CONTAGEM DE OVOS DE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS EM OVELHAS SANTA INÊS NO PERÍODO PERIPARTO, NO DISTRITO FEDERAL.

Documentos relacionados
FATORES QUE AFETAM A RESISTÊNCIA DOS OVINOS À VERMINOSE

REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano V Número 09 Julho de 2007 Periódicos Semestral VERMINOSE OVINA

IV Simpósio de Ciências da UNESP Dracena. V Encontro de Zootecnia Unesp Dracena

O papel das verminoses na criação de ovinos e caprinos

Efeito do Tratamento Anti-helmíntico no Periparto em Novilhas Primíparas

REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN: Ano XIVNúmero 27 Julho de 2016 Periódico Semestral

MONITORAMENTO DA ENDOPARASITOSE DAS RAÇAS TEXEL E SUFFOLK NAS DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO 1

CONTROLE DE PARASITAS INTERNOS EM OVINOS

OCORRÊNCIA DE INFECÇÃO POR DICTYOCAULUS VIVIPARUS EM BEZERROS NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU, SP.

Folhas de Bananeira no Controle de Nematódeos Gastrintestinais de Ovinos

Determination of nematode faecal egg counts during the periparturient period in cows

RESISTÊNCIA DO Haemonchus contortus E OUTROS PARASITAS GASTRINTESTINAIS AO LEVAMISOL, CLOSANTEL E MOXIDECTINA EM UM REBANHO NO NOROESTE DO PARANÁ

OBSERVAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS DE HELMINTOS GASTRINTESTINAIS EM OVELHAS MESTIÇAS MANEJADAS EM PASTAGENS COM DIFERENTES HÁBITOS DE CRESCIMENTO 1

VARIAÇÃO ESTACIONAL DO NÚMERO DE OVOS POR GRAMA DE FEZES DE NEMATÓDEOS PARASITAS DE OVINOS NA REGIÃO DE JABOTICABAL, SÃO PAULO 1

I FÓRUM SOBRE CONTROLE DA VERMINOSE EM PEQUENOS RUMINANTES NO NORDESTE BRASILEIRO

RESUMO O objetivo do presente estudo foi identificar relações entre a

Sistema de Criação de Ovinos nos Ambientes Ecológicos do Sul do Rio Grande do Sul

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA ANTI-HELMÍNTICA EM REBANHO OVINO DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária ISSN: X Colégio Brasileiro de Parasitologia Veterinária.

Comunicado141 Técnico

RESISTÊNCIA DE LARVAS DE HELMINTOS EM PASTAGENS COM OVINOS

Palavras-chave: anti- helmínticos, nematódeos, ovinocultura, vermífugos

II SIMPAGRO da UNIPAMPA

PESQUISA REALIZADA PELA UNEB PODE AUXILIAR NO CONTROLE DA VERMINOSE EM CAPRINOS E OVINOS

EFICÁCIA DE TRÊS DIFERENTES ANTI-HELMÍNTICOS EM REBANHO OVINO NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ, BRASIL

Utilização de Folhas da Bananeira no Controle de Nematódeos Gastrintestinais de Ovinos na Região Semiárida

PARASITAS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS CRIADOS NA REGIÃO DE RONDONÓPOLIS-MT GASTROINTESTINAL PARASITES OF SHEEP RAISED IN THE REGION OF RONDONÓPOLIS-MT

CONTROLE DE ENDOPARASITAS EM OVINOS RECEBENDO FOLHAS DE NIM (Azadirachta indica) NO SUPLEMENTO MINERAL

REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN Ano XIV - Número 29 Julho de 2017 Periódico Semestral

ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL NO CONTROLE DE VERMINOSE EM PEQUENOS RUMINANTES

PARASITOS GASTROINTESTINAIS ENCONTRADOS EM OVINOS NO MUNICÍPIO DE ARAGUATINS-TO

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

STATUS PARASITOLÓGICO DE OVINOS NOS MUNICÍPIOS DE VOTUPORANGA E DE VALENTIM GENTIL, SP

Epidemiologia das helmintoses gastrintestinais de ovinos no Planalto Catarinense ABSTRACT

PERFIL DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS ENCONTRADOS EM EQUINOS DE ESPORTE DE DUAS CABANHAS DE CAVALOS CRIOULOS

CONTROLE DE ENDOPARASITAS EM OVINOS RECEBENDO FRUTOS DE NIM (Azadirachta indica) NO SUPLEMENTO MINERAL

USO DA HOMEOPATIA NO CONTROLE DO Haemonchus spp EM OVINOS

Helmintic infection around parturition on Santa Inês ewes reared on brazilian Pantanal area

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

EFICÁCIA DE TRÊS DIFERENTES ANTI-HELMÍNTICOS EM REBANHO OVINO NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ, BRASIL

Resistência de Cooperia spp. e Haemonchus spp. às avermectinas em bovinos de corte

AÇÕES EM PARASITOLOGIA VETERINÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

Efeito do pastejo rotacionado e alternado com bovinos adultos no controle da verminose em ovelhas

GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN ) DIFERENTES PRINCÍPIOS ATIVOS NO CONTROLE DE HELMINTOS GASTRINTESTINAIS EM OVINOS

O fator nutrição no sistema imune dos ovinos e os resultados nas condições sanitárias do rebanho

Controle estratégico de nematódeos de bovinos de corte no Brasil, avançamos nos últimos 25 anos? Prof. Fernando de Almeida Borges UFMS

Aveia Preta (Avena stringosa) como fonte de volumoso em substituição à silagem de milho na terminação de cordeiros

AVALIAÇÃO DO CONSUMO E PESO DE BEZERROS DA RAÇA GIROLANDO ALIMENTADOS COM CONCENTRADO FARELADO OU PELETIZADO DURANTE A FASE DE ALEITAMENTO

VARIAÇÃO ESTACIONAL DA CONTAGEM DE OVOS DE NEMATÕDEOS GASTRINTESTINAIS

EFEITO DA VARIAÇÃO MENSAL, PROPRIEDADE E ESTADO FISIOLÓGICO SOBRE A INFECÇÃO GASTRINTESTINAL POR NEMATÓIDES EM OVELHAS SANTA INÊS 1

Fortalecimento da Ovinocultura de Corte no Município de Dormentes, Alto Sertão de Pernambuco

PARASITOS GASTRINTESTINAIS EM CAPRINOS E OVINOS DA MICRORREGIÃO DO ALTO MEARIM E GRAJAÚ, NO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL

GANHO DE PESO DE CORDEIROS SANTA INÊS DO NASCIMENTO ATÉ IDADE DE ABATE

ESTAÇÃO DE MONTA: POR QUE INVESTIR? EDSON RAMOS DE SIQUEIRA FMVZ / UNESP Botucatu- SP

ACOMPANHAMENTO DE PARTOS EM OVINOS, COMPARAÇÃO ENTRE AS RAÇAS SUFFOLK E TEXEL- RELATO DE CASO

Controle do Parasitismo em Cabras Leiteiras Criadas a Pasto

Endoparasitismo gastrintestinal em cabras da raça Anglonubiana. Gastrointestinal parasitism in Anglo-Nubiangoats

ISSN Outubro Uso de tratamento seletivo contra nematódeos gastrintestinais em ovelhas criadas em São Carlos, SP

POTENCIAL ANTI-HELMÍNTICO DA RAIZ DE Solanum paniculatum LINNAEUS (1762) EM OVELHAS DO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO

CORRELAÇÃO ENTRE VALOR DE HEMATÓCRITO E CARTÃO FAMACHA EM OVINOS SOMALI E SRD CRIADOS NO MUNICÍPIO DE SANTA INÊS-BAHIA

RESISTÊNCIA GENÉTICA A HELMINTOS GASTRINTESTINAIS

Susceptibilidade a nematóides em ovelhas Santa Inês, Bergamácia e Texel no Noroeste do Paraná

Avaliação de Resiliência Comparativa à Infestação Parasitária, de Ovinos das Raças Santa Inês e Barriga Negra

