Marcielly Dall Agnól Thomé, (1) Fagner Luiz da Costa Freitas, (1)

Documentos relacionados
16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

EM CRIANÇAS DE CRECHES PÚBLICAS

FREQUENCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE CINCO INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO DE PONTA GROSSA PR DURANTE OS ANOS DE 2014 A 2016

FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE PONTA GROSSA PR

Palavras-chave: Enteroparasitoses. Parasitoses Intestinais. Doenças Negligenciadas.

PREVENÇÃO DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS E MANIPULADORES DE ALIMENTOS EM CRECHES DA CIDADE DE JOÃO PESSOA - PB - PROBEX 2012

INCIDÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS NO DISTRITO DE BIZARRA BOM JARDIM PE; EDUCAÇÃO PREVENTIVA A PARTIR DO ENSINO DE CIÊNCIAS

ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE ABRIGAMENTO

Uériton Dias de Oliveira 1 Simone Jurema Ruggeri Chiuchetta 2

FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE PONTA GROSSA PR NO ANO DE 2017

PREVALÊNCIA DE PARASITOSES EM PACIENTES ATENDIDOS EM LABORATÓRIOS DE PALMAS (TOCANTINS)

J. Health Biol Sci. 2017; 5(2): doi: / jhbs.v5i p

PREVALÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE TRÊS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL EM TERESINA-PIAUÍ

FREQUÊNCIA DE PARASITOS INTESTINAIS EM CRIANÇAS E MANIPULADORES DE ALIMENTOS NO CREI SANTA CLARA (CASTELO BRANCO) NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB.

CONTROLE DE PARASITOSES INTESTINAIS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE CASCAVEL PR

PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DE CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL (CEIS) DO MUNICÍPÍO DE BARRETOS, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL.

EDUCAÇÃO PREVENTIVA DA ANCILOSTOMÍASE ABORDANDO ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS EM ESCOLA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA

RESIDENTES NA COMUNIDADE RIBEIRINHA

Ocorrência de enteroparasitose na população do município de Goioerê, PR

PALAVRAS-CHAVE Enteroparasitoses. Prevalência. Trabalho Extensionista. Saúde.

PREVALÊNCIA DE VERMINOSES EM CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO BAIRRO PRIMAVERA, PARACATU-MG

ACADEMIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA RODRIGO LUPINO LINHARES DE CASTRO AVALIAÇÃO DE PARASITOSES INTESTINAIS EM ALUNOS DE ESCOLA

Maria Tairla Viana Gonçalves¹; Daniela Souza Torres²; Hádja Maria Oliveira Silva³; Deyvison Rhuan Vasco dos Santos 4 ; Erika dos Santos Nunes 5

IMPORTANCE OF STUDY ABOUT PREVALENCE OF ENTEROPARASITOSES IN SCHOOL-AGE CHILDREN.

OCORRÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM ALUNOS DE DUAS ESCOLAS NO DISTRITO DE ITAIACOCA EM PONTA GROSSA - PARANÁ

OCORRÊNCIA DE HELMINTOS E PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS EM IDOSOS

PALAVRAS-CHAVE Enteroparasitos. Exames coproparasitológicos. Educação em saúde.

Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR ISSN X Ano de publicação: 2014 N.:12 Vol.:2 Págs.

TÍTULO: FATORES SOCIOECONÔMICOS ASSOCIADOS À PARASITOSE INTESTINAL EM PRÉ-ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP, NO PERÍODO DE 1997 A 2012

PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE SÃO JOAQUIM, SC *

INVESTIGAÇÃO DE ENTEROPARASITOSES EM PRÉ- ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

ENTEROPARASITOSES EM ESCOLARES RESIDENTES NA PERIFERIA DE PORTO ALEGRE, RS, BRASIL

Prevalência de Parasitos Intestinais no Município de Sananduva/RS. Keywords: Enteric parasites, helmintos, intestine parasites

OCORRÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE PATOS DE MINAS, MG, BRASIL

