5.2 Material e Métodos. 5.1 Introdução

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5. Os artrópodes auxiliares generalistas associados aos citrinos na ilha Terceira (Açores) 5. Os artrópodes auxiliares generalistas associados aos citrinos na ilha Terceira (Açores) Paulo A. V. Borges 1, Ana Margarida C. Santos 1, 2 & Enésima Mendonça 1 1 Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, CITA A, Terra Chã, 9700 851 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, Portugal;. E mail: pborges@mail.angra.uac.pt 2 Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, Centro de Biotecnologia, Secção de Protecção de Plantas, Terra Chã, 9700 851 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, Portugal; E mail: a.santos@imperial.ac.uk 5.1 Introdução A fauna de artrópodes dos Açores, que foi recentemente listada, é composta por cerca de 2.209 espécies e subespécies (Borges et al., 2005a). Uma fracção importante da fauna de artrópodes dos Açores é constituída por espécies de predadores, incluindo predadores generalistas (e.g. Araneae aranhas, Hemiptera Heteroptera, Neuroptera, Staphylinidae, Díptera Syphidae etc.) e parasitóides (Hymenoptera Parasitica). Os ecossistemas agrícolas são aqueles que mais poderão beneficiar da acção dos predadores generalistas, geralmente designados por auxiliares. No entanto, a densidade dos insectos fitófagos, muitos dos quais constituem pragas, só pode ser controlada pelos auxiliares quando não é muito elevada. Apesar do elevado número de pomares existentes na ilha Terceira (Açores), a superfície ocupada por culturas frutícolas é pequena comparativamente à área coberta por pastagens (as pastagens ocupam 44% da área total; Borges 1999a). No ano 2003, iniciou se o projecto INTERFRUTA (projecto de cooperação entre Açores, Madeira e Canárias), que contribuiu para o maior conhecimento dos artrópodes associados a quatro culturas frutícolas (bananeiras, citrinos, macieiras e pessegueiros) da ilha Terceira (ver Santos et al., 2005a, b). Neste trabalho apresenta se uma lista comentada e a distribuição das espécies de artrópodes auxiliares encontradas nos pomares de Citrinos. 5.2 Material e Métodos 5.2.1 Área de estudo Para a realização deste trabalho seleccionaram se 9 pomares de citrinos existentes em três zonas geográficas da ilha Terceira (Angra do Heroísmo, Biscoitos e São Sebastião) Quadro 1. Localização e características dos pomares estudados: Código código que identifica o pomar (*pomares onde foram colocadas as armadilhas Malaise) ; Zona Localidade onde se encontra o pomar; Cultura; Alt. (m) altitude em metros, medidos a partir do nível do mar; X e Y longitude e a latitude de cada pomar, em coordenadas UTM referidas ao Fuso 26. Código Zona Alt. (m) x y B4L Biscoitos 96 476168 4293409 B5L* Biscoitos 132 477658 4292980 B6L Biscoitos 72 478099 4293466 S4L* São Sebastião 142 492326 4280550 S5L Porto Judeu <100 - - S6L São Sebastião 72 492260 4278659 T4L Angra do Heroísmo 71 478174 4279460 T5L Vinha Brava 70 481211 4280867 T6L* São Bartolomeu 160 475916 4281457 5.2.2 Amostragem de Artrópodes Os artrópodes foram capturados através de três métodos de amostragem distintos: i) Recolha directa dos artrópodes presentes nas folhas, frutos e ramos das plantas estudadas; 69