Laetitia Marie Louise Chadouteaud Solteira 27 anos

Controle de Endoparasitoses dos Ovinos: Uma Revisão 1

Racial susceptibility of sheep to gastrointestinal helminths

Série NUPEEC Produção Animal Ovinocultura

IDENTIFICAÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS RESISTENTES E SUSCEPTÍVEIS AOS HELMINTOS GASTRINTESTINAIS

Nematódeos de ruminantes em pastagem com diferentes sistemas de pastejo com ovinos e bovinos

MÉTODO FAMACHA E CONTAGEM DE HEMATÓCRITO EM CAPRINOS SEM PADRÃO RACIAL DEFINIDO Apresentação: Pôster

AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA IN VITRO

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

DESEMPENHO PRODUTIVO DE CRIAS OVINAS DE DIFERENTES CRUZAMENTOS RECRIADAS E TERMINADAS EM CONDIÇÕES DE PASTEJO IRRIGADO NO NORDESTE DO BRASIL

CARACTERIZAÇÃO DO CICLO ESTRAL DE FÊMEAS OVINAS SRD CRIADAS NA REGIÃO DO ALTO PANTANAL SUL-MATO-GROSSENSE

Comparação de dois métodos de controle de nematódeos gastrintestinais em borregas e ovelhas de corte

Resistência de helmintos gastrintestinais de bovinos a anti-helmínticos no Planalto Catarinense

Nematódeos resistentes a anti-helmíntico em rebanhos de ovinos e caprinos do estado do Ceará, Brasil

ESTUDO DE FATORES AMBIENTAIS QUE AFETAM OS ESCORES VISUAIS DE FAMACHA EM OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS Nº 13304

Método Famacha : Um recurso para o controle da verminose em ovinos

LARVAS DE TRICOSTRONGILÍDEOS EM FEZES DE OVINOS. PALAVRAS-CHAVE: Coprocultura, Haemonchus sp., larvas infectantes, OPG, Trichostrongylus sp.

Rotação de Pastagem no Controle de Helmintos

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

INTEGRADO DOS HELMINTOS BOVINOS

Desempenho Produtivo e Controle de Nematódeos Gastrintestinais em Caprinos Suplementados com Frutos do Umbuzeiro na Região Semiárida

Controle de Verminose em Pequenos Ruminantes Adaptado para a Região da Zona da Mata/MG e Região Serrana do Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO. Sombrio. Sombrio. Sombrio.

Nome dos autores: Rafael de Sousa Carneiro Rafael de Sousa Carneiro 1 ; Glauco Mora Ribeiro 2

EFEITO DO SISTEMA DE MANEJO SOBRE O COMPORTAMENTO EM PASTEJO, DESEMPENHO PONDERAL E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM OVINOS SUFFOLK 1

PARASITISMO NUM NÚCLEO DE CAVALOS DE RAÇA SORRAIA

ECOLOGIA DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS DE OVINOS EM LAJES, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

DESEMPENHO DE CORDEIROS FILHOS DE MATRIZES SUPLEMENTADAS EM PASTO DIFERIDO. Apresentação: Pôster

Medico-veterinário FACISA/UNIVICOSA. 2

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS INSTITUTO DE VETERINÁRIA

Diagnóstico de larvas de primeiro estágio de nematóides gastrintestinais de bezerros leiteiros do município de Paty do Alferes- RJ

Arquivos da Faculdade de Veterinária. UFRGS. 29(2): , 2001.

COMPORTAMENTO SEXUAL DE CARNEIROS NATIVOS PANTANEIROS EM MATO GROSSO DO SUL

Avaliação do kit TF-Test para o diagnóstico das infecções por parasitas gastrintestinais em ovinos

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral TENIOSE BOVINA. FRANCO, Débora Fernandes PARRA, Handerson Vassoler REMUSKA, Rosa Dias

Transcrição:

UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA CONTAGEM DE OVOS DE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS EM OVELHAS SANTA INÊS NO PERÍODO PERIPARTO, NO DISTRITO FEDERAL. LUIS ALBERTO LINHARES RUFINO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS BRASÍLIA / DF ABRIL / 2007

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA CONTAGEM DE OVOS DE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS EM OVELHAS SANTA INÊS NO PERÍODO PERIPARTO, NO DISTRITO FEDERAL. LUIS ALBERTO LINHARES RUFINO ORIENTADORA : ARLETE DELL PORTO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS PUBLICAÇÃO : 261 / 2007 BRASÍLIA / DF MARÇO / 2007

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA CONTAGEM DE OVOS DE NEMATÓDEOS GASTRINSTESTINAIS EM OVELHAS SANTA INÊS NO PERÍODO PERIPARTO, NO DISTRITO FEDERAL. LUIS ALBERTO LINHARES RUFINO DISSERTAÇAO DE MESTRADO SUBMETIDO À FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS NA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO DE PRODUÇAO ANIMAL. APROVADA POR: ARLETE DELL PORTO, Doutor. / Universidade de Brasília (ORIENTADOR) CPF 799460898-15 E-mail: arletedp@unb.br GUILHERME SOARES FILHO, Doutor. (EXAMINADOREXTERNO) CPF262593114-00 E-mail : guilhermeanalise@gmail.com GIANE REGINA PALUDO, Doutor. / Universidade de Brasília (EXAMINADOR INTERNO) CPF 618131689-20 E-mail : giane@unb.br Brasília, 26 de fevereiro de 2007.

FICHA CATALOGRÁFICA Rufino, Luis Alberto Linhares Contagem de ovos de nematódeos gastrintestinais em ovelhas Santa Inês no período peri-parto, no Distrito Federal./ Luis Alberto Linhares Rufino; orientação de Arlete Dell Porto Brasília, 2007. 40p.: il. Dissertação de Mestrado (M) Universidade de Brasília/Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2007. 1. Ovelhas. 2. Peri-parto. 3.OPGF. 4.Distrito Federal. I. Dell Porto, A. II. Drª. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA RUFINO, L.A.L. Contagem de ovos de nematódeos gastrintestinais em ovelhas Santa Inês no período peri-parto, no Distrito Federal. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2007, 40p. Dissertação de mestrado. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: LUIS ALBERTO LINHARES RUFINO TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Contagem de ovos de nematódeos gastrintestinais em ovelhas Santa Inês no período peri-parto, no Distrito Federal. GRAU : MESTRE ANO: 2007 É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva-se a outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. Luis Alberto Linhares Rufino 289.180-81 SHIN CA 05 CONJ. D BLOCO 1 LAGO NORTE 70505-503 Brasília/D.F. Brasil (61) 9970-0860 - uadnum@yahoo.com.br ii

Aos meus pais Luiz e Rita de Cássia e familiares pelo apoio, Ana Alice e a todos os demais que direta ou indiretamente contribuíram para realização desta pesquisa. Dedico. iii

AGRADECIMENTOS À Universidade de Brasília por permitir utilizar suas instalações, equipamentos e Técnicos; A Sra. Miriam Amorim (ASA ALIMENTOS) por disponibilizar sua propriedade e seus animais para realização do experimento; À Dr.ª Arlete Dell Porto pela orientação, compreensão, paciência, boa vontade, profissionalismo no encaminhamento e resoluções das dificuldades; Aos funcionários da ASA ALIMENTOS OVINOS: Francisco Lins, Jânio, Sr. Antonio, Messias, André, Cícero, Dê, Valteir; À colega Denise e à amiga Salvina, técnicas do Laboratório de Parasitologia, que foram imprescindíveis na execução, processamento e diagnóstico dos dados da pesquisa. Também a colega Eliandra por sua ajuda imprescindível na analise estatística. Aos colegas do Hospital de Grandes Animais UnB, sob coordenação do Prof. José Renato; A todos aqueles que possibilitaram o desenvolvimento da pesquisa; Aos novos amigos e colegas que conheci nesta Universidade. iv

ÍNDICE Capítulos Página INTRODUÇÃO GERAL 01 Ovinocultura no Brasil 02 Helmintoses gastrintestinais em ovinos 02 Eliminação de ovos de helmintos gastrintestinais 04 OBJETIVO 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11 CAPÍTULO ÚNICO 18 CONTAGEM DE OVOS DE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS EM OVELHAS SANTA INÊS NO PERÍODO PERIPARTO, NO DISTRITO FEDERAL 19 INTRODUÇÃO 21 OBJETIVO 24 MATERIAL E MÉTODOS 25 Locais de execução, Animais e Manejo 25 Técnicas Parasitológicas 26 RESULTADOS E DISCUSSÃO 27 OPGF MÉDIO 30 TIPO DE PARTO 33 CONCLUSÃO 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39 v