Educação como medida profilática para as principais parasitoses neotropicais

Eloísa da Silva* Mônica Frighetto** Nei Carlos Santin***

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM ESCOLARES DA REGIÃO DE PONTA GROSSA PARANÁ,

ANÁLISE DAS CRECHES: AMBIENTE EXPOSITOR OU PROTETOR DAS ENTEROPARASITOSES E SUA PREVALÊNCIA

Prevalência de parasitas intestinais em crianças de Descanso Santa Catarina Brasil

PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES MATRICULADAS EM UMA ONG DO MUNICÍPIO DE ORÓS CE

AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE PARASITOSE INTESTINAL EM INDIVÍDUOS ATENDIDOS EM UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS NA REGIÃO CENTRAL DE MOGI GUAÇU

INTRODUÇÃO. 15. CONEX Resumo Expandido - ISSN

PREVALÊNCIA DE GIARDIA LAMBLIA NA CIDADE DE BURITAMA ESTADO DE SÃO PAULO

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À ENTEROPARASITOSES EM ESCOLARES DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA PB

PREVALÊNCIA DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS EM AMOSTRAS DE FEZES CANINAS ANALISADAS NA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA SP

REVISTA INICIAÇÃO CIENTÍFICA /2014; 14:46-50 ISSN

ENTEROBIOSE E OUTRAS ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS MATRICULADAS EM UM CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CASCAVEL PR 1

PREVALÊNCIA DE PARASITOS INTESTINAIS EM GATOS DOMÉSTICOS JOVENS COM DIARREIA PREVALENCE OF INTESTINAL PARASITES IN YOUNG DOMESTIC CATS WITH DIARRHEA

A FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE PONTA GROSSA: UM PANORAMA DE 10 ANOS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

PARASITOSES INTESTINAIS INFANTIS E SUA ASSOCIAÇÃO COM ESTADO ANÊMICO- REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

Contaminação enteroparasitária em cédulas de dinheiro provenientes das cantinas de um Centro de Educação Superior em Belo Horizonte Minas Gerais.

CLASSIFICAÇÃO DOS BAIRROS DE JUAZEIRO DO NORTE-CE EM RELAÇÃO AO RISCO DE OCORRÊNCIA DE PARASITOSES: ANÁLISE DA INFRAESTRUTURA DOMICILIAR.

ENTEROPARASITOSES COMO FATOR DE INTERFERÊNCIA NEGATIVA NOS PROCESSOS EDUCATIVOS DE ESCOLAS DA ZONA URBANA DE SANTANA DO IPANEMA, AL.

FREQUÊNCIA DE GIARDIA DUODENALIS EM CRIANÇAS DO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA PR ( )

QUALIDADE DE VIDA DE ENTEROPARASITADOS POR MEIO DO SF-36

FREQUÊNCIA DE PARASITAS OBTIDOS DE AMOSTRAS FECAIS IDENTIFICADAS EM UM LABORATÓRIO PÚBLICO E OUTRO PRIVADO NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS, RJ

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0167

Jaqueline da Silva Lacerda 1. Maria Eduarda Dias 2

TRANSMISSÃO DE PARASITOSES PELA ÁGUA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

PARASITISMO INTESTINAL EM UMA COMUNIDADE CARENTE DO MUNICÍPIO DE BARRA DE SANTO ANTÔNIO, ESTADO DE ALAGOAS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HEPATITE A NOTIFICADOS EM UM ESTADO NORDESTINO

COMPORTAMENTO E PERCEPÇÃO DE PROPRIETÁRIOS DE ANIMAIS DE COMPANHIA EM RELAÇÃO AO DESTINO DAS FEZES DE SEUS ANIMAIS EM CONCÓRDIA - SC

PERFIL NUTRICIONAL DAS CRIANÇAS QUE FREQUENTAM OS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE JANDAIA DO SUL PR

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE INDIVÍDUOS COM MALÁRIA NA CIDADE ESPIGÃO DO OESTE/RO NO PERÍODO DE 2007 A 2016

OCORRÊNCIA DE PARASITOSE INTESTINAIS EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PIAUÍ: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

RESUMO

Aspectos epidemiológicos das parasitoses intestinais

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM CRIANÇAS DE CRECHES DA PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE SÃO MATEUS ES

Revista Contexto & Saúde

PALAVRAS-CHAVE Diagnóstico Laboratorial. Enteroparasitoses. Profilaxia. Crianças.

