Diversidade e Estruturação Espacial da Comunidade de Anfíbios Habitantes de Bromélias em Área de Restinga no Sudeste Brasileiro

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Transcrição:

III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 127 Diversidade e Estruturação Espacial da Comunidade de Anfíbios Habitantes de Bromélias em Área de Restinga no Sudeste Brasileiro M. M. Mageski 1,*, R. B. Ferreira 2,3, L. C. Costa 1, P. R. Jesus 1, E. C. Campinhos 1, L. A. R. Souza 1 & P. D. Ferreira 1 ¹Universidade Vila Velha, Laboratório de Herpetologia. ²Utah State University, Department of Wildland Resources and EcologyCenter. 3 Museu de Biologia Mello Leitão. *Email para correspondência: marcioherpetologia@gmail.com Introdução Anfíbios normalmente se restringem a ambientes úmidos, devido às necessidades de reprodução, respiração e forrageamento (Duellman&Trueb, 1994). Em ambientes de restinga existem condições severas, tais como temperatura elevada, baixa disponibilidade de água, alta incidência de radiação solar e salinidade (Da-Silva, 1998; Scaranoet al., 2001; Pereira et al., 2004), o que torna bromélias uma das poucas fontes de água viável à utilização pelos anuros (Schineider& Teixeira, 2001; Teixeira et al., 2002; Ferreira et al., 2012). Avaliamos nesse estudo a composição, estrutura espacial e diversidade da comunidade de anfíbios anuros associados a bromeliáceas em diferentes ambientes de uma área de restinga no sudeste do Brasil. Material e Métodos Os trabalhos de campo foram desenvolvidos no Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), situado no município de Guarapari, Estado do Espírito Santo, Brasil. Foram selecionadas três tipos de ambientes, sendo esses afloramento rochoso (AR), formação arbustiva aberta não inundável (FA) e arquipélago de três ilhas (TI). Foram realizadas 24 amostragens através de busca ativa limitada por tempo (Bernarde, 2012). Os anfíbios foram capturados, contabilizados, identificados e soltos no mesmo local de coleta. Logo após, as bromélias foram identificadas bom base em sua inflorescência (Proença &Sajo, 2004). Os dados de riqueza e abundância foram analisados no software Past v. 2.17. Para averiguar se essa riqueza entre os ambientes diferiu significativamente, foi realizado um teste Chi-quadrado (χ 2 ), fazendo uso do software Systat v. 12. Os valores de p < 0,05 foram considerados significativos.

128 MAGESKI ET AL: COMUNIDADE DE ANFÍBIOS HABITANTES DE BROMÉLIA Figura 1. Abundância relativa (%) de anfíbios por espécie de bromélia em três ambientes amostrados no Parque Estadual Paulo César Vinha, Espírito Santo. A= Aechmeablanchetiana, B= Aechmeanudicaulis, C= Quesneliaquesneliana e D= Vrieseaneoglutinosa. Espécies de anfíbios: A. b= A. brunoi, D. d= D. decipiens, H. s= H. semilineatus, P. l= P. luteolus, R. c= R. cruficer, S. a= S. alter e S. ar= S. argyreornatus. Resultados e Discussão Foram encontrados 607 anfíbios correspondendo a sete espécies utilizando quatro espécies de bromélias no PEPCV (Tabela 1). Seis espécies pertencem à família Hylidae e uma à Bufonidae. Phyllodytesluteolus ocorreu nas quatro espécies de bromélias analisadas, estava presente nos três ambientes amostrados, apresentou a maior abundancia relativa e foi a única espécie encontrada em TI. AR foi o ambiente mais diverso e FA apresentou a maior dominância e riqueza de anfíbios.porém, a riqueza não foi significativamente diferente dos demais ambientes (AR= cinco espécies, TI= uma espécie, χ 2 = 6; df = 4; p = 0,199). Aechmeanudicaulis foi a bromélia que abrigou a maior riqueza (Figura 1) e diversidade de anfíbios. Ao contrário, Quesnelianaquesneliana apresentou a maior dominância, fator influenciado pela baixa riqueza (Figura 3) e diversidade de anfíbios (Tabela 2). O número de espécies encontradas no PEPCV mostrou-se semelhante a outros estudos nas restingas pesquisadas no estado do Espírito Santo (Schineider& Teixeira 2001; Teixeira et al., 2002; Ferreira & Mendes, 2010).