ÍNDICE DE FIGURAS Tabela Página Capítulo Único 1 Valores médios das contagens de ovos de nematódeos de matrizes Santa Inês. Antes do Parto, na Lactação e depois do Desmame. 30 2 - Valores médios das contagens de ovos de nematódeos nas Matrizes Santa Inês. Antes do Parto (AP), Lactação - 1 mês (1ML), Lactação 2 mês (2ML), Desmame 1 mês (1MD), Desmame 2 mês 2MD). 31 3 - Valores médios das contagens de ovos de nematódeos de matrizes em relação ao tipo de parto (Gemelar x Simples) Antes do Parto (AP), Lactação - 1 mês (1ML), Lactação 2 mês (2ML), Desmame 1 mês (1MD), Desmame 2 mês (2MD) 34 vi

Contagem de ovos de nematódeos gastrintestinais em ovelhas Santa Inês no período periparto, no Distrito Federal. RESUMO GERAL A presente pesquisa teve por objetivo avaliar a variação na quantidade de ovos de nematódeos gastrintestinais eliminados nas fezes de ovinos da raça Santa Inês no período do peri-parto numa propriedade próxima a cidade de Samambaia, no Distrito Federal. O grupo experimental foi composto por dezenove matrizes em período peri-parto, com idade entre 2 e 3,5 anos, mantidas em regime semi-intensivo, sendo sete nativas e doze adicionadas ao rebanho um ano antes do início do experimento. Foram realizadas colheitas quinzenais individuais, totalizando quatrocentas amostras. As fezes foram obtidas diretamente da ampola retal em sacos plásticos individuais e mantidas a 4ºC até o processamento. O número de ovos foi determinado utilizando-se a técnica de GORDON e WHITLOCK (1939) modificada. Os animais não foram desverminadas durante o experimento. Foram observadas diferenças nas quantidades de ovos eliminados nas fezes desses animais tanto nas três fases do peri-parto (pré-parto, lactação e desmame), quanto em relação à origem dos animais e ao tipo de parto. Palavras-chave: ovelhas Santa Inês, OPGF, peri-parto, nematódeos, Distrito Federal. vii

Counting of gastrintestinal nematode eggs in Santa Inês sheep during the periparturition period, in the Distrito Federal. ABSTRACT The present research was carried out to evaluate the variation on eggs output ing by gastrintestinal nematodes in Santa Inês sheep during the periparturient period. The experimental group were composed by nineteen ewes, aged between 2 to 3.5 years old, maintained in semi-intensive system in a farm near Samambaia district, in the Distrito Federal. The ewes were from different origins: seven were natives and twelve were introduced to the flock one year before the beginning of the experiment. Individual samples were collected each fifteen days, totalizing four hundred samples. Rectal faecal samples were collected in plastic bags and stored at 4ºC for later analysis. The number of eggs was determined for each sample using the modified GORDON & WHITLOCK technique. There were differences in amount of eliminated eggs quantities related to the three stages of the periparturient period (pré-parturient, lactation and weaning), as well as considering the origin of the animals and related to the number of borned lambs per ewe. Key-words: sheep, Santa Inês breed, EPGF, periparturient, nematodes, Distrito Federal. viii

INTRODUÇÃO GERAL Praticamente a maioria dos ruminantes domésticos, incluindo os ovinos, alberga uma ou mais espécies de endoparasitas, sendo os do trato gastrintestinal os de ocorrência mais freqüente. Esses parasitas infectam o hospedeiro quando ainda muito jovem ocasião em que seu sistema imune não está completamente desenvolvido, impedindo-o de ter um bom desempenho em termos de desenvolvimento. Em geral, essas infecções são de caráter misto com várias espécies atuando de maneiras diversas sobre o organismo hospedeiro. O maior ou menor sucesso desse último para controlar essas infecções depende de fatores, tais como: a tensão de infestação do ambiente onde esse hospedeiro se encontra e, dos gêneros de parasitas aí presentes, a carga genética herdada; o grau de nutrição das fêmeas durante a gestação, e o momento fisiológico do animal (DONALD et al., 1982; COOP & KYRIAZAKIS, 2001; HOUDJIK et al, 2001 e KHAN et al., 2003). No Distrito Federal (DF) tem-se observado que os gêneros de helmintos gastrintestinais mais freqüentes são: Trichostrongylus colubriformis, Haemonchus contortus, Oesophagostomum columbianum, Trichuris globulosa e Moniezia expansa; embora tenha sido registrada também a presença de Cooperia spp., Strongyloides papillosus e Trichostrongylus axei (VELOSO et al., 2004 e CENCI et al., 2005). No Brasil, as condições climáticas são favoráveis à ocorrência dessas parasitoses durante o ano todo, permitindo um bom nível de desenvolvimento dos ovos e de eclosão das larvas que infestarão as pastagens (ECHEVARRIA et al., 1996). Os helmintos resultantes dessas infestações levam as perdas econômicas devido às altas taxas de mortalidade, baixos desempenhos corporal e reprodutivo (HOLMES, 1987). O Distrito Federal caracteriza-se por apresentar um clima peculiar, com duas estações do ano bem definidas: a estação das chuvas, que vai de outubro a fevereiro; e a estação da seca, de março a setembro (MCMANUS & MIRANDA, 1996). A temperatura varia pouco no decorrer do ano, oscilando em média entre 17 e 28ºC. Essas condições mostram-se ideais à manutenção de infestação das pastagens. 1

1.1. Ovinocultura no Brasil A ovinocaprinocultura no Brasil vem tomando impulso cada vez maior, sendo que de um rebanho de 22.722.000 cabeças, 63% são de ovinos (IBGE, 2003). A região Centro-Oeste comporta 4,9% do rebanho nacional de corte (CENCI, 2006), e o Distrito Federal contribui com 0,48 cabeças/km 2 desse efetivo (MCMANUS et al., 1999). Embora a demanda por produtos de ovinos e caprinos tenha um futuro cada vez mais promissor no cenário brasileiro, e a criação de ovinos deslanados venha crescendo em função de sua rusticidade e facilidade de adaptação às diferentes condições climáticas (VASCONCELOS & VIEIRA, 2004) ainda existem fatores que dificultam esse desenvolvimento. Entretanto, há que se ressaltar que um dos entraves no crescimento desse setor é a sanidade, e essa envolve fatores genéticos, nutricionais e reprodutivos; todos eles diretamente relacionados, de alguma forma e com alguma intensidade, às infecções por endoparasitas. 1.2. Helmintoses gastrintestinais em ovinos O controle das parasitoses gastrintestinais pode ser feito com sucesso desde que se conheça sua epidemiologia na região em que se está trabalhando. Esses dados podem ser obtidos por exames laboratoriais periódicos, pela utilização de forma correta dos produtos presentes no mercado e, principalmente por adoção de medidas adequadas de manejo visando a redução da contaminação ambiental pelos estágios de vida-livre dos parasitas (AMARANTE & BARBOSA, 1995). Esse manejo deve ser feito de acordo com a faixa etária e estado fisiológico dos animais, o que implica em melhor conhecimento dos mecanismos que influenciam o comportamento desses parasitas e sua relação com o hospedeiro. Um dos helmintos que causa maior preocupação é o Haemonchus contortus, dada sua alta prevalência no território nacional e pela grande patogenicidade (AMARANTE, 2004). Este helminto parasita o abomaso sendo 2