PERFIL NUTRICIONAL DE ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE CAMBIRA- PR

Revista Eletrônica Interdisciplinar

PREVALÊNCIA DAS PARASITOSES INTESTINAIS NO MUNICÍPIO DE IBIASSUCÊ BAHIA

O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL¹

OCORRÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPALIZADA DEPUTADO SALIM SIMÃO EM SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA (RJ)

RELATO DE EXPERIÊNCIA: PROJETO PARASITOSES E HIGIENE NA ESCOLA

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

TERESA CRISTINA CÉSAR OGLIARI 1 JAQUELINE THOMÉ PASSOS 2

ANÁLISE DO ÍNDICE DE PARASITOSES INTESTINAIS E ESQUITOSSOMOSE NA ZONA RURAL RIBEIRINHA DO MUNICIPIO DE MOGEIRO, PARAÍBA

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM IDOSOS

PREVALENCE AND SOCIO-EPIDEMIOLOGICAL ASPECTS OF CHILDREN ENTEROPARASITOSIS OF A PUBLIC CHILD EDUCATIONAL CENTER IN JANIÓPOLIS-PR

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE UMA CRECHE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE

AS PRINCIPAIS PARASITOSES INTESTINAIS QUE ACOMENTEM CRIANÇAS E ADOLESCIENTES E A TERAPÊUTICA ADOTADA: UMA REVISÃO DA LITERATURA.

Paróquia Nossa Senhora de Lourdes PROPONENTE: PARÓQUIA N. SRA. DE LOURDES - PE. NATAL BRAMBILLA

TITULO: AUTORES INSTITUICAO: ÁREA TEMÁTICA Introdução

PREVALÊNCIA DE GIARDÍASE E OUTROS ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS DE CRECHES DO MUNICÍPIO DE TERESINA, PIAUÍ.

Banco de dados contendo dados de questionários aplicados em HIS. Publicação dos dados

DIAGNÓSTICO DE PARASITOS PATOGÊNICOS E NÃO PATOGÊNICOS EM CRIANÇAS DO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA PR ( )

PESQUISA DE PARASITOS INTESTINAIS EM INTERNATOS NA CIDADE DE ANÁPOLIS- GOIÁS

XVIII Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 22 à 26 de Outubro de 2012

Jonatas Pereira de Lima (1); Maria de Fátima Camarotti (2) INTRODUÇÃO

OCORRÊNCIA DE PROTOZOÁRIOS EM CRIANÇAS MENORES DE 10 ANOS NA CIDADE DE TEFÉ, AMAZONAS, BRASIL.

PARASITAS INTESTINAIS E DESEMPENHO ESCOLAR DE CRIANÇAS DE ESCOLA MUNICIPAL EM TERESINA-PI

ARTIGO ORIGINAL. Enteroparasitos em Crianças de Creches da Cidade de João Pessoa-PB

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DO SERTÃO BAIANO PELO MÉTODO DE SEDIMENTAÇÃO ESPONTÂNEA

Laboratório de Parasitologia Veterinária, Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS- Campus Realeza- Paraná

ASPECTO EPIDEMIOLOGICO DAS ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE DUAS CRECHES EM MARIALVA-PR

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM CRIANÇAS DE UMA COMUNIDADE CARENTE DO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ/SP.

PARASITOLOGIA MÉDICA. Diogo Parente

OCORRÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DE UMA INSTITUIÇÃO MUNICIPAL DA CIDADE DE SANTO ÂNGELO (RS, BRASIL)

Transcrição:

Giardíase em crianças de creches públicas no município de Realeza, Estado do Paraná, Brasil Giardiasis in children in day care in municipality of Realeza, Paraná State, Brazil (1) Marcielly Dall Agnól Thomé, marcielly.dt@hotmail.com (1) Fagner Luiz da Costa Freitas, fagner.freitas@uffs.edu.br (1) Universidade Federal da Fronteira Sul, Rua Edmundo Gaievski, nº 1000. Acesso Rodovia PR 182, km 466, CEP 85770-000 - Realeza, PR, Brasil. Recebido: 30 de Março de 2017; Revisado: 28 de Maio de 2017 Resumo: A prevalência de enteroparasitoses foi observada em crianças usuárias de creches públicas do município de Realeza, Estado do Paraná, Brasil. Foram realizados exames coproparasitológicos em 100 crianças, com 10% de amostras positivas. O agente etiológico mais frequente foi Giardia duodenalis (100%). Para que o problema das parasitoses intestinais seja solucionado nas localidades estudadas, são necessárias ações de orientação sobre prevenção e tratamento para educar o públicoalvo, de modo que sejam evitados danos à saúde infantil decorrentes da falta de conhecimento sobre essas enfermidades por parte da família e da escola. Palavras-chave: enteroparasitoses, saúde pública, crianças, creches, giardíase. Abstract: The prevalence of intestinal parasites was observed in children who attend public kindergartens in the municipality of Royalty, State of Parana, Brazil. Were performed fecal examinations in 100 children, with 10% of positive samples.the most frequent etiological agent was Giardia duodenalis (100%). For the problem of intestinal parasites is resolved in the studied actions are needed guidance on prevention and treatment to educate the target audience in order to avoid possible damage to children's health due to the lack of knowledge about these diseases by family and school. Key-words: intestinal parasitoses, public health, children, day care, giardiasis.

Introdução As enteroparasitoses são consideradas um grande problema de saúde pública, sendo a principal causa de morbidade e mortalidade (BIASI, 2010) principalmente em países em que o crescimento populacional não é acompanhado pela melhoria nas condições de vida (FERREIRA et al., 2000). Isto é bastante comum em países em desenvolvimento, onde há elevadas taxas de analfabetismo e o nível socioeconômico da população é baixo, o que está associado às condições de saneamento básico e higiene precárias (UCHÔA et al., 2001). Milhões de pessoas são acometidas por doenças parasitárias no mundo, porém com maior força entre as crianças, sendo uma das principais causas de morbimortalidade infantil (MACHADO et al., 1999). Para Aronson (1990) e Barros et al. (1998), a crescente urbanização e a conquista do mercado de trabalho pela mulher, fez com que o primeiro ambiente externo ao doméstico no qual a criança freqüenta sejam as creches e isto as tornaram um potencial local de contaminação. Estudos demonstram que nas creches, o grande risco de infecção e contaminação ambiental com enteroparasitos ocorre pelas características inerentes à facilidade de contato entre as crianças e também entre os funcionários, treinamento inadequado de funcionários e deficientes condições de higiene. Além disso, na infância, o sistema imunológico ainda está imaturo, as crianças estão na fase oral de exploração, o hábito de higiene ainda encontra-se em formação e frequentemente entram contato com o solo (OSTERHOLM, 1992; FRANCO & CORDEIRO, 1996). Ferreira et al. (2000), diz que os estudos sobre prevalência de enteroparasitos neste meio são poucos e dispersos, e a maioria deles foi realizada em amostras de bases populacionais mal definidas. Para Santos et al. (1990), apesar de haver uma vasta literatura sobre a importância das parasitoses intestinais para a Saúde Pública, em especial com relação aos escolares, pouca atenção é dedicada ao assunto nos programas de formação de educadores. Devido à ausência de dados referentes às parasitoses intestinais na região sudoeste paranaense, o presente trabalho objetivou avaliar a prevalência de enteroparasitoses em crianças de creches públicas do município de Realeza, Estado do Paraná, Brasil.