Problemas Fitossanitários e Fauna Auxiliar dos Citrinos 70 ii) Técnica dos batimentos (Basset 1999; Ribeiro et al., 2005), direccionada a 10 plantas de cada pomar; iii) Armadilhas Malaise não atractivas (Townes 1972), colocadas durante uma semana em 3 dos locais de amostragem (Quadro 1). A recolha directa de indivíduos foi realizada esporadicamente durante os anos de 2003 e 2004. Os outros dois métodos de amostragem foram aplicados durante duas estações climáticas diferentes: Outono (Setembro / Outubro de 2003) e Primavera (Maio / Junho de 2004). No caso dos métodos i) e ii), todas as amostras obtidas foram sujeitas a um processo de pré triagem no laboratório, em que se separaram os artrópodes do material vegetal. Todas a amostras foram conservadas e etiquetadas em tubos com álcool a 70º glicerinado, de forma a serem posteriormente triadas. 5.2.3 Triagem e separação das espécies Para o processo da triagem das amostras foi utilizada a metodologia proposta por Oliver & Beattie (1996), tendo todos os exemplares dos grupos alvo sido separados em morfoespécies ou unidades reconhecidas como taxonomicamente independentes (RTUs = recognizable taxonomic units ). Numa primeira fase das triagens, dois parataxonomistas (A. M. C. Santos e A. C. Rodrigues) separaram os artrópodes em morfoespécies com recurso a uma colecção de referência. Posteriormente, as diferentes morfoespécies foram identificadas por P. A. V. Borges, com base numa colecção de referência já existente, e por outros taxonomistas especializados: J. Wunderlich e P. Cardoso (Araneae); J. Ribes (Hemiptera Heteroptera); R. Zur Strassen e C. Mateus (Thysanoptera). Assim, a base de dados final consistia em espécies identificadas pelos especialistas acima referidos e por morfoespécies ainda não identificadas. A eficácia e precisão deste método foram já demonstradas noutros estudos realizados nos Açores (Borges & Brown 2004; Borges et al., 2005b, 2006; Ribeiro et al., 2005; Santos et al., 2005a, b). De facto, este método tem demonstrado ser bastante útil, principalmente quando não há taxonomistas dos diferentes grupos disponíveis in situ. 5.2.4 Imagens e distribuição das espécies As imagens das espécies mais representativas foram obtidas a partir do sistema Auto Montage (SYNCROSCOPY, Synoptics Ltd.) com uma câmara digital ZVC KY F1030 acoplada a uma lupa Leica MZ16 APO. Os mapas de distribuição das espécies foram obtidos através da Base de Dados ATLANTIS (ver Borges 2005). 5.3 Resultados No total foram identificadas 48 espécies e morfoespécies diferentes de predadores auxiliares, 50% sendo escaravelhos (Insecta, Coleoptera) e 27% aranhas (Quadro 2). Das espécies às quais foi possível atribuir uma estratégia de colonização, destaca se que a maioria das espécies é introduzida (55%), ou seja, chegou aos Açores com a ajuda humana. Apenas 20% das espécies são nativas (chegaram aos Açores pelos seus meios), enquanto somente 4% são endémicas da Macaronésia (só existem nos arquipélagos dos Açores, e num ou mais dos seguintes arquipélagos: Cabo Verde, Canárias e Madeira) e 2% são endémicas dos Açores (só ocorrem no arquipélago dos Açores). Das espécies de auxiliares generalistas, pela sua abundância e distribuição ampla na ilha, destacam se nos pomares de citrinos:

Projectos: Interfruta I Interfruta II 5. Os artrópodes auxiliares generalistas associados aos citrinos na ilha Terceira (Açores) Quadro 2. Distribuição das espécies de artrópodes pelos 10 pomares estudados (ver Quadro I). GT Grupo trófico (de acordo com Borges et al., 2005a): Pred = Predadores; Pred CA = Predadores aranhas caçadoras activas; Pred CE = Predadores aranhas caçadoras com estratégia de espera; Pred CT = Predadores aranhas construtoras de teia; EC Estratégia de colonização (de acordo com Borges et al., 2005a): END = Endémico do arquipélago dos Açores; I = Introduzido; MAC = Endémico das ilhas Macaronésicas (arquipélagos dos Açores, Cabo Verde, Canárias e Madeira); N = Nativo. Técnica método utilizado para a captura de indivíduos: AM Armadilhas Malaise; RD Recolha directa, TB