PREVIDÊNCIA DOS MILITARES

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Transcrição:

PREVIDÊNCIA DOS MILITARES Prof. Anderson Avelino de O. Santos - Mestre em Direito Público PUC Minas - Professor da Academia da Polícia Militar de Minas Gerais -Presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB/MG

DISTINÇÃO ENTRE SERVIDOR PÚBLICO CIVIL E MILITAR A classificação dos servidores públicos trazida pela CR/88, segue dois ramos básicos de funções públicas: a civil e a militar, uma vez que estes dois grupos são separados de acordo com normas específicas para cada um deles, sendo aplicáveis aos servidores públicos civis os artigos 39 a 41 da CR/88. Por sua vez, os militares são considerados servidores públicos com muitas especificidades em virtude das várias alterações trazidas pela EC. 18/98, que alterou a redação dos artigos 42 e 142 da CR/88, que disciplina as regras desta classe.

Nesse sentido, é possível afirmar que são considerados militares os membros das Polícias Militares e Bombeiros Militares dos Estados e Distrito Federal (art. 42, CR/88) e os membros das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica (art. 142, 3º da CR). Porém, importante diferença entre os servidores civis e os militares seja a organização para os militares, com base na hierarquia e na disciplina.

De acordo com o artigo 5º da Lei 6.880/80, que dispõe sobre o Estatuto dos Militares, a hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas e dasforças Auxiliares por postos e graduações.. - Por sua vez, o 1º do artigo 6º da mesma Lei, diz que são manifestações essenciais da disciplina a correção de atitude; a obediência pronta às ordens dos superiores hierárquicos; a dedicação integral ao serviço; a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à eficiência da instituição; a consciência das responsabilidades; a rigorosa observância das prescrições regulamentares..

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:

I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c [profissionais da saúde], será transferido para a reserva, nos termos da lei;

III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c [profissionais da saúde], ficará agregado* ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei;

*AGREGADO - militar que permanece na ativa, porém, exerce funções ou fora da Força ou fora do País em missão no exterior, deixando de ocupar vaga na escala hierárquica de seu corpo (art. 80, Lei 6.880/80). CONSCRITO - militar que presta o serviço militar inicial obrigatório (Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei., CR/88) INATIVO - REFORMADO e o da RESERVA (remunerada ou não remunerada). O reformado é o que decorre de algum impedimento físico ou mental- impedindo-o de exercer o serviço militar. Já o da reserva é o que cumpriu o tempo necessário de permanência de carreira (30 anos) ou temporário (7 anos). AFASTADO - militar que está em gozo de licença ou por qualquer outro motivo alheio, fica afastado de suas funções.

[...] VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior. Aqui o militar pode averbar esse tempo no INSS, por exemplo.

aquivale também para Polícia Militar X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Atenção: somente estes são militares

Postos e Graduações no Exército

Postos e Graduações na Marinha

Postos e Graduações na Polícia Militar

Postos e Graduações na PMMG - Lei 5301/69 EPPM (Estatuto de Pessoal da Polícia Militar de Minas Gerais) Art. 8º Hierarquia militar é a ordem e a subordinação dos diversos postos e graduações que constituem carreira militar. 1º Posto é o grau hierárquico dos oficiais, conferido por ato do Chefe do Governo do Estado. 2º Graduação é o grau hierárquico das praças, conferido pelo Comandante Geral da Polícia Militar.

Art. 9º São os seguintes os postos e graduações da escala hierárquica: I Oficiais de Polícia a) Superiores: Coronel, Tenente-Coronel e Major b) Intermediários: Capitão c) Subalternos: 1º Tenente, 2º Tenente

II Praças Especiais de Polícia a) Aspirante a Oficial b) Cadetes do último ano do Curso de Formação de Oficiais e Alunos do Curso de Habilitação de Oficiais; c) Cadetes do Curso de Formação de Oficiais dos demais anos;

III Praças de Polícia: a) Subtenentes e Sargentos; Subtenente; 1º Sargento; 2º Sargento; 3º Sargento; b) Cabos e Soldados: Cabo; Soldado de 1ª Classe; Soldado de 2ª Classe (Recruta)

REGIME DOS MILITARES - A CR/88 em seu art. 40 cria um regime previdenciário próprio dos militares da União, pois em seu 20 dispõe que fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, 3º, X - Por sua vez, o art. 142, 3º, inciso X, da CR diz que cabe à lei ordinária tratar de muitas matérias de interesse dos militares, dentre elas as regras para a transferência do militar para a inatividade, exigindo-se que sejam respeitadas as regras do artigo 40, 7º e 8º da CR.

