Ilhas de calor em centros urbanos. Bruno Silva Oliveira

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Transcrição:

Ilhas de calor em centros urbanos Bruno Silva Oliveira bruno.so@dsr.inpe.br

Luke Howard (séc. XIX) mediu à noite diferenças de quase 2ºC entre Londres, então a maior metrópole do mundo, com mais de 1 milhão de habitantes, e três localidades rurais próximas. http://sustainablecitiessustainableworld.blogspot.com.br/2013/0 7/urban-heat-islands.html

Definição: Ilha de calor se refere a uma anomalia térmica resultante, entre outros fatores, das diferenças de absorção e armazenamento de energia solar pelos materiais constituintes da superfície urbana. (COSTA, 2009).

Fatores: Localização geográfica Estação do ano (grandes cidades) Crescimento Urbano desordenado Cobertura da terra edificações e asfalto Cores escuras Dif. Pressão atm. > instabilidade Poluição atmosférica Veículos e indústrias Transporte pelo vento Áreas sem vegetação arbórea

Fatores que favorecem as ilhas de calor Redução nas áreas vegetadas Propriedades dos materiais urbanos Geometria urbana Emissão de calor antropogênica Condições meteorológicas Localização geográfica Consequências Reduz o efeito natural de resfriamento por sombras e evapotranspiração Contribui para a absorção da radiação solar de ondas curtas, aquecendo as superfícies além da temperatura do entorno rural Altura e espaçamento dos edifícios afetam a quantidade de radiação recebida e emitida pela superfície urbana Contribui com o aquecimento do ar Céu limpo e ventos calmos podem favorecer a formação de ilhas de calor Proximidade a grandes corpos d água e terreno montanhoso pode influenciar padrões de vento e a formação de ilhas de calor

Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/ilha-de-calor-na-amazonia/

Fonte: Météo France/Cécile de Munck; NASA

Ilha de calor com e sem ar condicionado Fonte: Météo France/Cécile de Munck; NASA

Alteração nos parâmetros físicos, químicos e biológicos Superfície Range (%) Albedo típico (%) Água 5-10 7 Solo escuro úmido 5-15 10 Solo argiloso úmido 10-20 15 Solo arenoso úmido 20-30 25 Areia seca 30-40 35 Asfalto 5-10 7 Concreto 15-35 20 Vegetação baixa verde 10-20 17 Vegetação seca 20-30 25 Floresta conífera 10-15 12 Floresta decidual 15-20 17 Gelo marinho 25-40 30 Neve 70-90 80

Alteração nos parâmetros físicos, químicos e biológicos Superfície Albedo Emissividade Ruas com asfalto 0.05-0.10 0.95 Concreto 0.10-0.35 0.70-0.90 Paredes Telhados Tijolos 0.20-0.40 0.90-0.92 Pedras 0.20-0.35 0.85-0.95 Madeira 0.90 Piche e cascalho 0.08-0.18 0.92 Telhas 0.10-0.35 0.90 Ardósia 0.1 0.90 Sapé, folhagem 0.15-0.20 Chapa ondulada 0.10-0.16 0.13-0.28 Janelas Vidros claros - ângulo < 40 0.08 0.87-0.94 Vidros claros - ângulo > 40 0.09-0.52 0.87-0.92 Branca 0.50-0.90 0.85-0.95 Pinturas Verde 0.20-0.35 0.85-0.95 Preta 0.02-0.15 0.90-0.98

Alteração nos parâmetros físicos, químicos e biológicos Material Densidade kg m -3 x 10³ Calor específico Capacidade de calor Condutividade Térmica Taxa de difusão térmica J kg -1 K -1 x 10³ J m -3 K -1 x 10 6 W m -1 K -1 m² s -1 x 10-6 Solo arenoso seco 1.60 0.80 1.28 0.30 0.24 Solo argiloso saturado 2.00 1.55 3.10 1.58 0.51 Concreto denso 2.40 0.88 2.11 1.51 0.72 Im. Termal - 21h Tijolo 1.83 0.75 1.37 0.83 0.61 Aço 7.85 0.50 3.93 53.30 13.60 Madeira 0.32 1.42 0.45 0.09 0.20 Água 1.00 4.18 4.18 0.57 0.14

Quantidade de céu aberto (SVF - sky view factor) É a fração do céu visível do solo Relacionado com a geometria das edificações Espaços abertos têm maior SVF, resultando em melhor perda de calor durante a noite Fonte: Hämmerle et al. (2011)

Poluição atmosférica : Antropogênica e pelas queimadas CO emitido para a atmosfera

Mudanças na estrutura da atmosfera

Identificação ilhas de calor Métodos diretos e indiretos Modelagem numérica Estimativas baseadas em modelos empíricos Sensoriamento Remoto Técnica de medida indireta para estimar temperatura da superfície

Expansão Urbana em áreas arborizadas

Anomalia de temperatura máxima e mínima anual para São Paulo Fonte: Francisco de Assis Diniz, INMET

B A

Exemplo: Florianópolis (SC) Fonte: Pereira (2006)

Exemplo: Florianópolis (SC) Fonte: Pereira (2006)

Exemplo: Florianópolis (SC) Fonte: Pereira (2006)

Exemplo: Florianópolis (SC) Fonte: Pereira (2006)

Exemplo: Florianópolis (SC) Geração de ilhas de calor ocorre quando há estabilidade atmosférica Fonte: Pereira (2006)

Exemplo: Beijing - China 1995 2009 Fonte Chen et al. (2017) Evaluation of Urbanization Dynamics and its Impacts on Surface Heat Islands: A Case Study of Beijing, China. Remote Sensing.

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Soluções Criar mais áreas verdes nas cidades

Soluções Materiais que favoreçam o aumento do albedo http://hubss.com/products/streetbondcoatings-for-asphalt/streetbondsr/

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Soluções Aumentando o albedo, a superfície absorverá menos calor e assim transmitirá menos calor ao ambiente Redução no consumo de energia e emissão de gases de efeito estufa Além disso: Maior eficiência ar condicionado Planejamento urbano áreas verdes/ espaçamento entre edifícios. Menor densidade demográfica e demanda de transporte por população Aumentar evapotranspiração plantando mais arvores / reduzir área impermeável Mudança no estilo de vida para usar menos energia

Obrigado! Bruno Silva Oliveira bruno.so@dsr.inpe.br

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