hematófago, tanto na fase adulta quanto na L4. Nos casos de infecções crônicas (mais comum) observa-se anemia, edema submandibular, diarréia, anorexia progressiva, perda de peso. Os animais portadores de carga parasitária muito elevada (hemoncose aguda) podem ir a óbito em poucos dias com acentuado quadro de anemia e desidratação (SOULSBY, 1971), o que é relativamente comum em ovinos. Considerado de baixa patogenicidade o Trichostrongylus colubriformis, encontrado no intestino delgado (ID) é de ocorrência bastante comum em ovinos do DF (CENCI, 2006). Este parasita penetra na mucosa abaixo do epitélio produzindo descamação do mesmo e com isso diminuindo a absorção de nutrientes. Embora não seja hematófago, pode levar a um quadro de anemia e diarréia quando de infecção muito intensa, ou mesmo a uma redução nos níveis de aminoácidos (SOULSBY, 1971). Infecções por Cooperia spp, nematódeo do ID, têm sido pouco registradas em ovinos no DF (CENCI, 2006), porém esse helminto atua no organismo hospedeiro de forma semelhante ao Trichostrongylus, com o agravante de ser hematófago, e portanto quando de altas infecções causando um quadro de anemia e diarréia sobretudo em animais jovens (SOULSBY, 1971). Via de regra, infecções por Moniezia spp. são assintomáticas, passando despercebidas na maioria das vezes, ou se revelando pelo encontro de proglotes grávidos ou de ovos nas fezes do hospedeiro. Entretanto em animais jovens, ou seja, com menos de 6 meses de idade, altas infecções podem causar obstrução do intestino delgado, anorexia, debilidade e morte (SOULSBY, 1971 e FREITAS, 1977). O Oesophagostomum columbianum é parasita hematófago que tem por habitat o intestino grosso. Depois de ingerida pelo hospedeiro, a L3 (larva infectante) ao chegar no final do ID e início do IG, penetra profundamente na mucosa, atingindo a muscularis mucosae onde causa a formação de nódulos em cujo interior evolui para L4. O primeiro sintoma observado é uma diarréia intensa (saída da L4 dos nódulos para a luz intestinal), de coloração esverdeada ou mesmo com estrias de sangue; o animal mostra-se apático e 3

anorético (FREITAS, 1977). É, portanto, considerado altamente patogênico, sobretudo para ovinos jovens nos qual o encontro de 200 300 vermes adultos é considerada infecção severa. Infecções por Strongyloides papillosus são bastante comuns em animais muito jovens, desde o nascimento até os 4 meses de idade, e em fêmeas gestantes e recém-paridas. Parasita do ID de ovinos, caprinos, bovinos e ruminantes selvagens; promove erosão da mucosa intestinal, traduzindo-se clinicamente por anorexia, perda de peso e diarréia. Ocasionalmente o hospedeiro pode apresentar ligeira anemia (SOULSBY, 1971). Os demais helmintos gastrintestinais passíveis de serem encontrados em ovinos no DF são considerados de baixa patogenicidade, exceto quando em altas infecções (SOULSBY, 1971). 1.3. Eliminação de ovos de helmintos gastrintestinais A quantidade de ovos eliminada pelos parasitas está na dependência de fatores como: quantidade de ovos produzida diariamente, genética do hospedeiro, idade, estado nutricional e fase do ciclo reprodutivo do hospedeiro, dentre outros. No que se refere à quantidade de ovos produzida, esta depende do gênero do nematódeo. Assim tem-se uma estimativa de que uma fêmea de Haemonchus pode produzir até 10.000 ovos/dia; Trichostrongylus e Cooperia produzem ao redor de 150 ovos/dia; Strongyloides papillosus e Oesophagostomum cerca de 3.000 ovos/dia (UENO & GONÇALVES, 1998). A genética do hospedeiro atua de forma a aumentar, ou não, sua resistência às infecções parasitárias, como resultado de maior ou menor estímulo de seu sistema imune (SOULSBY, 1987). A idade também deve ser considerada, uma vez que animais jovens têm seu sistema imune incompetente e, portanto pouco responsivo às infecções por parasitas. Além do que, em se considerando os ruminantes alguns helmintos são próprios de animais jovens sendo-lhes transmitido por via 4

transplacentária ou pelo colostro/leite como é o caso do Toxocara ( Neoascaris) vitulorum e do Strongyloides papillosus. Porém à medida que esses animais se tornam mais velhos e passam a se alimentar no pasto, começam a adquirir novos parasitas que os acompanharão pelo resto de suas vidas (FREITAS, 1977). O estado nutricional de um animal é fator preponderante para que ele responda de maneira satisfatória a uma infecção parasitária. (VELOSO et al, 2004) demonstrou que ovinos da raça Santa Inês submetidos a uma alimentação mais rica em proteínas apresentaram menor número de ovos por grama de fezes e menor número de parasitas adultos quando comparados àqueles sem suplementação protéica. No que diz respeito ao ciclo reprodutivo, tem-se que levar em conta, sobretudo as fêmeas, as quais sofrem acentuadas variações nos níveis hormonais, principalmente no período de procriação. Um fenômeno que vem sendo observado há bastante tempo é a queda na resistência adquirida pelas ovelhas aos parasitas gastrintestinais no período próximo ao parto e durante a lactação, ou Período Peri-Parto, com importantes conseqüências epidemiológicas e produtivas (BARGER, 1993). Essa queda na resistência às infecções, resulta em aumento na quantidade de ovos eliminados juntamente com as fezes do hospedeiro no período que antecede o parto e se prolonga até o fim da lactação, denominado Fenômeno do Peri-Parto (FPP) (AMARANTE et al., 1992; CIARLINI, 1998). Nos países de clima frio ocorre principalmente na primavera, porém nos países de clima tropical este fenômeno é passível de ocorrer durante o ano todo. Desde que foi descrito pela primeira vez por TAYLOR em 1935, várias hipóteses vêm sendo formuladas ao longo do tempo na tentativa de explicar o Fenômeno do Peri-Parto, todas elas envolvendo três pontos básicos: a imunidade do animal, sua condição nutricional e a ação dos hormônios do peri-parto. No intuito de demonstrar a complexidade do assunto e a divergência de opiniões entre os vários pesquisadores, considera-se conveniente fazer uma retrospectiva dos vários trabalhos até agora publicados. 5

NEARLAND (1949) pela primeira vez tenta explicar tal fenômeno sugerindo que o aumento do número de ovos nas fezes, no período pós-parto, deve-se à maturação de larvas que estavam em dormência (inibidas), sendo o estresse do parto o fator desencadeante desse desenvolvimento, também consideram o estresse do parto como o mecanismo desencadeante do reinício de desenvolvimento de larvas que estavam em quiescência (TAYLOR & MICHEL, 1953). CROFTON em 1954 procura explicar a associação entre lactação e aumento na contagem de ovos nas fezes após o parto. Segundo ele nesse período haveria perda de resistência da ovelha, permitindo entrada e instalação de larvas infectantes. Já SOULSBY (1957) propõe uma base imunológica para o fenômeno, alegando que durante o inverno a pouca quantidade de larvas leva a uma queda na estimulação antigênica do organismo hospedeiro; e que o aumento que ocorre na primavera é conseqüência dessa falha no sistema imune justamente no momento em que as larvas estão acordando. DUNSMORE (1965) cita vários exemplos de parasitas nos quais as atividades reprodutiva foi alterada devido a variações no estado hormonal do hospedeiro, sem que houvesse necessariamente ação direta do hormônio sobre o parasita. GIBBS (1967), apud GIBBS & BARGER (1986), observou o efeito direto dos hormônios do hospedeiro no parasita, ou mais especificamente hormônios do parto e da lactação que atuariam permitindo massiva ativação de larvas que estavam em dormência. O aumento de Ovos por Grama de Fezes - OPGF foi verificado por CONNAN (1968) em fêmeas que permaneceram com suas crias e número bastante baixo naquelas cujos borregos foram retirados logo após o nascimento, concluindo que o pico pós-parto está mais intimamente associado com a lactação do que com a gestação ou o parto. ARUNDEL & FORD (1969) constataram o efeito direto dos hormônios do hospedeiro em larvas dormentes, durante a lactação, com subseqüente elevação na contagem do (OPGF), reforçando a hipótese de GIBBS (1967). 6