No caso das polícias e bombeiros militares dos Estados e do Distrito Federal, cabem às respectivas Assembleias Legislativas tratarem das regras de transferência dos militares para a inatividade. - Tal dispositivo, inclusive, aplica-se também aos militares dos Estados e do DF, por força do art. 42 da CR, especialmente a regra de seu 1 º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, 8º.; do art. 40, 9º, e do art. 142, 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, 3º, inciso X ( ).

- Vê-se, portanto, que o texto constitucional prevê a existência: A) de um regime previdenciário próprio para os militares da União, ou seja, para os militares das Forças Armadas; e B) de regimes previdenciários próprios paras os militares dos Estados e do Distrito Federal, ou seja, para os militares das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares.

Lei 6.880/80 Regime Previdenciário dos Militares da União Conceito de Inatividade Transferência para a reserva remunerada Reforma Proventos do militar inativo Licenças Pensões por morte

O que justifica tratamento distinto dos outros servidores públicos? Eles devem cumprir dezenas de regulamentos próprios, são submetidos a dedicação exclusiva e não dispõe de outra fonte de renda, não recebem remuneração adicional por horas extras trabalhadas além do expediente normal, têm que peregrinar constantemente pelo território nacional ou estadual, dificultando a formação de patrimônio e fixação de suas famílias, tem que manter conduta impecável de acordo com as normas militares mesmo fora de serviço, dentre outras. Além disso, os militares não podem fazer greve nem ser sindicalizados, não podem ter representação política e respondem por uma justiça especializada própria, que é a Justiça Militar. Por fim, risco de morte constante

Além da manutenção da paridade e da integralidade, a idade de reforma dos militares é definida não por critérios atuariais, mas por questões de fisiologia humana e por necessidades de progressão nas patentes dado o caráter piramidal da estrutura da carreira militar.

REGRAS DE APOSENTADORIA PARA OS MILITARES Aqui cabe fazer uma distinção importante: não se aplica o termo aposentadoria para os militares e sim o termo transferência para a INATIVIDADE remunerada. (art. 3, 1, b do Estatuto dos Militares) A Lei 6.880/80 prevê a transferência para a reserva remunerada nos artigos 96 a 103 e a reforma nos artigos 104 a 114.

- Basicamente, a diferença reside no fato de que o militar da reserva pode ser convocado em caso de estado de guerra, estado de sítio, estado de emergência ou estado de mobilização. - Já o militar reformado, que é aquele que atingiu idade avançada ou for considerado incapaz de exercer a atividade militar, não poderá mais ser convocado.

TRASNFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA A) RESERVA REMUNERADA - De acordo com o art. 96 do EM, a passagem do militar à situação de inatividade, mediante transferência para a reserva remunerada, se efetua: a pedido; e ex officio.

A transferência para a reserva remunerada a pedido será concedida mediante requerimento, ao militar que contar, no mínimo, 30 (trinta) anos de serviço. (Art. 97 do EM) Não será concedida transferência para a reserva remunerada, a pedido, ao militar que estiver respondendo a inquérito ou processo em qualquer jurisdição ou que estiver cumprindo pena de qualquer natureza. ( 4º do art. 97 do EM)

- B) REFORMA De acordo com o art. 104 do EM dispõe que a passagem do militar à situação de inatividade, mediante reforma, se efetua: a pedido; e ex officio. - A reforma a pedido é limitada aos membros do Magistério Militar e somente poderá ser concedida àquele que contar mais de 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 10 (dez), no mínimo, de tempo de Magistério Militar.

Art. 98. (EM) - A transferência para a reserva remunerada, ex officio, verificar-se-á sempre que o militar incidir em um dos seguintes casos: I - atingir as seguintes idades-limite: Postos: - Almirante-de-Esquadra, General-de-Exército e Tenente- Brigadeiro = 66 anos - Vice-Almirante, General-de-Divisão e Major-Brigadeiro= 64 anos (...) - Capitão-de-Mar-e-Guerra e Coronel = 59 anos (...) - Capitão-Tenente ou Capitão e Oficiais Subalternos = 49 anos

(...) c) na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, para Praças: - Suboficial e Subtenente = 54 anos - Primeiro-Sargento e Taifeiro-Mor= 52 anos - Segundo-Sargento e Taifeiro-de-Primeira-Classe = 50 anos

- A reforma ex officio (Art. 106 do EM) será aplicada ao militar que: a) atingir as seguintes idades-limite de permanência na reserva: I - atingir as seguintes idades-limite de permanência na reserva: a) para Oficial-General, 68 (sessenta e oito) anos; b) para Oficial Superior, inclusive membros do Magistério Militar, 64 (sessenta e quatro) anos; c) para Capitão-Tenente, Capitão e oficial subalterno, 60 (sessenta) anos; e d) para Praças, 56 (cinqüenta e seis) anos.