Material e métodos A pesquisa foi desenvolvida no período compreendido entre agosto de 2012 e julho de 2013, no Município de Realeza localizado na região sudoeste do Estado do Paraná, tendo coordenadas geográficas 25º 46 08 de latitude Sul e 53º 31 57 de longitude Oeste, limitandose ao Norte com o município de Capitão Leonidas Marques, ao sul com Ampére, a Leste com Santa Izabel do Oeste e Nova Prata do Iguaçu e a Oeste com Planalto e Capanema (IPARDES, 2016). Mediante autorização das Secretarias de Educação e de Saúde do município de Realeza e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira Sul (nº CAAE 09728812.6.0000.5564), realizouse um levantamento da quantidade de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) situadas no município, bem como a quantidade de crianças matriculadas, sendo registrados quatro CMEI e 329 crianças matriculadas. Posteriormente, ocorreram reuniões com os pais e/ou responsáveis, onde foi explicada a importância do projeto e os procedimentos que seriam realizados. Os pais e/ou responsáveis que concordaram com a participação das crianças, receberam copos coletores de fezes, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e uma ficha de identificação, contendo nome, sexo, idade, turma e bairro em que reside. Após agendamento, os copos coletores de fezes foram recolhidos e encaminhados ao Laboratório de Parasitologia da Universidade Federal da Fronteira Sul para posterior análise laboratorial. Foram realizados exames coproparasitológicos em 100 crianças (30,4% do total de matriculados) de 0 a 4 anos de idade, sendo 42 (42%) matriculadas no CMEI Pingo de Gente, 18 (18%) matriculadas no CMEI Pequeno Príncipe, 13 (13%) matriculadas no CMEI Criança Feliz e 27 (27%) no CMEI Pequeno Anjo. O material biológico foi processado de acordo com a técnica de sedimentação espontânea (Lutz, 1919), e os resultados obtidos foram registrados e entregues, individualmente, aos pais ou responsáveis pelas crianças participantes da pesquisa. Resultados e discussão De maneira geral, os exames evidenciaram 10% de positividade enteroparasitária, tendo os CMEI Pequeno Príncipe, Criança Feliz, Pingo de Gente e Pequeno Anjo apresentado 5%, 2%, 2% e

1%, de amostras positivas, respectivamente. Na Tabela 1, são apresentados os aspectos relacionados ao parasitismo, observando-se que 60% dos infectados pertencem ao sexo masculino e 40% ao sexo feminino. Observou-se 100% de monoparasitismo, sendo todos os casos positivos causados, exclusivamente, pelo protozoário Giardia duodenalis (100%), conforme observado por Ferreira & Andrade (2005) no município de Estiva Gerbi, Estado de São Paulo e Pereira- Cardoso et al. (2010) no município de Araguaína, Estado do Tocantins. Os valores observados na presente pesquisa são inferiores aos encontrados por Beletini & Takizawa (2012) ao examinar 100 crianças que frequentavam CMEI localizado no Município de Cascavel-PR, onde foram encontrados 26% de positividade parasitária, sendo um valor próximo ao encontrado por Barreto (2006) e Biscegli et al. (2009) em estudos com crianças de 0 a 5 anos nos municípios de Guaçuí, Estado do Espírito Santo e Catanduva, Estado de São Paulo, respectivamente. A prevalência observada para Giardia duodenalis foi de 100%, estando de acordo com os resultados obtidos por Basso et al. (2008), em sua pesquisa sobre enteroparasitoses em escolares do Rio Grande do Sul, onde observou-se prevalência de 24% para o referido protozoário, assim como Cardoso et al. (2010), os quais encontraram 63,3% para Giardia duodenalis em estudos em creches de Aracajú (SE), indicando, desse modo, que a giardíase é uma das principais enteroparasitoses que acometem crianças em idade pré-escolar. Tabela 1. Aspectos parasitológicos observados, segundo o sexo, de crianças positivas para enteroparasitos matriculadas em Centros Municipais de Educação Infantil pertencentes ao Município de Realeza, Estado do Paraná, Brasil Aspectos parasitológicos CMEI Sexo Masculino Feminino n % n % Pingo de Gente 2 4,8 0 0 Pequeno Príncipe 4 2,2 1 5,5 Criança Feliz 1 7,7 1 7,7 Pequeno Anjo 1 3,7 0 0 Total 8 80 2 20 A giardíase está presente em todo o mundo e a incidência maior ocorre em crianças com idade entre um a doze anos. Algumas das principais fontes de infecção são indivíduos que frequentam orfanatos, creches e enfermarias (NEVES, 2009).