III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 129 Tabela 1. Abundância relativa e distribuição espacial dos anfíbios de bromélia em três ambientes amostrados no Parque Estadual Paulo César Vinha, Espírito Santo. Ambientes amostrados: AR= Afloramento Rochoso, FA= Formação Aberta Arbustiva Não Inundável e TI= Arquipélago de Três Ilhas. Espécies de bromélias: Ab= Aechmeablanchetiana; An= Aechmeanudicaulis; Qq= Quesneliaquesneliana; Vn= Vrieseaneoglutinosa. Ambientes AR FA TI Táxons An Ab Qq Na Ab Vn Qq Bufonidae Rhinella crucifer 1 Hylidae Aparasphenodonbrunoi 6 3 3 2 Dendropsophusdecipiens 2 4 Hypsiboassemilineatus 1 Phyllodytesluteolus 18 27 2 7 74 50 373 Scinaxalter 6 8 1 1 2 13 Scinaxargyreornatus 3 Nº de indivíduos p/bromélia 31 40 3 16 81 63 373 Nº de espécies p/ambiente 5 6 1 Nº de indivíduos p/ambiente 74 160 373 H por ambiente 1,02 0,66 0 D por ambiente 0,46 0,69 1 J por ambiente 0,63 0,37 0 Essa diferença pode ser parcialmente atribuída ao grau de proteção das áreas estudadas e à alta heterogeneidade de ambientes. Phyllodytesluteolus foi a espécie com maior abundância relativa nos ambientes amostrados, o que pode estar relacionado ao hábito bromelígena e a elevada diversidade de bromélias no PEPCV (Peixoto, 1995; Giaretta, 1996; Ferreira et al., 2012). Tabela 2. Análises de diversidade de anfíbios por espécie de bromélia, padronizada por busca ativa limitada por tempo, no Parque Estadual Paulo César Vinha, Espírito Santo. DPB= Densidade populacional média de bromélias ± SD em cada ambiente (Afloramento rochoso [AR], Formação arbustiva aberta não inundável [FA] e Arquipélago de Três Ilhas [TI]); N= número de espécies de anfíbios; Ntot= número total de indivíduos; H = Índice de Shannon-Wiener; D= Dominância; J= Equitabilidade de Pielou. Espécie de bromélia DPB N Ntot H D J A. blanchetiana 2,49±1,77(AR); 5 121 0,53 0,76 0,33 2,23±0,39 (FA) A. nudicaulis 5,97±1,75(AR); 6 47 1,25 0,38 0,70 0,55±0,54 (FA) Q. quesneliana 0,29±0,29(AR); 2 376 0,01 0,99 0,02 3,43±1,10 (TI) V. neoglutinosa 0,87±0,65 (FA) 2 63 0,52 0,65 0,76