Técnica dos batimentos. Ordem, Família, Género/Espécie GT EC Locais Técnica ARANEAE Araneidae Mangora acalypha (Walckenaer, 1802) Pred - CT I T4L TB Clubionidae Clubiona decora Blackwall, 1859 Pred - CA MAC B4L, B5L, B6L, T4L, T5L, T6L TB Dictynidae Dictyna acoreensis (Wunderlich, 1992) Pred - CT END B4L, B5L, T4L, T5L, T6L TB Nigma puella (Simon, 1870) Pred - CT I B4L, B5L, B6L, S5L, S6L, TB Linyphiidae Entelecara schmitzi Kulczynski, 1905 Pred - CT N B5L, S4L, T4L, T5L, T6L TB Erigone dentipalpis (Wider, 1834) Pred - CT I T5L TB Tenuiphantes tenuis (Blackwall, 1852) Pred - CT I B4L, B5L TB Mimetidae Ero furcata (Villers, 1789) Pred - CA I T5L, T6L TB Salticidae Macaroeris diligens (Blackwall, 1867) Pred - CA MAC B4L, B5L, S5L, T5L, T6L TB Salticus mutabilis Lucas, 1846 Pred - CA I B6L, S6L, T6L TB Tetragnathidae Metellina merianae (Scopoli, 1763) Pred - CT I B4L, B5L, S4L, T4L, T5L, T6L TB Theridiidae Achaearanea acoreensis (Berland, 1932) Pred - CE I T4L, T6L TB Steatoda grossa (C.L. Koch, 1838) Pred - CE I B4L, B5L, S4L, S6L, T4L, T5L TB COLEOPTERA Coccinellidae Clitostethus arcuatus (Rossi, 1794) Pred I B4L, B5L, T5L, T6L AM, TB Rhyzobius lophanthae (Blaisdell, 1892) Pred I T6L AM Rodolia cardinalis (Mulsant, 1850) Pred I B5L, S4L, S5L, T5L, T6L TB Scymnus interruptus (Goeze, 1777) /Scymnus nubilis Mulsant, 1850 Pred N B5L, B6L, S4L, S6L, T4L, T5L, T6L AM, TB Corylophidae Sericoderus lateralis (Gyllenhal, 1827) Pred I B4L, B5L, B6L, S4L, S6L, T4L, T5L, T6L AM, TB Silvanidae Cryptamorpha desjardinsii (Guérin-Méneville, 1844) Pred I T4L, T6L AM, TB Staphylinidae Aleochara sp. Pred S4L AM Aloconota sulcifrons (Stephens, 1832) Pred N B5L AM Atheta atramentaria (Gyllenhal, 1810) Pred I S6L TB Atheta fungi (Gravenhorst, 1806) Pred I T6L AM, TB 71

Problemas Fitossanitários e Fauna Auxiliar dos Citrinos Ordem, Família, Género/Espécie GT EC Locais Técnica HEMIPTERA Anthocoridae Nabidae Reduviidae HYMENOPTERA Formicidae NEUROPTERA Chrysopidae THYSANOPTERA Aeolothripidae Atheta sp. 2 Pred B5L, S4L, T6L AM, TB Atheta sp. 3 Pred S4L AM Atheta sp. 4 Pred B5L, S4L AM Atheta sp. 5 Pred B5L AM, TB Atheta sp. 7 Pred S4L AM Cilea silphoides (Linnaeus, 1767) Pred I T6L AM Coproporus pulchellus (Erichson, 1839) Pred I S4L, S6L, T6L AM, TB Cordalia obscura (Gravenhorst, 1802) Pred I S4L AM Oligota parva Kraatz, 1862 Pred I B5L, T6L AM, TB Oxytelus sculptus Gravenhorst, 1806 Pred I T6L TB Phloeonomus sp. 4 Pred T6L AM Proteinus atomarius Erichson, 1840 Pred N B5L, T6L AM Rugilus orbiculatus orbiculatus (Paykull, 1789) Pred N T6L AM Xantholinus longiventris Heer, 1839 Pred I T5L AM, TB Anthocoris nemoralis (Fabricius, 1794) Pred N B5L, S5L, T6L AM, TB Buchananiella continua (White, 1880) Pred I B5L, S4L, S5L, T5L, T6L AM, TB Lyctocoris campestris (Fabricius, 1794) Pred I T5L TB Orius laevigatus laevigatus (Fieber, 1860) Pred N B4L, B5L, B6L, T6L AM, TB Nabis pseudoferus ibericus Remane, 1962 Pred N S4L, T6L AM Empicoris rubromaculatus (Blackburn, 1889) Pred I B5L, S4L, T5L, T6L AM, TB Lasius grandis Forel, 1909 Gen I B4L, B5L, B6L, S4L, S5L, S6L, T4L, T5L, T6L Chrysoperla lucasina (Lacroix, 1912) e /ou Chrysoperla agilis Henry, Brooks, Duelli & Johnson, 2003 Pred N B4L, B5L, S5L, T5L, T6L TB Aeolothrips gloriosus Bagnall, 1914 Pred N B5L TB AM, TB 72

