EFEITO DE DOSES DE POTÁSSIO NA PRODUÇÃO E NOS TEORES FOLIARES DE K + DO ALGODOEIRO NO OESTE BAIANO, SAFRA 2004/2005 * Raphael Lemes Hamawaki (EBDA / raphaellemes@ebda.ba.gov.br), João Batista dos Santos (EBDA), Gilvan Barbosa Ferreira (Embrapa Roraima), João Luis da Silva Filho (Embrapa Algodão), Murilo Barros Pedrosa (Fundação Bahia), Arnaldo Rocha de Alencar (Embrapa Algodão), Welinton Pereira Oliveira (Fundação Bahia), Rosa Maria Mendes Freire (Embrapa Algodão), Adeilva Rodrigues Valença (Embrapa Algodão), Lígia Rodrigues Sampaio (UEPB), Rúbia Rafaela Ferreira Ribeiro (UEPB), João Sales de Souza Filho (UEPB), José Theódulo Fernandes Neto (UEPB), Ana Karla Crispim Soares (UEPB) RESUMO - Com o objetivo de determinar as melhores doses de potássio a serem aplicadas a lanço, e teores foliares de k + associados à alta produtividade do algodoeiro no cerrado baiano, instalou-se um experimento, safra 2004/05, na fazenda acalanto, município de São Desidério-BA. O ensaio foi montado no delineamento de blocos ao acaso com 4 repetições. Foram usadas quatro doses de k 2 o (0, 50, 100 e 200 kg/ha), e as dosagens de k e do índice foram coletadas aos 45, 58, 85 e 121 DAE. Devido a uma adubação prévia na área com 72 kg/ha do nutriente, num solo com nível já próximo do adequado (31-40 mg/dm 3 ), não houve resposta significativa em produtividade; no entanto o teor de potássio aumentou linearmente com as doses usadas. A testemunha alcançou uma produtividade de 5233 kg/ha, indicando que nessas condições uma dose baixa de 72 kg/ha de k 2 o permite obter bons resultados. Palavras-chave: Algodoeiro, Potássio, Produção. INTRODUÇÃO Os solos da região dos Cerrados são muito intemperizados, ácidos, com baixos teores disponíveis de nutrientes, e a reserva de potássio não é suficiente para suprir a quantidade extraída pelas culturas por longos períodos de tempo. Portanto, é imprescindível que o seu suprimento às plantas seja feito através da adubação potássica. Outro fator a ser considerado é que o potássio é o segundo nutriente mais absorvido e exportado pelas culturas. O suprimento de potássio às plantas varia em função da forma em que se encontra no solo, da sua quantidade e do seu grau de disponibilidade nas diferentes formas, além dos fatores que interferem no deslocamento do nutriente na solução do solo até as raízes. O manejo da adubação potássica, com relação às doses e modos de aplicação (sulcos, a lanço e parcelada) deve ser considerado, devido ao alto potencial de perdas por lixiviação que os solos dos Cerrados apresentam. A aplicação de plantio normalmente é recomendada para ser realizada no sulco, porém também pode ser feita a lanço, antes do plantio, sendo que em solos com baixa fertilidade, aplicação no sulco pode ser mais viável economicamente. A aplicação de altas doses de potássio no sulco de plantio deve ser evitada devido ao efeito salino pelo aumento do potencial osmótico e, em alguns casos, para diminuir as perdas por lixiviação, principalmente nos solos com baixa capacidade de troca. Por isso, a doses elevadas devem ser * Financiado pelo Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão na Bahia - FUNDEAGRO/B, em parceria com Embrapa, Fundação Bahia e EBDA.