130 MAGESKI ET AL: COMUNIDADE DE ANFÍBIOS HABITANTES DE BROMÉLIA Possivelmente o caráter bromelígena de P. luteolusfoi essencial para o seu estabelecimento no ambiente insular (TI). Aparentemente, a maior diversidade e equitabilidade e menor dominância atribuída a AR, se devem à proximidade com corpo d água temporário onde diversas espécies bromelícolas se reproduzem (Peixoto, 1995; Pontes et al., 2013). A maior diversidade encontrada em A. nudicaulispode ser atribuída à possibilidade de ocupação pelas espécies maiores de anfíbios (Aparasphenodonbrunoi, Hypsiboassemilineatus e Rhinellacrucifer). Conclusão O tamanho da bromélia e o número de axilas que repercutem na complexidade estrutural e volume de água acumulada parecem ser os fatores responsáveis na utilização das mesmas pelos anfíbios no PEPCV. Nossos resultados mostram que a ocupação de bromélias pela comunidade de anfíbios ocorreu de forma distinta e aparentemente associada às características da planta e à localização das mesmas (proximidade a corpos d água). Agradecimentos Agradecemos a Ary Silva e WertherKrohling pelas excelentes sugestões no delineamento experimental do estudo. Cinthia Casotti e Namany Nascimento pelo auxílio nos trabalhos de campo. Somos gratos também aos funcionários do "Parque Estadual Paulo Cesar Vinha" pelo apoio na realização do trabalho. Recebemos autorização de pesquisa do "Instituto Estadual de Meio Ambiente" (IEMA) (Proc. n º 59666501/2013) e Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIOn º 37762-2/2013). MM recebeu bolsa de estudos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES) e Universidade Vila Velha (UVV). RBF recebeu bolsa de estudos do Ecology Center at Utah StateUniversity. Literatura citada Bernarde, P. S. 2012. Anfíbios e Répteis: introdução ao estudo da herpetofauna brasileira. Anolis Books, Curitiba. 320p. Da-Silva, E. R. 1998. Estratégias de adaptação das espécies de Ephemeroptera às condições ambientais da Restinga de Maricá. OecologiaBrasiliensis 5(1):29-40. Duellman, W. E. &Trueb, L. 1994. Biology of Amphibians. JohnsHopkinsUniversity Press, Baltimore and London. 670p.

III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 131 Ferreira, R. B.; Schineider, J. A. & Teixeira, R. L. 2012. Diet, Fecundity, and Use of Bromeliads by Phyllodytesluteolus (Anura: Hylidae) in Southeastern Brasil. JournalofHerpetology 6(1):19-23. Ferreira, R. B. & Mendes, S. L. 2010. Herpetofauna no campus da Universidade Federal do Espírito Santo. SitientibusSérieCiênciasBiológicas 10(2-4): 279-285. Giaretta, A.A. 1996. Reprodutive specializations of bromeliad hylid frog Phyllodytesluteolus. Journal of Herpetology 30(1):96-97. Magurran, A.E. 2009. Ecological diversity and its measurements. PrincetonUniversity Press, New Jersey. 179p. Peixoto, O. L, 1995. Associação de anuros e bromeliáceas na Mata Atlântica. Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida 17(2):75-83. Pereira, M. C. A.; Cordeiro, S. Z. & Araújo, D. S. D. 2004. Estrutura do estrato herbáceo na formação aberta de Clusia do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, RJ, Brasil. Acta Botânica Brasílica 18(3):677-687. Pontes R.C., Santori R.T., Gonçalves e Cunha F.C. & Pontes J.A.L. 2013. Habitat selection by anurofauna community at rocky seashore in coastal AtlanticForest, SouthearternBrazil. Brazilian Journal of Biology 73(3): 533-542. Proença, S.L. &Sajo, M.G. 2004. Estrutura foliar de espécies de Aechmea Ruiz &Pav. (Bromeliaceae) do Estado de São Paulo, Brasil. Acta Botânica Brasílica 18(2):319-331. Scarano, F. R.; Duarte, H. M.; Ribeiro, K. T.; Rodrigues, P. J. F. P. & Barcellos, E. M. B. 2001. Four sites contrasting environmental stress in southeastern Brazil: relations of species, life form diversity, and geographic distribution to ecophysiological parameters. Botanical Journal of the Linnean Society 136(4):345-364. Schineider, J.A.P. & Teixeira, R. L. 2001. Relacionamento entre anfíbios anuros e bromélias da Restinga de Regência, Linhares, Espírito Santo, Brasil. Iheringia 62(2):263-268. Teixeira, R.L.; Schineider, R. L. & Almeida, G. I. 2002. The occurrence of amphibians in bromeliads from a Southeastern Brazilian restinga habitat, with special reference to Aparasphenodonbrunoi (Anura, Hylidae). BrazilianJournalofBiology 6(2):263-268.