Projectos: Interfruta I Interfruta II 5. Os artrópodes auxiliares generalistas associados aos citrinos na ilha Terceira (Açores) ARANHAS (Araneae) Clubiona decora Blackwall, 1859 (Fig. 79) Trata se de uma espécie endémica da Macaronésia, que ocorre apenas nos arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias. Vive nas copas das árvores, geralmente de espécies de folha caduca. Nos Açores, parece ser uma das poucas aranhas nativas que se adaptou bem aos novos habitats criados pelo Homem. Esta espécie é extremamente abundante, sendo assim um recurso natural e gratuito que deve ser mantido e protegido. 2.5mm Figura 80 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um macho da espécie de aranha Dictyna acoreensis Wunderlich, 1992. Nigma puella Simon, 1870 (Fig. 81) Trata se de uma espécie introduzida nos Açores ocorrendo em todas as ilhas do arquipélago com excepção da ilha do Corvo. Vive nas copas das árvores e arbustos. Trata se de uma espécie extremamente abundante mas apenas nas zonas costeiras (Fig. 3). 2mm Figura 79 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um macho da espécie de aranha Clubiona decora Blackwall, 1859. Dictyna acoreensis Wunderlich, 1992 (Fig. 80) Esta é uma espécie endémica dos Açores, que surge em várias ilhas do arquipélago (Flores, Faial, Pico, Graciosa, São Jorge e Terceira). Vive nas copas das árvores e arbustos. Nos Açores, parece ser uma das poucas aranhas endémicas que se adaptou bem aos novos habitats criados pelo Homem em baixa altitude. Trata se de uma espécie extremamente abundante nas zonas costeiras e de média altitude, sendo assim um recurso natural e gratuito que deve ser mantido e protegido. 1.5mm Figura 81 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de uma macho da espécie de aranha Nigma puella Simon, 1870. Entelecara schmitzi Kulczynski, 1905 (Fig. 82) Esta é uma aranha de pequenas dimensões, que vive nas copas das árvores, e que é considerada nativa dos Açores (é conhecida apenas das ilhas S. Maria, S. Miguel e Terceira). Nos Açores, parece ser uma das poucas aranhas nativas que se adaptou bem aos novos habitats criados pelo Homem. Trata se de uma espécie extremamente abundante, sendo assim um recurso natural e gratuito que deve ser mantido e protegido. 73

Problemas Fitossanitários e Fauna Auxiliar dos Citrinos Macaroeris diligens Blackwall, 1867 (Fig. 84) Trata se de uma espécie endémica da Macaronésia ocorrendo apenas na ilha Terceira e Canárias. Vive nas copas das árvores e arbustos, sendo uma espécie extremamente abundante mas restrita às zonas de baixa altitude (Fig. 84). Nos Açores ocorre uma espécie nativa do mesmo género (Macaroeris cata (Blackwall, 1867)), mas que se encontra apenas nas copas de árvores e arbustos nativos ou endémicos dos Açores em média e elevada altitude. Trata se de uma espécie muito útil como auxiliar. 1mm Figura 82 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um macho da espécie de aranha Entelecara schmitzi Kulczynski, 1905. Ero furcata Villers, 1789 (Fig. 83) Espécie introduzida nos Açores, que surge em todas as ilhas do arquipélago com excepção da ilha do Corvo. Vive nas copas das árvores e arbustos, mas também no solo. Trata se de uma espécie extremamente abundante e com ampla distribuição na ilha Terceira (Fig. 83). 2.5mm Figura 84 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um macho da espécie de aranha Macaroeris diligens Blackwall, 1867. Salticus mutabilis Lucas, 1846 (Fig. 85) Esta é uma espécie introduzida nos Açores, que aparece em todas as ilhas do arquipélago com excepção das ilhas do Corvo e Pico. Vive nas copas das árvores e arbustos. Trata se de uma espécie extremamente abundante e com ampla distribuição na ilha Terceira nas zonas de baixa altitude (Fig. 85). 1.5mm Figura 83 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um macho da espécie de aranha Ero furcata Villers, 1789. Figura 85 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um macho da espécie de aranha Salticus mutabilis Lucas, 1846. Outras aranhas igualmente abundantes nas copas dos citrinos são as espécies introduzidas Metellina merianae (Scopoli, 1763), Achaearanea acoreensis (Berland, 1932) e Steatoda grossa (C.L. Koch, 1838) (ver distribuição na ilha Terceira na Fig. 86). 2mm 74

