havido muitos conflitos sociais relativos à concentração de terras, envolvendo disputas entre movimentos populares, como por exemplo o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), e os latifundiários. Os participantes do MST lutam pela reforma agrária reivindicando a utilização das terras em desuso e terras de especulação para a realização da reforma.
NOVO RURAL BRASILEIRO
NOVO RURAL Desde a década de 1970, as mudanças na estrutura de produção rural no Brasil se tornaram intensamente impactantes para o mercado de trabalho no campo e, em especial, para a agricultura familiar. Nas áreas em que os complexos agroindustriais estabelecem plenamente, a redução na necessidade de força de trabalho foi acompanhada de rápida concentração. No entanto, ocorreu em conjunto um expressivo aumento da demanda de trabalhadores com maior qualificação.
Novos tipos de serviços surgiram, associados ou não às atividades agroindustriais. Novos trabalhos apareceram, abraçando as pessoas que precisavam desenvolver novas estratégicas de ocupação no campo.
PRONAF PROGRAMA NACIONAL DE APOIO A AGRICULTURA FAMILIAR Apoio financeiro a atividades agropecuárias ou não-agropecuárias, para implantação, ampliação ou modernização da estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e de serviços, no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais próximas, de acordo com projetos específicos. Destina-se a promover o aumento da produção e da produtividade e a redução dos custos de produção, visando à elevação da renda da família produtora rural. Esse programa é responsável por uma série de benefícios aos pequenos agricultores, inclusive diminuindo o êxodo rural, ampliando a renda, qualificando a mão de obra e dinamizando as economias locais.