II - for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas; O militar da ativa julgado incapaz definitivamente será reformado de maneira proporcional com qualquer tempo de serviço, exceto no caso de acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito com o serviço.

O militar da ativa julgado incapaz definitivamente por acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito com o serviço será reformado: A) com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se oficial ou praça com estabilidade assegurada; e B) com remuneração integral do posto ou graduação, desde que, com qualquer tempo de serviço, seja considerado inválido, isto é, impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho, inclusive na iniciativa privada

III - estiver agregado por mais de 2 (dois) anos por ter sido julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação de Junta Superior de Saúde, ainda que se trate de moléstia curável; IV - for condenado à pena de reforma prevista no Código Penal Militar, por sentença transitada em julgado;

LICENÇAS PARA O MILITAR Art. 67. Licença é a autorização para afastamento total do serviço, em caráter temporário, concedida ao militar, obedecidas às disposições legais e regulamentares. 1º A licença pode ser: a) especial; (Revogado pela MP nº 2.215-10/2001) b) para tratar de interesse particular; c) para tratamento de saúde de pessoa da família; e d) para tratamento de saúde própria. e) para acompanhar cônjuge ou companheiro(a).

PROVENTOS DO MILITAR INATIVO - Até a Medida Provisória 2.215-10/2001, os militares que completassem 30 anos de serviço, ao serem transferidos para a inatividade, recebiam a remuneração correspondente ao grau hierárquico superior ou melhoria da mesma. - Atualmente isso não é possível nas Forças Armadas, existindo em vários casos de policiais militares dos Estados.

COMO É A REMUNERAÇÃO - Art. 53, Lei 6.880/80 DO MILITAR? - Na ATIVA = soldo, gratificações e indenizações regulares; - Na INATIVIDADE = proventos, constituídos de soldo ou quotas de soldo e gratificações incorporáveis e também adicionais;

DEPENDENTES DO MILITAR DAS FORÇAS ARMADAS - Lei 3.765/60, com redação dada pela MP 2.215-10/2001 (art. 7º) a) primeira ordem de prioridade: cônjuge; companheiro ou companheira designada ou que comprove união estável como entidade familiar; pessoa separada judicialmente ou divorciada do instituidor ou a ex-convivente, desde que percebam pensão alimentícia; filhos ou enteados até 21 anos de idade ou até 24 anos de idade, se estudantes universitários ou, se inválidos, enquanto durar a invalidez; e menor sob guarda ou tutela até 21 anos de idade ou, se estudante universitário, até 24 anos de idade ou, se inválido, enquanto durar a invalidez.

b) segunda ordem de prioridade: a mãe/pai que comprovem dependência econômica do militar; c) terceira ordem de prioridade: o irmão órfão, até 21 anos de idade ou, se estudante universitário, até 24 anos de idade, e o inválido, enquanto durar a invalidez, comprovada a dependência econômica do militar; a pessoa designada, até 21 anos de idade, se inválida, enquanto durar a invalidez, ou maior de 60 anos de idade, que vivam na dependência econômica do militar.

Habilitação dos beneficiários A habilitação dos beneficiários obedecerá à ordem de preferência. Logo, a concessão da pensão aos beneficiários de primeira ordem de prioridade (exceto o menor sob guarda ou tutela) exclui desse direito os beneficiários de segunda e terceira ordem de prioridade.

Divisão da pensão por morte - Caso seja beneficiário único, a pensão será concedida integralmente. Caso existam dois ou mais beneficiários com a mesma ordem de prioridade, a pensão será repartida igualmente entre eles, ressalvadas as seguintes hipóteses: 1) A pensão será concedida integralmente ao cônjuge ou companheiro(a), ou distribuída em partes iguais entre estes e a pessoa separada judicialmente ou divorciada do instituidor ou a ex-convivente, legalmente habilitados, exceto se existirem filhos, enteados ou menores sob guarda ou tutela; 2) Na existência de filhos, enteados ou menores sob guarda ou tutela, 50% do valor da pensão caberá ao cônjuge ou companheiro(a) e a pessoa separada judicialmente ou divorciada do instituidor ou a ex-convivente, sendo os outros 50% rateados, em partes iguais, entre os filhos, enteados ou menores sob guarda ou tutela.

