Gerenciamento dos resíduos sólidos no município de Penápolis SP. Autor (a): Nathália Karoline de Carvalho Soares E-mail: nathy.c.soares@gmail.com Graduando do curso de Geografia da Universidade Estadual Paulista UNESP/ Presidente Prudente. Palavras chave: gerenciamento; resíduos; reciclagem; meio ambiente. Introdução: A questão ambiental, tema amplo e muito abrangente está cada vez mais ganhando espaço no cotidiano da população mundial. No Brasil a preocupação e a incorporação de debates públicos preocupados com a questão ambiental ocorreram anos após o tema ter sido incorporado à agenda internacional. As preocupações com a intervenção do homem no meio são diversas e uma das mais relevantes atualmente é no que diz respeito à questão do lixo, mais especificamente com o seu destino e o possível reaproveitamento de alguns materiais, uma ação que pode em muito reduzir os impactos no meio e ainda economizar recursos naturais. Apenas recentemente o termo reutilização tem merecido destaque no cenário mundial, porém no início do século XX, estudos indicam que o papel já passava por processos de reciclagem, e mais, indícios apontam que no ano de 105 d. C. já era realizada a reciclagem de fibras secundárias de papel. Nessa época já se usava a polpa de papéis usados para a geração de novos papéis, claro que com qualidade inferior ao que hoje é fabricado, porém para os padrões da época consistia em um grande avanço. Hoje a economia gerada com a reciclagem é notável. Uma tonelada de aparas de papel evita que se derrube algo em torno de 10 a 20 árvores de plantações comerciais. O crescimento cada vez mais rápido da população mundial tem se mostrado um grande aliado aos problemas ambientais e a questão da disposição final dos resíduos sólidos, pois quanto maior a população, mais resíduos são produzidos e menos áreas são disponibilizadas para se dispor corretamente os dejetos da população. Em contrapartida sabemos que a base material que utilizamos para a produção de todos os bens consumidos no planeta é praticamente a mesma desde os tempos mais remotos. O mundo nunca teve tantas pessoas, vivendo tanto tempo e com uma voracidade tão grande pelos recursos do planeta quanto na atualidade. (Lopes, p. 14) Uma saída a esta situação tem sido a criação em algumas cidades de cooperativas que possuem como objetivo a coleta seletiva de lixo diretamente na fonte e 1
seu posterior tratamento. O principal objetivo dessas cooperativas tem sido a redução do volume de lixo mandado aos aterros das cidades, bem como a economia de recursos naturais, somado à inserção que esses órgãos podem proporcionar às pessoas excluídas da sociedade. Infelizmente, a maioria das pessoas ainda pensam de forma um tanto quanto antiquada, pois estas possuem a certeza de que o lixo é algo inútil e sem nenhuma importância, e assim possuem o mau hábito de se livrarem dos resíduos de qualquer maneira, geralmente a mais fácil, fato que não significa que seja a mais adequada. Segundo o IBGE, 80% da disposição final do lixo brasileiro são feitos em vazadouros a céu aberto. Com o intuído de reciclar os resíduos humanos, a criação de cooperativas tem se mostrado bastante eficaz em algumas cidades e um exemplo é o município de Penápolis SP que possui sua cooperativa desde 2000. O projeto inicial foi implantado com o objetivo de retirar aproximadamente 35 pessoas, incluindo aí crianças que viviam no aterro sanitário da cidade coletando e separando o lixo domiciliar que era depositado pelos caminhões da prefeitura. Essas pessoas acarretavam também em problemas técnicos para prefeitura, pois em área de aterro sanitário (considerada área de alto risco), é estritamente proibido pela legislação à presença de pessoas sem autorização coletando o lixo, fato este que na época levava a CETESB (órgão responsável pela fiscalização do aterro da cidade), a classificá-lo com uma nota baixíssima. Concomitantemente a coleta seletiva de lixo, a educação ambiental possui grande importância quando se trata de preservação do meio. Em 27 de abril de 1999 foi sancionada a lei federal 9795 que dispões sobre a educação ambiental. Esta lei diz que todos os cidadãos possuem direito à educação ambiental, cabendo aos órgãos públicos promover esta em todos os níveis de ensino, ação esta que ainda é não é muito comum entre os mais de cinco mil municípios brasileiros. É sabido que a maior parte da população não coopera com as questões ambientais devido à desinformação. Não pode haver conservação nem preservação ambiental sem a educação, pois esta constrói no indivíduo e na coletividade uma consciência de mudança de comportamento e atitudes, que visam priorizar o meio ambiente. O homem precisa dessas 2