Projectos: Interfruta I Interfruta II 5. Os artrópodes auxiliares generalistas associados aos citrinos na ilha Terceira (Açores) A ESCARAVELHOS (Insecta: Coleoptera) Clitostethus arcuatus Rossi, 1794 (Fig. 87) Trata se de uma joaninha, insectos de cores vivas que se alimentam de afídeos, cochonilhas, ácaros, tripes e outras pragas, sendo, por isso, muito úteis nos pomares. Esta espécie é considerada introduzida encontrando se referenciada para as ilhas de São Miguel, Terceira, Graciosa e São Jorge. A distribuição conhecida na ilha Terceira (Fig. 87) não deverá corresponder à real, que se suspeita que seja bem mais ampla. Figura 86 Distribuição na ilha Terceira das espécies de aranhas A Metellina merianae Scopoli, 1763. B Achaearanea acoreensis Berland, 1932. C Steatoda grossa C.L. Koch, 1838. B C Figura 87 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de uma joaninha da espécie Clitostethus arcuatus Rossi, 1794. 0.5mm Rhyzobius lophanthae Blaisdell, 1892 (Fig. 88) Tal como a espécie anterior, esta joaninha foi introduzida nos Açores pelo Homem, estando referenciada para as ilhas das Flores, Graciosa, São Jorge, Terceira, São Miguel e Santa Maria. A distribuição conhecida na ilha Terceira (Fig. 88) restringe se às zonas de pomares de baixa altitude. 0.5mm Figura 88 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de uma joaninha da espécie Rhyzobius lophanthae Blaisdell, 1892. 75

Problemas Fitossanitários e Fauna Auxiliar dos Citrinos Rodolia cardinalis Mulsant, 1850 (Fig. 89) Esta é uma das joaninhas mais bonitas que se podem encontrar nos Açores. Espécie exótica introduzida pelo Homem no arquipélago, ataca a cochonilha algodão Icerya purchasi. É conhecida de todas as ilhas com excepção da ilha do Faial, ocorrendo principalmente associada às zonas de média baixa altitude. Sericoderus lateralis Gyllenhal, 1827 (Fig. 91) Escaravelho da família Corylophidae, de diminutas dimensões, e que deve ser uma das espécies mais abundantes em vários habitats dos Açores. Trata se de um espécie exótica que se alimenta dos ovos de muitos insectos fitófagos. Conhecida de todas as ilhas com excepção do Corvo, onde também deverá ocorrer. Figura 89 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de uma joaninha da espécie Rodolia cardinalis Mulsant, 1850. Scymnus interruptus Goeze, 1777 (Fig. 90) /Scymnus nubilis Mulsant, 1850 Estas duas espécies de joaninhas nativas do arquipélago, e de pequenas dimensões, são muito semelhantes entre si, sendo apenas possível a sua separação através da análise da genitália feminina ou masculina. Ocorrem em todas as ilhas e são espécies muito abundantes, não só nos pomares mas também em muitos outros habitats de média baixa altitude. 1mm Figura 91 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um escaravelho da espécie Sericoderus lateralis Gyllenhal, 1827. 2.5mm Cryptamorpha desjardinsii Guérin Méneville, 1844 (Fig. 92) Escaravelho alongado com coloração alaranjada e uma marca negra nos élitros. Espécie exótica conhecida de todas as ilhas (com excepção da ilha do Corvo), que ocorre em grande abundância em pomares, mas igualmente noutros habitats. 2mm 1mm Figura 92 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um escaravelho da espécie Cryptamorpha desjardinsii Guérin Méneville, 1844. 76 Figura 90 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de uma joaninha da espécie Scymnus interruptus Goeze, 1777.