Os principais sintomas relacionados à infecção por Giardia duodenalis são má absorção intestinal e perda de peso, sendo uma doença auto-limitante, por não alterar o desenvolvimento escolar das crianças (SILVA et al., 2009). Machado et al. (1999), afirma que a ocorrência de G. duodenalis varia de acordo com as condições socioeconômicas, sendo que em países desenvolvidos observa-se uma prevalência baixa, já em países em desenvolvimento, como o Brasil, as taxas de giardíase variam de acordo com a população estudada, onde a população infantil é mais acometida em relação à população geral. No presente estudo, observou-se que a frequência de enteroparasitos foi maior no CMEI Pequeno Príncipe ocorrendo, possivelmente, devido à sua localização, no bairro São José que caracteriza-se por ser um bairro periférico do município de Realeza, tendo condições socioeconômicas inferiores quando comparado outros bairros cujas creches avaliadas estão localizadas. O exclusivo parasitismo por protozoários na população estudada pode se explicada pelo contato interpessoal entre crianças infectadas por enteroparasitose com crianças susceptíveis nos CMEIs ou mesmo no próprio peridomicílio. A giardíase é uma das principais causas de diarréia, que pode acarretar em problemas como desnutrição e, consequentemente, baixo desenvolvimento físico e mental, sendo um fator agravante para crianças infectadas por enteroparasitoses. Tal fato evidencia uma falta de esclarecimento dos pais quanto à prevenção e tratamento destas parasitoses. Ferreira & Andrade (2005) afirmam que é necessário destinar maior atenção a esta situação e buscar estratégias para praticar ações que sejam viáveis para o controle das doenças parasitárias em cada município. Para Monteiro et al. (2009), deve-se destacar que práticas educacionais introduzem ao público-alvo os conhecimentos necessários para a prevenção de parasitoses, e isso confirma o importância da orientação pedagógica para a conscientizar a população. Tais ações de orientação sobre prevenção e tratamento de enteroparasitoses são necessárias para solucionar este problema, evitando-se danos à saúde infantil pela falta de conhecimento sobre essas enfermidades por parte da família e da escola. Desse modo, recomendam-se programas de educação e controle sanitária dos CMEIs e domicílio, possibilitando à população uma

melhoria da saúde e, como conseqüência, do aprendizado e desenvolvimento das crianças. cidade de Guaçuí ES. In: Revista Brasileira de Análises Clínicas. v. 3, n. 4, 2006, p. 221-3. Conclusão Através do presente estudo pode-se observar que os resultados assemelham-se a outros estudos realizados em diversas regiões do país, sendo que a ocorrência de tais dados mostra a necessidade da implantação de medidas preventivas, como a educação sanitária. Tais medidas têm por objetivo demonstrar os prejuízos das parasitoses por meio de noções de higiene, saneamento básico, prevenção e reconhecimento de sinais e sintomas sugestivos de doenças parasitárias, associados à realização de exames parasitológicos de fezes, a fim de proporcionar à essa população uma melhor qualidade de vida. Referências ARONSON, S.S. Political and social aspects of child care. In: Seminar of Pediatric Infectious Disease. v. 1, n. 2, 1990, p. 195-203. BARRETO, J.G. Detecção da incidência de enteroparasitos nas crianças carentes da BARROS, A.J.D.; HALPERN, R.; MENEGON, O.E. Creches públicas e privadas em Pelotas, RS: aderência à norma técnica. In: Jornal de Pediatria. v. 74, n. 5, 1998, p. 397-403 BASSO, R.M.L.; SILVA-RIBEIRO, R.T.; SOLIGO, D.S.; RIBACKI, S.I.; CALLEGARI-JACQUES, S.M.; ZOPPAS, B.C.A. Evolução da prevalência de parasitoses intestinais em escolares em Caxias do Sul, RS. In: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 41 n. 3, 2008, p. 263-8. BELETINI, M.G.; TAKIZAWA, M.G.M.H. Enterobiose e outras enteroparasitoses em crianças matriculadas em um Centro de Educação de Cascavel PR. 2012. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso) Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, 2012. BIASI, L. A.; TACCA, J. A. NAVARINI, M.; BELUSSO, R. NARDINO, A.; SANTOLIN, J. C. BERNARDON, V.; JASKULSKI, M. R. Prevalência de enteroparasitoses em crianças de entidade