BRUNSDON (1970) compara cargas de helmintos e OPGF de ovelhas no período do parto, com disponibilidade de várias espécies de tricostrongilídeos na pastagem e conclui que a suscetibilidade é espécieespecífica, ou seja, para cada gênero de helminto o hospedeiro apresenta um determinado grau de suscetibilidade. O SULLIVAN & DONALD (1970) observaram aumento no OPGF e no número de parasitas em ovelhas lactantes, sobretudo de Haemonchus contortus, Trichostrongylus colubriformis e Ostertagia spp. Eles postularam que esse fato pode ocorrer primeiramente a uma depressão temporária da capacidade imunológica, em função de alterações endócrinas associadas à lactação e segundo que se a lactação for evitada, ou prematuramente encerrada, a parturiente recupera sua capacidade imune efetiva e é capaz de rejeitar larvas recentemente adquiridas e alguns dos parasitas que tenham se estabelecido anteriormente. SANTIAGO et al. (1970), no Rio Grande do Sul, fizeram à primeira publicação de trabalho realizado no Brasil sobre o tema em questão. Encontraram uma estreita relação entre o aumento do OPGF e o parto. Para BRUNSDON (1971) a variação na população de parasitas, e conseqüentemente no OPGF no período peri-parto está relacionado ao ano, ao experimento, e com a resistência herdada ou adquirida pelo animal utilizado no experimento. BRUNSDON & VLASSOFF (1971) observaram aumento do número de ovos eliminados no período pré-parto e enfatizaram que tal fato deve-se a uma queda no estado imunológico das ovelhas naquele período. Em 1972, DINEEN & KELLY demonstraram, em ratos, a ação de hormônios lactogênicos inibindo direta ou indiretamente os linfócitos responsáveis pela eliminação de vermes, fazendo com que a população dos mesmos permanecesse alta. Experimento realizado em 1973 por O SULLIVAN & DONALD, com ovelhas prenhes e em lactação contaminadas com Haemonchus contortus, os levaram a concluir que a gestação e a lactação não afetaram o estabelecimento de infecções por aquele parasita, porém aumentaram sua fecundidade. 7

Dados obtidos por MICHEL (1974 e 1976) levam-no a concluir que o aumento de ovos no período pós-parto se deve à queda no índice normal de mortalidade de parasitas adultos em ovelhas lactantes. Segundo COURTNEY et al. (1984) o aumento no OPGF no periparto deve-se a mudanças hormonais associadas a uma supressão imunitária no período da lactação que leva a uma queda nas barreiras que impedem a instalação das larvas; assim como há aumento na fecundidade das fêmeas dos helmintos e diminuição na capacidade de expulsão dos mesmos. De acordo com GIBBS (1986) as ovelhas em lactação têm sua resposta imunológica temporariamente prejudicada, culminando em aumento na suscetibilidade a novas infecções, e na quantidade de fêmeas de parasitas resultantes das formas jovens que estavam até então em dormência. GIBBS & BARGER (1986) observaram em ovelhas, logo após o parto, aumento na OPGF. Verificam também que fêmeas lactantes se contaminam mais com larvas de Ostertagia circumcincta e Trichostrongylus colubriformis quando comparadas com fêmeas secas, porém o nível de contaminação é o mesmo em relação a Haemonchus contortus. Esses resultados os levam a sugerir que a queda de imunidade a infecções helmínticas em fêmeas em reprodução pode ser mais específica do que se imaginava. FLEMING et al. (1988) trabalhando com ovelhas ovariectomizadas e tratadas com prolactina e progesterona simultaneamente, observaram aumento do OPGF nesses animais, comprovando efeito dessa combinação hormonal. AMARANTE et al. (1992), comparando o OPGF em ovelhas de quatro raças (Romney-Marsh, Merino Australiano, Corriedale e Ideal), observaram aumento significativo no final da gestação e durante a lactação, sendo que as Romney-Marsh apresentaram menor OPGF, considerando assim essa raça mais resistente à verminose que as demais. WOOLASTON (1992) verificou significante diferença no OPGF de fêmeas lactantes de diferentes linhagens de Merino Australiano, postulando que o componente genético do animal é muito importante na resposta às infecções por helmintos. 8

Em experimento realizado no Paraná, OTTO et al., (1994) observaram ovelhas com maior OPGF no final da gestação e início da lactação, sendo que as que perderam suas crias passaram a apresentar um OPGF negativo. Corroborando com estes dados MORRIS et al. (1998) verificaram haver uma acentuada correlação positiva no OPGF de ovelhas e suas crias, reinfatizando a transmissão do caráter genético que favorece a resistência às infecções por nematódeos gastrintestinais. Já TEMBELY et al. (1998) verificaram que o número de borregos ao parto também tem influência no OPGF apresentado pelas mães, ou seja, partos com duas crias levam a um aumento acentuado no OPGF materno. AMARANTE et al., (1999) chamaram a atenção para o fato que algumas raças de ovinos são geneticamente mais resistentes às infecções por nematódeos, e nesses casos o Fenômeno do Peri-Parto (FPP) é menos pronunciado. AMARANTE, (2002) observou que ovinos da raça Santa Inês são mais resistentes às infecções por nematódeos, quando comparados com Suffolk e Ile de France, o que lhes permite um FPP menos estressante. NG ANG A et al., (2004), no Kênia, registraram a ocorrência do fenômeno do peri-parto em ovelhas Dorper, no final da estação seca e início das chuvas, atribuindo-o ao recomeço do desenvolvimento das larvas hipobióticas, uma vez que nesse período a quantidade de larvas nas pastagens estavam muito baixa. HOUDIJK et al., (2001) demonstraram que uma suplementação de proteína metabolizável pode atenuar a queda de imunidade contra Teladorsagia circumcincta, que comumente ocorre durante o período periparto. 9

2. OBJETIVO Verificar a quantidade de ovos de nematódeos gastrintestinais eliminados durante o peri-parto, em ovelhas Santa Inês criadas semiintensivamente no Distrito Federal. 10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARANTE, A.F.T. Resistência de cordeiros das raças Santa Inês, Suffolk e Ile de France às infecções naturais por nematódeos gastrintestinais. Tese de Livre Docência, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu SP, Brasil, 2002, 167 pp. AMARANTE, A.F.T. Resistance of Santa Inês, Suffolk and Ile de France sheep to naturally acquired gastrointestinal nematode infections. Vet. Parasitol., 120, p.91-106, 2004. AMARANTE, A.F.T., BARBOSA, M.A., OLIVEIRA, M., SIQUEIRA, E.R. Eliminação de ovos de nematódeos gastrintestinais por ovelhas de quatro raças durante diferentes fases reprodutivas. Pesq. Agropec. Bras., 27, p.47-51, 1992. AMARANTE, A.F.T., BARBOSA, M.A. Seasonal variations in populations of infective larvae on pasture and nematode faecal egg output in sheep. Vet. Zootec., 7, p.127-133, 1995. AMARANTE, A.F.T., CRAIG, T.M., RAMSEY, W.S., DESOUKi, A.Y., BAZER, F.W. Comparison of naturally acquired parasite burdens among Florida Native, Rambouillet and crossbreed ewes. Vet. Parasitol., 85, p.61-69, 1999. AMARANTE, A.F.T. Resistance of Santa Inês, Suffolk and Ile de France sheep to naturally acquired gastrointestinal nematode infections. Vet. Parasitol., 120, p.91-106, 2004. 11

ARUNDEL, J. H., FORD, G. E. The use of a single anthelmintic treatment to control the post-parturient rise in faecal worm egg count of sheep. Aust Vet. J., 45, p.89-93, 1969. BARGER, I.A. Influence of Sex and reproduction status on susceptibility of ruminants to nematod parasitism. Intern. J. Parasitol., 23, p.463-469, 1993. BRUNSDON, R.V. The spring rise phenomenon: Seasonal changes in the worm burdens of breeding ewes and in the availability of pasture infection. New Zealand Vet. J., 18, p.47-54, 1970. BRUNSDON, R.V. The post-parturient rise in the faecal nematode egg count of ewes: some host-parasite relationship. New Zealand Vet. J., 19, p.100-107, 1971. BRUNSDON, R.V., VLASSOFF, A. The post-parturient rise: a comparison of the pattern and relative generic composition of faecal strongyle egg counts in ewes and weethers. New Zealand Vet. J., 19, p.32-37, 1971. CENCI, F.B., LOUVANDINI, H., DELL PORTO, A., MCMANUS, C.M., COSTA, D., Ciminelli, S., Abdalla, A.L. Efeito do tanino condensado na contagem de ovos de helmintos por grama de fezes em ovinos deslanados em regime de pastejo. In: Reunião Anual da Soc. Bras. Zootecnia, Goiânia, 2005. CENCI, F.B. Efeitos do tanino condensado sobre helmintos de ovinos infectados naturalmente. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília DF, Brasil, 62 pp., 2006. 12

