Informativo mensal nº 17 Março/2015 AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL NEGOCIAÇÕES ENTRE FARC E GOVERNO COLOMBIANO O noticiário do março foi mais uma vez dominado pelas negociações entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou a suspensão dos bombardeios contra acampamentos da guerrilha uma vez que a organização está cumprindo o cessar-fogo unilateral proposto em dezembro de 2014. EUA APROVA NOVAS SANÇÕES CONTRA VENEZUELA E MOTIVA EXERCÍCIOS MILITARES O governo norte-americano aplicou uma nova série de sanções à Venezuela, por considerar o país sul-americano uma ameaça à segurança dos Estados Unidos. As sanções motivaram respostas do governo de Caracas. Durante o mês, a população venezuelana foi convocada a realizar exercícios militares nas ruas da capital do país.
Segundo estimativas mais de 100 mil pessoas, sendo 20 mil civis, participaram dos exercícios. Ainda em resposta às sanções, a Venezuela assinou uma carta aberta, publicada no The New York Times, destinada aos EUA pedindo o fim das ações hostis. ÁSIA/LESTE EUROPEU ACUSAÇÕES A PUTIN E DESRESPEITO A CESSAR-FOGO COLOCAM A RÚSSIA SOBRE INTENÇÕES DE NOVAS SANÇÕES Após a perceptível ineficácia do acordo de cessar-fogo com a Ucrânia, a Rússia tornouse foco de críticas e intenções de sanções mais rígidas por vários países europeus e pelos Estados Unidos. As movimentações militares preocuparam órgãos importantes como o Conselho de Segurança da ONU e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa que apoiaram a Ucrânia e deram força aos pedidos de sanções mais rigorosas ao país. O Presidente Putin foi acusado de estar envolvido no atentado que matou um importante opositor a seu governo, o que aumentou os argumentos sobre a necessidade de medidas mais drásticas ao país. Embora tenha negado participação no ato, Putin caiu em descrédito e colocou em dúvida a eficácia de novas tentativas de acordos de paz entre a Rússia e a Ucrânia. INEFICÁCIA DE CESSAR-FOGO É INDAGADA NA UCRÂNIA Após ter aparentemente conseguido o cessar-fogo com a Rússia, a Ucrânia vivenciou alguns dias na ilusão de viver sem conflito armado. Durante o mês, houve uma preocupação em nível internacional pela validade do acordo firmado entre os dois países do Leste europeu. Sob acusação de movimentação de armamento e estoque bélico, os países encontram-se atualmente numa frágil relação colocando uma nova onda de tensões na Europa que tenta prevenir que haja um conflito maior na região.
TENSÃO ENTRE AS CORÉIAS A Coréia do Norte tem realizado frequentes disparos de mísseis sob a denominação de exercícios militares que preocupam sua vizinha do Sul e os Estados Unidos, seu importante aliado. Um atentado contra um embaixador dos Estados Unidos na Coréia do Sul foi atribuído à Coréia do Norte que respondeu às acusações chamando o ocorrido de punição merecida, aumentando o clima conflituoso entre os países envolvidos. ORIENTE MÉDIO ESTADO ISLÂMICO Estátuas milenares de civilização assíria que teriam cerca de três mil anos foram destruídas pelo Estado Islâmico durante ataque ao Museu de Mossu. Cerca de 47 ataques aéreos foram efetuados no Iraque durante o mês, além de 68 na Síria, todos pelas forças conjuntas lideradas pelos Estados Unidos. Na Líbia, militantes islâmicos assumiram o controle de dois campos de petróleo de Bahi e Mabruk no centro do país. O campo petrolífero de Mabruk é um dos maiores campos do país, sendo um objetivo estratégico para a coalisão. Mais um vídeo foi divulgado pelo Estado Islâmico mostrando uma criança fuzilando um refém. Investigação sobre o vídeo constatou que os militantes que aparecem são de nacionalidade francesa e que o homem assassinado não era espião das forças de inteligência israelenses como o EI acusou. QUESTÃO NUCLEAR DO IRÃ O Premiê israelense em uma reunião oficial afirmou que o acordo nuclear que foi anunciado não impede o Irã de conseguir produzir bombas atômicas e afirmou que nenhum acordo é melhor que um mau acordo e que enquanto houver possibilidade de Teerã produzir armas nucleares, o governo israelense concentrará atenção no regime iraniano.