reduzidas no plantio, e o restante da aplicação pode ser feita em cobertura e a lanço, no período de maior exigência da cultura. Outro aspecto que deve ser considerado é o de que a adubação tardia em cobertura a lanço em solos argilosos pode não ser eficiente. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi realizado na Fazenda Acalanto, situada em São Desidério-BA, a cerca de 30 km do distrito de Roda Velha. O ensaio foi montado no delineamento de blocos ao acaso com 4 repetições. foram usadas quatro doses de K 2 O (0, 50, 100 e 200 kg/ha), aplicadas 1/5 no plantio e o restante a lanço aos 29 dias depois da emergência (dae). Como adubação de base usou-se também 180 kg/ha de N (plantio=40 kg/ha; 70 kg/ha aos 29 e 48 dae), 120 kg/ha de P2O5 (plantio), 25 kg/ha de FTE (plantio) e 2 kg/ha de boro (1/2 plantio e ½ na 2ª. Cobertura). Foram feitas 2 aplicações de KNO 3 na dosagem de 11,6 kg/ha de K 2 O/aplicação As parcelas foram constituídas por 5 linhas de 5m de comprimento, espaçadas entre si em 0,76m. Foram colhidas duas fileiras centrais de ponta a ponta. As dosagens de K e do índice foram coletadas aos 45, 58, 85 e 121 dae com equipamento portátil. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como havia sido aplicado 600 kg/ha da mistura 00-15-12% de NPK e incorporado antes do plantio (a área experimental estava sendo preparada para cultivo de soja) e o solo estava próximo do nível adequado (31-40 mg/dm3), não houve resposta significativa em produtividade com as doses usadas (Tab. 1). No conjunto do ensaio os tratamentos produziram dentro dos limites de 3.947 a 4592. A testemunha alcançou a produtividade de 4352 kg/ha, mostrando que o solo estava com um nível de fertilidade adequada e que nesta condição uma dose baixa de 72 kg/ha de K 2 O permite obter bons resultados, Staut (1999) com o aumento no fornecimento de K 2 O obteve uma resposta linear para produtividade com doses que variavam de 0 a 120 kg/ha. Tabela 1. Médias de altura (ALT, cm), stand final (STDM, plantas/m), produção de algodão em caroço (PDA, kg/ha; e PDAR, @/ha) e pluma (PDP, kg/ha; PDPAR, @/ha), peso médio de capulho (PMC, g/capulho) e percentagem de fibra (PFIB, %) em função da aplicação de doses de K 2 O (DK) no solo e em pulverização foliar (KFOL, kg/ha/aplicação de K 2 O). São Desidério, BA, safra 2004/2005 TRAT DK ALT STDM PDA PDAR PDP PDPAR PMC PFIB 1 0 127,7 5,7 4352,4 290,2 1880,3 125,4 6,7 43,1 2 50 131,7 6,4 3946,9 263,1 1711,9 114,1 6,6 43,4 3 100 128,0 6,8 4520,4 301,4 1951,8 130,1 6,8 43,1 4 200 132,0 6,1 4591,7 306,1 2014,1 134,3 6,6 43,9 As doses de K 2 O aplicadas ao solo alteraram significativamente os teores de potássio medidos aos 45 dias após a germinação (Tabela 2). Os teores aumentaram linearmente nas quatro datas analisadas, sendo mais intensa a diferença entre a maior e a menor dose quando dosados aos 121 dae.
Tabela 2. Variação nos valores do índice e nos teores de potássio no pecíolo (K, em mg/l), em quatro datas diferentes (45, 58, 85 e 125 dae, correspondentes aos índices 1, 2, 3 e 4, respectivamente) e sua significância estatística em função das doses de K 2 O aplicadas via solo e via foliar. São Desidério, BA, safra 2004/2005 TRAT DK 1 K1 2 K2 3 K3 4 K4 1 0 41,5 4083,3 49,9 4050,0 60,7 4900,0 59,8 3500,0 2 50 41,8 4400,0 49,6 3933,3 61,5 4766,7 59,2 3900,0 3 100 41,8 4483,3 49,8 4150,0 61,6 5066,7 59,8 4050,0 4 200 41,4 4716,7 49,8 4283,3 61,4 5683,3 58,6 4583,3 Efeito (3) ns EL*** ns EL* ns EL** ns EL*** O comportamento geral dos teores no pecíolo de potássio e sua falta de relação com a produtividade pode ser vista na Figura 1. Essa baixa relação entre as duas variáveis citadas se dá devido à aplicação de potássio em pré-plantio que foi realizada irregularmente na área experimental. A produtividade variou de 3.947 a 4592 kg/ha de algodão em caroço. Em geral há uma relação positiva entre a produtividade e o teor de potássio no pecíolo. Neste ensaio, a correlação (r) foi de -0,28ns, 0,61*, 0,37o e 0,06ns, respectivamente, aos 45, 58, 85 e 121 dae. Assim, os teores presentes aos 58 DAE, principalmente, e aos 85 DAE definiram o potencial de produtividade do algodoeiro. A variação dos teores pode ser visto na Figura 2. Durante o ciclo da cultura, os teores de potássio no pecíolo devem estar acima do mínimo encontrado para manter a produtividade dentro da faixa esperada, de 3.947 a 4352 kg/ha. Produtividade (kg/ha) ou K_Pecíolo (mg/l). 6300 5800 5300 4800 4300 3800 0+5,6X4P.1s 50+5,6X4P.1s 100+5,6X4P.1s 200+5,6X4P.1s 0+11,2X2P.1s PDA 50+11,2X2P.1s K_Pec. 85dae 100+11,2X2P.1s 200+11,2X2P.1s Testemunha 100 kg/ha LP 100+5,6x4P.2s 100+5,6x4P.3s 100+11,2X2P.3s Tratamentos Figura 1. Produtividade de algodão em caroço e teor de nitrato no pecíolo, aos 85 dae, em função dos tratamentos aplicados. OBS.: 0, 50, 100 e 200 kg/ha de K 2 O aplicado no solo. São Desidério, BA, safra 2004/2005.