regras muito claras em sua consciência, pois somos predadores ambientais por excelência. (GRIPPI, 2006) O que a lei deixa bastante claro, é que a responsabilidade da educação ambiental não é só das secretarias municipais do meio ambiente, cabe às secretarias municipais de educação a responsabilidade de revisão dos currículos escolares como o objetivo de inserir a educação ambiental no ensino formal (artigos 9º e 10º). Objetivos: O presente trabalho tem como objetivo analisar os dados da cooperativa de recicladores de Penápolis (CORPE) com o intuito de mostrar um bom exemplo de destinação final do lixo seco e que alcançou grande êxito perante a comunidade. Demonstrarei aqui que a implantação de órgãos com tal objetivo contribui não só para a parte ambiental do município, mas também para a parte social, pois passa a inserir excluídos da sociedade novamente no mercado de trabalho com condições dignas para obterem o necessário para a sua sobrevivência. Assim, referir-me-ei as cooperativas de recicladores como uma iniciativa sócio-ambiental. A questão ambiental não ficará de lado, pois os aspectos positivos e negativos (se assim houver) para o meio serão explicitados, bem como sua relevância para a política pública do município. Analisarei todo o programa de educação ambiental que foi implantado no município, pois acredito que o princípio para a obtenção de um planeta cada vez mais sustentável tem as bases na educação ambiental, não só das crianças, mas da população em geral. Na medida do possível, analisarei toda a questão política que envolveu a criação da CORPE, sempre procurando mostrar que ações simples podem ajudar a remediar os danos causados pela comunidade. Fundamentação teórica: Segundo estudos demográficos, o planeta Terra possui hoje algo equivalente a 6,5 bilhões de habitantes. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) apontam que em 2050 a população mundial supere a incrível marca de 9,2 bilhões de habitantes. A proporção do crescimento da população trás a tona o problema do lixo. Onde estão sendo depositados os resíduos produzidos por toda essa gente? Uma coisa é certa: 3
Enquanto a população aumenta, os resíduos dispensados por ela também aumentam e os locais disponíveis para a disposição final do lixo diminuem cada vez mais. Este é um dos principais problemas enfrentados por especialistas incumbidos de ajudar a gerenciar os resíduos sólidos. Para se ter uma idéia do tamanho do problema, basta imaginar que se o Estádio do Morumbi servisse de depósito de lixo para a cidade de São Paulo seria necessária apenas uma semana para enchê-lo completamente. É importante observar que grande parte do que é tido como lixo, ou seja, sem serventia alguma, pode ser reutilizável, fato este que contribuiria e muito para a redução das montanhas de lixo geradas diariamente pela população, e pouparia uma enormidade de recursos naturais não renováveis. O lixo é a matéria prima fora do lugar. A forma com que uma população trata seu lixo, dos seus velhos, dos meninos de rua e dos doentes mentais atesta o seu grau de civilização. O tratamento do lixo doméstico, além de ser uma questão com implicações tecnológicas é antes de tudo uma questão cultural. (GRIPPI, 2006) Metodologia: O trabalho foi feito com base em estudos teóricos e bibliografia específica. Também foram realizados trabalhos de campo, conversas informais com os cooperados da CORPE e funcionários do DAEP. Conclusões: Pôde-se concluir neste trabalho a importância de um programa de integração para o gerenciamento dos resíduos sólidos municipais se faz imprescindível. Primeiramente, o órgão responsável por fiscalizar os aterros municipais do estado de São Paulo, passou a considerar o aterro de Penápolis como ótimo (nota 9,7 de 10 pontos possíveis). O aterro da cidade possui canalização especial para o Chorume e aparelhagem necessária para a queima do gás metano, além de contar com um sistema de com postagem de galhos provenientes de podas de árvores e um sistema de autoclave para o tratamento de resíduos hospitalares, sendo que a cidade foi o primeiro órgão público municipal a ter este tipo de tecnologia, que esteriliza e tritura os RSS e posteriormente vai para o aterro sanitário totalmente esterilizado. Já a cooperativa instalada na cidade passou de projeto à realidade. Hoje ela está totalmente implantada e contribuiu para a melhoria das famílias que antes viviam dos 4
restos de comida do aterro sanitário. Vale ressaltar a grande contribuição da população que contribui fielmente com a coleta seletiva da cidade, sendo que grande parte desse êxito deve-se as campanhas de educação ambiental implantada na cidade e que orienta crianças e adolescentes na caminhada de preservação ao meio ambiente. Bibliografia: GRIPPI, Sidney. Lixo, reciclagem e sua história 2. ed. São Paulo interciencia, 2006. SCARLATO, Capuano Feancisco; PONTIN, Arnaldo Joel. Do nicho aou lixo. 17. Ed. São Paulo. Atual, 1993. CANTÓIA, Silvia Fernanda; LEAL, Antonio Cezar. Cooperlix: História e Implantação. Formação (Presidente Prudente), v. 14, p. 126-149, 2007. LEAL, Antonio Cezar; GONÇALVES, Marcelino Andrade; IKUTA, Flávia Akemi; ZANIN, Maria; LOGAREZZI, Amadeu José Montagnini; FERREIRA, Eduardo Rodrigues; BARBOSA, Túlio. Resíduos sólidos no Pontal do Paranapanema. Presidente Prudente: Antonio Thomaz Júnior, 2004. 280 p. ROSA, Miriam Dantas; ASARI, Alice Yatiyo. Reciclagem de lixo e o papel das ONGs no município de Londrina (PR). Publicação CDTN, Maringá-PR, 2006. 5