RICARDO VIDAL GOLOVATY CULTURA POPULAR: SABERES E PRÁTICAS DE INTELECTUAIS, IMPRENSA E DEVOTOS DE SANTOS REIS, 1945-2002. UBERLÂNDIA/MG 2005
RICARDO VIDAL GOLOVATY CULTURA POPULAR: SABERES E PRÁTICAS DE INTELECTUAIS, IMPRENSA E DEVOTOS DE SANTOS REIS, 1945-2002. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre junto ao Programa de Mestrado em História da Universidade Federal de Uberlândia, sob orientação do Prof. Dr. Newton Dângelo. Área de concentração: História Social. Linha de Pesquisa: História e Cultura. UBERLÂNDIA/MG 2005
FICHA CATALOGRÁFICA Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação / mg / 08/05 G628c Golovaty, Ricardo Vidal. Cultura popular : saberes e práticas de intelectuais, imprensa e devotos de Santos Reis, 1945-2002 / Ricardo Vidal Golovaty. - Uberlândia, 2005. 180f. : il. Orientador: Newton Dângelo. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em História. Inclui bibliografia. 1. História social - Teses. 2. Cultura popular Uberlân - dia (MG) - Teses. 3. Folia de reis - Uberlândia (MG) - Teses. I. Dângelo, Newton. II. Universidade Federal de Uberlân - dia. Programa de Pós-Graduação em História. III. Título. CDU: 930.2:316 (043.3)
BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Newton Dângelo (orientador, UFU/INHIS) Prof. Dr. José Carlos Gomes da Silva (UFU/DECIS) Prof. Dr. José Carlos Barreiro (UNESP)
RESUMO GOLOVATY, Ricardo Vidal. Cultura Popular: saberes e práticas de intelectuais, imprensa e devotos de Santos Reis, 1945-2002. Dissertação (mestrado em História), Uberlândia/MG: UFU, 2005. PALAVRAS-CHAVE: Cultura popular, folclore, Folia de Santos Reis, conflitos sociais. Buscamos descrever e analisar nesta dissertação três diferentes olhares sobre a cultura popular: os saberes e práticas de intelectuais, acadêmicos e folcloristas, das décadas de 1940 e 1950, no período de consolidação das Ciências Sociais no Brasil; os saberes que jornalistas têm como expediente quando buscam criar uma compreensão da Folia de Reis em Uberlândia, dentro da idéia de identidade cultural local e, finalmente, como devotos e foliões de Santos Reis explicam suas práticas rituais e os saberes e crenças que dão, em parte, sentido às suas vivências, no distrito de Martinésia, de pouco menos de mil habitantes. O eixo que encontramos nestas três discussões, aparentemente desligadas entre si, foi o modo pelo qual a cultura popular foi e é pensada, em momentos e situações distintas, mas com questões em comum, a partir de conceitos como cultura popular, folclore, tradição, modernidade, religião/religiosidade, hegemonia, identidade, ideologia, classe social e conflitos sociais, que trazem à tona diálogos entre teoria e política, donde a cultura popular não constitui apenas os modos de pensar, agir e sentir do povo, mas também um rico campo de conflitos, seja nos seus próprios saberes e práticas, seja em saberes e práticas externos. Dentro destas problemáticas de pesquisa, chegamos às seguintes considerações: a) apesar de receber críticas severas e fecundas, o método folclórico ainda persiste, e podemos localizá-lo na historiografia contemporânea sobre a cultura popular, revisando suas contribuições; b) a tentativa de construção de uma identidade cultural local pela Folia de Reis presente na imprensa de Uberlândia, trabalha com a fala folclorizante, representando, portanto, o que podemos entender por senso comum sobre a cultura popular e c) a Folia de Santos Reis, quando entendida não apenas como grupo de cantadores rituais do catolicismo popular, traz, nas relações sociais de produção deste rito coletivo, a existência de conflitos típicos do universo cotidiano das relações de trabalho e de lazer, revelando sua contemporaneidade e pluralidade.