ÁFRICA ATENTADOS E HOSTILIDADES DO BOKO HARAM O grupo divulgou um vídeo entendido como uma tentativa de imitar o Estado Islâmico, que mostra uma suposta decapitação de dois homens acusados de espionagem. Já em Camarões, a população foi as ruas para se manifestar contra as atrocidades cometidas pelos extremistas islâmicos no norte do país. Em meio a mobilizações por parte dos exércitos da Nigéria, Chade e Níger e do apoio de Benin, Camarões, EUA, Reino Unido e França, o grupo jihadista está perdendo território no nordeste da Nigéria. As forças governamentais garantem ter recuperado boa parte do território ocupado, como a cidade de Buni Yadi, no estado de Yobe, e já se preparam para assumir a cidade de Gonori, no mesmo estado. O Boko Haram divulgou pelo twitter um áudio em que o líder do grupo anuncia lealdade ao chefe do Estado Islâmico. Já um ex-funcionário do governo da Nigéria revelou que centenas de mercenários sul-africanos estão por trás das ações do exército nigeriano na luta contra o grupo. Os governos dos dois países disseram desconhecer o fato. Em outra ação, o Boko Haram sequestrou cerca de 400 crianças e mulheres na cidade de Damasak, fronteira da Nigéria com o Níger e o Chade, e ao menos 50 pessoas foram mortas antes do sequestro. O Presidente da Nigéria disse que o grupo está cada vez mais fraco e acreditar que o território controlado pelo Boko Haram será retomado pelas forças do governo dentro de um mês. Admitiu que a resposta ao grupo foi lenta mas ressaltou as recentes conquistas do exército. ATAQUES NO MALI O governo do Mali e os grupos armados que o apoiam aceitaram o acordo de paz proposto pela Argélia, que media as negociações, para tentar uma reconciliação com os rebeldes tuaregues que ainda não assinaram o acordo, afirmando que irão consultar todas as bases de seus diferentes movimentos. Já um atentado buscou atingir a base da missão de paz da ONU no nordeste do país, a MINUSMA, ocupada por tropas francesas e da ONU. Mais de 30 foguetes foram lançados atingindo também uma vila a três quilômetros da base. Duas crianças e um membro da ONU morreram e oito soldados
ficaram feridos. Na capital do país, Bamarco, cinco pessoas morreram, dentre elas um francês, um belga (membro da segurança de uma delegação das Nações Unidas) e três malianos. Em outro ataque reivindicado pelo grupo Al Mourabitoune, que teria ocorrido em represaria à morte de um dos líderes da organização durante uma ação francesa em dezembro de 2014, nove outras pessoas ficaram feridas, incluindo dois membros das Nações Unidas. ESTADO ISLÂMICO NA LÍBIA Combatentes do grupo Estado Islâmico raptaram estrangeiros que trabalhavam em um campo petrolífero na Líbia e 11 guardas teriam morrido durante o ataque. Os trabalhadores raptados seriam da Áustria, República Tcheca, Bangladesh, Filipinas, dentre outros países, e o fato aconteceu em meio a uma tentativa da ONU de estabelecer a paz no país por meio de um cessar-fogo entre as facções líbias que lutam pelo poder. Na cidade de Sirte, um combate entre o EI e as forças fiéis ao governo autoproclamado de Trípoli provocou a fuga de civis da cidade. Desde a queda de Kadhafi, há quatro anos, o país é palco de confrontos entre diferentes grupos armados que combatem pelo poder e pelo controle das regiões petrolíferas. TÚNISIA SOFRE ATAQUE DO ESTADO ISLÂMICO Um ataque em Túnis, capital do país, deixou pelo menos 21 mortos, dentre eles 17 turistas. Os terroristas saíram de uma mesquita que se encontra próxima ao Parlamento, invadiram o Museu de Bardo e tentaram atacar a sede do Legislativo. As preocupações com a segurança na Tunísia aumentam à medida que a vizinha Líbia torna-se cada vez mais instável. O Estado Islâmico assumiu, em áudio, a autoria do ataque. Após o ataque, teve início em Túnis o Fórum Social Mundial com o objetivo de discutir os movimentos sociais na região. HAMAS E AL SHABAAB
Fontes do judiciário e de segurança do Egito disseram que o Hamas será considerado grupo terrorista. A decisão foi tomada em tribunal e complicará ainda mais a relação entre o governo do Egito e o grupo palestino que governa a Faixa de Gaza. Outro reflexo da decisão pode aparecer nas negociações de paz entre a Palestina e Israel, intermediadas pelo Egito. Já o Pentágono revelou que Adnan Garar, membro do serviço de informações e segurança do Al Shabaab foi morto em um ataque de drone na cidade de Dinsoor. O grupo mantém base na Somália e realiza ataques nos países vizinhos. ONU INTENSAS NEGOCIAÇÕES O Conselho de Segurança da ONU teve bastante trabalho no mês de março com a aprovação de diversas resoluções contendo exigências de cessar-fogo para países que têm sido palcos de conflitos, como a Síria, Líbia e o Iêmen. As resoluções também trataram da extensão das missões de paz na Líbia, República Centro Africana e República Democrática do Congo. O Sudão do Sul teve um sistema de imposição de sanções aprovado pelo organismo, que pode aplicar sanções a indivíduos ou entidades que venham a impedir os processos de paz no país. Houve a condenação do uso de armas químicas após denúncia feita pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) sobre uso dessas armas na Síria. A preocupação com a situação do Iêmen se intensificou e a ONU recebeu um pedido do país para que a organização intervenha contra os avanços da etnia hutis. Ao final do mês, a Líbia teve o embargo de armas alterado, conforme vinha pedindo nas reuniões relativas a um cessar-fogo. Com a quantidade de conflitos e a intensificação de alguns deles no último mês, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) realizou vários pedidos de doações e alertou para as péssimas condições que milhares de refugiados estão vivendo, além de protestar em relação das dificuldades de entrega de ajuda humanitária enfrentadas pelo organismo em países como a Síria.