CIARLINI, P.C. Leucograma e metabolismo oxidativo dos neutrófilos em ovelhas (Ovis aries Linnaeus, 1758) naturalmente infectadas por nematódeos gastrintestinais ao final da gestação, durante a lactação e após o desmame: influência de fatores raciais e hormonais. Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu SP, Brasil, 204 pp., 1998. CONNAN, R.M. Studies on the worm populations in the alimentary tract of breeding ewes. J. Helminthol., 42, p. 9-28, 1968. COOP, R.L., KYRIAZAKIS, I. Influence of host nutrition on the development and consequences of nematode parasitism in ruminants. Trends Parasitol., 17, p.325-330, 2001. CROFTON, H. D. Nematode parasite populations in sheep on lowland farms. I. Worm egg counts in ewes. Parasitology., 44, p.465-477, 1954. COURTNEY, C.H., PARKER, C.F., MCCLURE, K.E., HERD, R.P. A comparison of the periparturient rise in fecal egg counts of exotic and domestic ewes. Intern. J. Parasitol., 14, p.377-381, 1984. DINEEN, J.K., KELLY, J.D. The suppression of rejection of Nippostrongylus brasiliensis in lactating rats: The nature of the immunological defect. Immunology, 22, p.1-12, 1972. DONALD, A.D., MORLEY, F.H.W., WALLER, P.J., AXELSEN, A., DOBSON, R.J., DONNELLY, J.R. Effects of reproduction, genotype and anthelmintic treatment of ewes on Ostertagia spp. Populations. Intern. J. Parasitol.,12, p.403-411, 1982. 13

DUNSMORE, J. D. Ostertagia spp. In lambs and pregnant ewes. J. Helminth., 39, p.159-184, 1965. ECHEVARRIA, F., BORBA, M.F.S., PINHEIRO, A.C., WALLER, P.J., HANSEN, J.W. The prevalence of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheep in southern Latin America: Brazil. Vet. Parasitol., 62, p.199-206, 1996. FLEMING, M.W., & CONRAD, S.D. Effects of exogenous progesterone and/o prolactin on Haemonchus contortus infections in ovariectomized ewes. Veterinary Parasitology, 34, p.57-62, 1988. FREITAS, M.G., 1977 Helmintologia Veterinária. 3ª ed., Edit. Rabelo & Brasil Ltda., Minas Gerais, Brasil. 396 pp, 1977. GIBBS, H.C. Hypobiosis and the periparturient rise in sheep. Vet. Clín. North Am. Pract., 2, p.345-353, 1986. GIBBS, H.C., BARGER, I.A. Haemonchus contortus and other trichostrongylid infections in parturient, lactating and dry ewes. Vet. Parasitol., 22, p.57-66, 1986. HOLMES, P.H. Pathophysiology of parasitic infections. Parasitology, 94, p. 29-51, 1987. HOUDJIK, J.G.M., KYRIAZAKIS, I., JACKSON, F., COOP, R.L. The relationship between protein nutrition, reproductive effort and breakkdown in immunity to Teladorsagia circumcinta in periparturient ewes. Anim. Sci., 72, p.595-606, 2001. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Pesquisa Pecuária Municipal, 2003. www.ibge.gov.br 14

KHAN, L.P., KNOX, M.R., WALKDEN-BROWN, S.W., LEA, J.M. Regulation of the resistance to nematode parasites of single- and twin-bearing Merino ewes through nutrition and genetic selection. Vet. Parasitol., 114, p.15-31, 2003. MCMANUS, C., COUTO, F., A., LOUVANDINI,H., LEITE, G., SOARES, G. Projeto Plataforam de caprino Ovinocultura do Distrito Federal, FAPDF,1999. MCMANUS, C., MIRANDA,.4, p.627-635, 1996 R.M. Crescimento de ovinos Bergamácia em Brasília. Parâmetros genéticos e fenotípicos e influencias ambiental. Rev. Soc. Bra. de Zoo., 25, n 1996 MICHEL, J.F. Arrested development of nematodes and some related phenomena. Adv. Parasitol., 12, 279-366, 1974. MICHEL, J.F. The epidemiology and control of some nematode infections in grazing animals. Adv. Parasitol., 14, 355-397, 1976. MORRIS, C.A., BISSET, A., VLASSOF, C.J.W., WHEELER, M. Faecal nematode egg counts in lactating ewes from Romney flocks selectively bred for divergence in lamb faecal egg count. Anim. Sci., 67, 283-288, 1998. NEARLAND, G. Nutrition In relation to nematode parasitism in sheep. Report of the XIVth Int. Vet. Cong., London, 2, 65-70, 1949. NG ANG A, C.J., MUNYUA, W.K.,, MAINGI, N., KANYARI, P.W.N. Occurrence or peri-parturient rise in trichostrongylid nematode egg output in Dorper ewes in a semi-arid area of Kajiado District of Kenya. Acta Tropica, 92, p.213-218, 2004. O SULLIVAN, B.M., DONALD, A.D. A field study of nematode parasite population in the lactating ewe. Parasitol., 61, p.301-315, 1970. 15

O SULLIVAN, B.M., DONALD, A.D. Responses to infection with Haemonchus contortus and Trichostrongylus colubriformis in ewes of different reproductive status. Intern. J. Parasitol., 3, p.521-530, 1973. OTTO, C., BONA FILHO, A., SÁ, J.L., FROEHNER, D.C., BENATO, M.L.S. e Silveira, M.Z. Eliminação de ovos de nematódeos por ovelhas naturalmente infectadas durante diferentes fases reprodutivas. Rev. Ciên. Agrárias, Curitiba, 13, p.161-166, 1994. SANTIAGO, M., GONZALES, J.C. e BENEVENGA, S. O aumento súbito do número de ovos de nematódeos nas fezes das ovelhas na época do parto. Rev. Med. Vet., 6, p.267-276, 1970. SOULSBY, E.J.L. Studies on the serological responsse in sheep to naturally acquired gastro-intestinal nematodes. II Responses in a low ground flock. J. Helminth., 31, p.145-160, 1957. SOULSBY, E.J.L., Helminths, Arthropods and Protozoa of Domesticated Animals. Baillière, Tindall and Cassel Edit., London, UK. 824pp, 1971. SOULSBY, E.J.L. The evasion of the immune response and immunological unresponsiveness: parasitic helminth infections. Immunol. Letters, 16, p.315-320, 1987. TAYLOR, E. L. Seasonal fluctuation in the number of eggs of Trichostrongylid worms in the faeces of ewes. J. Parasitol., 21, p.175-179, 1935. TAYLOR, E. L., MICHEL, J. F. The parasitological and pathologicval significance of arrested development in nematodes. J. Helminth., 28, p.199-205, 1953. 16

TEMBELY, S., LAHOU-KASSI, A., REGE, J.E.O., MUKASA-MUGERWA, E., ANINDO, D., SOVANI, S., BAKER, R.L. Breed and season effects on periparturient rise in nematode egg output in indigenous ewes in a cool tropical environment. Vet. Parasitol., 77, p.123-132, 1998 UENO, H., GONÇALVES, P.C. Manual para diagnóstico das helmintoses de ruminantes. 4ª ed., Japan Intern. Coop. Agency, Tokio, 143 pp.1998. VASCONCELOS, V.R., VIEIRA, L.S. A evolução da caprino-ovinocultura brasileira. 2004. www.saanen.cnpc.embrapa.br/artigo8. VELOSO, C. F. M., LOUVANDINI, H., KIMURA, E.A., AZEVEDO, C.R., ENOKI, DR., FRANÇA, L.D., MCMANUS, C.M., DELL PORTO, A.D., SANTANA, A.P. Efeitos da suplementação protéica no controle da verminose e nas características de carcaça de ovinos Santa Inês. Ciência Animal Brasileira, 5, p.131-139, 2004. WOOLASTON, R.R. Selection of Merino sheep for increased and decreased resistance to Haemonchus contortus: peri-parturient effects on faecal egg counts. Intern. J. Parasitol., 22, p.947-953, 1992. 17