Aos meus pais e irmãos, pela educação humana, confiança nos meus projetos e compreensão de minhas ausências. À Michele, apoio nos tempos difíceis e motivo dos tempos felizes.
AGRADECIMENTOS Ao meu orientador e amigo, Prof. Dr. Newton Dângelo, pela autonomia e confiança neste trabalho, bem como o desenvolvimento proporcionado na disciplina Cultura Popular. Aos colegas/pesquisadores do POPULIS: Diogo, Elmiro, Getúlio, Rafael Guarato, Raphael e Tadeu. Aos professores do Mestrado em História que contribuíram para o desenvolvimento desta dissertação: Profa. Dra. Vera Lúcia Puga (Seminário de Pesquisa), Profa. Dra. Rosangela Patriota (História da Cultura) e Profa. Dra. Jacy Alves de Seixas (Historiografia). Aos professores convidados no Exame de Qualificação: Profa. Dra. Maria Clara Tomaz Machado e Prof. Dr. José Carlos Gomes da Silva. Ao coordenador do Programa de Mestrado em História, Prof. Dr. Alcides Freire Ramos, e os técnico-administrativos Gonçalo e Sandra. À Mauro William de Abreu, pelo apoio no início da pesquisa (quando do projeto) e no seu desenvolvimento, ao ceder suas fontes. À Dona Alzira, moradora e memorialista do distrito de Martinésia, pela confiança. Aos companheiros de trabalho, professores substitutos do Departamento de Ciências Sociais da UFU: Bruno Servo e Telmo Estevinho. Aos professores-chefes deste departamento: Prof. Dr. Adalberto Paranhos e Profa. Dra. Mônica Chaves Abdala. Às companheiras de trabalho do Curso de Pedagogia da UFU: Profa. e coordenadora Olga Teixeira Damis, Profa. Dra. Myrtes Dias da Cunha e Profa. Dra. Maria Vieira da Silva. Aos amigos de São Paulo: Fernando Nóia e Lawrence, que me ensinaram a admirar a sociabilidade do homem do interior. Ao casal Marcel e Pat, amigos de curso nas Ciências Sociais da PUC. Aos amigos de Rio Claro: Dorgo e Pocan. Em especial, à Dorian Erich de Castro, pela recepção em Uberlândia, amizade, apoio no projeto de pesquisa e trocas de saberes.
SUMÁRIO RESUMO...VI INTRODUÇÃO...10 CAPÍTULO 1: DIALOGANDO COM O FOLCLORE: CONFRONTOS ENTRE ACADÊMICOS E FOLCLORISTAS...16 1.1) Do senso comum sobre o folclore e sua rotineira crítica acadêmica...19 1.2) Historiar um debate: continuidades e rupturas da compreensão da cultura popular...27 CAPÍTULO 2: PRESENÇA DA FOLIA DE REIS NO JORNAL CORREIO DE UBERLÂNDIA, 1984-2002 2.1) Saberes e práticas do progresso na história de Uberlândia: imprensa, elites e povo.75 2.2) Imprensa e povo: folclore, cultura popular e identidade cultural local...90 CAPÍTULO 3: FOLIA DE SANTOS REIS DE MARTINÉSIA: A RELIGIOSIDADE COMO MEDIADORA DE SABERES E PRÁTICAS DA SOCIABILIDADE RURAL 3.1) Memória e tradição...108 3.2) História oral e catolicismo popular...112 3.3) Percursos: memória e cultura material...116 3.4) Breve histórico de Martinésia: contexto local de cultura popular...125 3.5) Devoção a Santos Reis: princípios do catolicismo popular...129 3.6) Relações de produção da Folia de Reis como rito...144 3.7) Religiosidade: mediadora das relações sociais...159 3.8) Concluindo: uma tentativa de síntese...170 CONSIDERAÇÕES FINAIS...171 FONTES...174 BIBLIOGRAFIA...176