Fique atento - A Lei 3.765/60 (Estatuto do Militar) previa a concessão da pensão militar para vários beneficiários, como as filhas solteiras, ainda que maiores de idade, netos órfãos de pai e mãe, a mãe viúva, solteira ou desquitada. Porém, no art. 31 da MP 2.215, ficou registrado que os militares já que tivessem ingressado nas forças armadas até o dia 29/12/2000, existia a possibilidade de optarem pela manutenção do benefício na forma prevista na Lei 3.765/1960. Nesse sentido, os que optaram pela manutenção dos benefícios passaram a contribuir com uma parcela adicional de 1,5% sobre o total da remuneração.

DETALHE IMPORTANTE - A relação de DEPENDENTES para fins de pensão por morte é dada pelo art. 7º da Lei 3.765/60 (alterada pela MP 2.215-01) - Mas a relação de DEPENDENTES para assistência médico-hospitalar continua sendo o rol do art. 50, 2º da Lei 6.880/60.

DEPENDENTES DO MILITAR - Art. 50, 2º, Lei 6.880/60 2 São considerados dependentes do militar: I - a esposa; II - o filho menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou interdito; III - a filha solteira, desde que não receba remuneração; IV - o filho estudante, menor de 24 (vinte e quatro) anos, desde que não receba remuneração; V - a mãe viúva, desde que não receba remuneração; VI - o enteado, o filho adotivo e o tutelado, nas mesmas condições dos itens II, III e IV; VII - a viúva do militar, enquanto permanecer neste estado, e os demais dependentes mencionados nos itens II, III, IV, V e VI deste parágrafo, desde que vivam sob a responsabilidade da viúva; VIII - a ex-esposa com direito à pensão alimentícia estabelecida por sentença transitada em julgado, enquanto não contrair novo matrimônio.

3º São, ainda, considerados dependentes do militar, desde que vivam sob sua dependência econômica, sob o mesmo teto, e quando expressamente declarados na organização militar competente: a) a filha, a enteada e a tutelada, nas condições de viúvas, separadas judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam remuneração; b) a mãe solteira, a madrasta viúva, a sogra viúva ou solteira, bem como separadas judicialmente ou divorciadas, desde que, em qualquer dessas situações, não recebam remuneração; c) os avós e os pais, quando inválidos ou interditos, e respectivos cônjuges, estes desde que não recebam remuneração; d) o pai maior de 60 (sessenta) anos e seu respectivo cônjuge, desde que ambos não recebam remuneração; e) o irmão, o cunhado e o sobrinho, quando menores ou inválidos ou interditos, sem outro arrimo; f) a irmã, a cunhada e a sobrinha, solteiras, viúvas, separadas judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam remuneração; g) o neto, órfão, menor inválido ou interdito; h) a pessoa que viva, no mínimo há 5 (cinco) anos, sob a sua exclusiva dependência econômica, comprovada mediante justificação judicial; i) a companheira, desde que viva em sua companhia há mais de 5 (cinco) anos, comprovada por justificação judicial; e j) o menor que esteja sob sua guarda, sustento e responsabilidade, mediante autorização judicial. 4º Para efeito do disposto nos 2º e 3º deste artigo, não serão considerados como remuneração os rendimentos não-provenientes de trabalho assalariado, ainda que recebidos dos cofres públicos, ou a remuneração que, mesmo resultante de relação de trabalho, não enseje ao dependente do militar qualquer direito à assistência previdenciária oficial.