K médio K máx. K mín. Teor de K no pecíolo(mg/l) 6000 5500 5000 4500 4000 3500 3000 5.767 5.051 4.900 4.633 4.459 4.500 4.367 4.038 4.118 3.933 3.767 3.467 45 64 83 102 121 Dias após a emergência Figura 2. Variação dos valores médios, máximos e mínimos de potássio no pecíolo das plantas de algodão durante o período de 45 a 121 dias após a emergência para obtenção de produtividades médias de 3.947 a 4592 kg/ha de algodão em caroço. São Desidério, BA, Safra 2004/2005. CONCLUSÕES 1. Não houve resposta do algodoeiro às doses de K 2 O usadas, devido a uma adubação prévia da área com 72 kg/ha do nutriente, num solo com nível já próximo do adequado; nessas condições a testemunha produziu 4352 kg/ha indicando que com esse nível de adubação é possível obter bons resultados. 2. Os teores de K + nas folhas aumentaram linearmente com as doses usadas, mas não tiveram relação com a produtividade, assim, os teores mínimos encontrados em cada época de medição são suficientes para manter a produtividade dentro da faixa esperada, de 3.947 a 4352 kg/ha. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Na região do cerrado baiano, em solos com níveis de K 2 O próximos do adequado (31-40 mg/dm 3 ) uma dose baixa de 72 kg/ha do nutriente mostrou-se suficiente para obter bons níveis de produtividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, D. M. P. de; VIEIRA, D. J.; BELTRÃO, N. E. DE M.; NÓBREGA, L. B. da. Efeito da adubação nitrogenada e do regulador de crescimento em algodoeiro irrigado. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 1998. 4p. (Documento, 81). BELTRÃO, N. E. de M. Algodão brasileiro em relação ao mundo: situação e perspectivas. In: Beltrão, N. E. de M. (Org.) Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999, v.1,p.15-27. LIMA, MARIA M. de et al. Níveis de adubação nitrogenada e bioestimulante na produção e qualidade do algodão BRS verde. Rev. Bras. Eng. Agríc. Ambient., Campina Grande, v. 10, n. 3, 2006.
MEDEIROS, J. C.; FREIRE, E. C.; CUNHA, H. F.; QUEIROZ, J. C.; DEL' AQUA.; J. M.; PEDROZA, M. B.; ASSUNÇÃO, J. H. Principais ações de pesquisa e transferência de tecnologia para o algodoeiro no Estado de Goiás: safra 1999/2000. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001 37p. MEDEIROS, J. C.; MEDEIROS, J. C. JUNIOR; PEREIRA, J. R.; CARVALHO, M. C. S. Resposta do algodoeiro a doses e fontes de nitrogênio no cerrado. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. 5p.( Comunicado Técnico, 216). STAUT, Luiz Alberto; ATHAYDE, Manoel Luiz Ferreira. Efeitos do fósforo e potássio no rendimento e em outras características agronômicas do algodoeiro herbáceo. Pesq. Agropec. Bras., Brasília, v. 34, n. 10, 1999.