assistencial de Erechim/RS. In: Revista Perspectiva. v. 34, n. 125, 2010, p. 173-9. BISCEGLI, T.S.; ROMERA, K.; CANDIDO, A.B.; SANTOS, J.M.; CANDIDO, E.C.A.; BINOTTO, A.L. Estado nutricional e prevalência de enteroparasitoses em crianças matriculadas em creche. In: Revista Paulista de Pediatria. v. 27, n. 3, 2009, p. 289-95. CARDOSO, F.D.P.; ARAUJO, B.M.; BATISTA, H.L.; GALVÃO, W.G. Prevalência de enteroparasitoses em escolares de 06 a 14 anos no município de Araguaína Tocantins. In: Revista Eletrônica de Farmácia. v. 7, n. 1, 2010, p. 54-64. FERREIRA, U.M.; FERREIRA, C.S.; MONTEIRO, C.A. Tendência secular das parasitoses intestinais na infância na cidade de São Paulo (1984-1996). In: Revista de Saúde Pública. v. 34, n. 6, 2000, p. 73-83. FERREIRA, C.S.; ANDRADE, C.F.S. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de Estiva Gerbi, SP. In: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 38, n. 5, 2005, p. 402-5. FRANCO, R.M.B.; CORDEIRO, N.S. Giardiose e criptosporidiose em creches no município de Campinas, SP. In: Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 29, n. 6, 1996, p. 583-91. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES. Caderno Estatístico - Município de Realeza, 2016. MACHADO, R.C.; MARCARI, E.L.; CRISTIANE, S.F.V.; CACARETO, C.M.A. Giardíase e helmintíase em crianças de creches e escolas de 1º 2 º graus (públicas e privadas) da cidade de Mirassol, SP, Brasil. In: Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 32, n. 6, 1999, p. 697-704. MONTEIRO, A.M.C.; SILVA, E.F.; ALMEIDA, K.S.; SOUSA, J.J.N.; MATHIAS, L.A.; BAPTISTA, F.; FREITAS, F.L.C. Parasitoses intestinais em crianças de creches públicas localizadas em bairros periféricos do município de Coari, Amazonas, Brasil. In:

Revista de Patologia Tropical. v. 38 n. 4, 2009, p. 284-90. NEVES, D.P. Parasitologia Dinâmica. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2009. OSTERHOLM, M.T.; REVES, R.R.; MURPH, J.R.; PICKERING, L.K. Infectious disease and child day care. In: Pediatric Infectious Disease Journal. v. 11, n. 8, 1992, p. 32-41. Brasil. In: Revista de Patologia Tropical. v. 38, n. 1, 2009, p. 35-3. UCHÔA, C.M.A.; LOBO, A.G.B.; BASTOS, O.M.P.; MATOS, A.D. Parasitoses intestinais: prevalência em creches comunitárias da Cidade de Niterói, Rio de Janeiro Brasil. In: Revista Instituto Adolfo Lutz. v. 6, n. 2, 2001, p. 97-101. PEREIRA-CARDOSO, F.D.; ARAÚJO, B.M.; BATISTA, H.L.; GALVÃO, W.G. Prevalência de enteroparasitoses em escolares de 06 a 14 anos no município de Araguaína Tocantins. In: Revista Eletrônica de Farmácia. v. 7, n. 1, 2010, p. 54-64. SANTOS, M.G.; MASSARA, C.L.; MORAIS, G.S. Conhecimentos sobre helmintoses intestinais de crianças de uma escola de Minas Gerais. In: Revista Brasileira Programa Ciências. v. 42, n. 2, 1990, p. 188-94. SILVA, E.F.; SILVA, E.B.; ALMEIDA, K.S.; SOUSA, J.J.N.; FREITAS, F.L. Enteroparasitoses em crianças de áreas rurais do município de Coari, Amazonas,