ADMINISTRATIVO -MILITAR -FILHAS SOLTEIRAS -DEPENDENTES DO FALECIDO MILITAR -DIREITO AO FUSMA -ART. 50, 2º, II, DA LEI 6.880/80 -ART. 3º DO DECRETO 92.512/86. I - E certo que o Estatuto dos Militares, Lei 6.880/80, inclui em seu art. 50, inc. IV, o direito do militar à assistência médico-hospitalar, para si e seus dependentes. Por sua vez, o art. 3º do Decreto 92.512/86 também garante aos dependentes do militar o direito à assistência médico-hospitalar. II - Os documentos dos autos demonstram que as apelantes são dependentes do falecido militar, a teor do art.50, 2º, II, da Lei 6.880/80. Assim sendo, entendo que têm direito à assistência médico-hospitalar. III - Portanto, as apelantes têm direito à inscrição no Fundo de Saúde da Marinha - FUSMA, com todos os direitos e deveres daí decorrentes. IV -Apelação provida. (TRF2 - APELAÇÃO CIVEL: AC 200851010118387 RJ 2008.51.01.011838-7, Relator(a): Juiz Federal Convocado MAURO SOUZA MARQUES DA COSTA BRAGA, Julgamento: 25/11/2009, Órgão Julgador: QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, Publicação: DJU - Data::15/12/2009 - Página::85)

PENSÃO POR MORTE DO MILITAR DAS FORÇAS ARMADAS - Atualmente, o art. 50, IV, l, do EM dispõe que a constituição de pensão militar é direito do militar. - Nesse sentido, o art. 71 do EM estabelece que a pensão militar destina-se a amparar os beneficiários do militar falecido ou extraviado e será paga conforme o disposto em legislação específica. - Em regra, todos os militares são contribuintes obrigatórios da pensão militar correspondente ao seu posto ou graduação,

LEI 6.880/80 SEÇÃO VI Da Pensão Militar Art. 71. A pensão militar destina-se a amparar os beneficiários do militar falecido ou extraviado (arts. 91 e 92 da Lei 6.880/80) e será paga conforme o disposto em legislação específica. 1º Para fins de aplicação da legislação específica, será considerado como posto ou graduação do militar o correspondente ao soldo sobre o qual forem calculadas as suas contribuições. 2º Todos os militares são contribuintes obrigatórios da pensão militar correspondente ao seu posto ou graduação, com as exceções previstas em legislação específica. 3º Todo militar é obrigado a fazer sua declaração de beneficiários que, salvo prova em contrário, prevalecerá para a habilitação dos mesmos à pensão militar. Art. 72. A pensão militar defere-se nas prioridades e condições estabelecidas em legislação específica.

Do Desaparecido e do Extraviado Art. 91. É considerado desaparecido o militar na ativa que, no desempenho de qualquer serviço, em viagem, em campanha ou em caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por mais de 8 (oito) dias. Parágrafo único. A situação de desaparecimento só será considerada quando não houver indício de deserção. Art. 92. O militar que, na forma do artigo anterior, permanecer desaparecido por mais de 30 (trinta) dias, ser oficialmente considerado extraviado.

A contribuição para a pensão militar incide também sobre as parcelas que compõem os proventos na inatividade. A alíquota de contribuição para a pensão militar é de 7,5%. (art. 3ºA, Lei 3.765/60)

É permitida a acumulação: 1) de uma pensão militar com proventos de disponibilidade, reforma, vencimentos ou aposentadoria; 2) de uma pensão militar com a de outro regime, observado o disposto no art. 37, X, da CF/88;

PENSÃO NA PMMG - Lei 10.366/90 Art. 23- O Valor global da pensão será igual ao estipêndio de benefício do segurado. (...) 2º O cônjuge divorciado, o separado judicialmente ou de fato e o ex-companheiro, que percebiam pensão de alimentos, concorrerão à pensão em igualdade de condições com os dependentes referidos no art. 10 desta Lei. (o filho recebe pensão somente até 21 anos de idade) Art. 24- Calculada na forma prevista no artigo anterior, a pensão será distribuída aos dependentes em cotas iguais.

COMPARATIVO APOSENTADORIA E PENSÕES DE MILITARES DO BRASIL, EUA E REINO UNIDO BRASIL - Condições de acesso: após 30 anos de serviço, sem idade mínima - Forma de cálculo: Integral e equivalente ao último salário -Pensões: a viúva recebe aposentadoria integral EUA - Condições de acesso: após 20 anos de serviço, sem idade mínima - Forma de cálculo: 2% do salário para cada ano se serviço - Pensões: viúva e filhos até 17 anos (ou 22 anos, se apenas estudarem) recebem 55% do valor da aposentadoria REINO UNIDO - Condições de acesso: após 30 anos de serviço, com idade mínima de 65 anos - Forma de cálculo: equivalente ao salário final X número de anos de serviço X 1/70 - Pensões: a viúva recebe 62,5% do valor da aposentadoria. Se tiver filhos, recebe 100%, até completarem 18 anos ou 23 anos se somente estudarem