Projectos: Interfruta I Interfruta II 5. Os artrópodes auxiliares generalistas associados aos citrinos na ilha Terceira (Açores) Atheta fungi Gravenhorst, 1806 (Fig. 93) / Cilea silphoides Linnaeus, 1767 (Fig. 94) Estes escaravelhos da família dos estafilinídeos (Coleoptera, Staphylinidae), tal como muitas outras espécies da sua família (ver outras espécies no Quadro 2), alimentam se de ovos, larvas e adultos de várias pragas. São espécies voadoras activas, de cores escuras e corpo comprido. Podem viver no solo, ou na casca e copa de certas árvores. 1.5mm PERCERVEJOS (Hemiptera: Heteroptera) Este grupo de insectos inclui espécies que voam pouco. O seu corpo é achatado e as suas asas são compostas por uma parte anterior coreácea, e uma posterior membranosa. Destacam se quatro famílias: Antocorídeos Inclui espécies predadoras de ácaros, afídeos, ovos e larvas de borboletas, psilas e tripes (ver distribuição de algumas espécies comuns nas Figs. 95, 96 e 97). Nabídeos Inclui apenas espécies predadoras. Como exemplo temos a subespécie Nabis pseudoferus ibericus, nativa dos Açores (Fig. 98). Reduvídeos Inclui espécies predadoras generalistas, cuja importância como auxiliares é limitada. Como exemplo temos a espécie Empicoris rubromaculatus (Fig. 99). Figura 93 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um escaravelho da espécie Atheta fungi Gravenhorst, 1806. A 2.5mm Figura 94 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um escaravelho da espécie Cilea silphoides Linnaeus, 1767. B Figura 95 Distribuição na ilha Terceira de percevejos das espécies A Anthocoris nemoralis Fabricius, 1794. B Buchananiella continua White, 1880. 77

Problemas Fitossanitários e Fauna Auxiliar dos Citrinos 2.5mm 3.5mm Figura 96 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um percevejo da espécie Lyctocoris campestris Fabricius, 1794. Figura 99 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um percevejo da espécie Empicoris rubromaculatus Blackburn, 1889. FORMIGAS (Hymenoptera: Formicidae) As formigas constituem um dos grupos de insectos mais abundantes na natureza. Nos pomares podem ocupar um papel relevante como auxiliares. Como exemplo temos a espécie mais abundante nos Açores, a Lasius grandis Forel, 1909 (Fig. 100). Figura 97 Distribuição na ilha Terceira de um percevejo da espécie Orius laevigatus laevigatus Fieber, 1860. Figura 100 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de uma formiga da espécie Lasius grandis Forel, 1909. 3mm 78 4.5mm Figura 98 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um percevejo da espécie Nabis pseudoferus ibericus Remane, 1962. NEURÓPTEROS (Neuroptera) Insectos de corpo alongado, com asas grandes, membranosas, transparentes e com nervuras reticuladas. Geralmente alimentam se de afídeos, ácaros, mosca branca, cochonilhas e outras pragas. Durante o estado larvar são predadores, enquanto que no estado adulto podem ser predadores ou alimentar se de pólen e néctar. Destacam se duas famílias:

Projectos: Interfruta I Interfruta II 5. Os artrópodes auxiliares generalistas associados aos citrinos na ilha Terceira (Açores) Crisopídeos inclui espécies utilizadas em luta biológica (ex.: Chrysoperla lucasina Lacroix) (Fig. 101). Neste grupo só as larvas são predadoras. Hemerobídeos inclui espécies cujos adultos e larvas se alimentam de afídeos. Figura 101 Distribuição na ilha Terceira e aspecto de um Neuróptero da espécie Chrysoperla lucasina Lacroix, 1912. 5.4 Discussão 3mm Com este trabalho identificaram se 48 espécies de auxiliares, insectos e aranhas predadores, que geralmente são sensíveis aos insecticidas, sendo por isso necessário reduzir ao mínimo a aplicação destes produtos Como seria de esperar para habitats agrícolas, o número de espécies introduzidas exóticas é muito elevado (55% do total de espécies encontradas). De facto, esta elevada percentagem de espécies introduzidas é superior à encontrada noutros habitats existentes na ilha: i) pastagens semi naturais e intensivas cerca de 45% das espécies introduzidas (Borges 1999b); ii) florestas nativas dos Açores cerca de 33% das espécies são introduzidas (Borges et al., 2006). A existência de sebes, bosques e taludes revestidos de vegetação espontânea são bastante importantes para a sobrevivência dos auxiliares. Aí, estes artrópodes encontram abrigo e podem procurar alimento quando este é diminuto na cultura, como acontece durante o Inverno. Como tal, deve ser mantida a vegetação natural existente à volta das zonas agrícolas, nos caminhos, e devem ser plantados arbustos e outras plantas. A lista de espécies aqui apresentada, assim como toda a informação relacionada com os hábitos alimentares e as estratégias de colonização de cada espécie, constitui uma ferramenta útil para estudos futuros que venham a ser realizados na área da ecologia e da entomologia aplicada. Contudo, aconselhamos que sejam realizados mais estudos, não só nesta como noutras culturas, para que seja possível conhecer melhor a fauna e as comunidades de artrópodes dos agroecossistemas, e, consequentemente, se possam tomar decisões que conduzam a uma protecção cada vez mais integrada das culturas. Agradecimentos Os autores agradecem à Eng.ª Ana Cristina Rodrigues pela sua participação durante a realização das triagens. As diferentes morfoespécies foram identificadas por vários taxonomistas, que forneceram também informações sobre os hábitos alimentares e as estratégias de colonização das diferentes espécies, aos quais os autores agradecem: P. Cardoso (Zoologisk Museum, Universidade de Copenhaga, Dinamarca) e Joerg Wunderlich (Alemanha) Araneae; J. Ribes (Barcelona, Espanha) Hemiptera Heteroptera; Célia Mateus (CEFA Centro de estudos fitossanitários e de armazenamento, Lisboa, Portugal) e R. zur Strassen ( Forschungsinstitut und Naturmuseum Senckenberg, Frankfurt, Alemanha) Thysanoptera. Este trabalho foi realizado no âmbito do projecto INTERFRUTA (MAC/3.1/A1), co financiado pelo programa INTERREG III B. 79