Capítulo único - Contagem de ovos de nematódeos gastrintestinais em ovelhas Santa Inês no período periparto, no Distrito Federal. 18

Contagem de ovos de nematódeos gastrintestinais em ovelhas Santa Inês no período periparto, no Distrito Federal. L.A.L.Rufino 1, A. Dell Porto 1, D.S.V. de Melo 1 1 Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Caixa Postal 04508 CEP 70910-900 Brasília-DF, Brasil. RESUMO A presente pesquisa teve por objetivo avaliar a variação na quantidade de ovos de nematódeos gastrintestinais eliminados nas fezes de ovinos da raça Santa Inês no período do peri-parto criados semi-intensivamente numa propriedade próxima a cidade de Samambaia, no Distrito Federal. O grupo experimental foi composto por dezenove matrizes em período peri-parto, com idades entre 2 e 3,5 anos, mantidas em regime semi-intensivo, sendo sete nativas e doze adicionadas ao rebanho um ano antes do início do experimento. Foram realizadas colheitas quinzenais individuais, totalizando quatrocentas amostras. As fezes foram obtidas diretamente da ampola retal em sacos plásticos individuais e mantidas a 4ºC até o processamento. O número de ovos foi determinado utilizando-se a técnica de GORDON & WHITLOCK (1939) modificada. Os animais não foram vermifugados durante o experimento. Observaram-se diferenças nas quantidades de ovos eliminados nas fezes desses animais na fases de lactação. Palavras-chave: ovelhas Santa Inês, OPGF, peri-parto, nematódeos, Distrito Federal. uadnum@yahoo.com.br, arletedp@unb.br. Fone/Fax; (61) 3307.2989 19

Counting of gastrintestinal nematode eggs in Santa Inês sheep during the periparturition period, in the Distrito Federal. L.A.L.Rufino 1, A. Dell Porto 1, D.S.V. de Melo 1 ABSTRACT The present research was carried out (performed) to evaluate the variation on output of eggs by gastrintestinal nematodes in Santa Inês sheep in the periparturient period. The experimental group were composed by nineteen ewes), aged between 2 to 3.5 years old, maintained in semi-intensive system in a farm near Samambaia district, in the Distrito Federal. The ewes were from different origins: seven were natives and twelve were introduced to the flock one year before the beginning of the experiment. Individual samples were collected each fifteen days, with a total of four hundred samples. Rectal faecal samples were collected in plastic bags and stored at 4ºC until to be processed. The number of eggs was determined for each sample using the modified GORDON & WHITLOCK technique (1939). The ewes were not treated during the experimental period. Differences in the eliminated eggs quantities were observed related to the stages of the lactation. Key-words: sheep, Santa Inês breed, EPGF, periparturient, nematodes, Distrito Federal. 20

1. INTRODUÇÃO Praticamente 100% dos ruminantes domésticos albergam uma ou mais espécies de endoparasitas. Os parasitas do trato gastrintestinal infectam o hospedeiro quando ainda muito jovem, ocasião em que seu sistema imune não está completamente desenvolvido e a partir do 3º ou 4º mês de vida essas infecções tornam-se de caráter misto com várias espécies atuando de maneiras diversas sobre o organismo hospedeiro. O maior ou menor sucesso do organismo para controlar essas infecções depende de diversos fatores, tais como: a carga genética herdada, o grau de nutrição da ovelha durante a gestação, a tensão de infestação do ambiente onde esse hospedeiro se encontra e dos gêneros de parasitas aí presentes (DONALD et al., 1982; HOUDJIK et al, 2001). Contudo, é importante salientar que infecções causadas por helmintos do trato gastrintestinal, são responsáveis pela queda de produção e de produtividade do rebanho. O risco desta parasitose ocasionar a morte das mães e filhotes é permanente. Os efeitos mais comumente observados são: má absorção de nutrientes, anemia, desidratação, perda de peso, redução da fertilidade e diminuição na quantidade e qualidade da lã. No que diz respeito aos cordeiros a situação torna-se ainda mais delicada, visto que um animal infectado dificilmente recupera-se em termos de ganho de peso, resultando em desenvolvimento corporal inadequado (AMARANTE, 2004 e OTTO, 1994). O acompanhamento desta parasitose é importante para identificar o grau de contaminação do rebanho, além de auxiliar na definição de estratégias de controle dos parasitas gastrintestinais. O primeiro passo para esse 21

acompanhamento é o exame laboratorial no qual se quantifica os ovos dos parasitas que saem juntamente com as fezes do hospedeiro e que irão contaminar as pastagens. Nessa quantificação, portanto, determina-se o número de ovos por grama de fezes vulgarmente denominado OPG. Embora se considere que para ovinos um OPGF de 1000 represente uma infecção moderada (UENO & GONÇALVES, 1998) indicando necessidade de tratamento, há que se considerar que dependendo do número de ovos eliminado por um determinado gênero de tricostrongilídeo e, principalmente da ação patogênica do helminto, a ação requerida junto ao hospedeiro irá variar. Tais fatos reiteram a importância da identificação dos gêneros de helmintos que estão infestando os animais. Embora a quantidade de ovos eliminados seja variável em função de inúmeros fatores como: condições climáticas, topografia de região, raça, estado nutricional e fisiológico do animal, alguns fatores são predominantes em determinado(s) período(s) da vida do animal. Assim tem-se, em praticamente todas as espécies animais e, sobretudo em ovinos, que as fêmeas sofrem uma queda na resistência aos parasitas gastrintestinais no período do parto e da lactação, ou Período Peri-Parto (BARGER, 1993). Essa queda na resistência resulta em aumento na quantidade de ovos eliminados juntamente com as fezes do hospedeiro no período que antecede o parto e se prolonga até o final da lactação, e a este se denomina Fenômeno do Peri-Parto - FPP (AMARANTE et al., 1992; CIARLINI, 1998), ou mais comumente Aumento do Peri-Parto (APP). Várias teorias foram sendo propostas para explicá-lo. Nos países de clima frio ocorre principalmente na primavera, porém nos países de clima tropical este fenômeno é passível de ocorrer durante o ano todo. 22

Várias hipóteses têm sido levantadas na tentativa de explicar esse fenômeno seja por fatores genéticos (MORRIS et al., 1998 e ROCHA et al., 2004), hormonais (ARUNDEL & FORD, 1969 e O SULLIVAN & DONALD, 1980), nutricionais (MORGAN et al., 1951), imunológicos (SOULSBY, 1957), bem como em função da tensão de infestação do ambiente. (COOP & KYRIAZAKIS, 2001 e KHAN et al., 2003). Os aspectos de clima, vegetação e tipo de terreno onde vivem os animais podem influenciar nesse fenômeno, juntamente com o tipo de manejo a que são submetidos. Animais confinados ou semi-confinados ou de criações extensivas responderão de forma distinta à quantidade de ovos nas fezes, pois a quebra do ciclo do parasita através da mudança de pastagem, ou mesmo limpeza de instalações, temperaturas elevadas, baixa umidade e alta pluviometria podem criar barreiras para instalações de novos vermes ou mesmo dificultar a sobrevivência dos mesmo no hospedeiro.. 23

2. OBJETIVO Verificar a quantidade de ovos de nematódeos gastrintestinais eliminados durante o peri-parto, em ovelhas Santa Inês criadas semiintesivamente no Distrito Federal. 24