Problemas Fitossanitários e Fauna Auxiliar dos Citrinos 80 Bibliografia Basset, Y. (1999). Diversity and abundance of insect herbivores collected on Castanopsis acuminatissima (Fagaceae) in New Guinea: relationships with leaf production and surrounding vegetation. European Journal of Entomology 96: 381 391. Borges, P.A.V. (1999a). Plant and arthropod species composition of sown and semi natural pasture communities of three Azorean islands (S. Maria, Terceira and Pico). Arquipélago 17: 1 21. Borges, P.A.V. (1999b). A list of arthropod species of sown and semi natural pastures of three Azorean islands (S. Maria, Terceira and Pico) with some conservation remarks. Açoreana 9(1): 13 34. Borges, P.A.V. (2005). Introduction. In A list of the terrestrial fauna (Mollusca and Arthropoda) and flora (Bryophyta, Pteridophyta and Spermatophyta) from the Azores (eds P.A.V. Borges, R. Cunha, R. Gabriel, A.M.F. Martins, L. Silva, & V. Vieira). pp. 11 20, Direcção Regional de Ambiente and Universidade dos Açores, Horta, Angra do Heroísmo and Ponta Delgada Borges, P.A.V., C. Aguiar, J. Amaral, I.R. Amorim, G. André, M.C. Argente, A. Arraiol, A. Baz, F. Dinis, H. Enghoff, C. Gaspar, F. Ilharco, V. Mahnert, C. Melo, F. Pereira, J.A. Quartau, S. Ribeiro, J. Ribes, A.R.M. Serrano, A.B. Sousa, R.Z. Strassen, L. Vieira, V. Vieira, A. Vitorino & J. Wunderlich (2005b). Ranking protected areas in the Azores using standardized sampling of soil epigean arthropods. Biodiversity and Conservation 14: 2029 2060. Borges, P.A.V. & V.K. Brown (2004). Arthropod community structure in pastures of an island archipelago (Azores): looking for local regional species richness patterns at fine scales. Bulletin of Entomological Research 94: 111 121. Borges, P.A.V., J.M. Lobo, E.B. Azevedo, C. Gaspar, C. Melo & L.V. Nunes (2006). Invasibility and species richness of island endemic arthropods: a general model of endemic vs. exotic species. Journal of Biogeography, 33: 169 187. Borges, P.A.V., V. Vieira, F. Dinis, S. Jarrora, et al., (2005a). Arthropoda. pp: 163 221 in: Borges, P.A.V., R. Cunha, R. Gabriel, A.M.F. Martins, L. Silva, & V. Vieira (Eds.). A list of the terrestrial fauna (Mollusca and Arthropoda) and flora (Bryophyta, Pteridophyta and Spermatophyta) from the Azores. Direcção Regional de Ambiente e do Mar dos Açores and Universidade dos Açores, Horta, Angra do Heroísmo and Ponta Delgada. Oliver, T. & A.J. Beattie (1996). Invertebrate morphospecies as surrogates for species: a case study. Conservation Biology 10: 99 109. Ribeiro, S.P., P.A.V. Borges, C. Gaspar, C. Melo, A.R.M. Serrano, J. Amaral, C. Aguiar, G. André & J.A. Quartau (2005). Canopy insect herbivore diversity and distribution in the native forests of the Azores: key host plant species in a highly generalist insect community. Ecography 28: 315 330. Santos, A.M.C., P.A.V. Borges, J. Hortal, A.C. Rodrigues, C. Medeiros, E.B. Azevedo, C. Melo & D.J.H. Lopes (2005a). Diversidade da fauna de insectos fitófagos e de inimigos naturais em culturas frutícolas da ilha Terceira, Açores: a importância do maneio e da heterogeneidade ambiental. In D. Lopes, A. Pereira, A. Mexia, J. Mumford & R. Cabrera (Eds.). A Fruticultura na Macaronésia O Contributo do projecto INTERFRUTA para o seu desenvolvimento. pp. 115 134, Angra do Heroísmo. Santos, A.M.C., P.A.V. Borges, J. Hortal & D.J.H. Lopes (2005b). Riqueza de espécies e diversidade ecológica de himenópteros parasitóides (Hymenoptera, Parasitica) em culturas frutícolas da ilha Terceira (Açores). In D. Lopes, A. Pereira, A. Mexia, J. Mumford & R. Cabrera (Eds.). A Fruticultura na Macaronésia O Contributo do projecto INTERFRUTA para o seu desenvolvimento. pp. 137 151, Angra do Heroísmo