2. MATERIAL E MÉTODO 2.1 Locais de execução, Animais e Manejo. O experimento foi realizado na fazenda Asa Alimentos filial 04 setor de ovinos, situada na zona rural de Samambaia - Distrito Federal, e que conta com um rebanho de corte de aproximadamente 600 matrizes da raça Santa Inês, mantidos em sistema semi-intensivo com rotação de pastagens em pastos capim-elefante (Pennisetum purpureum), capim - tanzânia (Panicum maximum Jacq. cv. Tanzânia) capim-aruana (Panicum maximum Jacq. cv. Aruana) Do total de animais foram selecionadas, por exames de fezes positivos para ovos de tricostrongilídeos ou mesmo de Strongyloides (raros), 19 (dezenove) fêmeas naturalmente infectadas, no último mês de gestação. Durante a realização do experimento essas fêmeas ficaram alojadas numa maternidade do galpão, saindo apenas depois do desmame, que ocorre quando os cordeiros atingem 60 (sessenta dias). Diariamente, recebiam forragem nos cochos, suplementada com ração produzida na própria propriedade. No período de fevereiro a julho de 2006, foram realizadas colheitas quinzenais individuais, para fins de diagnóstico quantitativo dos nematódeos gastrintestinais. As colheitas eram realizadas sempre no período da manhã, e envolveram as seguintes fases do periparto: antes do parto, durante a lactação e após o desmame. Os animais alojados estavam em bom estado de saúde. As matrizes do experimento não sofreram escassez de alimentos. Apesar do período da execução da pesquisa ter acometido na estação da seca, o volumoso oferecido 25

vinha das capineiras mantidas na propriedade, sem utilização de silagem. Não faltou fornecimento de ração, que é fabricada na própria empresa, e a suplementação do sal. O fornecimento do volumoso e concentrado era realizado diariamente pela manhã e no início da tarde, sendo que o sal mineral ficava com livre acesso às matrizes ao longo do experimento. 2.2. Técnicas Parasitológicas As fezes foram colhidas em sacos plásticos, diretamente da ampola retal e mantidas sob refrigeração até chegada ao Laboratório de Parasitologia da FAV/UnB e processadas segundo técnica de GORDON & WHITLOCK (1939) modificada, com o resultado expresso em Ovos por Grama de Fezes (OPGF). Durante esse período os animais não foram submetidos a nenhum tratamento antihelmíntico. Foi determinado o OPGF médio antes do parto, durante a lactação e após o desmame dos cordeiros. Utilizando-se destes dados fez-se um acompanhamento de todas as ovelhas, e como se comportavam nessas fases do ciclo reprodutivo. Para melhor compreensão da dinâmica de infecção, os dados foram agrupados em médias mensais. O delineamento experimental utilizado foi o DIC (Delineamento Inteiramente Casualisado) com os animais sendo usados como repetição. Os resultados foram submetidos à analise de variância usando o procedimento GLM do pacote SAS (System of it Analyzes Statistics,1999). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey s a 5% de probabilidade. 26

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O fenômeno do peri-parto tem grande importância na epidemiologia das nematodioses gastrintestinais nos ovinos. Ele se caracteriza por um aumento na contagem de ovos eliminados nas fezes (OPGF) perto do período de parição até o fim da lactação. Segundo SOULSBY (1987) dentre os fatores que promovem essa elevação há que se considerarem os hormônios glicocorticóides, adrenocorticotróficos e a prolactina que causam supressão da reatividade dos linfócitos, permitindo a manutenção da população de parasitas adultos. Essa elevação também se deve a um aumento na fecundidade dos vermes adultos; à retomada do desenvolvimento de larvas hipobióticas e ao estabelecimento de novas larvas infectantes (AMARANTE, 1992). Há ainda várias publicações sobre outros fatores que podem causar esse aumento na eliminação dos ovos nas fezes. Os resultados do presente estudo mostram ocorrência de aumento na contagem dos ovos eliminados nas fezes, por ovelha da raça Santa Inês, durante o período peri-parto (PPP), sendo que algumas matrizes tiveram um comportamento típico em conformidade com a maioria das publicações, enquanto que outras apresentaram respostas bem peculiares. No geral, os dados revelam uma diversidade na quantidade de ovos nas fezes, Embora aumentos de contagem tenham sido observados em períodos que variaram de catorze dias antes do parto até setenta e sete dias pós-parto, a elevação maior ocorreu no primeiro mês de lactação. Resultado semelhantes foram obtidos por (OTTO, 1994; SALISBURY & ARUNDEL, 1970) Alguns animais apresentaram aumento no OPGF durante o desmame, fato também constatado por COURTNEY et al. (1984). 27

3.1 OPGF MÉDIO Os dados obtidos com as 19 ovelhas, nas três fases do Período Peri- Parto (antes do parto, lactação e desmame) foram agrupados e acham-se expressos na Fig. 1. 460 440 420 400 380 360 340 320 300 Ovos por Grama de Fezes 280 260 240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 ANTES PARTO LACTAÇÃO DESMAME MATRIZES Figura 1 Valores médios das contagens de ovos de nematódeos nas matrizes Santa Inês. Antes do Parto, na Lactação e depois do Desmame. Na Fig. 1 comparam-se os valores médios das contagens de ovos de nematódeos gastrintestinais por grama de fezes (OPGF) eliminados por matrizes Santa Inês no período peri-parto. Observa-se que essas ovelhas na fase de lactação tiveram um OPGF médio maior que nos demais períodos. A análise estatística dos dados da Fig. 1 revela diferença significativa apenas no OPGF do período de lactação (P< 0,05). A análise dos valores obtidos nos períodos antes do parto e ao desmame não tiveram diferenças estatísticas significativas. 28

Para melhor visualização do ocorrido nessas fases, os dados foram mais especificamente detalhados em cada uma das fases do PPP, ou seja: AP = 357,26; 1ML = 603,56; 2ML = 268,84; 1MD = 189,58 e 2MD = 97,88, e acham-se demonstrados na Fig. 2. 700,00 650,00 600,00 550,00 500,00 Ovos por Grama de Fezes 450,00 400,00 350,00 300,00 250,00 MATRIZES 200,00 150,00 100,00 50,00 0,00 AP 1ML 2ML 1MD 2MD Figura 2 Valores médios das contagens de ovos de nematódeos das matrizes Santa Inês. Antes do parto (AP), Lactação - 1 mês (1ML), Lactação 2 mês (2ML), Desmame 1 mês (1MD), Desmame 2 mês (2MD). Na Fig. 2 fica evidenciado o fenômeno do peri-parto, em função do aumento ocorrido na contagem média de ovos após o parto (> 600 OPGF), sobretudo no primeiro mês de lactação, com posterior queda gradual. No desmame as contagens de ovos atingiram valores menores que 150 OPGF. 29

Também na Fig. 2 estão representadas as médias de OPGF de todos os animais do experimento, porém tem-se que a maioria das matrizes compradas teve parto gemelar. Esse fato também pode ter interferido na quantidade de ovos eliminados nas fezes por essas ovelhas, uma vez que nessa condição as exigências do organismo materno são maiores principalmente em termos de nutrientes, e em não havendo uma suplementação adequada, o animal torna-se menos apto a controlar as infecções por parasitas (HOUDJIK, 2001; TEMBLEY, 1998). Mesmo com o aumento do OPGF em determinados momentos do experimento, os valores médios observados estipulados por UENO & GONÇALVES (1998) para ovos de helmintos em ovinos, para infecção mista. Além disso, algumas matrizes mantiveram a contagem de ovos nas fezes com valores mínimos, mesmo durante o PPP. Esses dados sugerem que esses animais possam ser considerados resistentes aos parasitas. Esse tipo de resposta é semelhante à observada por COURTNEY et al. (1984) em fêmeas de outras raças, que foram consideradas resistentes por terem apresentado um pequeno ou nenhum aumento no OPGF durante o peri-parto. Resultados semelhantes também foram obtidos por MORAES (2000); BUENO et al. (2002); AMARANTE et al. (2004) e ROCHA et al. (2004) com ovinos da raça Santa Inês, levando-os a considerar os animais dessa raça como portadores de uma resistência natural às infestações por nematódeos. O aumento do OPGF observado no período de lactação, tanto nas pode ter acontecido devido a uma depressão na capacidade imunológica associadas com mudanças hormonais decorrentes da lactação. De acordo com O SULLIVAN & DONALD (1970,1973); CONNAN (1968); COURTNEY et al. 30